A ativação da Gasdermin-D em resposta à infecção por Leishmania induz a formação de um poro transiente que promove a ativação de NLRP3 Autores: Keyla Santos Guedes de Sá, LUANA ALEXANDRINA AMARAL, TAMARA SILVA RODRIGUES, ADRIENE YUMI ISHIMOTO, WARRISON ATHANÁSIO COELHO DE ANDRADE, LETÍCIA DE ALMEIDA, FELIPE FREITAS CASTRO, SABRINA SETEMBRE BATAH, ALEXANDRE TODOROVIC FABRO, DARIO SIMÕES ZAMBONI Palavras-chaves:
Leishmaniose
, GSDMD
, Piroptose
, Inflamassoma
Resumo
A ativação da Gasdermin-D em resposta à infecção por Leishmania induz a formação de um poro transiente que promove a ativação de NLRP3
A Leishmania é um parasita intracelular obrigatório que causa a Leishmaniose, uma doença que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A Leishmania evade a resposta imune inibindo processos específicos nas células hospedeiras infectadas, entretanto a ativação do inflamassoma NLRP3 é fundamental para o controle da doença. Os mecanismos moleculares que levam a ativação do inflamassoma ainda não são claros e não há morte celular evidente em células infectadas por Leishmania. Dessa forma, investigamos a participação da Gasdermin-D (GSDMD, uma proteína efetora formadora de poros associada à piroptose) durante a infecção por Leishmania em macrófagos e in vivo. Demonstramos que apesar da ausência de piroptose, o GSDMD é ativo nos estágios iniciais da infecção por L. amazonensis em macrófagos, permitindo uma permeabilização de membrana transitória e efluxo de potássio, promovendo a ativação do inflamassoma NLRP3. Macrófagos Gsdmd–/– exibem menos formação de puncta ASC e produção de IL-1β em resposta à infecção, sugerindo que a permeabilização transiente de membrana mediada por GSDMD contribui para a ativação do inflamassoma NLRP3. Camundongos e macrófagos deficientes em GSDMD foram altamente suscetíveis à infecção por várias espécies de Leishmania, incluindo L. amazonensis, L. major, L. braziliensis e L. mexicana, confirmando um papel chave da Gasdermin-D na resistência do hospedeiro à infecção mediada pelo inflamassoma. Finalmente, puncta de ASC/NLRP3 e Gasdermin-D clivada estavam presentes em biópsias de pele de pacientes com leishmaniose, demonstrando o importante papel dessas moléculas durante a doença em humanos. Em conjunto, nossos achados revelam que a infecção por Leishmania desencadeia uma ativação transitória da GSDMD e esta molécula é fundamental para a ativação do inflamassoma e na resposta imune na Leishmaniose.
EP015
COVID-19
A ATIVAÇÃO DO INFLAMASSOMA NO PARENQUIMA PULMONAR DEFINE DOIS PERFIS DISTINTOS ASSOCIADOS A TEMPESTADE DE CITOCINAS E PIORA DA FUNÇÃO PULMONAR Autores: Keyla Santos Guedes de Sá, Luana Alexandrina Amaral, Camila C.S. Caetano, Amanda de Matos Becerra, Sabrina S. Batah, Isadora M. de Oliveira, Marcel Koenigkam-Santos, Ronaldo B. Martins, Alexandre T Fabro, Dario Simões Zamboni Palavras-chaves:
Inflamassoma
, COVID-19
, Resposta inflamatória
Resumo
A ATIVAÇÃO DO INFLAMASSOMA NO PARENQUIMA PULMONAR DEFINE DOIS PERFIS DISTINTOS ASSOCIADOS A TEMPESTADE DE CITOCINAS E PIORA DA FUNÇÃO PULMONAR
A ativação do inflamassoma está associada à gravidade da doença em pacientes infectados com SARS-CoV-2 e influenza, mas os tipos de células específicos que impulsionam a ativação do inflamassoma, bem como o perfil inflamatório associado à exacerbação da doença mediada por inflamação, são desconhecidos. Aqui, avaliamos a autópsia pulmonar de 47 pacientes fatais com COVID-19 e 12 pacientes fatais com influenza e examinamos o perfil inflamatório, a ativação do inflamassoma e correlacionamos com as condições clínicas e histopatológicas dos pacientes. Demonstramos a presença de uma ativação do inflamassoma mais robusta em casos letais de SARS-CoV-2 em comparação com Influenza e encontramos um perfil diferente de células ativadoras de inflamassoma durante essas doenças. Em pacientes com COVID-19, a ativação do inflamassoma é mediada principalmente por macrófagos e células endoteliais, enquanto na Influenza, os pneumócitos tipo I e tipo II contribuem de forma mais significativa. A análise da expressão gênica permite a classificação de pacientes com COVID-19 em dois grupos diferentes, o grupo 1 (n=16 pacientes) morreu com cargas virais mais altas e perfil inflamatório reduzido do que o grupo 2 (n=31). O tempo de doença, uso de ventilação mecânica, fibrose pulmonar, funções respiratórias, estado histopatológico e ativação do inflamassoma diferiram nos dois grupos. Nossos dados revelam dois perfis distintos em casos letais de COVID-19, indicando que o equilíbrio da replicação viral e a inflamação pulmonar mediada por inflamassomas podem levar a condições clínicas opostas, mas ambas levam à morte do paciente. Compreender esse processo é fundamental para decisões relativas à maior eficácia de terapias imunomediadas ou mediadas por antivirais para o tratamento de casos críticos de COVID-19.
EP171
Tuberculose e outras Micobacterioses
A ATUALIZAÇÃO PROFISSIONAL FRENTE FRENTE AO MANEJO DO USUÁRIO COM TUBERCULOSE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Autores: Camila da Silva Riterbusche, Jarbas da Silva Ziani, Bruna Lixinski Zuge, Fabiani de Vargas, Tanise Pereira Santini, Cláudia Zamberlan, Jenifer Härter Palavras-chaves:
Tuberculose
, Atenção Primária à Saúde
, Pesquisa sobre serviços de saúde
, Atualização Profissional
Resumo
A ATUALIZAÇÃO PROFISSIONAL FRENTE FRENTE AO MANEJO DO USUÁRIO COM TUBERCULOSE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
INTRODUÇÃO: A tuberculose (TB), apesar de milenar, ainda está entre as doenças infectocontagiosas que mais matam, com aproximadamente 500 mortes por dia no mundo. Assim, faz-se necessário que os profissionais de saúde, em especial os que atuam na atenção primária (APS), mantenham-se atualizados quanto ao manejo e atualizações clínicas e farmacológicas da TB, uma vez que esses fatores possibilitam uma avaliação e direcionamento adequados dos indivíduos com TB.
OBJETIVO: Identificar o grau de atualização dos profissionais de saúde sobre a TB.
MATERIAIS E MÉTODOS: Pesquisa transversal com comparação de amostras independentes, o Grupo-I respondeu o instrumento em 2012 e o Grupo-II, em 2017. O cenário do estudo foi o município de Pelotas, Rio Grande do Sul. A amostra foi composta por todos os profissionais da equipe mínima dos serviços de APS, atuantes na unidade há no mínimo dois meses. E, como critério de exclusão adotou-se estar em licença ou férias no período da coleta dos dados. Foram consideradas como perdas, os profissionais ausentes das unidades após três tentativas. A pesquisa G-I foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UCPEL, sob o número 2009/04 e a coleta de dados do G-II sob parecer CAAE: 58210316.9.0000.5316.
RESULTADOS: Participaram do estudo 478 profissionais, sendo, 276 pertencentes ao GI e 202 do GII. A análise da variável referente a autopercepção em atualização de conhecimentos para tuberculose, mostrou resultados satisfatórios do grupo GI em 2012, pois 72% dos profissionais se consideraram atualizados. No entanto, no GII, em 2017, houve uma diminuição significativa, visto que apenas 10,6% consideravam-se atualizados naquele período. Ainda, quando verificada a realização de atividades de atualização clínica em relação à TB, apenas 6,9% dos profissionais referiu realizar essas
CONCLUSÕES: Nesse estudo, um número extremamente baixo de profissionais considerou-se em constante atualização sobre a tuberculose. O que denota uma situação preocupante, visto que isso pode impactar e prejudicar diretamente os indivíduos com TB, levando ao atraso no diagnóstico e, consequentemente, maiores chances de desfechos negativos no curso da doença. Dessa forma, destaca-se a importância da atuação da gestão de saúde local no provimento de educação permanente em saúde e o planejamento de atualizações voltadas para as equipes de APS, visando as atualizações necessárias aos profissionais envolvidos no cuidado a pessoa com TB.
EP172
Tuberculose e outras Micobacterioses
Abordagem terapêutica no Fenômeno de Lúcio Autores: Fátima Beatriz Gerpe Garin Borges, Ana Glória Bucar Brito, Juliana Torres Piza de Abreu, Maria Clara Gonçalves de Almeida da Costa, Myllena Mota Coelho da Silva, Anna Maria Sales, Leonardo Lora Barraza Palavras-chaves:
HANSENIASE VIRCHOWIANA
, FENÔMENO DE LÚCIO
, POLIQUIMIOTERAPIA
Resumo
Abordagem terapêutica no Fenômeno de Lúcio
Introdução: O fenômeno de Lúcio, muitas vezes descrito como uma variante do estado reacional hansênico tipo 2, provavelmente mediado por imunocomplexos, caracteriza-se por reação cutânea necrosante grave que ocorre principalmente em portadores de hanseníase virchowiana, geralmente nos pacientes muito bacilíferos.
Objetivos: Discutir sobre a abordagem terapêutica desta dermatose.
Materiais e métodos: Para escrita deste relato de caso foi realizada uma revisão do prontuário, registro fotográfico e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pela paciente.
Resultado: Masculino de 70 anos com histórico de úlceras em membros inferiores nos últimos 5 anos de aparecimento insidioso, com evolução progressiva, chegando a acometer hálux esquerdo, motivo pelo qual procurou um hospital de referência, onde teve que ser submetido a amputação do mesmo, no setor de cirurgia vascular. Foi então encaminhado ao centro de referência em hanseníase por apresentar alteração sensitiva, febre, dispneia, emagrecimento e parestesias. Ao exame físico apresentava púrpura retiforme e áreas ulceronecróticas coalescentes sobre o tronco e pernas, acometendo inclusive região plantar, tendão de Aquiles e joelhos bilateralmente, espessamento neural, máculas hipocrômicas no tronco com hipoestesia e madarose. A biópsia cutânea revelou dermatite ulcerada, com vasos ectásicos e congestos sem presença de bacilos ácido álcool resistente (BAAR), a biópsia de nervo revelou neuropatia inflamatória crônica acentuada, compatível com hanseníase. O índice baciloscópico inicial foi de 3,5+ e a reação em cadeia de polimerase (PCR) foi positiva, revelando 14,5 genomas de bacilo. Foi iniciada poliquimioterapia convencional para multibacilares (rifampicina, clofazimina e dapsona – PQT-MB), programada para 12 meses de tratamento. A febre e a dispneia do paciente desapareceram no período de um mês após o início da PQT-MB e, após vários meses de tratamento da ferida, as lesões cutâneas cicatrizaram, embora as cicatrizes atróficas e retraídas permanecessem.
Conclusão: O desenvolvimento de lesões cutâneas necrotizantes em pacientes com hanseníase virchowiana difusa, conhecida como fenômeno de Lúcio, é incomum. O tratamento neste caso incluía PQT-MB, corticoides sistêmicos e terapia anticoagulante. O nosso paciente apresentou resposta clínica importante apenas com uso de PQT-MB e curativos diários.
EP119
Infecções fúngicas
Abscesso cerebral feohifomicótico em paciente imunocompentente: um relato de caso Autores: Maíra Braga Mesquita, Ana Beatriz Pacheco da Silva, Angie Jeannine Rios Lopez, Gabriela Marinho Martins da Costa, Matheus Oliveira Bastos, Sara Martinelli de Souza, Marcela de Faria Ferreira Palavras-chaves:
Feohifomicose
, Cladosporum
, Abscesso cerebral
Resumo
Abscesso cerebral feohifomicótico em paciente imunocompentente: um relato de caso
Introdução: Feohifomicoses são infecções causadas por fungos demáceos de distribuição cosmopolita, cuja pigmentação escura ocorre por depósito de melanina na parede cellular, (REVANKAR; SUTTON; RINALDI, 2004) Agentes da feohifomicose do complexo Cladosporium são encontrados no solo e são causas raras de infecções do SNC. A aquisição ocorre através das vias aéreas e disseminação hematogênica (FRASQUET-ARTÉS et al., 2014). Divesas espécies de Cladosporium. são implicadas em infecções humanas, sendo a espécie C. bantiana, associada à formação de abscessos cerebrais em metade dos casos.. (KANTARCIOGLU et al., 2017).
Objetivos: Descrever caso raro de feohifomicose com abscesso cerebral em paciente imunocompetente
Materiais e métodos: Análise de prontuário e revisão de literatura.
Resultados: mulher de 69 anos, tabagista (76 maços-ano), trabalhava como arquivista em uma escola, em ambiente abafado e empoeirado. História pregressa de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2 e obesidade grau 2. Em 22/10/2021, quadro súbito de queda da acuidade visual, desorientação, síncope e desvio de comissura labial à esquerda, autolimitado. Realizou RNM de crânio, evidenciando lesão expansiva occipital à direita, sugestiva de abscesso cerebral. Iniciado empiricamente vancomicina, ceftriaxona e metronidazol por 3 dias. Ressecção da lesão de 3,0x1,5x1,0cm em 29/10/2021, com laudo histopatológico de processo inflamatório crônico granulomatoso por fungos, com aspecto morfológico de feohifomicose e cultivo com isolamento de Cladosporium spp. Iniciada Anfotericina B deoxicolato 50mg/dia em 03/11/2021, interrompida no terceiro dia por disfunção renal, e trocada por voriconazol 200mg de 12/12 horas em 09/11/2021. Apresentou melhora clínica e teve alta hospitalar em 24/11/2021 para seguimento ambulatorial. Evoluiu com melhora de queixas visuais, sem sequelas motoras, e com TC de crânio apenas com lesões sequelares, completando seis meses de tratamento com voriconazol oral.
Conclusões:
O abscesso cerebral por feohifomicose tem prognóstico reservado, com mortalidade acima de 70%.(REVANKAR; SUTTON; RINALDI, 2004) Cerca de metade dos casos ocorre em imunocompetentes (KANTARCIOGLU et al., 2017). Neste relato, apresentamos uma paciente diabética, com bom controle glicêmico e uso apenas de hipoglicemiantes orais. Apesar de lesão extensa occipital, apresentou excelente resposta ao tratamento instituído.
EP002
Animais peçonhentos
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM ACIDENTES COM ESCORPIÕES: CORRELAÇÃO DE FATORES DETERMINANTES PARA O DESFECHO CLÍNICO Autores: Eder Leite da Silva Botelho, Sarah Alves Jorge de Souza, Walquiria da Silva Pedra Parreira Palavras-chaves:
Acidente Vascular Cerebral
, Escorpionismo
, Acidentes ofídicos
Resumo
ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM ACIDENTES COM ESCORPIÕES: CORRELAÇÃO DE FATORES DETERMINANTES PARA O DESFECHO CLÍNICO
INTRODUÇÃO
Acidentes com escorpiões são frequentes e podem gerar consequências graves para as vítimas. Podem levar a complicações cardiovasculares, distúrbios da coagulação, neurotoxicidade e lesões musculares. Fatores preditivos e prognósticos são de importância clínica, uma vez que complicações neurológicas como o acidente vascular cerebral (AVC) podem levar a desfechos clínicos de mau prognóstico.
OBJETIVOS
Mensurar o impacto do tempo de surgimento de sinais de lesão cerebrovascular e o escore de Glasgow no desfecho clínico de vítimas de escorpionismo.
METODOLOGIA
Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, nas bases de dados Pubmed, Medline e Periódicos CAPES. Foram utilizados os descritores “Scorpion sting”, “Scorpionism”, “Stroke” e equivalentes em português. Foram utilizados filtros para língua inglesa, português e francesa, e o período de tempo de 1998 a 2020.Foram selecionados apenas artigos da categoria “relato de caso”. Artigos duplicados foram descartados. Foram selecionados 16 artigos, totalizando 17 relatos de casos. Os casos foram agrupados duas categorias: AVC hemorrágico (AVCh) e AVC isquêmico (AVCi). Foram analisados o tipo de desfecho, a faixa etária, o sexo, o local da inoculação do veneno, o tempo de início dos sinais de lesão cerebrovascular e o escore de coma de Glasgow.
RESULTADOS
A pesquisa resultou em 12 casos de AVCi (70,5%) e 5 casos de AVCh (29,5%). 9 pacientes (75%) estavam conscientes ou apresentavam escore ≥ 8 na Escala de Coma de Glasgow, apenas 1 apresentou o escore < 8, sendo que em dois relatos esse dado não foi informado. Sinais de lesão cerebrovascular surgiram no tempo médio de 11 horas após o acidente (variando entre 10 minutos e 24 horas). Em 58,3% dos casos de AVCi o desfecho foi a sobrevida. Nos casos de AVCh 60% dos pacientes apresentavam escore de Glasgow < 8, 20% possuíam o escore > 8, e em 20% o escore não foi informado. Sinais de lesão cerebrovascular em casos de AVCh surgiram no tempo médio de 3 horas (variando entre 1 e 4 horas). Em 60% dos casos de AVCh o desfecho foi o óbito.
CONCLUSÕES
Os resultados sugerem uma prevalência de AVCi em acidentes com escorpiões. A evolução ocorre nas primeiras 24 horas para AVCi e nas primeiras 4 horas para AVCh. O Glasgow < 8 é sugestivo de mau prognóstico, especialmente nos casos de AVCh. Há um discreto aumento de óbito nos casos de AVCh em relação aos casos de AVCi.
EP003
Animais peçonhentos
Acidente vascular cerebral secundário a acidentes por serpentes peçonhentas. Autores: Sarah Alves Jorge de Souza, Eder Leite da Silva Botelho, Walquiria da Silva Pedra Parreira Palavras-chaves:
Acidente vascular cerebral
, Serpentes peçonhentas
, Acidentes ofídicos
Resumo
Acidente vascular cerebral secundário a acidentes por serpentes peçonhentas.
INTRODUÇÃO
Acidentes causados por serpentes peçonhentas ocorrem principalmente nas zonas rurais de países tropicais. Embora seja raro, o acidente vascular cerebral pós acidente ofídico tem sido relatado na literatura, sendo determinante no desfecho clínico.
OBJETIVOS
Correlacionar a ocorrência de acidente vascular cerebral com o desfecho clínico de pacientes vítimas de acidentes por serpentes peçonhentas, identificando o tipo de serpente, idade e sexo do paciente, e tempo para o início do tratamento.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, utilizando como base de dados PubMed, SciELO e Lilacs. Foram utilizados os descritores "Snakebite", "Stroke", "Cerebrovascular infarction", "Cerebrovascular hemorrhage" e equivalentes em português. Foram incluídos artigos nas línguas portuguesa, inglesa e francesa, abrangendo os anos de 1982 a 2022. Foram descartados os artigos duplicados, o que resultou em 35 artigos de um universo de 42 relatos de casos filtrados. Em seguida, os casos foram agrupados em duas categorias: acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCh) e acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi). Foram analisados o tipo de serpente, a faixa etária do paciente, o tempo para início do tratamento e o desfecho.
RESULTADOS
Os casos de AVCi totalizaram 25 (59,5%) e com AVCh 17 (40,5%). 33 acidentes foram por viperídeos e apenas um por elapídio. Em 8 relatos, o tipo de serpente não foi identificado. Entre os acidentes pela família Viperidae, 34% foram pelo gênero Bothrops, 12,1% por víboras de gênero não identificado, 12,1% pelo gênero Cerastes e 9,7% pelo gênero Daboia. Dentre os casos de AVCh, 87,5% foi pelo gênero Bothrops e os demais por serpentes não identificadas, 64,7% ocorreu em mulheres, sendo 52,9% na população adulta, e com 64,7% dos pacientes com sobrevida. 60% dos casos de AVCi ocorreram em homens, 60% em adultos, com sobrevivência em 65,2% dos casos, sendo presentes em 100% dos acidentes por elapideos e viperídeos não botrópicos. O início do tratamento após 48h do acidente resultou em óbito em 83,3% dos casos.
CONCLUSÕES
Acidentes botrópicos possuem maior evolução para AVCh. Acidentes com viperídeos não botrópicos tem maior tendência de gerar AVCi. O AVCh ocorre principalmente em mulheres adultas. A sobrevida foi igual em AVCh e AVCi. O tempo para início do tratamento foi crucial para o desfecho clínico, principalmente em acidentes com o gênero Bothrops.
EP016
COVID-19
A coinfecção pelo HIV e SARS COV 2: revisão sistemática Autores: José Prota Vasconcellos Pinto, Vinicius Martins de Menezes Palavras-chaves:
HIV/AIDS
, COVID 19
, Revisão bibliográfica
Resumo
A coinfecção pelo HIV e SARS COV 2: revisão sistemática
Introdução: Durante a pandemia da COVID 19, diversos artigos científicos sobre a coinfecção pelo HIV e SARS COV 2 foram publicados na literatura científica. No entanto, ainda hoje, pouco se sabe sobre o efeito da COVID 19 na história natural da infecção pelo HIV e o impacto da infecção pelo HIV na evolução da COVID 19. Logo, uma sistematização do conhecimento produzido até o momento se faz necessária a fim de melhor compreender essa coinfecção.
Objetivo: Quantificar e descrever artigos científicos originais sobre a coinfecção pelo HIV e SARS COV2.
Materiais e métodos: Foi conduzida uma revisão sistemática de acordo aos guidelines da Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta‐analysis (PRISMA). Desse modo, foi executada uma pesquisa por meio da base de dados Medline, na qual, utilizando-se do mecanismo de pesquisa PubMed, foi realizada a busca dos termos “COVID-19” ou “Sars-CoV-2” associados aos termos “HIV”, “AIDS” e “terapia antirretrovirais”. Foram incluídos artigos científicos originais publicados em inglês, português ou espanhol entre janeiro de 2020 a março de 2022. Os artigos selecionados pelo mecanismo de pesquisa, mas que não se relacionavam a coinfecção pelo HIV e SARS COV2 foram excluídos do estudo.
Resultados: Pelos critérios de elegibilidade, 155 (57,62%) artigos foram incluídos no presente estudo. A maior parte deles foi publicada no ano de 2020 (51,6%). A maioria apresentou origem europeia (29,6%) e estadunidense (23,22%), estando o Brasil com uma representação de 4,5% dos artigos publicados. É notório a maior proporção de relatos de casos, os quais representaram 65,1% da amostra, descrevendo um total de 149 casos de coinfecção HIV/ SARS COV 2. A vasta maioria dos artigos (62,6%) descreveu as características clínicas da coinfecção, 18% discutiram sobre o diagnóstico laboratorial e aspectos imunológicos da coinfecção, 14,8% dos aspectos epidemiológicos e preventivos e 4,5% sobre o uso de terapia antirretroviral para tratamento da COVID 19 ou de outros tratamentos para COVD 19 em pessoas vivendo com HIV/AIDS.
Conclusão: Uma vez que se trata de uma nova coinfecção, é natural que a vasta maioria dos estudos seja do tipo relato de caso. Ainda há uma escassez de estudos analíticos para melhor avaliar o impacto da COVID 19 na evolução da infecção pelo HIV ou da infecção pelo HIV na COVD 19.
EP173
Tuberculose e outras Micobacterioses
Acompanhamento e Situação Clínico-Epidemiológica da Tuberculose frente a Pandemia da COVID-19 em uma USF de Manaus- AM Autores: Jeferson Manoel Teixeira, Valdete Santos de Araújo, Francisco Thalyson Moraes Silveira Palavras-chaves:
Tuberculose
, Manaus
, Unidade de Saúde da Família
, Tratamento
Resumo
Acompanhamento e Situação Clínico-Epidemiológica da Tuberculose frente a Pandemia da COVID-19 em uma USF de Manaus- AM
Introdução: A tuberculose (TB) é um significativo problema de saúde pública, cerca de 33% da população encontra-se contaminada pelo Mycobacterium tuberculosis. De acordo com dados da literatura cerca de 20 países reúnem aproximadamente 80% da carga da tuberculose, sendo o Brasil um país que se encontra dentro dessa lista, em especial, pelas desigualdades socioeconômicas que impacta no acesso as condições sanitárias.
Objetivos: Descrever a qualidade dos dados de notificação, acompanhamento e perfil clínico-epidemiológico da Tuberculose em uma Unidade de Saúde da Família (USF) de referência no Município de Manaus-AM.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo do tipo transversal, descritivo, do tipo relato de experiência, realizado em uma USF, localizada da zona leste da cidade de Manaus- AM. Foi desenvolvido a partir da análise das notificações e dos registros do Programa de Controle da Tuberculose (PCT) no período compreendido entre maio de 2019 à março de 2022. Foram cerca de 100 pacientes, que se encontravam em tratamento, sendo atendidos na USF. A coleta de dados primários foi por meio de entrevista, e de dados secundários por prontuários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação da Secretaria de Vigilância local.
Resultados: Durante o período do estudo, foram notificados com TB 100 indivíduos em tratamento diretamente observado (TDO). Deste total, 67% foram pacientes do sexo masculino e 33% do sexo feminino com idade entre 10 a 86 anos, sendo 43% dos casos em adulto jovem (de 20 a 40 anos), 37% em adulto maduro (de 41 a 60 anos), 13% em idosos (acima de 60 anos) e 7% em crianças e adolescentes. Quanto à realização do teste tuberculínico. Em relação aos dados de acompanhamento, os dados da 2ª baciloscopia de controle evidenciaram que 53 pacientes testaram negativo, 2 positivos e 12 estavam com resultado em branco. Destas, 51% (34 pacientes) estavam em fase de manutenção e 49% (33 pacientes) estavam em fase intensiva.
Conclusões: A partir da análise nota-se que os grupos RR e CN diferiam bastante pois apresentavam características clínico-epidemiológicas especificas, variando também de acordo com a faixa de idade. Subsídios devem ser contínuos para que o controle seja maior e amplo e que o Programa de Controle da Tuberculose seja efetivo a nível nacional.
EP055
HIV/AIDS e outras ISTs
Adesão e seguimento clínico de usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV Autores: Renata Karina Reis, Marcela Antonini, Henrique Ciabotti Elias, Marina da Cruz Coelho, Elucir Gir Palavras-chaves:
PrEP
, HIV
, Adesão
, Prevenção
Resumo
Adesão e seguimento clínico de usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) tem sido considerada um dos mais importantes avanços biomédicos recentes na prevenção do HIV. Tal estratégia de prevenção do HIV é altamente eficaz para mulheres e homens, com proteção superior a 90% entre aqueles com altas taxas de adesão à medicação. Desde 2015, a Organização Mundial da Saúde recomenda a implementação da PrEP como parte dos programas de prevenção ao HIV para pessoas com risco substancial de infecção. Diante disto, a sua implementação como uma das estratégias preventivas combinadas para a prevenção da transmissão sexual do HIV tem sido o foco de muitos estudos. Objetivo: Analisar o perfil sociodemográfico de usuários da PrEP e a adesão e seguimento clínico de usuários da PreP. Método: Trata-se de uma coorte retrospectiva e quantitativa conduzida em um centro de referência no atendimento e dispensação da PrEP em um município de médio porte, do Estado de São Paulo, Brasil. A amostra do estudo foi constituída por pessoas soronegativas com maior risco de se infectar e que já estão em acompanhamento clínico para o uso da PrEP. Os dados foram coletados nas fichas de avaliação dos pacientes por meio de um instrumento estruturado. Os dados foram analisados utilizando estatística descritiva para caracterização dos participantes. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Resultados: De janeiro de 2018 a dezembro de 2020, 423 adultos iniciaram o uso da PrEP. Do total de 393 pessoas soronegativas buscaram a PrEP. Destes, a maioria nasceu do sexo masculino (340, 86,5%), jovens com idade entre 25 a 34 anos 200 (50,9%), se identificam como homem cisgênero (306, 77,9%), 260 (66,2%) se autodeclaravam como homossexual, com 12 ou mais anos de estudo (240, 61,1%) e de cor branca (256, 65,0%) e relataram sexo anal receptivo ou insertivo sem preservativo nos últimos 6 meses 271 (69,0%), 202 (51,4%0 usavam álcool e 58 (29,1%) uso de múltiplas drogas. Ademais, 315 (80,1%) retornaram e 78 (19,8%) pessoas descontinuaram a PreP após 30 dias e 61 (15,5%) tiveram adesão subótima da PrEP e 2 (1,5%) tiveram diagnóstico positivo para o HIV.
Conclusão: Os resultados destacam a necessidade de integrar iniciativas focadas em álcool e uso de substâncias psicoativas e estratégias inovadoras para adesão e retenção dos usuários nos serviços de saúde de PrEP.
EP056
HIV/AIDS e outras ISTs
Adolescente vivendo com HIV/AIDS por transmissão vertical associado a baixa estatura, hipodesenvolvimento gonadal e hanseníase Autores: Gabriela Ricordi Bazin, Denise Cotrim da Cunha Palavras-chaves:
HIV AIDS
, BAIXA ESTATURA
, HANSENÍASE
Resumo
Adolescente vivendo com HIV/AIDS por transmissão vertical associado a baixa estatura, hipodesenvolvimento gonadal e hanseníase
M.P.P.C., 15 anos, D.N: 09/07/2006, pardo, natural de Itaboraí/RJ.QP: “meu tamanho não cresce”HDA: Adolescente com infecção congênita pelo vírus HIV, iniciou acompanhamento em Niterói com 7 dias de vida, após resultado reagente de teste rápido no momento do parto, realizado em Itaboraí. Como a genitora não havia realizado pré-natal, não foi feita nenhuma profilaxia antirretroviral durante a gestação nem no momento do parto.RN recebeu AZT xarope conforme protocolo (PACTG 076) durante 6 semanas. Primeira carga viral em 11/09/2006 com 1.200.000 cópias/ml (log 6,3). Segunda carga viral em 18/12/2006, com resultado de 180.000 cópias/ml e primeiro CD4 nesta data, de 1940 células/mm3. Início de SMX+TMP profilático em 01/09/2006.
Transferido para o município de residência em 06/03/2007, com início de TARV (AZT+3TC+NVP) em 08/11/2007, após classificação de caquexia (peso<p5) em 3 medidas consecutivas. Esquemas administrados: AZT+3TC+NVP, AZT+3TC+LPV/r , AZT+3TC+ABC, AZT+3TC+LPV/r e 3TC+TDF+DLT. Genitora evolui a óbito em maio/2009 com diagnóstico de AIDS e tuberculose pulmonar. O paciente iniciou tratamento com esquema RIP após realização de PPD (18mm) em 28/07/2009.Após abandono do tratamento em dezembro de 2020, o paciente retorna às consultas em 30/03/2021, após convocação da assistente social do programa. Na época, coabitava com avô diagnosticado com hanseníase. Nesta consulta, ao exame físico não foram identificados sinais de puberdade próprios para a idade, além de baixa estatura e algumas lesões hipocrômicas em MSE, cuja biópsia foi conclusiva para hanseníase indeterminada. Iniciada poliquimioterapia para hanseníase paucibacilar e acompanhamento conjunto entre as equipes municipal e FIOCRUZ, com duração de 6 doses (08/07/2021 - 03/12/2021).Após o tratamento da hanseníase, iniciada a investigação para o atraso de puberdade e baixa estatura, queixa presente em todas as consultas médicas. Solicitado raio X para avaliação de idade óssea em abril de 2021, compatível com 13 anos, assim como exames de sangue, com os seguintes resultados: IGF-1- SOMATOMEDINA C = 101 ng/ml (VR: 119-511 ng/ml), IGFBP-3 - PROTEÍNA LIGADORA IGF-1 TIPO 3 = 2,57 ug/ml (VR; 3,5-10 ug/ml), TESTOSTERONA= 134 ng/dl (VR: 175-781 ng/dl). CONCLUSÃO:Apresentamos um quadro grave de paciente com infecção congênita pelo vírus HIV, com múltiplas comorbidades ao longo de seu crescimento e desenvolvimento, culminando com o único estigma que vem incomodando-o desde o início da adolescência.
EP053
HIV/AIDS e outras ISTs
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DO HIV/ AIDS EM PRIVADOS DE LIBERDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Autores: TANISE PEREIRA SANTINI, FABIANI DE VARGAS, CAMILA DA SILVA RITERBUSCHE, JARBAS DA SILVA ZIANI, MARCIA RODRIGUES DE LIMA, CLAUDIA ZAMBERLAN Palavras-chaves:
PREVENÇÃO
, HIV
, EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Resumo
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA PREVENÇÃO DO HIV/ AIDS EM PRIVADOS DE LIBERDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Introdução: O Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, tem como objetivo promover atenção integral à saúde da população privada de liberdade. No sistema prisional há uma grande demanda de atenção à saúde, dada a grande vulnerabilidade a doenças infectocontagiosas. Porém muitas vezes a equipe de saúde não consegue dar conta de todas as necessidades dessa população havendo predominância do modelo biomédico curativista, e ações de promoção e prevenção de doenças acabam por ficar em segundo plano.
Objetivo: Relatar a experiência de uma residente sobre a importância de ações de educação em saúde na prevenção do HIV/AIDS em privados de liberdade de uma penitenciária do interior do Rio Grande do Sul.
Materiais e Métodos: Trata-se de um relato de experiência, de uma residente da Política Municipal de HIV/AIDS, ISTs e Hepatites Virais de um município do interior do estado do Rio Grande do Sul.
Resultados: O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e a China. Dentro dessa população, sabe-se que é alta a prevalência da infecção pelo HIV, somando-se com a baixa escolaridade, observa-se percepções distorcidas sobre a doença, com relação a prevenção e transmissão, como o desconhecimento do uso correto de preservativos nas relações sexuais e o compartilhamento de seringas para o uso de drogas. A construção de uma linha de cuidado voltada à prevenção se dá por estratégias de educação em saúde com metodologias ativas como palestras, rodas de conversas realizadas pela equipe da Política HIV/AIDS com os apenados para esclarecimento de dúvidas sobre a temática, com objetivo de maior adesão a boas práticas.
Conclusões: Entende-se que para uma prevenção efetiva do HIV/AIDS nas penitenciárias é fundamental que o acesso às ações e serviços de saúde voltados à educação e prevenção do HIV pela população prisional seja equivalente ao oferecido para a comunidade, esperando-se uma redução nos casos de infecções.
EP054
HIV/AIDS e outras ISTs
A IMPORTÂNCIA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ADESÃO AO TRATAMENTO DOS ADOLESCENTES COM HIV/AIDS Autores: Shirley de Jesus Coelho, Julia Yaeko Kawagoe, Monica Taminato Palavras-chaves:
HIV
, AIDS
, ADOLESCENTE
, TERAPÊUTICA
, PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Resumo
A IMPORTÂNCIA DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ADESÃO AO TRATAMENTO DOS ADOLESCENTES COM HIV/AIDS
Introdução: A aquisição do HIV na adolescência traz consequências que envolvem autonomia e responsabilidade. As estratégias utilizadas desde a revelação do diagnóstico são fundamentais para garantir menor sofrimento para o adolescente assim como a adesão do tratamento. A atuação do profissional diante da informação sobre o diagnóstico deve favorecer um espaço onde o adolescente possa compreender e refletir, podendo o profissional utilizar de informações virtuais assim como favorecer esclarecimentos e questionamentos sobre a doença.
Objetivos: Conhecer os fatores que contribuem para a adesão dos adolescentes com HIV/AIDS ao tratamento.
Materiais e Métodos: Pesquisa descritiva, qualitativa e exploratória, realizada por meio de entrevista com adolescentes entre 10 e 19 anos em tratamento para HIV na unidade de referência em HIV/AIDS em Salvador-Ba. A coleta das informações sobre as características sociodemográficas foi realizada via prontuário eletrônico e após o consentimento do responsável e do próprio adolescente, foi realizada a entrevista. As informações obtidas durante a entrevista e gravadas foram transcritas e analisadas utilizando a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin e o Modelo de Crenças em Saúde. A análise do conteúdo da entrevista se baseou nos benefícios percebidos e facilitadores que podem influenciar na adesão ao tratamento de HIV/AIDS.
Resultados: Para os adolescentes a atuação dos profissionais de saúde contribui para a adesão ao tratamento, pois favorece um espaço de discussões pertinentes em relação ao HIV/AIDS, tratamento e práticas sexuais seguras. Pela vinculação oferecida pelos profissionais envolvidos, os adolescentes sentem-se mais seguros e protegidos, estando assim mais fortalecido para esta nova realidade. Ressalta-se a importância dos profissionais de saúde no processo de revelação do diagnóstico e para adesão ao tratamento, assim como o papel do enfermeiro nesse contexto.
Conclusões: A atenção à saúde do adolescente com HIV/AIDS não se restringe apenas à prescrição e ao uso de antirretrovirais, ela engloba características biopsicossociais e espirituais que contribui para o tratamento e a qualidade de vida, sendo necessário que todos os integrantes da equipe valorizem essas particularidades no momento do atendimento. É imprescindível a articulação da equipe de saúde no desenvolvimento de ações em prol do adolescente com HIV/AIDS.
EP001
Animais peçonhentos
A incidência de acidentes com escorpião na cidade do Recife antes e durante a pandemia do Covid-19 Autores: Juan Rodrigues Barros, Mylena Etelvina de Macedo Alves, Sarah Catherine Cruz Andrade, Juliana Silva Albuquerque, José Matheus Gomes Duarte, Milena Roberta Freire da Silva Palavras-chaves:
Animais venenosos
, Picadas de Escorpião
, Epidemiologia
Resumo
A incidência de acidentes com escorpião na cidade do Recife antes e durante a pandemia do Covid-19
Introdução: Os acidentes com animais peçonhentos no Brasil representam um perigo à população das regiões urbanas, em especial no estado de Pernambuco, que ocupa a quinta posição nacional na lista de acidentes. Especificando para acidentes com escorpiões, essas ocorrências, na região metropolitana do Recife, representam 13% das ocorrências com escorpiões no Brasil. Além disso, com a pandemia de coronavírus, o tempo de permanência dos indivíduos em suas residências elevou-se, revisitando uma incógnita em relação tanto às notificações quanto ao número de acidentes com estes animais.
Objetivo: Analisar a incidência dos acidentes com escorpião na Região Metropolitana do Recife durante o período pré-pandêmico (2018-2019) e o pandêmico (2020-2021).
Materiais e métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, a partir da análise de dados coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN do DATASUS, em maio de 2022.
Resultados: No biênio de 2018-2019 foram registradas 15.444 notificações, sendo um total de 44,8% maior que as 10.716 notificações registradas no biênio de 2020-2021. Comparando os biênios já citados, a maior disparidade registrada foi no mês de abril, na qual 1.572 acidentes foram registrados nos dois primeiros biênios analisados (2018-2019) e 793 no segundo (2020-2021), ocorrendo uma diminuição de 49,6% no número de acidentes. O período em que o número de registros dos dois biênios se aproxima é no mês de novembro, com 1010 acidentes sendo registrados entre 2018 e 2019 e 916 entre 2020 e 2021. Considerando o biênio 2018-2019, acidentes com esse aracnídeo representam 59% e no biênio 2020-2021 representam 61,8%. Com relação à faixa etária, houve expressividade maior nas idades de 20-39 representando 30,8%, 40-59 que equivale 27,5% e 15-19% expressa em 7,4%, a ocorrência em crianças de 0-14 anos é de 17,7%. Casos leves de picada de escorpião representam 85,5% dos casos, e ignorado/branco corresponde a 10,9% das ocorrências.
Conclusões: Ao analisar os dados coletados, nota-se uma diminuição considerável no número de acidentes registrados com escorpiões na cidade do Recife. Levanta-se a possibilidade da ocorrência de subnotificações relacionadas aos acidentes com estes animais, ao mesmo tempo em que se entende a possibilidade da diminuição decorrer do maior período de permanência dos indivíduos em suas residências, havendo a necessidade de estudos mais aprofundados que considerem estas variáveis.
EP057
HIV/AIDS e outras ISTs
ALTERAÇÕES DA MATRIZ EXTRACELULAR NA CARCINOGÊNESE PENIANA HPV+ E HPV- Autores: Fabrício Viana Sousa, AGUIDA SHELDA ALENCAR SANTOS, Amanda Mara Teles, Ana Giselia Portela de Araujo Cortes Nascimento, ANA CLEA FEITOSA PESTANA, Flávia Castello Branco Vidal, Rui Medeiros, Melaine de Almeida Lawall, Haissa Oliveira Brito, Rui Miguel Gil da Costa Oliveira Palavras-chaves:
Câncer
, Papilomavírus Humano
, Camundongos Transgênicos
, Matriz extracelular
Resumo
ALTERAÇÕES DA MATRIZ EXTRACELULAR NA CARCINOGÊNESE PENIANA HPV+ E HPV-
Introdução: O câncer de pênis é um câncer raro mais comum em países em desenvolvimento. Duas formas de câncer de pênis são reconhecidas: uma associada ao papilomavírus humano (HPV) e outra independente do HPV. A invasão do câncer envolve alterações na matriz extracelular, mas ainda falta uma caracterização dessas alterações no câncer de pênis.
Objetivos: Este trabalho tem como objetivo caracterizar a matriz extracelular na carcinogênese peniana humana associada ao HPV e independente do HPV.
Materiais e Métodos: Foram utilizadas amostras de 27 pacientes representando câncer de pênis e tecido adjacente. Aa amostras foram coradas pela hematoxilina-eosina, tricrômio de Masson, vermelho de picrosirius e ácido periódico de Schiff (PAS) para classificar subtipos histológicos, avaliar a remodelação de colágeno e a deposição de mucinas neutras na matriz extracelular. Amostras congeladas foram usadas para isolamento de DNA, detecção de HPV por PCR nested e genotipagem usando o kit Anyplex II (Seegene).
Resultados: 37,03 (10/27) amostras humanas foram positivas para HPV enquanto 37,03 (10/27) foram negativas e 7 amostras não passaram io controlo de qualidade do DNA. O tipo de HPV mais comum foi o HPV11 e 29,06% das amostras (8/27) apresentaram infecções múltiplas. As colorações pelo PAS mostraram perda de membranas basais em amostras tumorais, mas nenhuma acumulação de mucinas neutras extracelulares. O tricrômio de Masson e o vermelho de picrosirius mostraram extensa perda da rede de colágeno em todas as amostras tumorais, com focos tumorais circundados por estroma escasso ou fragmentos de tecido conjuntivo fibroso denso remanescente da fáscia de Buck. Sob luz polarizada, a coloração com vermelho de picrosirius mostrou perda preferencial de fibras colágenas reticuladas do tipo III com algumas fibras espessas e longas remanescentes do tipo I. Não foram observadas diferenças na distribuição do colágeno e das mucinas neutras entre casos HPV+ e HPV-.
Conclusão: O câncer de pênis mostra extensa remodelação da matriz que leva ao colapso da rede de colágeno, sem acumulação significativa de mucinas neutras extracelulares, independentemente do status do DNA do HPV do tumor.
Este estudo foi financiado pela CAPES - código financeiro 001 (13/2020 - PDPG Amazônia Legal 0810/2020/88881.510244/2020-01).
EP004
Animais peçonhentos
Análise da incidência de notificação de acidentes por animais peçonhentos durante a pandemia de COVID-19 Autores: Ana Lara Guerra Barbosa, Vitória de Melo Jerônimo, Gabriela Silva Bastos, Júlio Maurício Carmo Santos, Jêmina Vieira e Freitas Lourenço, Matheus Alves de Lima Mota Palavras-chaves:
Animais Peçonhentos
, Sistema Único de Saúde
, Epidemiologia
, Covid-19
Resumo
Análise da incidência de notificação de acidentes por animais peçonhentos durante a pandemia de COVID-19
Introdução: Os acidentes causados por esses animais possuem padrão epidemiológico ascendente de notificações entre 2010 e 2019. A pandemia de covid-19, que teve início em Wuhan, China, no final de 2019, teve os primeiros casos registrados no Brasil em fevereiro de 2020, causando impacto sociais. Neste estudo, busca-se fazer uma análise da incidência dos acidentes por animais peçonhentos durante a pandemia, a fim de elucidar os impactos causados por ela nesse aspecto.
Objetivos: Analisar a notificação de acidentes por animais peçonhentos no Brasil nos anos de 2020 e 2021, comparado-a à incidência em 2018 e 2019.
Materiais e Métodos: Estudo descritivo baseado na consulta ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do DATASUS e nas avaliações das taxas de acidentes com animais peçonhentos no período de 2018 a 2021.
Resultados: Entre 2018 e 2021, foram notificados 1.050.278 acidentes no Brasil. Houve maior número de notificações no Sudeste (409.358), seguido do Nordeste (370.766), Sul (124.052), Norte (81.726) e Centro-Oeste (64.376). A maior incidência de casos ocorreu no período pré-pandêmico, em 2018 e 2019 (552.493), permanecendo a região Sudeste como de maior incidência (215.347), enquanto a de menor foi a Centro-Oeste (31.548), havendo uma queda de 10,22% no número de casos entre os dois períodos. Após atingir o número máximo de notificações no ano de 2019, houve queda progressiva das notificações de 2019 para 2020 (4,6%) e de 2020 para 2021 (6%). O maior número de casos no Sudeste em comparação às outras regiões pode ser explicado por uma possível subnotificação dos acidentes em outras regiões, principalmente na região Norte e pelas medidas de lockdown adotadas em algumas regiões, culminando em menor exposição aos animais peçonhentos.
Conclusões: Verifica-se que os acidentes por animais peçonhentos são bastante prevalentes no Brasil, sobretudo nas regiões Sudeste e Nordeste, abrangidas pela transição da Mata Atlântica para Caatinga, e que houve impacto no número de notificações no período da pandemia. Com o avanço da vacinação e a redução dos casos de covid-19 no país, é possível que o número de notificações volte a subir. Portanto, os serviços de referência precisam estar preparados para o manejo desses casos.
EP058
HIV/AIDS e outras ISTs
Análise da incidência de sífilis na gestação e congênita na pandemia de COVID-19 Autores: Ana Lara Guerra Barbosa, Gabriela Silva Bastos, Jêmina Vieira e Freitas Lourenço, Maria Clara Mota dos Santos, Mariana Pitombeira Libório Palavras-chaves:
Sífilis congênita
, Gestação
, Covid-19
Resumo
Análise da incidência de sífilis na gestação e congênita na pandemia de COVID-19
Introdução: A sífilis é uma doença causada pela Treponema pallidum, transmitida sexualmente. Quando adquirida na gestação, pode ocorrer infecção via placentária, gerando a sífilis congênita, levando a altos índices de morbimortalidade intrauterina. Em 2020, a pandemia de Covid-19 provocou isolamento social compulsório a nível mundial. Diante disso, houve redução no controle da disseminação e notificação de outras doenças.
Objetivos: Evidenciar a incidência de sífilis congênita e na gestação no Brasil antes e durante a pandemia de COVID-19 entre 2017-2021
Materiais e Métodos: Estudo descritivo e retrospectivo, o qual utiliza como base os dados adquiridos no Sistema de Informações da Saúde do DATASUS sobre a incidência de sífilis congênita e de sífilis na gestação, ambas no período de 2017 a 2021, realizando um comparativo entre a notificação dos casos de covid no período de 2020-2021, disponível na plataforma do Ministério da Saúde.
Resultados e discussão: Entre 2017 e 2021, foram observados 10.973 casos de sífilis congênita no Brasil. De 2020 para 2021, houve queda aproximada de 51% nos casos confirmados, valor bastante elevado, se comparado com o percentual de queda dos demais anos. Já em relação à sífilis na gestação, nos últimos 5 anos, o número de casos confirmados foi de 263.474. Da mesma forma que a congênita, houve uma redução importante, próximo a 56%, dos casos, entre os dois últimos anos. Vale ressaltar que nos intervalos 11/2020-03/2021 e 03/2021-06/2021, houve a maior incidência de casos novos de Covid-19, demonstrando que 2021 foi o período com mais infecções pelo coronavírus, coincidindo com a redução das notificações de sífilis congênita e na gestação. Isso levanta o questionamento acerca da subnotificação e do controle dessa enfermidade.
Conclusão: Diante desse cenário, faz-se necessária a realização de mais pesquisas para elucidar as causas de diminuição de notificações durante a pandemia de Covid-19, pois as apresentações de sífilis elucidadas acima podem evoluir com complicações neurológicas para mãe e feto, além de malformações neonatais, risco de morte intrauterina e natimortalidade, sendo prevenção e o diagnóstico precoce fundamentais no combate à contaminação materna e transmissão vertical.
EP135
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Análise de coorte de 240 pacientes com endocardite infecciosa de dois hospitais de ensino: fatores de risco de mortalidade de endocardite nos últimos 12 anos no Rio de Janeiro Autores: Paulo Vieira Damasco, Natalia Rodrigues Querido Fortes, Ana Clara de Siebra Mecenas, Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa, Dominique Thielmann, Bruno Reznik Wajsbrot, Daniel Xavier de Brito Setta, Robson de Souza Leão, Victor Edgar Fiestas Solórzano, Claudio Querido Fortes Palavras-chaves:
Salmonella Brandeburg
, pseudoaneurisma
, transplante renal
Resumo
Análise de coorte de 240 pacientes com endocardite infecciosa de dois hospitais de ensino: fatores de risco de mortalidade de endocardite nos últimos 12 anos no Rio de Janeiro
Introdução
A mortalidade (MR) atual por endocardite infecciosa (EI) varia de 18 % a 36% em países desenvolvidos. Sem embargo, a MR de EI nos países não desenvolvidos ainda são semelhantes aos dos meados do século XX. O objetivo principal de este trabalho é apresentar uma análise multifatorial dos fatores de risco de mortalidade de 240 pacientes com endocardite no Rio de Janeiro.
Objetivo
Analisar as características epidemiológicas de 240 pacientes que evoluíram para alta hospitalar ou para o óbito.
Material e Métodos
O banco de dados é composto por 240 pacientes com EI de dois hospitais universitários.O período de estudo foi junho de 2009 a junho de 2021. EI associada à comunidade (EIAC) e EI associada assistência de saúde (EIAAS) foram diagnosticadas conforme os critérios de Duke modificados. Dois critérios clínicos maiores ou um maior e três menores foram usados para definição de casos.
Resultados
Coorte de 240 pacientes,136 (57%) do sexo masculino,mediana de idade 55 anos, 40% com idade acima de 59 anos.Os três principais fatores de risco para EI foram: condição cardíaca preexistente (52%), doença valvular preexistente (32%), história de diálise (25%). A principal válvula acometida foi a mitral (43%) e 78% das EI foram de válvula nativa. Os principais microorganismos identificados foram: Staphylococcus aureus (26%), 9% foram classificados como MRSA, Streptococcus spp. (21%), Enterococcus spp. (19%), Streptococcus bovis (5%). Dos 240 pacientes com EI, 46 % desenvolveram a EIAC e 54% EIAAS. A mortalidade geral foi de 45,8%, no grupo de EIAC foi de 38% e já a MT observada para EIAAS-diálise e EIAAS-nosocomial foi 41% e 59%, respectivamente. A MT encontrada quanto à etiologia, para S.aureus foi de 23%, Streptococcus spp. 14%, Enterococcus spp. 25%. Houve uma significância estatística na análise univariável entre a idade > 60 anos (p=0,001), EI de câmera esquerda (p=0,004), Enterocccus spp ( p= 0.004)e a EAAS (p=0,021) e o desfecho para óbito. Na análise multivariada somente a idade > 60 anos (RR=1,9; IC 95% 1,5-2,2), EI de câmera esquerda (RR=1,7; IC 95% 1,2-2,1), EI-nosocomial (RR=1,5; IC 95% 1,1-1,9) foram independentemente associadas com alta mortalidade.
Conclusão
Nesta análise multivariada observou que a idade > 60 anos (RR=1,9; IC 95% 1,5-2,2), EI nosocomial (RR=1,5; IC 95% 1,1-1,9) e endocardite de câmera esquerda (RR=1,7; IC 95% 1,2-2,1) foram os fatores epidemiológicos e anatômicos independentemente associados com alta mortalidade.
EP005
Animais peçonhentos
ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NAS CAPITAIS DOS ESTADOS BRASILEIROS. Autores: WELLINGTON RODRIGO GOMES DE MELO, KAREN MARAYANNE TORRES CAVALCANTE, DÉBORA MARIA RIOS MALTA, CARLA CILENE NASCIMENTO CASTRO, NATÁLIA SILVA DE CARVALHO, LUCAS SOARES BRITO, YASMIN MARTINS AGUIAR, CARLOS ALBERTO DA SILVA FRIAS JUNIOR Palavras-chaves:
Animais venenosos
, Epidemiologia
, Saúde Pública
Resumo
ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NAS CAPITAIS DOS ESTADOS BRASILEIROS.
Introdução: Incidentes com animais peçonhentos são uma grande problemática na área saúde à nível global. Estima-se que ocorram 2,7 milhões de casos por ano no globo. Acredita-se que haja uma tendência à subnotificação de casos no Brasil, isso dificulta análises e a resolução dessa problemática, tornando as políticas públicas menos efetivas. Nesse cenário, pesquisas como essa se fazem necessárias para entender o panorama geral e adotar estratégias de prevenção.
Objetivos: A pesquisa visa caracterizar o perfil epidemiológico dos acidentes com animais peçonhentos nas capitais dos estados brasileiros.
Materiais e métodos: Se trata de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa sobre os acidentes com animais peçonhentos nas capitais dos estados brasileiros no período de 2011 a 2021, utilizando as variáveis: evolução do caso, sexo, tempo decorrido entre a picada e o atendimento, gravidade, faixa etária, ano do acidente e espécie do animal. Os dados utilizados foram obtidos em consulta no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
Resultados: No período investigado, ocorreram 225.678 casos e a capital com mais acidentes foi Maceió, que teve 19,1%. Além disso, observou-se que cerca de 93,3% de todos os casos evoluíram para cura. Quanto ao sexo, notou-se que a população feminina teve maior incidência (57,2%). A cidade com maior proporção de população feminina afetada foi Fortaleza (66,1%). Em cerca de 67,8% dos casos, os pacientes foram atendidos nas primeiras 3 horas do ocorrido. Outrossim, 89,8% dos acidentes foram classificados como gravidade leve. Além disso, a população entre 25 a 39 anos teve o maior destaque, sendo vítimas em 33,4% das ocorrências. Nota-se que houve um aumento na quantidade de casos em todos os anos, quando relacionado a 2011, e no ano de 2021 esse aumento foi de 2,8%. Em relação à espécie do animal que causou o acidente, os escorpiões são os principais envolvidos com 82,8%. Outro destaque interessante e destoante é Curitiba, que tem cerca de 97,4% dos casos relacionados a aranhas.
Conclusão: Por meio desse estudo, pode-se avaliar algumas características da população, sobre os animais envolvidos e as capitais. A partir da análise desses dados, estratégias podem ser adotadas para diminuir a subnotificação e reduzir as taxas de acidentes nesses locais, visto que estas estão aumentando nos últimos anos.
EP059
HIV/AIDS e outras ISTs
Análise dos casos de Aids em adultos no Brasil: desde 1980 até 2021 Autores: Larissa Câmara Matos, Vitória de Melo Jerônimo, José Gladstone Castro Neto, Júlio Maurício Carmo Santos, Lara Gurgel Fernandes Távora Palavras-chaves:
AIDS
, Epidemiologia
, Brasil
Resumo
Análise dos casos de Aids em adultos no Brasil: desde 1980 até 2021
Introdução: A epidemia do HIV compõe o contexto de saúde do Brasil (BR) desde 1980, com primeiro caso HIV+ e primeiro de AIDS em 1982. Devido ao pouco conhecimento e por concentrar-se em populações marginalizadas, houve grande discriminação com os portadores do HIV, que se mantem atualmente. O uso de terapia antirretroviral (TARV) para tratamento precoce e para profilaxia (PrEP) e a distribuição de preservativos pelo SUS possibilitaram a redução do número de casos. A proposta do presente estudo é avaliar as mudanças nos casos de AIDS em adultos no BR, desde o início da epidemia.
Objetivos: Analisar prevalência de casos de AIDS em adultos e o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados como soropositivos, desde o início da epidemia no BR até 2021.
Materiais e Métodos: Estudo descritivo baseado em dados do Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde/Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, com análise comparativa das décadas da epidemia de HIV/AIDS no BR.
Resultados e discussão: Segundo análise, na década de 1980 (primeira década - PD), foram diagnosticados 23.562 casos. Apesar de identificar um aumento progressivo nas notificações, a cada década (222.501 na segunda década (SD) (1991-2000), 389.334 na terceira década (TD) (2001-2010) e 409.958 na quarta década (QD) (2011-2021)) foi visto uma queda no percentual de aumento de casos, de 844,32% entre PD e SD para 5,29% entre TD e QD. Na PD, 86,45% eram homens e 13,54% mulheres (Relação 6,38). Até a TD, houve queda gradual na relação homens/mulheres, de 2,38 na SD para 1,52 na TD. Na QD, essa relação cresceu novamente (2,05). Faixa etária mais acometida na PD e SD foi adultos jovens, 20-34 anos (PD: 55,69%; SD: 52,33%). Na TD, houve maior prevalência em adultos de 35-49 anos (41,36%), com nova mudança na QD, (40,39% entre 20-34 anos).
Conclusão: Conclui-se que, entre PD e TD, houve uma tendência de aumento de casos em mulheres e, na TD, maior ocorrência de casos em pessoas mais velhas. Na QD, houve maior prevalência em homens mais jovens, como na PD e SD. Houve redução do percentual de aumento de casos, apesar do aumento constante das notificações no período total. Logo, nota-se que a epidemia de HIV/AIDS no BR persiste crescendo, apesar da eficácia das medidas ser notável. Porém, ainda há obstáculos a vencer, como distribuição inadequada de testes rápidos e TARV nas regiões, acesso dificultado à seguimento e estigma contra pessoas HIV+ ainda em 2022
EP044
Doenças emergentes e reemergentes
ANÁLISE EPIDEMIOLOGIA DA LEPTOSPIROSE NO BRASIL Autores: Milena Roberta Freire da Silva, Karolayne Silva Souza Palavras-chaves:
Epidemiologia
, Leptospirose
, Enchentes
Resumo
ANÁLISE EPIDEMIOLOGIA DA LEPTOSPIROSE NO BRASIL
Introdução: A leptospirose é uma doença infecciosa causada por espiroquetas do gênero Leptospira. Possui distribuição endêmica no país, com ocorrência durante todos os meses do ano, afetando principalmente comunidades carentes, pós-enchentes e inundações. É transmitida de forma acidental para o ser humano, através principalmente do contato com urina infectada de roedores urbanos. Diante disso, tal problema é considerado um agravante para a saúde pública, além de apresentar importância social e econômica pela sua alta incidência.
Objetivos: Analisar os casos leptospirose no Brasil durante o período de 2011 a 2021.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, retrospectivo, realizado a partir da análise de dados coletados no Sistema de Informações de Agravos e Notificação (SINAM) do SUS – DATASUS, no período de 2011 a 2020. Foram consideradas as variáveis, região de notificação, sexo, faixa etária, área e ambiente de contagio e evolução da doença.
Resultados: No período de 2011 a 2020 foram registrados e com diagnóstico confirmado 36.064 casos de leptospirose. As regiões Sul e Sudeste foram responsáveis pelos maiores números de casos, como 32% ambas, no qual os indivíduos mais acometidos foram do sexo masculino com (79,5%; n= 28.680), com idade entre 20-39 (39%; n=14,229) e 40-59 (33%; n= 11.889). A maior parte das infecções ocorreram na área urbana (55%; n= 19.776), sendo que no momento do diagnóstico a forma de contágio mais significativa disse respeito ao ambiente domiciliar (41%; n=14.920), apresentando a principal forma de evolução dos casos para a cura (83%; n= 30.003), no entanto outra forma significativa foram as evoluções para o óbito em decorrência do agravo da patologia (9%; n=3.088).
Conclusões: A leptospirose é uma zoonose emergente, no qual é possível observar elevados números de caso, sendo importante atentar-se para as condições de transmissão da doença. É necessário salientar as medidas de prevenção e controle, as quais devem ser direcionadas para o controle de roedores, proteção ao trabalhador exposto e melhoria das condições higiênico-sanitárias, para que dessa forma esses números possam diminuir significativamente.
EP136
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Análise fenotípica e molecular da produção de biofilmes por Staphylococcus spp. oxacilina resistente em pacientes hospitalizados com Osteomielite Autores: Paula Marcele Afonso Pereira Ribeiro, Renata da Silva Vasconcellos, Felipe Caldas Ribeiro, Julianna Giordano Botelho Olivella, Barbara Araújo Nogueira, Bruna Ribeiro Sued Karam, Ana Luiza de Mattos Guaraldi Palavras-chaves:
Staphylococcus sp
, Biofilme
, Multirresistência
, Osteomielite
Resumo
Análise fenotípica e molecular da produção de biofilmes por Staphylococcus spp. oxacilina resistente em pacientes hospitalizados com Osteomielite
Introdução: A osteomielite é uma doença óssea inflamatória que é causada por um microrganismo e leva à destruição e perda óssea progressiva. As infecções estafilocócicas são uma preocupação mundial, devido aos mecanismos de resistência desenvolvidos por essas bactérias para evadir o sistema imunológico do hospedeiro e dificultar o tratamento com antibióticos. Os metais são utilizados como implantes ortopédicos, pois apresentam boas características de resistência mecânica e corrosão, entretanto, estão sujeitos a infecções relacionadas a biofilmes bacterianos, que só podem ser erradicados por remoção traumática do implante e acompanhada por terapia antimicrobiana.
Objetivos: O objetivo deste estudo foi avaliar a produção de biofilme na presença de antibióticos por diferentes cepas de Staphylococcus spp em pacientes internados com osteomielite.
Materiais e Métodos: A identificação a nível de espécie das 7 cepas de Staphylococcus foi realizada pelo método MALDI-TOF (Kornienko et al (2016). A resistência antimicrobiana foi realizada por concentrações inibitórias mínimas (CIM) para Oxacilina, Vancomicina e Linezolida e a capacidade de formação de biofilme na presença de antibióticos (método do poliestireno e aço cirúrgico) foram analisados segundo Pereira-Ribeiro et al, 2019. Ensaios de reação em cadeia da polimerase (PCR) foram realizados para detectar os genes mecA, icaA, aap, atl, fbp e bap (Sued-Karam et al, 2022).
Resultados: As cepas foram identificadas como S. aureus (n:2), S. epidermidis (n:3), S. warneri (n:1) e S. capitis (n:1). Todas as cepas eram resistentes à oxacilina e todas as cepas de S. epidermidis eram intermediárias à vancomicina. As cepas foram capazes de produzir biofilme na superfície do poliestireno e do aço em diferentes níveis, inclusive na presença de antibióticos e independente da presença dos genes analisados.
Conclusões: O aumento do número de casos de infecções e os aspectos multifatoriais que favorecem a patogenicidade de Staphylococcus spp. deve continuar a ser investigada, uma vez que a disseminação no ambiente hospitalar tem se tornado um crescente desafio de saúde pública.
EP018
COVID-19
Antigos agentes etiológicos em novos cenários epidemiológicos: Pneumonia por Staphylococcus aureus em pacientes com COVID-19 Autores: Carolina Oliveira Venturotti, Ana Luiza Martins de Oliveira, Isabel Cristina Melo Mendes, Raissa de Moraes Perlingeiro, Clarisse Filgueira Pimentel, Priscila Pinheiro Martins Trindade, Rafael de Mello Galliez Palavras-chaves:
covid-19
, estafilococo
, pneumonia necrotizante
Resumo
Antigos agentes etiológicos em novos cenários epidemiológicos: Pneumonia por Staphylococcus aureus em pacientes com COVID-19
Introdução/Objetivo: As doenças virais costumam ser seguidas por infecções bacterianas, sendo descrito, nas diversas sazonalidades do vírus influenza, infecções pulmonares subsequentes - principalmente por Staphylococcus aureus - que culminam em mortalidade de quase 50%. Com a emergência da pandemia pelo SARS-CoV2, em 2020, evidenciou-se também um aumento dos casos de infecções secundárias por esta bactéria. Este trabalho objetiva relatar casos de COVID-19 que evoluíram com pneumonia por S. aureus, corroborando com a tendência encontrada na literatura.
Método: Relato de caso de 4 pacientes de um CTI de doenças infecciosas no Rio de Janeiro que apresentaram diagnóstico de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por COVID-19 e pneumonia necrotizante laboratorialmente confirmada por S. aureus.
Resultados: CASO 1: Gestante, 28 anos, SRAG por COVID-19, necessitando de intubação orotraqueal (IOT) após 2 dias de internação hospitalar (IH). Apresentou melhora parcial do quadro respiratório, porém após 6 dias evoluiu com piora ventilatória, febre e leucocitose - secreção traqueal (STQ) evidenciou S. aureus sensível à meticilina (MSSA) e tomografia de tórax mostrou cavitações sugerindo pneumonia necrotizante. Apesar de antibioticoterapia adequada, paciente evoluiu a óbito após 19 dias de IH. CASO 2: Mulher, 50 anos, SRAG por COVID-19, necessitando de IOT após 2 dias de IH. Após 7 dias, apresentou secreção traqueal purulenta, leucocitose e febre, STQ com MSSA e P. aeruginosas. Evoluiu para óbito após 17 dias de IH. CASO 3: Gestante, 27 anos, SRAG com necessidade de IOT no dia da IH, após 8 dias apresentou febre, leucocitose e piora ventilatória. Raio X evidenciou cavitações sugestivas de pneumonia necrotizante e STQ, S. aureus resistente à meticilina (MRSA). Óbito após 18 dias de IH. CASO 4: Gestante 31 anos, IOT com 2 dias de IH. Após 12 dias, apresentou febre, leucocitose e padrão ventilatório pior evolutivamente - STQ revelou MSSA e A. baumannii, recebendo antibioticoterapia guiada. Necessitou de ventilação mecânica por 22 dias, recebeu alta após 37 dias de IH.
Conclusão: A literatura demonstra que infecções bacterianas secundárias são importante fonte de morbimortalidade em pacientes infectados com SARS CoV-2. S. aureus é um comensal em 20% da população, podendo ter característica invasiva após a infecção viral. Nosso trabalho aponta para possibilidade de relação entre infecção pulmonar bacteriana secundária por S. aureus em portadores de SRAG por COVID-19.
EP019
COVID-19
APRESENTAÇÕES PREDOMINANTEMENTE NÃO RESPIRATÓRIAS DA COVID PEDIÁTRICA Autores: André Ricardo Araujo da Silva, Jackson Lino Paulo Santana Miranda, Gabriella Rodrigues Pereira Bahia, Clara Branco Lopes, Leonardo Halamy Pereira, Luana Luna de Castro, Izabel Leal, Cristina Vieira, Mirian Viviane dos Santos Naja Cardoso, Cristiane Henriques Teixeira Palavras-chaves:
COVID-19
, Pediatria
, Manifestações não respiratórias
Resumo
APRESENTAÇÕES PREDOMINANTEMENTE NÃO RESPIRATÓRIAS DA COVID PEDIÁTRICA
Introdução: Apesar de serem menos acometidas, as crianças podem apresentar casos graves e manifestações predominantemente não respiratórias
Objetivo: Mensurar e especificar as manifestações predominantemente não respiratórias da COVID pediátrica.
Material e métodos: Estudo de série de casos de pacientes confirmados para COVID-19 atendidos em dois hospitais pediátricos da cidade do Rio de janeiro, de março de 2020 a janeiro de 2022. Foram consideradas como apresentações predominantemente não respiratórias as não descritas pela definição de casos da Organização Mundial da Saúde
Resultados: Foram atendidas 363 crianças confirmadas para COVID-19, sendo 113 em 2020, 181 em 2021 e 69 em 2022. Do total, 52 (14,3%) foram liberadas e 311 (85,7%) internadas. Cento e quarenta e uma (38,8%) apresentaram quadros de síndrome gripal, 129 (35,5%) de síndrome respiratória aguda grave, 80 (22%) apresentações predominantemente não respiratórias e 13 (3,7) foram assintomáticos. Os sintomas mais frequentes do grupo de apresentações predominantemente não respiratórias foram: febre em 51/80 (63,8%), sintomas neurológicos como encefalite/convulsões em 14/80 (12,5%), manifestações cutâneas como rash/prurido em 12/80 (12,5%), dor abdominal em 11/80 (13,8%) e primeiro episódio de cetoacidose diabética em 2/80 (2,5%). Entre todos os pacientes foram registrados oito óbitos (2,2% do total), sendo nenhum no grupo de apresentações predominantemente não respiratórias. Dos oito óbitos, sete (87,5%) ocorreram em pacientes com uma ou mais comorbidades.
Conclusões: As apresentações predominantemente não respiratórias representaram mais de 1/5 dos casos confirmados, demonstrando a variedade de sintomas e apresentação da doença em crianças
EP134
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
A procalcitonina e o gerenciamento de antimicrobianos Autores: Leandro Augusto Ledesma, Camille Alves Brito de Moura, Samara Sant´Anna de Oliveira, Raynner Betzel Reetz, Hugo Henrique Alves Ferreira, Julio Cesar Delgado Correal, Victor Hugo da Silva Silveira, Bernardo Luz Governo, Gerson Gatto de Azevedo Coutinho, Paulo Vieira Damasco Palavras-chaves:
Procalcitonina
, gerenciamento de antibioticos
, letalidade por IRAS
Resumo
A procalcitonina e o gerenciamento de antimicrobianos
Introdução
A procalcitonina é um importante recurso em terapia intensiva e deve ser utilizada para reduzir os custos com antimicrobianos. O uso indiscriminado de antimicrobianos resultou em um custo de 538 mil dólares para os Hospitais nos quais este projeto foi realizado, durante os primeiros cinco meses do ano de 2021.
Métodos
Estudo multicêntrico prospectivo com análise retrospectiva dos resultados, no qual estiveram envolvidos dois hospitais com pacientes de média e alta complexidade. O teste de procalcitonina foi solicitado para todos os pacientes com sepse, definido pelo SOFA. Os resultados da procalcitonina foram comparados com os resultados da cultura do paciente.
Resultados
No total, foram analisados 148 episódios de sepsis em pacientes adultos graves de junho de 2021 e outubro de 2021. Houve maior prevalência do sexo masculino em bacteremia e pneumonia em comparação com aqueles com infecção urinaria (54,8%, 56,4% e 26,4% respectivamente). O microrganismo mais encontrado nas pneumonias foi Acinetobacter XDR (63,1%), enquanto nas bacteremias foi Klebsiella pneumoniae (MDR: 11,5% e XDR 26,9%). Nas infecções urinárias, as bactérias mais frequentes foram Klebsiella pneumoniae XDR (25,9%) e Escherichia coli MS (22,2%). Houve um maior número de testes de procalcitonina positivos em bacteremia e pneumonia em comparação com infecção urinária (77,2%, 81,2% e 64,1%, respectivamente). A taxa de identificação bacteriana nos episódios infecciosos foi semelhante. A sensibilidade do teste de procalcitonina foi alta nos casos de pneumonia (94,7%) em comparação com bacteremia (83,3%) e infecção urinária (74%), com alto preditivo negativo valor em todos os três tipos de episódios infecciosos (>97%). A especificidade do teste foi baixa para todos os episódios infecciosos (46% para infecção urinária, 38,4% para pneumonia e 20% para bacteremia. Após seis meses, obtivemos redução do DDD dos antimicrobianos na seguinte proporção: redução de ceftriaxona de 53,0%, ceftazidima-avibactam 87,7%, meropenem 66,58%, polimixina B 68,8% e redução de linezolida de 94,9%.A letalidade por IRAS diminuiu de 22% para 18,2%.
Conclusões
Procalcitonina e gerenciamento de antimicrobianos contribuíram para a redução de custos e letalidade por IRAS nesta UTI. A procalcitonina pode ser utilizada para auxiliar no diagnóstico de quadros infecciosos e os dados coletados neste estudo demonstram que sua sensibilidade e especificidade dependem do foco primário da infecção.
EP116
Infecções congênitas e pediátricas
Aspectos do tratamento da gestante com sífilis e transmissão vertical da infecção em hospital terciário do Rio de Janeiro. Autores: Maria Clara de Leonardo Motta, Mitsue Senra Aibe, Herick Letelba C Ferreira, Gustavo Erthal A Robbs, Sheila Moura Pone, Sonia Regina Lambert Passos Palavras-chaves:
sífilis congênita
, transmissão vertical da infecção
, cuidado pré-natal
Resumo
Aspectos do tratamento da gestante com sífilis e transmissão vertical da infecção em hospital terciário do Rio de Janeiro.
INTRODUÇÃO: A sífilis gestacional está associada a complicações perinatais como prematuridade, óbito fetal e neonatal, além da sífilis congênita. Apesar do tratamento da gestante ser disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), as taxas de incidência de sífilis congênita e gestacional no Brasil apresentaram aumento expressivo nos últimos anos.
OBJETIVO: Realizar análise descritiva do tratamento da sífilis gestacional em hospital terciário do Rio de Janeiro.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo seccional realizado com filhos de mulheres com sífilis gestacional nascidos entre 2009 e 2018, selecionados a partir dos registros do serviço de neonatologia, infectologia e vigilância epidemiológica. As informações extraídas dos prontuários materno e infantil foram incluídas em banco de dados no software EpiData 3.1 e as análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS Statistics 2.0.
RESULTADOS: Entre 2009 e 2018, foram identificadas 256 crianças expostas verticalmente à sífilis, sendo 89,5% (n=229) casos de sífilis congênita, segundo os critérios do Ministério da Saúde. Entre os casos de sífilis congênita, 82,9% (n=180) das mães receberam a droga adequada e 67,6% (n=144) receberam doses compatíveis com o estágio da infecção. O intervalo de administração das doses foi adequado em 75,5% (n=157) deste grupo. Porém, 53,1% (n=112) não concluíram o tratamento; 70,3% (n=123) não tiveram tratamento das parcerias sexuais, ou este tratamento não foi adequado; e 71,7% (n=142) não apresentaram queda satisfatória do VDRL. Entre os casos expostos à sífilis materna e não infectados, 92,6% (n=25) das mães receberam droga e dose adequadas durante o tratamento na gestação; 92,3% (n=24) realizaram intervalo adequado entre as doses; 92,0% (n=23) concluíram o tratamento e 65,4% (n=17) apresentaram queda do VDRL após o término. As parcerias sexuais de 69,2% (n=18) destas mulheres foram adequadamente tratadas. A chance de ocorrência da sífilis congênita foi cerca de cinco vezes maior quando as parcerias sexuais não receberam tratamento adequado (OR 5,32; IC95% 2,18-13,01).
CONCLUSÃO: O tratamento da gestante com sífilis é disponível na rede básica de saúde e previne a transmissão vertical da infecção. Embora o Ministério da Saúde recomende tratamento presuntivo da parceria sexual para evitar reinfecção da gestante, neste estudo apenas um terço das parcerias sexuais foram tratadas. A sífilis congênita é uma doença evitável e sua ocorrência evidencia uma falha nos cuidados pré-natais.
EP061
HIV/AIDS e outras ISTs
ASPECTOS SOBRE EDUCAÇÃO E COMPORTAMENTO SEXUAL DE UM CURSO DE ESTUDANTES DE MEDICINA EM RIBEIRÃO PRETO/SP Autores: ARTHUR AMADEU, ALICIA ARIOLI MAURO, CAROLINA GALVÃO SALIONI, ANA LAURA DOMINGOS TENÓRIO, NARIMA CALDANA, JOAO VITOR FRANCO FLORES, EDUARDO RIBEIRO ESPER, VANESSA NUZDA RODRIGUES, MELISSA CAMOZZI MELLA, Poliana Daurea Alfonzo Palavras-chaves:
sexualidade
, infecções sexualmente transmissíveis
, estudantes de medicina
, estudantes universitários
, preservativo
Resumo
ASPECTOS SOBRE EDUCAÇÃO E COMPORTAMENTO SEXUAL DE UM CURSO DE ESTUDANTES DE MEDICINA EM RIBEIRÃO PRETO/SP
INTRODUÇÃO
A educação sexual recebida em ambiente escolar e familiar, são determinantes importantes para a construção do conhecimento em prevenção às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Como formadores de opinião e multiplicadores de informações confiáveis, os estudantes de medicina devem estar preparados tecnicamente para atender às dúvidas e orientações aos pacientes em suas práticas clínicas.
OBJETIVO:
Avaliar o comportamento sexual em relação à prevenção, orientações recebidas e conhecimento adquirido por alunos do curso de medicina de uma universidade privada em Ribeirão Preto/SP.
MATERIAIS E MÉTODOS
Dados relativos a 199 estudantes de Medicina foram colhidos por meio de um questionário anônimo e autopreenchível, pela plataforma Google Forms. Estudo quantitativo, descritivo e transversal, realizado em 2022.
RESULTADOS
Dos 199 alunos entrevistados, 59,7% não tiveram educação sexual em casa e 45,7% não tiveram educação sexual no ensino médio, fases fundamentais para as descobertas e surgimento de dúvidas. 92,9% referem já terem praticado masturbação alguma vez, prática que contribui para o auto-conhecimento. 27,1% já se relacionaram sexualmente com uma pessoa que conheceu em algum aplicativo de relacionamento e 48% tiveram apenas uma parceria sexual no último ano, o que contrapõe a idéia generalizada de grande número de parcerias em meio universitário. Quando questionado sobre o uso de substâncias psicoativas, 81% fazem uso de álcool , 16,08% de maconha e 9,04% de anfetaminas/LSD/ecstasy, ao passo que destes, 33,8% não fazem uso de preservativos quando estão sob efeito das mesmas. Em relação à consentimento, 17% ja tiveram pratica sexual não consentida e 9% retiraram o preservativo sem autorização da parceria. Sobre o ensino de sexualidade no curso de graduação, 39,2% sentiram necessidade/falta deste enfoque,
CONCLUSÕES
O ensino em sexualidade consiste em trabalhar conceitos como consentimento, segurança em relação às infecções sexualmente transmissíveis, contracepção e auto-conhecimento. Devido às questões sociais, religiosas e culturais, este ensino é restrito mesmo em ambiente universitário. Tal conhecimento é inerente à vida adulta, especialmente quando trata-se de estudantes de medicina, para orientação qualificada aos pacientes e, também, para si próprio, como indivíduo.
EP120
Infecções fúngicas
Aspergilose invasiva de apresentação atípica em paciente imunocompetente com acometimento paraesofageano e vertebral com invasão medular Autores: Ana Carolina Baptista Salmistraro, Jéssica Thaiane Dias, Paulo Feijó Barroso, Maria da Glória Carvalho Barreiros, Nina Rocha Godinho dos Reis Visconti, Gabriel Augusto de Almeida Cardoso Leitão, Luiza Gondim Toledo, Marcos de Carvalho Bethlem, Marcia Halpern Palavras-chaves:
Aspergilose invasiva
, imunocompetente
, Aspergillus
, galactomanana
Resumo
Aspergilose invasiva de apresentação atípica em paciente imunocompetente com acometimento paraesofageano e vertebral com invasão medular
A aspergilose é uma doença fúngica que possui diversas apresentações clínicas sendo a forma angioinvasiva mais frequentemente observada em pacientes imunocomprometidos.
O objetivo deste trabalho é relatar um caso de aspergilose invasiva em paciente imunocompetente.
Paciente de 59 anos, masculino, portador de HAS, DM2 e insuficiência cardíaca de etiologia isquêmica com indicação de revascularização miocárdica. Em exames pré-operatórios de abril/21, TC de tórax evidenciou lesão expansiva periesofágica. Encaminhado à pneumologia do Hospital Universitário para investigação diagnóstica. Realizou Escarro induzido em 07/04 e 16/04, com Baciloscopia e Teste rápido molecular para M. tuberculosis não detectado em ambos. Biópsia da massa pulmonar paraesofageana em 05/05/2021 com citopatológico evidenciando numerosas hifas e esporos, sugestivos de Aspergillus sp. Galactomanana sérica de maio/21 com valor de 4.0. Cultura para germes comuns, micobactéria e fungo negativas. Recebeu 21 dias de tratamento com voriconazol IV sem melhora com alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial. Após 3 meses, iniciou perda ponderal, piora evolutiva da dispneia e surgimento de dorsalgia incapacitante. Foi reinternado e realizou RNM de neuroeixo onde se observou aumento da massa paraesofageana que se estendia para região posterior acometendo por contiguidade as vértebras D9-D10 com invasão medular. Realizada biópsia por radiointervenção de fragmentos ósseos da vértebra em novembro/21 com pesquisa de germes comuns, cultura para micobactéria e fungo, além de histopatológico, todos negativos. Galactomanana sérica de dezembro/21 de 0.136. Sorologias para HIV, HTLV, histoplasmose e paracoccidioidomicose negativas. Solicitado parecer a Infectologia em janeiro/21, que orientou realizar nova biópsia da massa. Cultura para fungos com crescimento de Aspergillus sp. Iniciado tratamento em 21/01/2022 com anfotericina B complexo lipídico por 07 dias, e substituído por Voriconazol IV devido à disfunção renal aguda. Completou 30 dias com troca para oral. Recebe alta em março/2022 assintomático, com acompanhamento ambulatorial pelas equipes assistentes e pela imunologia para excluir possibilidade de imunodeficiência primária.
A aspergilose invasiva é uma doença que acomete principalmente o pulmão em populações imunocomprometidas. Esse é um caso raro com manifestação clínica atípica em paciente sem aparente comprometimento imunológico, necessitando um alto índice de suspeição diagnóstica.
EP020
COVID-19
As sequelas de uma pandemia que parou o mundo Autores: Gabriela Leite de Camargo, Gustavo Adolfo Brasileiro Passos, Diego Agostinho Fernandes da Silveira, Amanda Fonseca Cruz, Beatriz Pedroza, Rina Etzael Carrillo Pérez, Yago Moraes Costa, Marcio Neves Bóia, Anna Caryna Cabral Palavras-chaves:
COVID
, Pandemia
, Sequela
, Doença por Coronavírus
, SARS-CoV-2
Resumo
As sequelas de uma pandemia que parou o mundo
Introdução: A pandemia de Covid-19 modificou todo o panorama da sociedade e assolou o mundo, também deixando sequelas que alteram a qualidade de vida de seus sobreviventes. Assim, foi necessária a criação de Ambulatórios Pós-Covid com uma estrutura ambulatorial para atendimento de pacientes com as mais diversas sequelas de Covid. No ambulatório avaliado no estudo, os pacientes são encaminhados por meio da regulação do sistema estadual e são avaliados por uma equipe multidisciplinar.
Objetivos: Apresentar o perfil clínico e epidemiológico de pacientes atendidos em 2021 com sequelas após infecção pelo Coronavírus.
Materiais e Métodos: Análise de 360 prontuários de pacientes atendidos no Ambulatório Pós-Covid em 2021. As variáveis levantadas foram gênero, idade, data de infecção por Covid, principais queixas autorreferidas após a infecção, vacinação, se houve internação e se existiu necessidade de suplementação de oxigênio, além da realização de diálise.
Resultados: Dos pacientes atendidos 57,2% foram mulheres e 42,8% homens. 79 % possuíam mais de 40 anos, estando a maior faixa entre 50-59 anos (25,7%), e 31,47% possuíam acima de 60 anos. 64,4% dos pacientes do ambulatório haviam sido internados e desses 54,31% haviam necessitado de suplementação de oxigênio, resultando em 35% do total de pacientes atendidos. Quanto ao tipo de suplementação, em 31,5% foi necessário intubação endotraqueal e 17,7% evoluíram para traqueostomia. Do total, apenas 3,1% precisaram de diálise. Mais da metade dos pacientes seguem relatando falta de ar, configurando um total de 55,27%. O cansaço é a segunda queixa mais relatada, sendo mencionada em 48,62% deles. O sistema neurológico também foi citado, com 21,11% queixando-se de alteração de memória recente. Outras queixas: mialgia (12,22%), parestesia 10,83%, tosse (10,6%), paresia (9,72%), taquicardia (6,1%), dor torácica (6,1%), edema (5,83%). Queixas psicológicas foram encontradas em 18,6% dos pacientes, sendo 59,7% ansiedade, 29,85% humor deprimido e 10,44% insônia.
Conclusões: Concordante com a literatura mundial, o presente trabalho demonstrou que as principais queixas dos pacientes foram devido ao acometimento pulmonar, seguido de cardíaco e neurológico. Sendo assim, foi evidenciado que um número expressivo de pacientes infectados pelo Covid 19 desenvolveu sequelas físicas e psicológicas que alteram significativamente a qualidade de suas vidas, necessitando de acompanhamento por tempo ainda não definido.
EP060
HIV/AIDS e outras ISTs
AS VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS RELACIONADAS COM O SUPORTE SOCIAL DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS Autores: Juliano de Souza Caliari, Giselle Juliana de Jesus, Elucir Gir, Renata Karina Reis Palavras-chaves:
HIV
, Suporte Social
, Qualidade de Vida
Resumo
AS VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS RELACIONADAS COM O SUPORTE SOCIAL DE PESSOAS QUE VIVEM COM HIV/AIDS
Introdução: Em pesquisas envolvendo pessoas que vivem com HIV/Aids, o suporte social tem despertado muito interesse, devido ao estigma, preconceito e discriminação, que relacionados com a soropositividade, levam o indivíduo ao isolamento social, com impacto negativo na rede social de apoio. O impacto do suporte social percebido e das estratégias de enfrentamento sobre o bem-estar psicológico nessa população é importante para que os mesmos deem continuidade no acompanhamento ambulatorial.
Objetivos: Analisar as variáveis sociodemográficas relacionadas com o suporte social percebido por pessoas vivendo com HIV e AIDS.
Material e Métodos: Trata-se de um estudo transversal e quantitativo, realizado em um ambulatório especializado em HIV interior de Minas Gerais - Brasil. Participaram do estudo os usuários do serviço de idade superior a 18 anos. Os dados foram coletado por meio de entrevistas individuais utilizando um questionário sociodemográfico e Escala de Suporte Social para pessoas que vivem com HIV/Aids. Os dados foram organizados em planilha do Excel e transportados para o SPSS. Para a caracterização do perfil dos participantes, utilizou-se a estatística descritiva e após este, utilizou-se de testes de comparação.
Resultados: Na relação das variáveis sociodemográficas com o suporte social geral, observou-se que para os 258 participantes foi estatisticamente significante a relação com a idade, com a maior mediana (3,5) para a faixa etária de 30 a 39 anos; e a menor (2,9) para 20 a 29. E também com a variável ocupação, com o maior valor de mediana (0,4) para a categoria empregado, e menor (3,0) para os afastados. A percepção e satisfação desta faixa etária pode ser por conta da oferta de emprego, já que é considerada a faixa etária mais ativa no mercado de trabalho. Ademais, o emprego, além de valorização pessoal, pode ser determinante para que pessoas que vivem com HIV/Aids tenham acesso a muitos recursos relacionados a saúde, podendo este também favorecer aos indivíduos melhores condições de vida com moradia, alimentação, lazer e até mesmo saúde.
Conclusões: Assim, a ausência dessas relações de apoio neste estudo sugere que a população participante ainda encontra muita dificuldade na revelação da condição diagnóstica.
EP174
Tuberculose e outras Micobacterioses
ATENÇÃO E CUIDADO A TUBERCULOSE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Autores: Camila da Silva Riterbusche, Jarbas da Silva Ziani, Bruna Lixinski Zuge, Tanise Pereira Santini, Fabiani Vargas, Cláudia Zamberlan, Jenifer Härter Palavras-chaves:
Tuberculose
, Atenção Primária à Saúde
, Pesquisa sobre serviços de saúde
, Atualização Profissional
Resumo
ATENÇÃO E CUIDADO A TUBERCULOSE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
INTRODUÇÃO: A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa ocasionada pela bactéria Mycobacterium Tuberculosis. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 10 milhões de pessoas no mundo ainda adoecem por TB a cada ano, e muitas delas não recebem o tratamento adequado, abandonam o tratamento ou evoluem para o óbito. Para 2025, a previsão é ter um bilhão de pessoas infectadas mundialmente, das quais, 200 milhões adoecerão e 35 milhões poderão morrer. Cenário que tende a ser agravado pela precariedade econômica decorrente da pandemia de COVID-19. Assim, é primordial que os profissionais de saúde estejam aptos para reconhecer e manejar adequadamente os sintomáticos.
OBJETIVO: Descrever a autopercepção dos profissionais de saúde sobre a aptidão na assistência direta à pessoa com TB pulmonar.
MATERIAIS E MÉTODOS: Pesquisa transversal com comparação de amostras independentes. O Grupo-I, respondeu ao instrumento de coleta de dados em 2012 e o Grupo-II, em 2017. O cenário do estudo foi o município de Pelotas, Rio Grande do Sul. A amostra foi composta por equipes de enfermagem e médicos atuantes na unidade de atenção primária há no mínimo dois meses. E, como critério de exclusão considerou-se estar em licença ou em férias no período em que ocorreu a coleta dos dados. Foram consideradas como perdas, profissionais ausentes das unidades após três tentativas. A pesquisa GI foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UCPEL, sob o número 2009/04 e a coleta de dados do GII foi aprovada sob parecer CAAE: 58210316.9.0000.5316.
RESULTADOS: Participaram do estudo 478 profissionais, desses, 276 pertencentes ao GI e 202 do GII. Ao classificarem o seu preparo para lidar com os sintomáticos respiratórios, 53,0% dos profissionais no grupo GI e 62,5% no grupo GII referiram não se sentir preparados para lidar com essa demanda dos usuários. Já a variável que buscou mensurar se esses profissionais se sentiam seguros para detectar um usuário com suspeita de tuberculose, 63,0% (G1 e G2) afirmaram que sentem segurança para diagnosticar uma pessoa com TB.
CONCLUSÕES: Pode-se concluir, que significativa parcela dos profissionais entrevistados para esse estudo, não sentem-se plenamente preparados para o atendimento e manejo da demanda de usuários com TB. O que demanda do serviço promover atualizações clínicas e treinamentos, buscando aperfeiçoar esses profissionais para o manejo adequado.
EP137
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Aumento da identificação de Acinetobacter baumanni em espécimes clínicos pós-pandemia de Covid-19, impressão ou realidade? Autores: SARAH TELERMAN PACHECO PEREIRA, paulo roberto porto furtado, andrea d´avila freitas, marcia garnica maiolino, julienne martins araujo, daniele domaes moco, luan nascimento lopes, natalia chilinque zambao da silva Palavras-chaves:
Multidrogaresistente
, Acinetobacter
, pandemia
Resumo
Aumento da identificação de Acinetobacter baumanni em espécimes clínicos pós-pandemia de Covid-19, impressão ou realidade?
Introdução: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de pandemia é definido por disseminação mundial de uma doença, na qual essa enfermidade se espalhou por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. Com o aumento de casos de Covid-19, a literatura internacional discutiu se a pandemia de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 estava relacionada também a uma pandemia de Acinetobacter baumanni multidroga resistente (MDR).
Objetivo: Avaliar se houve aumento da prevalência de Acinetobacter baumanni multidroga resistente em espécimes clínicos em um hospital quaternário de ensino no Rio de Janeiro, Brasil.
Materiais e métodos: Estudo prospectivo observacional que avaliou os relatórios microbiológicos, no período de 2018 a 2021. A amostra foi composta de amostras de pacientes internados com infecção confirmada ou não por SARS-CoV-2. As variáveis categóricas foram apresentadas como proporções. O referido trabalho foi aprovado pelo comitê de ética sob o número: 47504821.0.0000.5455.
Resultados: Durante o período do estudo foram processadas no laboratório de microbiologia 99.648 materiais, destes 548 corresponderam a isolados com Acinetobacter baumanni MDR. A prevalência global ao longo dos anos variou de 160, 134, 88, 166 amostras em 2018, 2019, 2020 e 2021 respectivamente. A maioria correspondeu a swabs de vigilância (80%). Não houve aumento no número absoluto de hemoculturas positivas no decorrer do acompanhamento (11 em 2018 x 5 em 2021).
Conclusões: A maior limitação do estudo é ter sido conduzido apenas em um centro. Todavia, apresentou dados relevantes quanto a questão de multirresistência bacteriana na era pré e pós- Covid-19. A pandemia de SARS-CoV-2 foi inserida na pandemia de MDR. A emergência de MDR é multifatorial e envolve higiene de mãos, respeito as medidas de precaução de contato, uso racional de antimicrobianos, descarte correto de antimicrobianos.
EP103
Infecções comunitárias
Aumento de incidência de hemoculturas positivas para Streptococcus pneumoniae após a pandemia de Coronavírus num complexo de hospitais privados no Rio de Janeiro e correlatos de antibiograma. Autores: Leandro Augusto Ledesma, Camille Alves Brito de Moura, Samara Sant´Anna de Oliveira, Raynner Betzel Reetz, Hugo Henrique Alves Ferreira, Julio Cesar Delgado Correal, Gerson Gatto de Azevedo Coutinho, Paulo Viera Damasco Palavras-chaves:
Streptococcus pneumoniae
, resistencia a penicilina
, pneumococcemia
Resumo
Aumento de incidência de hemoculturas positivas para Streptococcus pneumoniae após a pandemia de Coronavírus num complexo de hospitais privados no Rio de Janeiro e correlatos de antibiograma.
Introdução
Streptococcus pneumoniae é o principal agente da pneumonia bacteriana. Entretanto é um micro-organismo fastidioso de difícil identificação. Neste trabalho descrevemos a incidência de pneumococo identificados em hemoculturas de 10 hospitais privados e a frequência de resistência à penicilina durante a pandemia de Coronavírus (COVID-19) na Cidade do Rio de Janeiro.
Objetivo
Avaliar a incidência de pneumococos isolados nas hemoculturas no período da pandemia de COVID-19 e o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos (ATM).
Material e Método
Estudo descritivo onde foram coletadas pares de hemoculturas utilizando o sistema BACTEC-FX (Becton Dickinson). As hemoculturas positivas foram avaliadas pela coloração de GRAM, sensibilidade à optoquina, solubilidade na presença de bile, sucedidas da identificação e dos testes de sensibilidade aos ATM que foram realizados pelo sistema de automação, Phoenix M-50 (Becton Dickinson), do laboratório desta instituição.
Resultados
Durante 17 meses, identificamos 15 pacientes com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) com hemoculturas positivas para S. pneumoniae, todos estes internados na UTI. A mediana de idade foi de 86 anos e 86,6% do sexo feminino. Somente 6,6% destes pacientes não tinham fatores risco para infecção por pneumococo. A maior incidência dos casos, 60%, tratados na UTIs da Zona Norte, do Rio de Janeiro. Uma amostra de pneumococo resistente a todos beta-lactâmicos de uma unidade hospitalar da Tijuca foi sensível à vancomicina. No ano de 2021, tivemos 9 casos de PAC pneumococcemia, sem embargo até maio deste ano tivemos 6 PAC graves com derrame pleural pneumococcemia. Quanto à frequência de resistência 26,6% e 20% resistentes à penicilina G e a cefuroxima respectivamente. Encontramos 46,6% um padrão sensibilidade tipo I para a levofloxacina. Todos os pneumococos resistentes à penicilina eram resistentes à clindamicina e eritromicina.
Conclusão
O maior número de PAC com pneumococcemia foi registrado em idosos. Segundo nossos dados houve um aumento PAC com pneumococcemia na atual era de Pandemia de COVID-19 e preocupante a frequência de 20% das amostras de pneumococo resistente à cefuroxima.
EP017
COVID-19
A UTILIZAÇÃO DE TOCILIZUMABE E SEUS IMPACTOS EM MARCADORES BIOLÓGICOS DE PACIENTES COVID-19 POSITIVOS GRAVES Autores: Cínthia Akemi Tanoshi, Regivaldo Florentino Rodrigues, Tâmila Siminski, Natalia Teles Pereira, Victor Hugo de Souza, Ana Flávia Sela, Naiara Polpeta Santo Branco, Sergio Grava, Jeane Eliete Laguila Visentainer, Gessilda de Alcantara Nogueira de Melo Palavras-chaves:
COVID-19
, SARS-CoV-2
, marcadores biológicos
, anticorpo monoclonal
Resumo
A UTILIZAÇÃO DE TOCILIZUMABE E SEUS IMPACTOS EM MARCADORES BIOLÓGICOS DE PACIENTES COVID-19 POSITIVOS GRAVES
Introdução: Ao longo do curso da infecção pelo SARS-CoV-2 foram descritas alterações no sistema hematopoiético de infectados pelo coronavírus. No entanto, poucas informações de exames laboratoriais no sangue periférico foram descritas sobre o seguimento de pacientes ao longo de um tratamento com anticorpo monoclonal como o Tocilizumabe, um antagonista de IL-6 que influencia sobre a tempestade de citocinas e no estado pró-inflamatório.
Objetivos: Descrever os marcadores hematológicos de pacientes com diagnóstico de COVID-19, em estado grave, tratados com anticorpo monoclonal Tocilizumabe.
Materiais e Métodos: Foram recrutados 31 pacientes através de termo de consentimento livre e esclarecido (nº 4.311.610/CAAE: 37322420.4.0000.5539). As coletas de sangue periférico dos indivíduos que ingressaram no estudo ocorreram no período prévio à administração do anticorpo monoclonal (0h) e 96h posteriores à primeira coleta. Os dados antropométricos foram provenientes da análise dos prontuários eletrônicos dos pacientes e as informações quantitativas dos marcadores biológicos foram compiladas utilizando o software Microsoft Excel®, com realização de estatística descritiva por meio do software Jamovi 2.3.12.
Resultados: Da população analisada, 80,65% (n=25) pertencia ao sexo masculino, com a média de idade observada nos pacientes de 53,55±14,00 anos e Índice de Massa Corporal (IMC) médio de 28,40±4,25. Em relação ao período de internação, os indivíduos permaneceram hospitalizados por 17,33±10,37 dias. Entretanto, aos pacientes em que o desfecho evoluiu ao óbito (n=7), o tempo médio de permanência dos pacientes foi de 31,29±10,86 dias. Sobre os marcadores hematológicos, após as 96h foram observadas as seguintes alterações: aumento no nível de hemoglobina (n=5) dos pacientes, diminuição na contagem de leucócitos (n=6) e aumento nas quantificações nos linfócitos, consideradas previamente como baixas, retornando à normalidade (n=4).
Conclusões: Os pacientes graves que receberam Tocilizumabe tinham como características predominantes a idade no intervalo de 40-60 anos e o sobrepeso. Foi observada uma mudança no perfil de alguns marcadores hematológicos destes pacientes com COVID-19 grave que tiveram administração do anticorpo monoclonal, sendo observado majoritariamente um desfecho positivo. Entretanto, pacientes com desfecho desfavorável foram marcados por um período de internação alto, mesmo após a intervenção com o medicamento.
EP097
Imunizações e Medicina de viagem
Avaliação da conformidade do registro vacinal no cartão de saúde da criança de crianças internadas em unidade de referência pediátrica do Rio de Janeiro. Autores: SICILIA COLLI, LIVIA MENEZES, MARCIO FERNANDES NEHAB Palavras-chaves:
vacinação
, cartão de saúde da criança
, registro vacinal
Resumo
Avaliação da conformidade do registro vacinal no cartão de saúde da criança de crianças internadas em unidade de referência pediátrica do Rio de Janeiro.
O cartão de saúde da criança (CSC) constituiu o primeiro documento utilizado pelos serviços de saúde para o acompanhamento integral da criança. Serve como ferramenta dialógica entre os profissionais e familiares, devido à sua aplicabilidade nas informações e orientações imprescindíveis para o cuidado e a vigilância do crescimento e desenvolvimento infantil. Esse instrumento contém o histórico de saúde da criança e subsidia a implementação da integralidade do cuidado à criança, visto que fornece orientações sobre os sinais de perigo, crescimento e desenvolvimento, diarréia, desidratação, alimentação saudável, imunização, prevenção contra acidentes, suplementações de ferro e vitamina. O CSC demanda ser preenchido corretamente, para assim cumprir a função que lhe é cabida. Segundo o MS, o bom preenchimento do quadro vacinal, para comprovação da imunização correta deve conter: lote, fabricante, data de validade, data de aplicação da vacina, unidade onde foi aplicada, local de administração e via de administração. O ojetivo do trabalho foi avaliar a conformidade do registro de imunização nos CSC de pacientes internados numa enfermaria de Pediatria de um hospital de referência no Rio de Janeiro, no período de junho de 2019 a junho de 2020. Foi realizado um estudo descritivo retrospectivo numa unidade de referência federal na cidade do Rio de Janeiro. Foram internadas um total de 201 crianças entre junho de 2019 a junho de 2020. Desses pacientes 129 entraram no estudo, 72 crianças não tinham o CSC no momento da internação. Avaliamos o preenchimento do CSC nos seguintes aspectos: lote e fabricante da vacina, unidade em que a criança foi vacinada, data da aplicação da vacina,letra legível, preenchimento a caneta, preenchimento no local adequado. As variáveis foram avaliadas em número e porcentagem. Esse trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de ética e pesquisa do mesmo hospital. 52,71% dos pacientes, tinham mau preenchimento do cartão de vacinação. Dentre as variáveis estudadas, 14,7% das cadernetas eram preenchidas a lápis, 48,52% tinham letras ilegíveis, 100% não constavam lote e fabricante da vacina, 22,05% não havia o nome da unidade onde foi aplicada a vacina e 57,35% estavam com preenchimento em locais inadequados.
Existe uma deficiência dos profissionais de saúde quanto ao preenchimento correto do cartão vacinal, sendo necessário maior capacitação e treinamento dos mesmos para que maiores prejuízos não sejam causados às crianças.
EP138
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Avaliação de conformidade de prescrição de antimicrobianos de uso restrito na população idosa em um programa de uso racional de antimicrobianos Autores: Thauane Pereira Nunes, andrea d´avila freitas, paulo roberto porto furtado, marcia garnica maiolino, natalia chilinque zambao da silva, Angélica Caroline Ferreira Palavras-chaves:
stewardship
, idosos
, antibioticoterapia
Resumo
Avaliação de conformidade de prescrição de antimicrobianos de uso restrito na população idosa em um programa de uso racional de antimicrobianos
Introdução: Segundo a Organização Mundial de Saúde, até 2050 mais de 10 milhões de mortes anuais ocorrerão devido ao uso inadequado de antimicrobianos. Nesse sentido, programas de Stewardship têm sido implantados com o intuito de utilizar de forma racional esses medicamentos. Os idosos, devido às alterações morfofisiológicas do envelhecimento, frequentam mais os serviços de saúde e, consequentemente, são submetidos a uma maior exposição aos antimicrobianos. Portanto, faz-se necessário uma abordagem específica para essa população nos programas de Stewardship, que prescreve a droga adequada, na dose e tempo corretos e analisando o espectro antimicrobiano.
Objetivo: Avaliar a conformidade de prescrição de antimicrobianos de uso restrito na população > 60 anos.
Materiais e métodos: Estudo realizado em um hospital no Rio de Janeiro, de janeiro a novembro de 2021. A partir do formulário eletrônico de requisição de antimicrobianos, a conformidade das prescrições eram avaliadas, baseadas no protocolo institucional de antibioticoterapia. Foram considerados fármacos de uso restrito: meropenem, ertapenem, ceftazidima + avibactam, polimixina, linezolida, tigeciclina, teicoplanina, ceftarolina.
Resultados: Avaliou-se 1446 prescrições de uso restrito, sendo 826 em idosos. A faixa etária que mais utilizou antimicrobianos de uso restrito foi a de 70-79 anos. O meropenem foi o antimicrobiano mais prescrito, com uma taxa de 46%. Quanto às síndromes clínicas tratadas, as mais ocorrentes foram infecções do trato respiratório, com 36% de incidência. A taxa de conformidade na população idosa foi de 51%.
Conclusões: Os dados da literatura em relação ao uso de antimicrobianos de uso restrito na população idosa são escassos e, por isso, analisou-se artigos que consideram o uso geral de antimicrobianos e indivíduos de todas as idades. Um estudo realizado por Zahar et al (2003) em um hospital na França apontou 35% de inadequação nas prescrições de antimicrobianos. Na Turquia, um estudo realizado por Tunger et al (2000) em um hospital universitário apontou um índice de 54,3% de prescrições inadequadas. Os dados do presente estudo assemelham-se aos encontrados na França, já que o país obteve 35% de inadequação na prescrição de antimicrobianos. Frente ao aumento da resistência bacteriana, é de extrema importância o uso racional dos antimicrobianos, principalmente nas faixas etárias mais elevadas.
EP139
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Bacteremia por Staphylococcus aureus em pacientes cardiopatas: alta morbidade e mortalidade. Autores: Manuela da Costa Medeiros, Diego Gomes Deveza, Wantuil Junio Schuindt Machado, Francisca Pereira Ribeiro, Angela Maria Rodrigues Dantas, Cristiane da Cruz Lamas Palavras-chaves:
Bacteremia
, Staphylococcus aureus
, Mortality
Resumo
Bacteremia por Staphylococcus aureus em pacientes cardiopatas: alta morbidade e mortalidade.
Introdução: A infecção por Staphylococcus aureus (S. aureus) pode ocorrer na comunidade ou em locais de assistência à saúde. Isolada a bactéria no sangue, temos a bacteremia, cuja morbimortalidade é alta se não detectada o mais precoce possível.
Objetivos: Descrever casos de bacteremia por S. aureus em pacientes internados na unidade de 11/04/2019 a 27/09/2020.
Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo, com revisão de prontuários de pacientes adultos com bacteremia identificados no laboratório de Microbiologia. Os dados foram coletados e armazenados em RedCap.
Resultados: Foram incluídos 27 pacientes internados,15/27 (55.6%) eram do sexo masculino, idade média de 63,74 (±14,6); eram portadores de insuficiência cardíaca 21/27 (77.8%), hipertensão arterial 21/27 (77.8%), coronariopatia 17/27 (63%), valvopatia 13/27 (48.1%) e doença renal crônica 11/27 (40.7%). No mesmo dia em que a hemocultura foi positiva, os exames laboratoriais mostravam creatinina média de 2,5mg/dL (±1,6) e média de PCR 19 mg/dL (±15,5). Principais focos da bacteremia: infecção da corrente sanguínea (ICS) em 15/27 (55.6%) e pele/subcutâneo em 8/27 (29,6%). Persistência de positividade foi notada em 9/23 (39,1%). Apresentaram endocardite 6/27 (22,2%). Em 23/27 (85,1%), a bacteremia foi relacionada à assistência hospitalar. Dos pacientes com ICS, 11/15 (73,3%) tinham acesso venoso profundo, 3/15 (20%) acesso venoso periférico e 1/15 (6,7%) cateter de hemodiálise. Portadores de marcapasso (MP) e de prótese valvar corresponderam a 5/27 (18,5%) e 6/27 (22,2%) respectivamente. Houve troca valvar em 1/6 (16,6%) e de MP em 2/5( 40%). Teste de sensibilidade antimicrobiana mostrou que 7/27 (25,9%) eram S. aureus resistentes à meticilina associados à comunidade (ca-MRSA) e apenas 3/27 (11,1%) eram MRSA. Os pacientes ficaram em média 43,7 (±34,68) dias internados. Precisaram de terapia intensiva 21/27 (77,8%), desses 16/21 (76,2%) precisaram de aminas, 10/21 (47,6%) de ventilação mecânica. Dos pacientes com piora de função renal, 6/12 (50%) precisaram de hemodiálise. Evoluíram para óbito 16/26 (61,5%).
Conclusões: A infecção por S. aureus em pacientes cardiopatas envolveu principalmente cateteres vasculares. A persistência de positividade nos alerta para a possibilidade de endocardite. Valores elevados de PCR foram frequentes e sinalizam gravidade, assim como elevação de creatinina. Antibioticoterapia empírica precoce torna-se essencial para redução da morbimortalidade da infecção.
EP140
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Bacteremia relacionada a cateter de diálise por Staphylococcus aureus sensível à meticilina (MSSA) com os Gen mec A e mec C negativos: relato de caso com hipópio Autores: Ana Clara de Siebra Mecenas, Marcella Oliveira Rabelo Amaral, André Paes Goulart Machado, Marcia Cristina Boaventura Ladeira, Robson Souza Leao, Paulo Vieira Damasco Palavras-chaves:
Staphylococcus aureus
, sensível à meticilina
, bacteremia
, Hipópio
, Gen mec A e mec B
Resumo
Bacteremia relacionada a cateter de diálise por Staphylococcus aureus sensível à meticilina (MSSA) com os Gen mec A e mec C negativos: relato de caso com hipópio
Introdução:
Bacteremia por Staphylococcus aureus (SA) é uma doença infecciosa grave com mortalidade de até 20%. Relatamos um caso de endoftalmite após uma bacteremia por S.aureus adquirida extra hospitalar relacionada cateter vascular implantado na veia femural numa clínica de diálise.
Objetivo:
Relatar um caso de endoftalmite com hipópio por S.aureus adquirida extra-hospitalar numa jovem com diabetes mellitus do tipo I em tratamento dialítico para insuficiência renal crônica. Avaliamos se a amostra de MSSA portava os genes de resistência à oxacilina.
Material e Métodos:
Estudo descritivo, relato de caso, estudo revisão prontuário, imagens e microbiologia.
Relato de caso:
T.M.F,25 anos,feminina,com DM do tipo I,hipotireoidismo, com hipertensão arterial e renal crônica em regime de diálise em clínica de apoio, desde dezembro de 2021. Em tratamento retinopatía diabética proliferativa. A jovem foi internada em 13 de maio de 2022, após 24 horas retirada de cateter veia femoral com sinais clínicos de infecção com queixas de dor precordial e mialgia.
Houve suspeita inicial de tromboembolismo pulmonar (TEP), a angiotomografia incompatível tromboembolismo pulmonar porém observado vários nódulos pulmonares bilaterais difusos e derrame pericárdico mínimo. A ultrassonografia de membros inferiores evidenciou trombose em veia femoral bilateral. Três dias após internação desenvolveu um endoftalmite onde identificamos nas culturas do aparelho ocular e em várias hemoculturas S.aureus. O time de endocardite foi acionado, observado um atrito pericárdico com ecogragiografia transtorácico sem vegetação. Logo foi pesquisado a presença do os Gen mec A e mec C pelo painel hemocultura-sepse PCR multiplex - FilmArray, o nível da pro-calcitonina após 5 dias de oxacilina encontrado foi 1,06 ng/mL. Realizada injeção intravítrea de Vancomicina 1mg/0,1ml e Ceftazidima 2,5mg/0,1ml em olho direito, sem intercorrências. No dia 20 de maio, a paciente foi submetida a uma vitrectomia a seco com coleta de material para cultura que identificou MSSA e antibioticoterapia intravítreo mais específica.
Conclusão:
Nas infecções sistêmicas por S.aureus requer uma equipe multidisciplinar. Neste relato ressaltamos a importância do diálogo entre a medicina interna e o serviço de infectologia e microbiologia. A nossa equipe orienta todos os pacientes com risco de infecção por MRSA mesmo nas amostras de MSSA avaliar a presença do Gene de resistência à oxacilina.
EP062
HIV/AIDS e outras ISTs
Baixa cobertura vacinal para hepatite B entre HSH usuários de PrEP do HIV no Rio de Janeiro Autores: Alberto dos Santos de Lemos Palavras-chaves:
vacina contra hepatite B
, hepatite B
, Profilaxia Pré-Exposição
Resumo
Baixa cobertura vacinal para hepatite B entre HSH usuários de PrEP do HIV no Rio de Janeiro
Pessoas que fazem uso de profilaxia pré-exposição (PreP) do HIV apresentam maior vulnerabilidade a outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), sendo a hepatite B (HBV) uma delas. Neste estudo transversal, avaliamos uma amostra por conveniência de 108 homens que fazem sexo com homens em uso de PreP do HIV no município do Rio de Janeiro, em um ambulatório de referência entre janeiro e dezembro de 2021. Verificamos dados demográficos, histórico de ISTs e analisamos a caderneta vacinal da criança e do adulto dos participantes a respeito da vacinação contra HBV.
Os participantes tinham entre 18 e 35 anos, com média de 28,7 anos e a mediana de 29 anos. Quanto à raça, 43 se autodeclararam brancos (39,8%), 30 negros (27,8%), 3 amarelos (2,8%) e 32 pardos (29,6%). Quanto à escolaridade, 99 afirmaram ter ensino superior completo (91,7%), 2 ensino médio completo (1,9%) e 7 ensino fundamental (6,4%). A quantidade de parceiros sexuais dos participantes nos últimos 6 meses variou de 1 a 200 (mediana = 7, média = 14,8), e 41 indivíduos (37,9%) afirmaram ter praticado "chemsex" no período. Todos os participantes afirmaram ter tido pelo menos uma relação sexual desprotegida nos últimos 30 dias., e 37 referiram terem recebido o diagnóstico de uma ou mais IST nos últimos 12 meses (34,2%), sendo 29 casos de sífilis, 14 casos de uretrite, 1 caso de hepatite B, 1 de hepatite C e 3 de outras ISTs. Todos os participantes foram testados não reagentes para HIV.
A respeito da vacinação contra hepatite B, não foi possível avaliar nenhuma caderneta de 15 participantes (13,9%). Dos 86,1% restantes (93 indivíduos), 15 não apresentaram registro de nenhuma dose (16,1%), 13 apresentavam registro de apenas uma dose por toda a vida (14,0%) e 14 tinham registro de 2 doses (13,0%). O esquema vacinal completo (3 ou mais doses) foi comprovado em 51 indivíduos (54,8%).
Mesmo com a limitação de não termos conseguido contabilizar exatamente o número de doses de vacina dos participantes, entendemos que a cobertura de 100% é a ideal na população estudada, havendo inclusive o relato de um caso de hepatite B recém diagnosticado. Contudo, somamos uma fração de apenas 54,8% com esquema completo.
Este estudo concedeu aos participantes a prescrição de todas as vacinas consideradas incompletas segundo o calendário do adulto estipulado pelo Ministério da Saúde.
Recomendamos que mais esforços sejam destinados à atualização vacinal dos pacientes em uso de PreP do HIV em nosso município.
EP063
HIV/AIDS e outras ISTs
BARREIRAS ENCONTRADAS PELOS PRIVADOS DE LIBERDADE NO ACESSO AO SERVIÇO DE SAÚDE ACERCA DA PREVENÇÃO DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Autores: Camila da Silva Riterbusche, Fabiani de Vargas, Jarbas da Silva Ziani, Tanise Pereira Santini, Marcia Gabriela Rodrigues de Lima, Cláudia Zamberlan Palavras-chaves:
Infecções Sexualmente Transmissíveis
, Prisões
, Estratégias de Saúde
Resumo
BARREIRAS ENCONTRADAS PELOS PRIVADOS DE LIBERDADE NO ACESSO AO SERVIÇO DE SAÚDE ACERCA DA PREVENÇÃO DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
Introdução: Desde 1988 com criação da Constituição Federal e instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), a saúde fica estabelecida como um direito de todos e dever do estado. Por meio dessa premissa, fica assegurado o direito à saúde das Pessoas Privadas de Liberdade (PPL), incluindo os processos de prevenção e promoção de saúde das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST´s). Porém, este direito ainda não é efetivo para a PLL, que encontra barreiras em acessar adequadamente os serviços de saúde de prevenção e tratamento às IST's, devido à falta de avaliação às condições de saúde nesses ambientes, concomitantemente com a predicabilidade de orientações sobre as formas de prevenção combinada às IST's.
Objetivo: Descrever a percepção de profissionais de um programa de residência, com formação em psicologia, fisioterapia e enfermagem, acerca das barreiras que as pessoas privadas de liberdade encontram no acesso ao serviço de saúde para prevenção das IST´s.
Materiais e Métodos: Relato de experiência, realizado por meio das vivências de profissionais de um programa de residência multiprofissional em duas penitenciárias brasileiras, em 2022. O relato se consolidou por meio da análise crítica dos profissionais quanto às barreiras que os usuários enfrentam dentro do sistema prisional para a prevenção e tratamento das IST´s.
Resultados: Essas barreiras direcionavam à falta de uma equipe especializada para o atendimento da população privada de liberdade, falta de um ambiente adequado para realização dos atendimentos e o preconceito velado existente com essa população. Esses aspectos foram observados pela equipe que semanalmente atua em penitenciárias de uma cidade do interior do Brasil, composta por servidores e residentes de formação multiprofissional. Essa equipe realiza ações para o enfrentamento das IST´s realizando testagens rápidas, orientações quanto às formas de prevenção combinada, atendimento médico e tratamento das IST´s.
Conclusões: Considerando a alta prevalência de infecções por IST´s em privados de liberdade, o diagnóstico e tratamento desses agravos trabalham como uma forma de prevenção. Desse modo, o trabalho da equipe multiprofissional é relevante para o enfrentamento dessas barreiras e reduzir os danos causados pelos grandes números de contágio pelas IST´s. Essas ações têm se mostrado efetivas para a prevenção desses agravos, assim como têm se mostrado como uma forma de humanização no acesso à saúde da PLL.
EP121
Infecções fúngicas
Caça ao tatu como fator comportamental de risco para Paracoccidioidomicose: descrição de caso de doença disseminada em imunocompetente Autores: Natália Gomes Candiago, Guilherme Dorneles Zinelli, Viviane Raquel Buffon, Bruna Kochhann Menezes Palavras-chaves:
paracoccidioidomicose
, paracoccidioidomicose grave
, granulomatose
, micose sistêmica
, paracoccidioidomicose e caça a tatu
Resumo
Caça ao tatu como fator comportamental de risco para Paracoccidioidomicose: descrição de caso de doença disseminada em imunocompetente
Introdução: Paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica granulomatosa causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis, frequente na América do Sul, com importante índice de cronificação e mortalidade. Atividades agrícolas, manejo de solo contaminado, caça de animais, estão relacionados com a exposição e transmissão do fungo. Tabaco e álcool podem ser fatores de agravamento da doença. Seus achados clínicos podem se assemelhar à tuberculose e neoplasias, dessa forma, o diagnóstico diferencial é necessário.
Objetivo: Relatar um caso de paracoccidioidomicose disseminada em imunocompetente, caçador de tatu, acometendo sistema pulmonar, cutâneo, gastrointestinal, adrenais e ossos, simulando tuberculose e neoplasia.
Método: Trata-se de um caso de PCM grave (disseminada) em paciente imunocompetente, diagnosticado em maio de 2022 em Caxias do Sul. A coleta de dados foi realizada por revisão de prontuário.
Resultado: Homem de 57 anos, caçador de tatu, diabético, tabagista, ex-etilista. Interna em nosso serviço hospitalar, para investigação diagnóstica por suspeita de neoplasia. Quadro clínico com diarreia líquida e dor abdominal há 1 ano, acompanhado de perda ponderal de 15kg e sudorese noturna. Lesões cutâneas ulceradas presentes em mucosas. Os exames de tórax mostravam nodulações com cavitações. Alterações/implantes em trabeculado ósseo difuso, incluindo coluna torácica e lombar. Uma ressonância magnética de crânio mostrou lesões ósseas granulomatosas em osso esfenóide e temporal. Uma eco abdominal sugeriu nódulo de 3,9cm na adrenal direita. A pesquisa para BAAR e outras sorologias foram negativas. Nos exames laboratoriais apresentava CEA elevado (573,7 ng/mL) e aumento da PCR. A colonoscopia evidenciou diversos pólipos com pesquisa para malignidade negativa. Uma fibrobroncoscopia mostrou granulomatose com biópsia positiva para paracoccidioidomicose. A terapia antifúngica hospitalar foi instituída e após doses de ataque, paciente recebeu alta para seguimento ambulatorial do tratamento.
Conclusão: Os pulmões dos tatus podem reservar parasitas, helmintos e fungos. A caça ao tatu e exposição à poeira de seu habitat tem sido observada como fator comportamental de risco para infecções fúngicas, dentre elas a PCM. Além disso, o consumo da carne pode também causar hanseníase. Devido à alta letalidade (2-23%) da PCM, o diagnóstico adequado e precoce beneficia o prognóstico da doença.
EP122
Infecções fúngicas
Candidemia em pacientes idosos e muito idosos: comparação epidemiológica pré e pós-pandemia da SARS-CoV-2 Autores: Maria Eduarda Marques Moret, MARCIA GARNICA MAIOLINO, PAULO ROBERTO PORTO FURTADO, ANDREA D´AVILA FREITAS, JULIENNE MARTINS ARAUJO, NATALIA CHILINQUE ZAMBAO DA SILVA Palavras-chaves:
Candidemia
, Covid-19
, Idosos
Resumo
Candidemia em pacientes idosos e muito idosos: comparação epidemiológica pré e pós-pandemia da SARS-CoV-2
Introdução: As infecções causadas por leveduras do gênero Candida spp. apresentam grande relevância para saúde pública, visto que estão relacionadas a grande mortalidade. Ademais, é sabido que pacientes que apresentam formas graves de Covid-19 têm maior risco de desenvolver candidemia.
Objetivo: Comparar as características epidemiológicas e microbiológicas das infecções de corrente sanguínea por espécies de Candida sp. pré e pós pandemia de Covid-19 em idosos e muito idosos. Metodologia: Estudo retrospectivo observacional conduzido de agosto a novembro de 2021 em um hospital quaternário de ensino no Rio de Janeiro. A coleta de dados foi realizada mediante revisão de prontuário e armazenados em planilha Excel. Foram excluídos pacientes sem dados completos para análise.
Resultados: Durante o período do estudo foram detectadas 47 candidemias, dessas 59,5% corresponderam a eventos em pacientes idosos e/ou muito idosos. A principal espécie identificada em pacientes pré-pandemia foi Candida albicans, enquanto na pós-pandemia foi Candida tropicalis.
Conclusão: Os resultados foram condizentes com a literatura que mostram um aumento na incidência de espécies não albicans na era pós Covid-19. Devido a grande incidência de candidemia em pacientes idosos e sua alta mortalidade é mandatório instituir medidas que auxiliem na prevenção e controle dessa infecção, especialmente no período pandêmico.
EP104
Infecções comunitárias
Características da Endocardite enterocócica em um centro de referência em cardiologia Autores: Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Giovanna Ferraiuoli Barbosa, Rafael Quaresma Garrido, Bruno Zappa, Marcelo Goulart Correia, Clara Weksler, Wilma Félix Golebiovski, Cristiane C. Lamas Palavras-chaves:
Endocardite
, Enterococos
, Comorbidades
Resumo
Características da Endocardite enterocócica em um centro de referência em cardiologia
Introdução/Objetivos
Os Enterococos são progressivamente mais relevantes como agentes etiológicos das Endocardites Infecciosas (EI), devido ao aumento da expectativa de vida da população. O objetivo do presente estudo é descrever casos de Endocardite enterocócica (EE) num centro quaternário de referenciamento e compará-los com outros casos de EI dentro da coorte.
Materiais e Métodos
Incluíram-se pacientes adultos com critérios definitivos para EI de acordo com os critérios modificados de Duke, de 2006 a 2021, usando a ficha de coleta de dados da International Collaboration in Endocarditis. Identificaram-se os pacientes prospectivamente, e coletaram-se termos de consentimento informado. As variáveis do grupo das EE foram comparadas aos outros casos de EI dentro da coorte por teste de proporção. Significância estatística foi atribuída a p<0,05.Foi utilizado o programa estatístico Jamovi e R.
Resultados
Endocardite Enterocócica foi observada em 48 dos 435 casos (11%), dos quais 2 dos 48 (4.2%) foram identificados como E.faecium, enquanto E.faecalis foi responsável pela maioria dos casos (46/48, 95,8%). Paciente com EE foram significativamente mais velhos (mediana de 59 anos, IIQ 46-65.3) que o resto da coorte (mediana 46 anos, IIQ 32.5 – 61.0). A incidência de EE foi maior em pacientes com Doença Arterial Coronariana (13/48, 27.1% vs 47/380, 12.4%, p=0.006), cirurgia cardiovascular prévia (26/48, 54.2% vs 144/385, 37.4%, p=0.025), revascularização do miocárdio (6/47, 12.8% vs 19/383, 5%, p=0.031), diabetes mellitus (12/48, 25% vs 43/387, 11.1%, p=0.006), doença renal crônica (16/48, 33,3% vs 75/385, 19.5%, p=0.026) e doença cerebrovascular (6/48, 12.5% vs 23/386, 6%, p=0.087). Pacientes com EE mais frequentemente adquiriram a infecção no hospital (23/48, 47.9% vs 89/386, 23.1%, p<0.001). Além disso, os dados mostram que a Endocardite precoce de valva protética (EPV) foi mais comum em pacientes com EE (9/48, 18.8% vs 38/387, 9.8%, p=0.06).
Discussão
A frequência de EE em nossa coorte foi similar à literatura (de 5 a 20%). Os resultados definem um perfil de paciente com múltiplas comorbidades, principalmente Doença Renal Crônica e Diabetes, além de uma proporção maior de EI precoce de valva prostética. Hipotetizamos que os acessos vasculares são a porta de entrada para os enterococos, e cuidados especiais devem ser tomados com os mesmos, especialmente no período perioperatório.
EP123
Infecções fúngicas
Características da Endocardite Fúngica em uma coorte de hospital quaternário da rede pública brasileira Autores: Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Giovanna Ferraiuoli Barbosa, Rafael Quaresma Garrido, Bruno Zappa, Marcelo Goulart Correia, Clara Weksler, Wilma Félix Golebiovski, Cristiane C. Lamas Palavras-chaves:
Candida
, Fungos
, Endocardite
Resumo
Características da Endocardite Fúngica em uma coorte de hospital quaternário da rede pública brasileira
Introdução/Objetivos
Fungos, especialmente Candida spp., são causa cada vez mais comum de infecções da corrente sanguínea, e a Endocardite Fúngica (EF) está relacionada a prognóstico ruim e alta mortalidade. O objetivo do estudo é descrever casos de Endocardite Fúngica num centro quaternário de referenciamento e compará-los com outros casos de Endocardite Infecciosa (EI) dentro da coorte.
Materiais e Método
Incluíram-se pacientes adultos com critérios definitivos para Endocardite infecciosa de acordo com os critérios modificados de Duke de 2006 a 2021 usando a ficha de coleta de dados do International Collaboration in Endocarditis. Identificaram-se os pacientes prospectivamente, e coletaram-se termos de consentimento informado. As variáveis do grupo das EF foram comparadas aos outros casos de EI dentro da coorte por teste de proporção. Significância estatistica foi atribuída a p<0,05. Foi utilizado o programa estatístico Jamovi e R.
Resultados
EF ocorreu em 14/435 (3.2%) dos casos. Candida spp foi responsável por 12/435 (2.7%), dos quais 8/12 (66.6%) foram C. parapsilosis, 2/12 (16.6%) C. albicans, 1 (8.3%) C. tropicalis e 1 (8.3%) C.famata.Trichosporum spp ocorreu em por 2/435 (0.4%). A taxa observada de EF foi maior em pacientes que foram submetidos previamente a cirurgia cardiovascular (8/12, 66.7% vs 162/421, 38.5%, p=0.07). Pacientes com EF frequentemente adquiriram a infecção no hospital (7/12, 58.3% vs 105/422, 24.9%, p=0.016). Eventos embólicos vasculares foram mais frequentes na EF (9/12, 75% vs 196/412, 47.6%, p=0.079), especificamente, embolização periférica (3/12, 25% vs 35/421, 8.3%, p=0.079) e aneurisma micótico (4/12, 33,3% vs 43/420, 10.2%, p=0.032). A mortalidade foi maior em pacientes com EF (6/12, 50% vs 103/413, 24.9%, p=0.05).
Discussão
A incidência de EF dentro da coorte de pacientes adultos com EI foi semelhante a estudos publicados (2 a 4%). Candidas não-albicans predominaram (91.7%), especialmente C.tropicalis, que difere de estudos internacionais, mas é similar a outros centros na América do Sul. Isso provavelmente deve-se a aquisição intra-hospitalar e a afinidade da tropicalis aos cateteres e material protético. De fato, cirurgia cardíaca prévia e EI nosocomial foram mais frequentes em EF. Embolizações, particularmente manifestada como aneurisma micótico, e embolizações periféricas foram duas complicações comuns da EF, o que destaca a forte disseminação emboligênica desses agentes.
EP045
Doenças emergentes e reemergentes
Caracterização Molecular de Rickettsia rickettsii em Caso Fatal Suspeito de COVID-19 Autores: Matheus Ribeiro da Silva Assis, Liana Lumi Ogino, Dominique Elvira de Souza Freitas, Adonai Alvino Pessoa Junior, Charbell Miguel Haddad Kury, Cristina Giordano, Elba Regina Sampaio de Lemos Palavras-chaves:
febre maculosa brasileira fatal
, pandemia covid-19
, diagnóstico diferencial
, caracterização molecular
, Rio de Janeiro
Resumo
Caracterização Molecular de Rickettsia rickettsii em Caso Fatal Suspeito de COVID-19
INTRODUÇÃO: A febre maculosa brasileira (FMB) é uma zoonose causada por Rickettsia rickettsii transmitida para humanos pela picada de carrapatos, predominantemente pelas formas jovens da espécie Amblyomma sculptum (carrapato estrela) no Brasil. Notificada majoritariamente na região sudeste, a FMB apresenta quadro clínico inespecífico de difícil diferenciação com diversas doenças como dengue e mais recentemente com a COVID-19.
Objetivo: Detectar e caracterizar R. rickettsii em caso fatal suspeito de COVID-19
RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 6 anos, negra, residente em Campos dos Goytacazes/RJ iniciou em 26/08/2021, um quadro infeccioso febril diagnosticado inicialmente como COVID-19. Diante da piora do quadro, a paciente foi admitida em uma unidade de saúde no 4º dia de doença com piora da febre, náusea e vômitos acompanhados de dor abdominal, diarreia, edema palpebral e convulsão. Evoluiu com insuficiência respiratória e renal, falecendo em 24 horas após internação. Um hemograma confirmou hemoconcentração, leucocitose e trombocitopenia. Diante do resultado da RT-PCR em tempo real do swab nasofaríngeo para SARS-CoV-2 negativo e a presença de carrapato na criança, foi aventado o diagnóstico de FMB. Amostras de soro coletadas no 4º dia de doença submetidas ao teste de imunofluorescência indireta foram IgM e IgG não reagentes para FMB. Quanto à análise molecular, a detecção de DNA foi realizada pela PCR convencional utilizando oligonucleotídeos para amplificação parcial dos genes gltA(885pb) e rOmpA(777pb) e rOmpB(650pb). Fragmentos amplificados obtidos foram purificados, sequenciados e analisados, confirmando a espécie R. rickettsii.
CONCLUSÃO: De elevada letalidade, consequente à falta da suspensão diagnóstica ou ao retardo no tratamento antimicrobiano específico, a FMB precisa ser incluída no diagnóstico diferencial e ser tratada de forma empírica preferencialmente antes do 5º dia de doença quando aumenta a possibilidade de lesão vascular direta irreversível causada pela bactéria. Por fim é preciso destacar a dificuldade diagnóstica da FMB em pacientes negros, diante da falta de percepção das manifestações exantemáticas pelo profissional da saúde e a importância do diagnóstico precoce da FMB, principalmente em momentos de epidemia/pandemia, considerando, a exemplo das epidemias de dengue no estado do Rio de Janeiro, em que a maioria dos óbitos de FMB foi diagnosticado inicialmente como dengue.
Agradecimentos: Dra.Christiane Ramos Carmo Pereira
EP162
Miscelânea
Carcinoma espinocelular como diagnóstico diferencial de PLECT (Paracoccidioidomicose, Leishmaniose tegumentar, Esporotricose, Cromomicose, Tuberculose cutânea) - Relato de caso Autores: Fernando Nonato de Carvalho Fagundes, Sindy Sthefany Sousa Silva, Thaís Alves Fagundes, Ana Júlia S. Oliveira, Stefani Bertolucci Estevam Ferreira Palavras-chaves:
Carcinoma Espinocelular
, Diagnóstico Diferencial
, Infecções
Resumo
Carcinoma espinocelular como diagnóstico diferencial de PLECT (Paracoccidioidomicose, Leishmaniose tegumentar, Esporotricose, Cromomicose, Tuberculose cutânea) - Relato de caso
INTRODUÇÃO: O carcinoma espinocelular (CEC) é um tumor maligno, que se desenvolve em qualquer superfície cutânea. Sua incidência aumenta com a idade e as manifestações clínicas incluem pápulas, placas e nódulos, de aspecto hiperceratótico ou ulcerado, que podem se surgir na cabeça, tronco, extremidades, mucosa, região anal e genital. A confirmação diagnóstica é dada por exame histopatológico. Já o mnemônico PLECT reúne doenças infecciosas que podem se apresentar como lesões verrucosas e/ou úlceras: Paracoccidioidomicose, Leishmaniose Tegumentar, Esporotricose, Cromomicose e Tuberculose Cutânea.
OBJETIVOS: Relatar um caso de CEC e cuja apresentação clínica sugeria moléstia infecciosa, ressaltando a importância de se realizar diagnósticos diferenciais.
MATERIAIS E MÉTODOS: J.L.S., sexo masculino, 73 anos, procedente de Conceição do Araguaia (PA), contato frequente com a zona rural, deu entrada em um hospital em Redenção (PA) em 01/04/22 devido úlcera extensa com bordas bem definidas e aspecto verrucoso, além exposição óssea e secreção purulenta abundante em pé direito. A lesão se iniciara lentamente 25 anos antes, porém só nos 6 meses anteriores à internação tomou tal proporção (sic). Radiografia da lesão evidenciava destruição óssea extensa. Infectologia do serviço sugeriu biópsias cutânea e óssea para estudos anatomopatológicos e culturas para bactérias comuns, fungos e micobactérias. Hipótese diagnóstica: PLECT. Ortopedia realizou amputação transtibial em 08/04/22. Após procedimento cirúrgico e boa evolução clínica, paciente teve alta em 11/04/22 sem terapias devido amputação com margens de segurança para acompanhamento ambulatorial.
RESULTADOS: O paciente descrito se enquadra na faixa etária de maior acometimento pelo CEC, a despeito de residir em região onde o diagnóstico dos agentes da PLECT são comuns e ter hábitos de vida típicos dos pacientes com diagnóstico de alguma destas infecções. O exame anatomopatológico evidenciou “Carcinoma Epidermóide Bem Diferenciado, ulcerado e infiltrativo na pele, com focos de calcificação”. Além disto, não foram visualizadas “estruturas fúngicas, Leishmanias ou BAAR na amostra pelas colorações de Grocott, Giemsa e faraco”. A cultura de fragmento ósseo apresentou crescimento de Pseudomonas aeruginosa multissensível.
CONCLUSÕES: Exame anatomopatológico e a realização de culturas são essenciais para o diagnóstico de lesões cutâneas verrucosas, como CEC e infecções cutâneas contidas no mnemônico PLECT.
EP050
Hepatites virais
CASOS CONFIRMADOS DE HEPATITE B POR FORMA CLÍNICA SEGUNDO FAIXA ETÁRIA: UM PANORAMA BRASILEIRO DE 2010 A 2020. Autores: DÉBORA MARIA RIOS MALTA, CARLA CILENE NASCIMENTO CASTRO, KAREN MARAYANNE TORRES CAVALCANTE, NATÁLIA SILVA DE CARVALHO, WELLINGTON RODRIGO GOMES DE MELO, LUCAS SOARES BRITO, YASMIN MARTINS AGUIAR, CARLOS ALBERTO DA SILVA FRIAS JUNIOR Palavras-chaves:
Epidemiologia descritiva
, Hepatite B
, Meio Ambiente e Saúde Pública
Resumo
CASOS CONFIRMADOS DE HEPATITE B POR FORMA CLÍNICA SEGUNDO FAIXA ETÁRIA: UM PANORAMA BRASILEIRO DE 2010 A 2020.
Introdução: A hepatite B é uma doença infecciosa causada pelo vírus B da hepatite (HBV), um DNA-vírus que se manifesta sobretudo nas formas aguda e crônica, sendo a segunda mais prevalente e causadora de risco aumentado para cirrose e câncer hepático. Segundo o Ministério da Saúde, o risco de cronicidade da infecção por HBV varia de acordo com a idade do indivíduo. Portanto, é de grande relevância a revisão desse panorama no Brasil, uma vez que a literatura mostra-se escassa na temática.
Objetivos: Expor uma análise descritiva sobre a associação entre a idade do indivíduo e a forma clínica da hepatite B que ele apresenta.
Materiais e métodos: Estudo descritivo com abordagem quantitativa, com base nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A população estudada incluiu indivíduos infectados com o vírus B da hepatite, de todas as faixas etárias, no período de 2010 a 2020.
Resultados: Entre os anos de 2010 e 2020 foram confirmados 124.642 casos de hepatite B no Brasil. Desses, 87,1% de hepatite crônica, 12,7% de hepatite aguda e 0,001% de hepatite fulminante. Percebeu-se que crianças abaixo de 1 ano têm mais casos confirmados de HBV (575) quando comparadas com as de 1 a 4 anos (123), a hepatite crônica representa 81% dos casos, nessa primeira população, em relação ao total de casos na mesma idade. A partir dos 15 anos de idade há um aumento nos registros de infecção, com a faixa etária entre 15 e 19 anos somando 3.549 casos contra 739 casos na faixa etária de 5 a 14 anos, nesse primeiro grupo apenas 17,3% dos indivíduos apresentam a forma aguda da doença. Na faixa etária de 20 a
59 anos estão presentes os números mais elevados de casos confirmados da infecção por HBV, somando 91.079 casos crônicos e 13.300 casos agudos, sendo a proporção da hepatite crônica 87,1% em relação ao total. Já em idosos com idade de 60 a 69 anos a proporção de casos de hepatite crônica em relação ao total de casos, nessa mesma faixa etária, é de 89,6%.
Conclusões: Crianças abaixo de um ano exibem números preocupantes de infecção crônica por HBV. A população adulta é a mais acometida pela doença, com altas taxas de portadores crônicos do vírus e, portanto, com maior risco de complicações. Essas informações embasam a necessidade da ampliação de políticas públicas tanto no sentido da testagem para profilaxia e tratamento quanto da vacinação dos indivíduos, com enfoque principal de medidas para as faixas etárias que expõem prevalência conforme a pesquisa.
EP007
Arboviroses
COBERTURA VACINAL DE FEBRE AMARELA NO BRASIL DE 2012-2021 Autores: KAROLAYNE SILVA SOUZA, Milena Roberta Freire da Silva, Kátia Cilene da Silva félix, Maria betância Melo de Oliveira Palavras-chaves:
Epidemiologia
, Febre Amarela
, Vacinas
Resumo
COBERTURA VACINAL DE FEBRE AMARELA NO BRASIL DE 2012-2021
Introdução: A febre amarela é uma doença transmitida aos seres humanos através da picada de mosquitos dos gêneros Aedes, Haemagogus e Sabethes, o qual é incidente principalmente em países da África e em diversos países da América do Sul, inclusive o Brasil. Apesar de existir vacinas no combate a febre amarela, a mesma é responsável anualmente por 60 mil óbitos no mundo, de modo que, no Brasil, a taxa de letalidade é considerada alta, com cerca de 47,8%. Logo, as vacinas preventivas contra a febre amarela são consideradas eficaz e relativamente segura. Desse modo, dados de cobertura vacinal é fundamental para informar o percentual de indivíduos imunizados, além de estimar o nível de proteção a uma determinada doença.
Objetivos: Analisar a cobertura vacinal de febre amarela no Brasil no período de 2012-2021.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo e quantitativo, o qual foi realizado a partir da análise de dados cobertura vacinal de febre amarela, coletados no TABNET do Departamento de Informação e Informática do SUS (DATASUS), no período de 2012-2021. Além de dados de cobertura vacinal, foram considerados dados de doses cálculos CV e regiões de imunização.
Resultados: No período de 2012-2021 obteve-se uma média total de 52,21% de cobertura vacinal de febre amarela no Brasil, com cerca de 14.979.260 doses cálculos CV, com média de 1.459.829 por ano. Em relação as regiões do Brasil, o Norte e Centro-Oeste obtiveram a maior cobertura vacinal de febre amarela no período supracitado, com média de 72,54% e 83,51% respectivamente, já a região Sul evidenciou cerca de 62,95% de cobertura vacinal, entretanto, a região Nordeste teve o menor número com apenas 38,06%, seguido do Sudeste com 46,33%. Observou-se que o ano de 2016 contou com a menor cobertura vacinal entre o período analisado de 2012-2021 no Brasil, contando com apenas 44,59%, dos quais, em 2019 obteve-se o maior quantitativo contendo cerca de 62,41% da cobertura vacinal de febre amarela.
Conclusões: Evidencia-se que a cobertura vacinal da febre amarela está muito abaixo do esperado no Brasil, que por sua vez deveria ser maior que 95%. Sugere-se que a hesitação vacinal seja uma das principais causas desse déficit vacinal, já que é um comportamento que afeta negativamente a cobertura vacinal, e consequentemente torna a população vulnerável a doenças infecciosas como a febre amarela.
EP065
HIV/AIDS e outras ISTs
Coinfecção criptococose e Covid-19 na Aids. Relato de dois casos. Autores: Alexandre Albuquerque Bertucci, Isadora de Lima Xavier Andrade, Alexis Florentin Calonga Gomez, Caroline Franciscato, Claudia Elizabeth Volpe Chaves, Ana Maria Mello Miranda Paniago, Natalia Oliveira Alves, James Venturini, Carolina Rossoni de Melo Palavras-chaves:
HIV/Aids
, criptococose
, COVID-19
Resumo
Coinfecção criptococose e Covid-19 na Aids. Relato de dois casos.
Introdução:
A criptococose é uma das principais doenças oportunistas em pacientes vivendo com HIV/Aids.
Nos últimos anos, relatos de criptococose em pacientes com pneumonia pelo Sars-CoV 2 foram descritos, principalmente relacionados a imunossupressão terapêutica e ventilação mecânica.
Objetivo: relatar a ocorrência de coinfecção criptococose e covid-19 em dois pacientes com Aids.
Casos
Caso 1. Homem, 56 anos, vivendo com HIV desde 2019, em uso de terapia antirretroviral (TARV) regular, contagem de CD4 24 céls, é admitido com tosse produtiva há mais de 30 dias associado a hiporexia, vômitos, febre, astenia e cefaleia com 15 dias de evolução. Referia não estar vacinado para COVID-19. Apresentava bicitopenia (anemia e leucopenia) e área de consolidação pulmonar com escavação central à tomografia (TC de tórax). Baciloscopia, teste rápido molecular (TRM) de Mycobacterium tuberculosis (Mtb), pesquisa e cultura de fungos no escarro resultaram negativas, RT-PCR em swab nasal detectou Sars-Cov2. Porque os testes imunocromatográfico e imunofluorescência para leishmaniose resultaram reagentes o paciente foi tratado com anfotericina B lipossomal por 10 dias. Persistindo com lesão pulmonar optou-se por biópsia guiada por TC. Os exames micológicos direito e o histopatológico revelaram presença de Cryptococcus spp. Descartado acometimento meningoencefálico foi iniciado tratamento com fluconazol evoluindo com melhora clínica e laboratorial recebendo alta hospitalar.
Caso 2. Homem, 71 anos, internado devido a um estado confusional agudo sendo diagnosticado infecção pelo HIV, contagem de CD4 27céls. Iniciado tratamento para tuberculose disseminada com rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol, além de dexametasona 0,3mg/Kg, devido à detectção de traços de Mtb no TRM do líquor e do escarro. Apresentou uma síndrome gripal com detecção de Sars-Cov2 por RT-PCR em swab nasal. Evoluiu com síndrome respiratória aguda grave. Criptococose disseminada foi diagnosticada por hemoculturas, cultura de urina e cultura de líquor positivas para Cryptococcus neoformans. Instituído tratamento com anfotericina B e fluconazol, porém o paciente evoluiu para óbito
Conclusão: Os casos relatados reforçam a possibilidade de ocorrência de criptococose em pacientes com Covid-19, em particular nos pacientes com imunossupressão grave pelo HIV. A suspeição clínica e investigação sistemática de infecções fúngicas em pacientes com fatores predisponentes podem reduzir a sua morbi-mortalidade.
EP066
HIV/AIDS e outras ISTs
Conhecimento de um grupo de estudantes de medicina do interior de São Paulo acerca de medidas preventivas às infecções sexualmente transmissíveis Autores: Alicia Arioli Mauro, ARTHUR AMADEU, CAROLINA GALVAO SALIONI, ANA LAURA DOMINGOS TENÓRIO, JOAO VITOR FRANCO FLORES, EDUARDO RIBEIRO ESPER, NATHALIA SANTOS KIFOURI, YASMIN YUSSEF BATISTA, SOFIA COMASSIO DE PAULA LIMA, NARIMA CALDANA Palavras-chaves:
infecções sexualmente transmissíveis
, preservativo
, estudantes de medicina
, comportamento sexual
Resumo
Conhecimento de um grupo de estudantes de medicina do interior de São Paulo acerca de medidas preventivas às infecções sexualmente transmissíveis
Introdução
Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) são transmitidas, principalmente, por via oral, vaginal e/ou anal através de práticas sexuais não seguras, ou seja, sem o uso de preservativo com uma pessoa infectada(1).
As IST’s são consideradas como um dos problemas de saúde pública mais comuns em todo o mundo(2).
Objetivo:
Analisar o conhecimento de estudantes de medicina a cerca de medidas preventivas em relação às infecções sexualmente transmissíveis
Materiais e Métodos
Estudo quantitativo, descritivo e transversal, realizado em 2022,com estudantes da área da saúde. Obteve-se 199 respostas de estudantes de medicina, através de um questionário da plataforma Google Forms, estruturado com variáveis de caracterização relacionadas ao assunto de infecções sexualmente transmissíveis, práticas sexuais, práticas de prevenção e cuidados com a saúde sexual.
Resultados
Dos estudantes entrevistados, apenas 29,1% fazem uso de preservativos durante as relações sexuais, 28,1% conhecem pessoalmente o preservativo feminino ou interno. 52% têm preservativo entre os seus objetos pessoais, neste momento. 96,9% não utilizam preservativo na prática de sexo oral, que também é via subestimada de entrada de infecções sexualmente transmissíveis. 54,2% realizaram sorologias no último ano e 6,1%, foram diagnosticados com alguma IST. 55% fazem uso de lubrificantes durante as relações sexuais, diminuindo o atrito e, consequentemente, o risco de transmissão de IST’s e rotura de preservativos. Dado notável foi de que 9,54% tiveram o preservativo retirado durante a relação sexual sem seu consentimento, o que configura ação digna de penalização judicial.
Conclusões
Apesar do maior conhecimento em relação às IST’s em relação à população leiga, a utilização de preservativo está muito aquém do esperado, principalmente na prática de sexo oral. O reforço da importância de testagem periódica e uso de preservativos durante todo contato sexual são essenciais aos estudantes em todas as fases da graduação e na população em geral.
Referências
1- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (Pcdt): Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
2- SÁFADI MAP. Infecções Sexualmente Transmissíveis na Adolescência. SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria, nº 6, 2018.
EP022
COVID-19
Construção e validação de cartilha sobre medidas preventivas para o isolamento domiciliar de pessoas com covid-19 Autores: Renata Karina Reis, Marcela Antonini, Christefany Régia |Braz Costa, Cristina Mara Zamarioli, Elucir Gir Palavras-chaves:
Materiais de Ensino
, Controle de Doenças Transmissíveis
, COVID-19
, Educação em Saúde
Resumo
Construção e validação de cartilha sobre medidas preventivas para o isolamento domiciliar de pessoas com covid-19
Introdução: O isolamento domiciliar é indicado para os casos leves e moderado visa separar pessoas com covid-19 confirmada ou suspeita daquelas do convívio social, as quais devem adotar medidas de prevenção até alcançar o período de não transmissibilidade do SARS-CoV 2. O isolamento, por vezes, vem acompanhado de medo e incertezas, considerando a adaptação que a família precisa ter à doença, e a ausência de um conhecimento sobre as medidas de prevenção que devem ser adotadas no domicílio. Nesse contexto, os materiais educativos impresso ou digitais podem ser utilizados nas ações educativas nos serviços de saúde e representam uma possibilidade de divulgação de informações confiáveis, simples, de fácil compreensão e baseada em evidência.
Objetivo: Construir e validar cartilha educativa sobre medidas preventivas para o isolamento domiciliar de pessoas com covid-19.
Método : Trata-se de um estudo metodológico baseado na teoria de pesquisa de avaliação, do tipo análise de resultados, que envolve produção tecnológica, desenvolvido em três etapas: revisão da literatura, construção da cartilha educativa e validação do material por especialistas em controle de infecção e público-alvo. A coleta de dados foi realizada em ambiente virtual com abrangência nacional utilizando a plataforma Research Data Capture (REDCap) de novembro de 2021 a abril de 2022 e para validação de conteúdo considerou-se o índice de validade de conteúdo mínimo de 0,80.
Resultados: Participaram 24 especialistas na temática e 23 representantes do público-alvo. O conteúdo da cartilha foi focado nas medidas preventivas adotadas pelos indivíduos durante o isolamento no domicílio, bem como cuidados gerais com o ambiente domiciliar com foco na prevenção da transmissão intradomiciliar que devem ser adotados pela pessoa com diagnóstico da covid-19 e/ou seu cuidador. Na validação concordância os aspectos avaliados variaram de 0,83 a 1,00 e todos os itens alcançaram IVC acima de 0,80 tanto pelos especialista quanto pelo público-alvo.
Conclusão: A disponibilização de uma cartilha educativa válida encontra-se disponível para enfermeiros bem como para a pessoas com covid-19 que precisam adotar medidas preventivas no domicílio. Espera-se que a cartilha favoreça as estratégias educativas nos diferentes cenários da assistência, melhorando a comunicação em saúde.
EP141
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Consumo de antimicrobianos em pediatria antes e durante a pandemia da COVID-19 Autores: André Ricardo Araujo da Silva, Rafael Rocha Quijada, Mirian Viviane dos Santos Naja Cardoso, Izabel Leal, Cristiane Henriques Teixeira, Cristina Vieira Souza Palavras-chaves:
Consumo de antimicrobianos
, Pediatria
, UTI pediátrica
, COVID-19
Resumo
Consumo de antimicrobianos em pediatria antes e durante a pandemia da COVID-19
Introdução: A pandemia da COVID-19 pode ter contribuído para modificações no padrão de consumo de antimicrobianos em unidades de tratamento intensivo pediátricas ( UTIs PED)
Objetivo: Descrever o padrão de consumo de antimicrobianos em UTIs PED antes e durante a pandemia
Material e métodos: Estudo descritivo prospectivo realizado em duas UTIs pediátricas da cidade do Rio de Janeiro. Ambas as unidades contam com um programa de gestão de antimicrobianos desde 2017. O consumo de antimicrobianos foi aferido em dias de terapia por 1000 pacientes-dia e medida a tendência linear de consumo entre janeiro de 2019 e março de 2022. O ano de 2019 foi usado como referência por ser pré-epidêmico. Três grandes grupos de antimicrobianos foram analisados: a) antibióticos usados em infecções respiratórias b) antibióticos usados para infecções graves/hospitalares e c) antiviral ( oseltamivir)
Resultados: Na UTI 1, foram internados 1701 pacientes entre janeiro de 2019 e março de 2022 com um total de 11078 pacientes-dia. Entre os antibióticos usados para tratamento de infecções respiratórias, cefuroxime, levofloxacin, ceftriaxone e sulfametoxazol-trimetropim apresentaram tendência de aumento no consumo enquanto a amoxicilina/clavulanato apresentou tendência de queda. Entre os antibióticos para tratamento de infecções graves, o cefepime, piperacilina/tazobactam e vancomicina apresentaram tendência de queda de consumo, o ciprofloxacin de aumento e o meropenem de estabilidade. O Oseltamivir apresentou tendência de aumento. O DOT/1000 PD do meropenem variou entre 6,9 e 240. Na UTI 2, foram internados 2500 pacientes entre janeiro de 2019 e março de 2022 com um total de 15291 pacientes-dia. Entre os antibióticos usados para tratamento de infecções respiratórias, levofloxacin e ceftriaxone apresentaram tendência de aumento no consumo enquanto a amoxicilina/clavulanato, cefuroxime, e sulfametoxazol-trimetoprim apresentaram tendência de queda. Entre os antibióticos para tratamento de infecções graves, cefepime, piperacilina/tazobactam, meropenem, vancomicina e ciprofloxacin apresentaram tendência de queda de consumo. O Oseltamivir apresentou tendência de queda. O DOT/1000 PD do meropenem variou entre 0 e 224,1.
Conclusões: Mesmo durante a pandemia da COVID-19 foi possível reduzir o consumo de antibióticos para infecções graves/hospitalares em hospitais com gestão de antimicrobianos. No entanto, foi notado aumento no consumo de levofloxacin e ceftriaxone em ambas as unidades
EP142
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Controle de pneumonia associada à ventilação mecânica por A. baumannii resistente à carbapenêmicos em unidades de terapia intensiva durante a pandemia Autores: Verônica de França Diniz Rocha, Brisa de Castro Leal, Euclimeire Neves da Silva, Tiago Lôbo Pessoa, Kamila Verena de Jesus Vitória, Thaissa Torrezini, Jamile Freire Barreto dos Santos, Marcelo Teles Bastos Ribeiro, Matheus Sales Barbosa, Joice Neves Reis Palavras-chaves:
A. baumannii
, CRAB
, COVID-19
, pneumonia
Resumo
Controle de pneumonia associada à ventilação mecânica por A. baumannii resistente à carbapenêmicos em unidades de terapia intensiva durante a pandemia
Introdução/Objetivo: Em resposta à COVID-19, os hospitais adaptaram rapidamente fluxos e rotinas de prevenção e controle de infecção, facilitando a ocorrência de eventos adversos.
Este trabalho descreve o comportamento da pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) por A. baumannii em UTIs de adulto durante a pandemia da COVID-19, frente às medidas de controle.
Materiais e Métodos: Em março/2020, o hospital se tornou exclusivo para pacientes com COVID-19 aumentando número de leitos de UTI. No ano anterior, PAV por A. baumannii resistentes a carbapenêmicos (CRAB) era evento incomum. Este é um estudo observacional, retrospectivo, transversal, em hospital localizado em Salvador-Ba, no período de janeiro/2020 a maio/2022. Os dados das culturas com CRAB, coletadas após 48h de internamento, a densidade de incidência (DI) de PAV/1000 pacientes-dia em ventilação mecânica e a DI de PAV por CRAB NAS UTIs, foram extraídos do banco de dados do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. Também avaliamos medidas de investigação e controle.
Resultados: De janeiro/2020 a maio/2022, identificamos 150 pacientes, com 191 amostras de CRAB: 37.69% (n=72) swab de vigilância, 32.89% (n=63) secreção traqueal, 13.61% (n=26) hemocultura, 6.28% (n=12) urocultura e 9.42% (n=18) outros. De janeiro/2020 a dezembro/2021, a DI de PAV total variou de 5 a 28.3, média de 11.6, e de PAV por CRAB de 0 a 5.3, média de 1.8. Intensificou-se medidas para controle, como: UTI coorte geográfica de bactérias multirresistentes, implementação do bundle PAV, retorno das auditorias e coletas dos swabs semanais de vigilância. A partir de janeiro/2022, observamos nova elevação da DI PAV por CRAB e da DI de PAV total, com máxima de 33.6. Em nova investigação, evidenciamos falha na desinfecção das válvulas de fluxo expiratórios dos ventiladores recebidos na pandemia, que eram imersas em álcool a 70% nas UTIs inadvertidamente, danificando-as. Em razão do alto custo por quebra, as válvulas eram mantidas acopladas aos ventiladores, por vezes, compartilhadas após uso sem desinfecção. Em março, estabelecemos o envio das válvulas para desinfecção com ortoftalaldeído junto a central de esterilização. Em março, abril e maio/2022 obtivemos redução da DI PAV total para 14,2, 3,9 e 4.9 respectivamente e DI PAV por CRAB para 4.7, 0 e 0.
Conclusões: O aumento de CRAB pode sinalizar erros de processos e rotinas. Revisar fluxos e mudanças ocorridas em razão da COVID-19 pode ser necessário no controle das infecções.
EP143
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Coocorrência de genes de resistência a metais pesados, biocidas e antimicrobianos em amostras de Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis de origem hospitalar. Autores: CLARA FERREIRA GUERRA, ADRIANA ROCHA FARIA, Vitor Luis Macena Leite, Andréa de Andrade Rangel Freitas, Stephanie da Silva Rodrigues de Souza, Jaqueline Martins Morais, Vânia Lúcia Carreira Merquior, Lúcia Martins Teixeira Palavras-chaves:
Resistência aos antimicrobianos
, Resistência a biocidas
, Enterococcus
, Multirresistência
Resumo
Coocorrência de genes de resistência a metais pesados, biocidas e antimicrobianos em amostras de Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis de origem hospitalar.
Enterococcus é importante causa de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. Assim, nosso objetivo foi avaliar a presença de genes de resistência a metais pesados (RMP) e a biocidas (RB) nas duas principais espécies do gênero e a coocorrência com genes de resistência aos antimicrobianos (RA) e a diversidade populacional. Foram estudadas 174 amostras (111 E. faecium e 63 E. faecalis) isoladas de diferentes materiais clínicos (biópsia, fragmento ósseo, líquido peritoneal, sangue, urina e swab retal), obtidas de pacientes atendidos em unidades hospitalares localizadas no estado do Rio de Janeiro. A identificação foi realizada por MALDI-TOF MS e a presença de genes de RMP [Cu (tcrB e cueO), Hg (merA) e Cd (cadA)] e de RA foi investigada por PCR. As amostras foram submetidas ao sequenciamento do genoma completo e a ferramenta BLAST foi usada para avaliação de merA, não detectado por PCR, e para detecção de genes de RB. A diversidade genética foi analisada por MLST. Entre as 174 amostras, 61% apresentaram pelo menos um gene associado à RMP, e em 21% dois ou mais desses genes. O cadA (94%) predominou em E. faecalis. Em E. faecium, o tcrB (30%), seguido de cueO (26%), merA (23%) e cadA (4%). Em 78% encontrou-se ao menos um gene de RB. Dos genes de RB: efrA/B, foi frequente nas duas espécies, 97% em E. faecalis e 77% em E. faecium; emeA, foi detectado apenas em E. faecalis (33%). Os genes de RA predominantes foram: (i) ant(6')-Ia (55%), aac(6')-Ia-aph(2")-Ia (54%) e aph(3')-IIIa (49%), associados a níveis elevados de aminoglicosídeos; (ii) vanA (65%), glicopeptídeos; (iii) erm(B) (71%), macrolídeos,; (iv), tet(M) (40%) e tet(L) (12%), tetraciclina, e esses genes foram frequentemente associados a presença de genes de RMP e RB. A coocorrência de genes de RMP e de RA, e dos genes de RB e RA foi observada em 61% e 78% das amostras, respectivamente. Foram identificados 33 STs distintos para E. faecium e 14 para E. faecalis. Destes, 6 STs foram identificados em maior frequência: E. faecalis, ST525 (n=26) e ST6 (n=19) e E. faecium, ST78 (n=21), ST412 (n=20) e ST963 (n=20), todos pertencentes a complexos clonais de alto risco. Genes de RMP, RB e RA estavam presentes simultaneamente nesses STs. A coocorrência de genes de RMP, RB e RA sugere que os eventos de seleção no ambiente hospitalar determinam um arsenal ainda maior de genes de resistência associados a amostras MDR, gerando impacto significativo em contextos diversos.
EP023
COVID-19
COVID-19 nosocomial em pacientes cardiopatas: características e desfechos. Autores: Mariah Rodrigues Paulino, Léo Rodrigo Abrahão dos Santos, Ingrid Paiva Duarte, Marcelo Goulart Correia, José Alfredo de Sousa Moreira, Rafael Quaresma Garrido, Bruno Zappa, Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa, Andrea Rocha de Lorenzo, Cristiane da Cruz Lamas Palavras-chaves:
COVID-19
, nosocomial
, cardiopatia
, mortalidade
, tempo de internação
Resumo
COVID-19 nosocomial em pacientes cardiopatas: características e desfechos.
Introdução: COVID-19 nosocomial é reportado em 5 a 41% de pacientes na literatura. Objetivos: Descrever as características demográficas, clínico-laboratoriais e desfechos de cardiopatas com COVID-19 em uma instituição de referência em cardiologia, comparando os pacientes com COVID-19 adquirido no hospital (COVID19_H) com aqueles com COVID-19 não hospitalar (COVID19_NH). Métodos: Estudo retrospectivo observacional de adultos admitidos consecutivamente entre março e setembro de 2020, com diagnóstico de infecção por SARS-CoV-2 confirmado por RT-PCR. Os dados foram coletados de acordo com o International Severe Acute Respiratory and Emerging Infection Consortium e complementados com um questionário cardiovascular. COVID-19_H foi diagnosticado quando o swab nasofaríngeo na admissão era negativo e tornou-se positivo 14 ou mais dias depois. Análise estatística foi realizada com o Jamovi 1.6 e R 4.0.1. Resultados: Foram incluídos 121 pacientes com diagnóstico confirmado de COVID-19. Havia 20 pacientes (16,5%) com COVID19_H e 101 (83,5%) com COVID-19_NH. Pacientes COVID-19_H tiveram como principais motivos de internação: insuficiência cardíaca descompensada (35%), síndrome coronariana aguda (20%), e realização de cirurgia cardíaca (revascularização do miocárdio, troca valvar ou cirurgia aórtica) em 25%. A idade mediana foi de 64 anos (IIQ 61,8-69,3) para COVID-19_H e 63 (IIQ 52-72) para COVID19_NH. Não houve diferença entre os pacientes com COVID-19_H e aqueles com COVID-19_NH quanto à presença de doença cardíaca, DPOC, obesidade, diabetes mellitus complicado, doença arterial coronariana e hipertensão arterial sistêmica. No entanto, os 2 grupos foram significativamente diferentes em relação às características laboratoriais (creatinina sérica, D-dímero, ferritina, AST). Pacientes com COVID_H tiveram mais dislipidemia (15/20 (75%) vs 49/101 (48,5%), P=0,030] e insuficiência renal crônica [7/20 (35%) vs 15/101 (15%), p=0,033]. O tempo de internação hospitalar teve mediana de 29 dias (IIQ 18.5-60.2) nos pacientes com COVID-19_H vs 16 dias (IIQ 7-31) nos com COVID-19_NH. Mais importante ainda, a mortalidade foi significativamente maior em COVID-19_H [10/20 (50%) vs 19/101 (18,8%), p = 0,003]. Conclusões: Cardiopatas adultos que adquiriram COVID-19 no hospital tiveram maior tempo de internação e maior mortalidade, o que destaca o impacto da pandemia nos desfechos desses pacientes internados no hospital por motivos cardíacos não relacionados à COVID originariamente.
EP158
Infecções relacionadas à imunossupressão
Cupriavidus Pauculus: Doença da agua? Autores: SILVIA C. PRADO, Walter Nelson Cartagena Miranda, ALBERTO OCAMPO MACEDO, SERGIO TADEU GORIOS, KATIA GARRETANO DE MORAES REGO, ANTONIO ALMEIDA CHAGAS FILHO, FRANK H. C. ACOSTA Palavras-chaves:
Cupriavidus
, Cupriavidus pauculus
, Doença mitocondrial
Resumo
Cupriavidus Pauculus: Doença da agua?
INTRODUÇÃO:
Cupriavidus é um membro da família Burkholderiaceae e consiste em bacilos Gram-negativos flagelados. As espécies de Cupriavidus são principalmente organismos ambientais encontrados no solo.
Cupriavidus pauculus estão emergindo como patógenos oportunistas de interesse com vários relatos de casos de infecção em pessoas imunocomprometidas.
Doença mitocondrial é um termo coletivo que engloba um grupo genética e clinicamente heterogêneo de doenças devido a defeitos na fosforilação oxidativa mitocondrial.
Á doença mitocondrial pode afetar qualquer órgão, embora órgãos com alta demanda energética, como cérebro, músculo esquelético e coração, sejam mais comumente afetados. As características clínicas são heterogêneas e muitas vezes podem mimetizar muitas doenças neurológicas ou outras doenças sistêmicas.
OBJETIVO:
Relatar caso de um paciente neurológico inmunosuprimido que teve como evento Parada cardiorrespiratória por sedação, porém a latência do patógeno já estava presente.
METODO:
Acompanhamento de caso clinico, e levantamento de revisão da literatura médica.
RESULTADOS:
Paciente em seguimento no ambulatório de neurologia infantil em investigação de mitocondriopatia durante exame de ressonância magnética de encéfalo sob anestesia devido ao quadro neurológico de síndrome extrapiramidal mais coreoatetose, apresenta vômitos e bronco aspiração que levou a parada cardiorespiratoria sendo necessário suporte conforme ACLS e necessidade de ventilação, parada foi revertida em 2 ciclos, foi extubado dia seguinte ao evento porém alguma horas após a extubação apresentou desconforto respiratório, agitação, taquicardia, e novamente necessidade de intubação oro traqueal.
Durante investigação na hemocultura de sangue periférico e do cateter de PICC cresceu Cupriavidus Pauculus.
Á mãe refere que nos meses de dezembro/2021 e janeiro/2022 (do dia 26/12/2021 a 05/01/2022), ficaram em Pernambuco e o paciente tomou o banho de agua de poço.
Recebeu tratamento guiado por sensibilidade, a ciprofloxacina com boa evolução e posterior transferência para enfermaria da neurologia.
CONCLUSÕES:
Este relato tem relevância clínica e epidemiológica devido à capacidade desse microrganismo em contaminar a agua.
Cupriadus Pauculus é um bacilo Gram-negativo com flagelos perítricos com atividade de catalase e oxidase; sua principal fonte é a água contaminada o contato do paciente com agua de poço e a doença de base nos permitió o diagnóstico e tratamento adequados.
EP024
COVID-19
DETERMINAÇÃO DA FORÇA DE FORMAÇÃO DE BIOFILME DE Pseudomonas aeruginosa COLETADAS DURANTE A PANDEMIA POR SARS-CoV-2 EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Autores: Julia Chaves Scaffo, André Luís Canellas de Carvalho, Felipe Ramos Pinheiro, Renata Freire Alves Pereira, Fábio Aguiar-Alves Palavras-chaves:
Biofilme
, COVID-19
, Multirresistente
Resumo
DETERMINAÇÃO DA FORÇA DE FORMAÇÃO DE BIOFILME DE Pseudomonas aeruginosa COLETADAS DURANTE A PANDEMIA POR SARS-CoV-2 EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Introdução: Durante a pandemia da COVID 19, além do vírus como principal agente causador da infecção, foram relatados diversos casos de coinfecção com bactérias multirresistentes. O uso indiscriminado de antimicrobianos durante a pandemia, influencia diretamente no aumento da resistência bacteriana e, consequentemente, pode agravar o quadro clínico do paciente. Além disso, a formação de biofilme é um dos principais mecanismos de resistência na qual não existe um tratamento direcionado a essas formas microbianas.
Objetivos: Avaliar se a força de formação de biofilme de P. aeruginosa aumenta ou reduz durante a coinfecção pela COVID 19.
Material e métodos: Um total de 594 amostras foram coletadas de 485 pacientes, com aprovação do comitê de ética em pesquisa, em um hospital universitário. Dentre essas, 36 amostras foram caracterizadas como P. aeruginosa por MALDI-TOF. As bactérias foram cultivadas em ágar TSA (trypic soy agar), e três colônias foram transferidas para caldo BHI (brain heart infusion) overnight. O inóculo foi adicionado na proporção de 1:100 em placas de 96 poços de poliestireno e a leitura foi realizada com cristal violeta no comprimento de onda de 570nm. Para análise estatística foi utilizado o programa GraphPad prism.
Resultados: Das 36 amostras, 14 foram selecionadas, sendo que nove foram provenientes de pacientes com o diagnóstico positivo para COVID-19 e cinco de pacientes negativos para infecção pelo novo coronavírus. Todas as amostras, tanto positivas quanto negativas, foram determinadas como fortes formadoras de biofilme, com valores de densidade óptica (DO) entre 4,0 e 0,9. Com exceção de apenas uma amostra negativa, que apresentou força moderada com 0,7 de absorbância. Os resultados sugerem que pacientes internados durante um longo período no hospital estão mais suscetíveis a infecções bacterianas persistentes, podendo ser agravadas pela coinfecção do SARS-CoV-2. Isto pode ser reforçado pelos valores de DO mais elevados em pacientes positivos.
Conclusões: Os biofilmes são estruturas que dificultam o tratamento clínico. Os estudos voltados às características dessas formações podem auxiliar futuramente no diagnóstico e posologias adequadas. Existem poucos relatos na literatura sobre a coinfecção do novo coronavírus com bactérias recalcitrantes, com isso, é essencial que as análises de formação de biofilme microbiano sejam amplamente descritas para um melhor direcionamento no tratamento dessas coinfecções.
EP124
Infecções fúngicas
Diagnóstico de Histoplasmose Disseminada por meio de Antígeno Urinário em paciente com AIDS e múltiplas infecções oportunistas: relato de caso Autores: Matheus Oliveira Bastos, Lucas Pereira Lima, Rodrigo de Almeida Paes, Marcos de Abreu Almeida, Ana Lucia Senna da Cunha Graça, Larissa Vieira Tavares dos Reis, Marcelo Luiz Carvalho Gonçalves, Andréa d'Ávila Freitas Palavras-chaves:
Histoplasmose
, Infecções Oportunistas
, Tuberculose
, Criptococose
, HIV/AIDS
Resumo
Diagnóstico de Histoplasmose Disseminada por meio de Antígeno Urinário em paciente com AIDS e múltiplas infecções oportunistas: relato de caso
Introdução/Objetivos: Histoplasmose é uma micose frequente e grave em pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA) no Brasil. Diagnóstico precoce é importante para diminuição da letalidade. Apesar do padrão-ouro da forma disseminada ser identificação de estruturas fúngicas em de espécime clínico, o antígeno urinário de Histoplasma (AH) é uma forma simples, eficaz e rápida, porém ainda pouco disponível, para diagnóstico e tratamento precoce em locais de alta endemicidade. Materiais e Métodos: análise de prontuário e revisão da literatura. Resultados: Homem, 39 anos, residente de Mesquita/RJ, auxiliar de informática desempregado. Relatou início de febre, tosse e perda ponderal por um mês antes de receber diagnóstico de coinfecção HIV-Tuberculose pulmonar com carga viral do HIV de 410.128 cópias/mL, CD4 de 23 cél/mm³ e escarro com BAAR +++. Iniciou RHZE, com melhora clínica inicial, porém sintomas retornaram no segundo mês. No terceiro mês, foram iniciados antirretrovirais e após 15 dias paciente foi internado por dispneia, febre, mialgia, adenomegalia generalizada, desorientação, vômitos e insuficiência renal com urgência dialítica. Foi transferido para hospital terciário, onde apresentou discrasia sanguínea com hemorragias espontâneas e com LDH 11.248 U/L, anemia, leucopenia, aumento de transaminases, INR e proteína C reativa. AH (clarus HISTOPLASMA Galactomanana ENZYME IMMUNOASSAY - IMMY) reagente com índice 43,325 (Positivo >=1,0) e hemocultura com crescimento de Cryptococcus neoformans. Teste CrAg com resultado falso-negativo devido à hemólise do soro. Em 72 horas após admissão foi iniciada Anfotericina B Complexo Lipídico. Após 14 dias de tratamento obteve-se resultado de biópsia de medula que revelou estruturas fúngicas no interior de histiócitos sugestivas de Histoplasma sp. No 21º dia, paciente apresentou melhora clínica e laboratorial, no entanto teve alta à revelia com perda de seguimento. Conclusões: O diagnóstico diferencial de doenças endêmicas, como tuberculose e histoplasmose, é desafiador e seu atraso pode comprometer o tratamento em PVHA. Tratamentos empíricos levam a toxicidade desnecessária. No caso, a utilização do AH levou ao diagnóstico e tratamento guiado em 72 horas após a admissão, o que pode ter contribuído para melhor desfecho. O método necessita de pouca infraestrutura laboratorial, é rápido e menos invasivo que o padrão-ouro. A implementação desse método diagnóstico pode impactar na morbimortalidade por histoplasmose de PVHA no Brasil.
EP163
Miscelânea
Distribuição de sorotipos de cepas de Streptococcus pneumoniae isoladas de doença pneumocócica invasiva em crianças no Brasil de 2013 a 2021. Autores: FLÁVIA MENDONÇA SERGIO FERREIRA, SICÍLIA DA ROCHA COLLI, MARCIO NEHAB Palavras-chaves:
Streptococcus pneumoniae
, vacinas pneumocócicas
, doença invasiva pneumocócica
Resumo
Distribuição de sorotipos de cepas de Streptococcus pneumoniae isoladas de doença pneumocócica invasiva em crianças no Brasil de 2013 a 2021.
INTRODUÇÃO: A infecção causada por Streptococcus pneumoniae é importante causa de morbi-mortalidade em todo o mundo, sendo o principal agente causador de infecções bacterianas na faixa etária pediátrica. Em 2010 foi introduzida no calendário básico de vacinação a vacina pneumocócica 10-valente conjugada (PCV10), que contempla 10 sorotipos mais prevalentes em infecções invasivas no Brasil. A vacina pneumocócica 13-valente conjugada (PVC13) protege contra 13 sorotipos de S. pneumoniae, foi lançada na rede privada em 2016 e incorporada ao SUS em 2019 nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE). A análise epidemiológica dos sorotipos mais prevalentes nas infecções invasivas ano a ano é imperativa para ações de vigilância clínica e composição vacinal. OBJETIVOS: Descrever as seguintes variáveis: (1) número absoluto de doenças invasivas pelo S. pneumoniae na faixa etária de 0 a 14 anos; (2) sorotipos mais prevalentes no período analisado; (3) cobertura dos sorotipos mais prevalentes pelas vacinas PCV10 e PCV13; (4) prevalência dos sorotipos não contemplados nas vacinas analisadas. MATERIAIS E MÉTODOS: Utilizamos dados disponibilizados pelos documentos anuais do SIREVA-VIGIA - Informação da vigilância das pneumonias e meningites bacterianas do Instituto Adolf Lutz no período de 2013 a 2021. Para análise foram selecionadas crianças entre 0 e 14 anos. RESULTADOS: No período analisado o número de infecções invasivas por S. pneumoniae manteve-se estável, com exceção aos anos de 2020 e 2021, no qual nota-se uma queda importante na incidência, explicado pelo momento epidemiológico de pandemia de SARS-COV-2. A faixa etária mais acometida é a de 0 a 23 meses de vida. Os sorotipos mais prevalentes foram os sorotipos 19A, 3 e 6C, respectivamente. O sorotipo 19A, não contemplado na PCV10, foi responsável pela maior parte das doenças invasivas no período analisado e encontra-se em notável ascensão. Observa-se também, em menor grau, aumento da prevalência do sorotipo 3, contido na PCV13, e do sorotipo 6C, não contido na PCV10 e na PCV13. CONCLUSÕES: Observamos um aumento de sorotipos não contemplados na vacina PCV10 nos últimos anos. A vigilância deve ser permanente para que haja uma avaliação contínua dos sorotipos mais comuns, facilitando a tomada de decisão do Programa Nacional de Imunizações acerca do imunobiológico mais adequado para a população pediátrica.
EP144
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Diversidade de Carbapenemases em Espécies de Pseudomonas do Grupo putida Autores: Felipe Alberto Lei, Ana Cristina Gales, Franciso Ozório Bessa Neto, Rodrigo Cayô da Silva, Carolina Silva Nodari, Andre Valêncio Siqueira Palavras-chaves:
Não-fermentadores
, Carbapenemases
, Resistência
Resumo
Diversidade de Carbapenemases em Espécies de Pseudomonas do Grupo putida
Introdução. Diversos relatos demonstraram a capacidade de espécies do grupo Pseudomonas putida (PpG), em causar infecções em pacientes imunocomprometidos. Também já foram consideradas potenciais reservatórios de genes de resistência aos antimicrobianos, visto que abrigam diversos elementos genéticos móveis (EGM) capazes de se disseminar para outros patógenos oportunistas.
Objetivos. Caracterizar o resistoma e mobiloma de espécies pertencentes ao PpG.
Materiais e Métodos. Um total de 13 isolados de PpG resistentes aos carbapenêmicos foram recuperados de pacientes internados em três hospitais da cidade de São Paulo (jan.2010-out.2019). As concentrações inibitórias mínimas de 13 antimicrobianos foram determinadas por microdiluição em caldo, seguindo os critérios do BrCAST/EUCAST. A determinação das espécies e suas relações filogenéticas (PubMLST e TYGS), bem como a caracterização do resistoma (ResFinder) e mobiloma (PlasmidFinder, ISFinder e INTEGRALL), foram realizadas utilizando sequências obtidas através do sequenciamento de genoma completo (Illumina MiSeq). Adicionalmente, os plasmídeos foram comparados com aqueles depositados nas plataformas do NCBI e PLSDB, na tentativa de detectar a disseminação de estruturas conservadas entre microrganismos.
Resultados: Os isolados foram identificados como P. juntendi (n=8), P. monteilii (n=2), P. asiatica (n=1), P. mosselii (n=1) e P. putida (n=1), e foram atribuídas a 11 novos Sequence Types (ST). Com exceção de 1 isolado (P. juntendi), todos apresentaram fenótipo de multirresistência (MDR), permanecendo suscetíveis à polimixina B (MIC50, 0.5 µg/mL). A maioria dos isolados carreavam genes codificadores de MβLs em plasmídeos conjugativos (VIM-2 [n=6], IMP-16 [n=3], IMP-74 [n=2]) inseridos em novos integrons de classe 1 (In1993-1997, In2009-2010) contendo outros genes de resistência. Além disso, detectamos plasmídeos contendo KPC-2 e BKC-1 com estruturas muito similares à linhagem de plasmídeos conjugativos pLD209, recentemente descrita na Argentina e disseminadas entre P. asiatica e P. aeruginosa produtores de VIM-2.
Conclusões: A maioria dos isolados carreavam genes codificadores de MβLs (IMP e/ou VIM) inseridos em integrons de classe 1. Este também foi o primeiro relato de um bacilo gram-negativo não-fermentador produtor de BKC-1. Este estudo demonstrou a variabilidade de espécies de PpG presentes no ambiente nosocomial e sua capacidade de atuar potenciais fontes de disseminação de resistência.
EP175
Tuberculose e outras Micobacterioses
Efeitos da pandemia de COVID-19 na prevalência de tuberculose no Brasil Autores: Carlos Eduardo Santiago Vasconcelos, Vitória de Melo Jerônimo, Ivan Bonfim Jacó de Oliveira, Anne Rafaelle Linhares Moreno, Sarah Teixeira Almeida, Larissa Câmara Matos, Mariana Pitombeira Libório Palavras-chaves:
Tuberculose
, Prevalência
, COVID-19
Resumo
Efeitos da pandemia de COVID-19 na prevalência de tuberculose no Brasil
Introdução: Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, iniciou-se a disseminação de um novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da COVID-19, sendo notificado pela primeira vez no Brasil em 26/02/2020. A Tuberculose (TB) é a doença infecciosa que mais mata adultos no mundo e é causada pelo Mycobacterium tuberculosis, sendo transmitida por meio de aerossóis bacilíferos de pessoas infectadas. Durante a pandemia, em muitos locais do Brasil foram implantados o uso obrigatório de máscaras e o isolamento social, o que acredita-se que contribuiu para a diminuição da prevalência da tuberculose no Brasil. Outra hipótese é que a falta de recursos nesse período levou a uma subnotificação dos casos de tuberculose no país.
Objetivos: Evidenciar a prevalência de Tuberculose no Brasil antes e durante a pandemia de COVID-19 entre 2018-2021.
Materiais e métodos: Estudo descritivo baseado na consulta ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação do DATASUS e nas avaliações das taxas de TB, no período de 2018 a 2021, no Brasil, realizando um comparativo entre a notificação dos casos de covid no período de 2020-2021, disponível na plataforma do Ministério da Saúde.
Resultados: No período de 2018 a 2019, observaram-se 190.218 casos de TB, com uma média de 7925,7 casos notificados por mês. Entretanto, no período de 2020 a 2021, foram notificados, respectivamente, 171.524 casos, com uma média de 7146,8 casos por mês. Ademais, foi observado que os intervalos de 05/2020-07/2020 e 11/2020-03/2021 foram os períodos de maior incidência de casos novos de covid-19. Entretanto, a média de notificações de TB nesses períodos foi de respectivamente 6433,6 e 7003,4, podendo-se evidenciar uma queda significativa. Essa discrepância nos faz questionar se as medidas de prevenção contra a covid-19 repercutiram também na prevalência de tuberculose, ou então se trata de um problema de subnotificação de casos.
Conclusões: A TB é uma doença com elevados índices de mortalidade e altas taxas de prevalência no mundo e no Brasil, sendo sua investigação e notificação de extrema importância para a realização de políticas públicas com foco em seu combate. Portanto, fica evidente a necessidade de mais pesquisas para elucidar as causas da diminuição dos casos de TB e, consequentemente, criar alternativas para aumentar a notificação ou manter as medidas sanitárias necessárias para continuar com a diminuição dos casos.
EP098
Imunizações e Medicina de viagem
Eficácia e segurança após 4,5 anos da vacina tetravalente candidata contra dengue da Takeda TAK-003 Autores: Vianney Tricou, Nicolas Folschweiller, Eric Lloyd, Martina Rauscher, Shibadas Biswal, Denise Alves Abud Palavras-chaves:
dengue
, vacina
, estudo de eficácia
, segurança
, longa duração
Resumo
Eficácia e segurança após 4,5 anos da vacina tetravalente candidata contra dengue da Takeda TAK-003
Introdução: O seguimento do estudo de eficácia de longa duração avaliou a vacina candidata contra a dengue, tetravalente e recombinante, baseada no arcabouço do DENV-2 (TAK-003) após 4,5 anos, em oito países endêmicos.
Objetivos: Avaliar a eficácia e segurança da vacina candidata contra dengue tetravalente da Takeda TAK-003 após 4,5 anos de seguimento.
Materiais e Métodos: De Setembro 2016 a Março 2017, crianças saudáveis de 4 a 16 anos (n= 20.099) foram randomizadas 2:1 para receber duas doses de TAK-003 ou placebo com três meses de intervalo entre doses. Foi realizada vigilância ativa de doença febril para detectar dengue sintomática (ambulatorial e hospitalar) virologicamente confirmada (DVC) através do RT-PCR sorotipo específico. Eventos adversos (EA) e eventos adversos severo (EAS) foram coletados durante o estudo.
Resultados: 20.071 crianças receberam mais de uma dose de TAK-003 ou placebo; 27,6% (5.547/20.063) eram soronegativos no baseline. 18.260 (91%) completaram o período de seguimento de 4,5 anos pós vacinação e 27.684 episódios febris foram reportados. Desse total 1007 casos de dengue foram confirmados por RT-PCR e 188 levaram à hospitalização. A eficácia acumulada da vacina (VE) da primeira dose até 4,5 anos após a segunda dose está resumida na Tabela 1. A eficácia se manteve além dos 3 anos após vacinação independente do estado imune prévio, com proteção robusta e sustentada contra hospitalização por dengue. Taxas de EAS foram similares entre os grupos vacina e placebo e nenhum risco importante associado à segurança foi identificado.
Conclusões: Duas doses de TAK-003 com três meses de intervalo entre doses apresentou boa tolerância e protegeu contra dengue sintomática durante 4,5 anos após vacinação tanto em participantes previamente expostos quanto não expostos à dengue. A eficácia foi ainda maior contra hospitalização por dengue.
Tabela 1: Eficácia da vacina (EV) cumulativa desde a dose 1 até 4,5 anos após dose 2
EV cumulativa desde a dose 1 até 4,5 anos após dose 2
Contra DVC 61,2 (EV%) 56,0–65,8 (95%IC)
Contra hospitalização por DVC 84,1 (EV%) 77,8–88,6 (95%IC)
EV em participantes soronegativos no baseline
Contra DVC 53,5 (EV%) 41,6–62,9 (95%IC)
Contra hospitalização por DVC 79,3 (EV%) 63,5–88,2 (95%IC)
EV em participantes soropositivos no baseline
Contra DVC 64,2 (EV%) 58,4–69,2 (95%IC)
Contra hospitalização por DVC 85,9 (EV%) 78,7–90,7(95%IC)
DVC-dengue virologicamente confirmada; EV-eficácia da vacina;
EP105
Infecções comunitárias
Embolia esplênica na endocardite esquerda: revisão sistemática da literatura. Autores: Gabriel Santiago Moreira, Isabella Braga Tinoco da Silva, Cyntia Mendes Aguiar, Francijane Oliveira da Conceição, Rafael Quaresma Garrido, Bruno Zappa, Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa, Clara Weksler, Wilma Félix Golebiovski, Cristiane da Cruz Lamas Palavras-chaves:
endocardite infecciosa
, embolia esplênica
, baço
, tomografia
, exames de imagem
Resumo
Embolia esplênica na endocardite esquerda: revisão sistemática da literatura.
Introdução: A endocardite infecciosa (EI) é uma doença com alta mortalidade, e sua tríade clássica é febre, sopro e fenômenos embólicos. Os êmbolos esplênicos ocorrem frequentemente na EI de válvulas esquerdas (mitral e aórtica), muitas vezes são silenciosos e podem representar riscos significativos quanto à formação de abscessos e ruptura secundária a grandes áreas isquêmicas.
Objetivos: Nosso objetivo foi realizar uma revisão sistemática da literatura sobre aspectos radiológicos e histopatológicos da embolia esplênica na EI.
Métodos: O estudo foi registrado no PROSPERO sob o número CRD42021257353. As palavras chaves: “Endocarditis”, “Spleen”, “Splenic emboli”, “Splenic embolism”, “Embolism”, “Tomography”, “Imaging”, “Pathology”, “Histopathology”, “Positron Emission Tomography”, “Computed Tomography” e o termos equivalentes em portugues foram usados para busca no Embase, PubMed, Bireme e Scielo. Os critérios de inclusão foram idade igual ou maior a 18 anos, no período de janeiro de 2000 a 9 de março de 2021, e publicações em inglês ou português. Os critérios de exclusão foram revisões não sistemáticas da literatura, relatos de casos e publicações com foco em embolias não esplênicas.
Resultados: As estratégias de busca identificaram 1.973 artigos; 1.849 foram excluídos por não elegibilidade verificada pela leitura do título e 71 pela leitura dos resumos. Após a leitura das 53 publicações na íntegra, 32 artigos foram excluídos, totalizando 21 artigos elegíveis. O número de episódios de EI esquerda avaliado nos estudos variou de 6 a 3.116 casos e a média de idade variou de 43 a 70 anos. Homens foram mais frequentemente afetados. Próteses valvares estavam presentes em 25,9 a 37% das EI esquerdas. Os exames utilizados para detectar embolias foram ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética, PET/CT, SPECT/CT e ultrassonografia com contraste. Na TC, as embolias esplênicas variaram de 1,4% a 71,7%, porém, a frequência mediana foi de 25%. Gram positivos foram os principais agentes etiológicos. Os dados histopatológicos foram escassos, sendo encontrados apenas dois estudos, ambos postmortem.
Conclusões: A embolia esplênica na EI do lado esquerdo tem alta frequência nos estudos tomográficos. Contudo, não há consenso sobre a necessidade da realização de TC abdominal na EI ou de suas implicações no manejo terapêutico dos pacientes.
EP164
Miscelânea
Embolizações e Choque Séptico secundários à Endocardite Infecciosa Autores: Natália Gomes Candiago, Guilherme Dorneles Zinelli, Viviane Raquel Buffon, Bruna Kochhann Menezes, Taciana Cappelletti, Rodrigo Fernandes Paiva, Morgana Schwingel Machado, Emerson Boschi, Luiz de Faria Ferreira Palavras-chaves:
endocardite infecciosa
, endocardite e embolizações
, infecção por Staphylococcus aureus
, lesões de Janeway
Resumo
Embolizações e Choque Séptico secundários à Endocardite Infecciosa
Introdução: Endocardite Infecciosa (EI) é uma infecção da superfície endocárdica e dos grandes vasos do coração. Em situações nas quais há lesão endotelial ou alterações na estrutura do endocárdio, ocorre fisiologicamente a aderência de plaquetas e fibrinas nesses locais. Essas áreas são substratos para colonização de microrganismos circulantes, resultando na formação de vegetações. Em usuários de droga injetáveis, o agente mais comum é o S. Aureus. Apesar do melhor conhecimento sobre a doença e das opções terapêuticas disponíveis atualmente, a EI continua associada à uma alta mortalidade e complicações graves, incluindo embolizações e aneurismas.
Método: Trata-se de um caso de endocardite infecciosa em usuária de droga intravenosa, com quadro de choque séptico e embolizações, diagnosticado em maio/22 em Caxias do Sul - RS. A coleta de dados foi realizada por revisão de prontuários.
Objetivo: Relatar um caso de endocardite infecciosa com acometimento neurológico, renal e lesões dermatológicas
Resultado: Mulher de 19 anos, com histórico de cefaleia e febre com 6 dias de duração, deu entrada no setor de Terapia Intensiva de Hospital com quadro clínico de choque séptico, necessitando de manejo para tal. Ao exame físico, evidencia-se lesões de Janeway em extremidades, abdomen e face. Anamnese revela vulnerabilidade social, histórico de uso de drogas injetáveis e de tentativa de suicídio. Exames laboratoriais mostram leucocitose com desvio à esquerda, d-dímero elevado, plaquetopenia, elevação de provas inflamatórias, sorologias negativas. Líquor demonstrava alta celularidade, com predomínio de linfonomonucleares, lactato elevado, hipoglicorraquia, ADA normal e cultura negativa. Instituído tratamento empírico com ceftriaxona e aciclovir. Realizado ecocardiograma que revelou vegetação e regurgitação em valva mitral. RNM de crânio relevou áreas hipodensas em região corticosubcortical, relacionada a pequenos focos isquêmicos agudos, de provável origem cardioembólica. Duas hemoculturas periféricas positivaram em menos de 24h para S. Aureus. Efetuado ajuste de terapêutica para esquema contendo oxacilina e gentamicina, com boa resposta. Realizada cirurgia cardíaca com inserção de prótese biológica em valva mitral com sucesso. Apresentou um episódio de AVE hemorrágico após procedimento. Teve boa evolução ao manejo na UTI, recebendo alta após duas semanas.
Conclusão: Dessa forma, a assertividade do diagnóstico e do manejo, são fatores cruciais no prognóstico.
EP159
Infecções relacionadas à imunossupressão
Encefalite por HSV e CMV em paciente HIV negativo: relato de caso Autores: Júlia de Abreu Teixeira, Laura Cunha Ferreira, Camila Albuquerque Coelho, Pedro Henrique Moreira Barbosa, Halber Felipe Macorim Alves, Daniel Abner Paiva Caetano, Michel Britz Guimarães, Marcela de Toledo Mello Vallim, Patricia Yvonne Maciel Pinheiro Palavras-chaves:
coinfecção
, HSV
, CMV
Resumo
Encefalite por HSV e CMV em paciente HIV negativo: relato de caso
Introdução: Infecções por vírus herpes simples (HSV) e citomegalovírus (CMV) são frequentemente observadas em pacientes imunocomprometidos. A reativação do CMV é descrita após o tratamento com anticorpos monoclonais e quimioterapia (QT). Porém, a coinfecção entre HSV e CMV é rara, sendo a maior parte de acometimento gastrointestinal.
Objetivos: Relatar um caso de encefalite por coinfecção CMV-HSV em paciente portadora de neoplasia em QT.
Relato de caso: Paciente do sexo feminino, 20 anos, estudante, moradora de São Gonçalo, portadora de teratoma imaturo de ovário maligno em QT com cisplatina e etoposídeo (último ciclo 2 dias antes da internação). Admitida no dia 13/02/2022 com início súbito de cefaleia, liberação esfincteriana, espasticidade generalizada, dificuldade de deambulação, afasia motora, ECM 10, sem sinais meníngeos. Hemograma e bioquímica da admissão sem alterações e TC de crânio sem eventos agudos. Punção lombar de admissão: líquor cefalorraquidiano (LCR) claro, proteínas 240 mg/dL; glicose 44 mg/dL; zero leucócitos; cultura, BAAR, exame direto para fungos e GRAM negativos. Amostra insuficiente para painel viral. À ocasião, foi iniciada terapia empírica com Aciclovir EV. Após poucos dias de tratamento, paciente apresentou remissão completa dos sintomas neurológicos. Tratou neutropenia febril com Meropenem e Vancomicina ao longo da internação. Nova punção lombar para complementação diagnóstica em 21/02/2022: proteínas 202 mg/ dL, glicose 22 mg/dL e 5 leucócitos, sendo 100% mononucleares. GeneXpert negativo. Em 11/03/2022 completou 21 dias de Aciclovir, quando foi liberado o resultado do PCR qualitativo do LCR de 21/02: positivo para CMV e negativo para HSV. Neste dia, foi coletado novo LCR: xantocrômico, proteínas 356 mg/ dL, glicose 32 mg/dL e zero leucócitos. Tratou com Ganciclovir por mais 21 dias, ao final dos quais PCR do LCR do dia 11/03 resultou positivo para HSV e negativo para CMV. Recebeu alta com melhora completa dos sintomas.
Conclusões: A infecção por CMV pode predispor à reativação do HSV devido ao seu efeito de longo prazo na imunidade mediada por células. Contudo, não foi realizado PCR quantitativo e sabe-se que baixos níveis podem ser encontrados em carreadores assintomáticos. A avaliação seriada do LCR para CMV pode ser usada nos pacientes HIV-positivo para transição para medicação oral. É necessário esclarecer o espectro dessas infecções virais e determinar se o tratamento de vírus reativados leva a melhores resultados.
EP106
Infecções comunitárias
Endocardite de protese valvar tardia: série de casos de dois centros e fatores de risco associados à mortalidade Autores: Cristiane da Cruz Lamas, Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa, Wilma Félix Golebiovski, Clara Weksler, Diego Santos, Caio Sambo, Vitor Milczwski, Milena Paixão, Tânia Mara Varejão Strabelli, Rinaldo Focaccia Siciliano Palavras-chaves:
endocardite infecciosa
, prótese valvar
, mortalidade
, valvopatia reumática
, insuficiência cardíaca
Resumo
Endocardite de protese valvar tardia: série de casos de dois centros e fatores de risco associados à mortalidade
Introdução:A endocardite infecciosa de prótese valvar(EIPV)é encontrada em 10 a 30% da maioria das séries contemporâneas. É considerada tardia quando a troca valvar foi realizada há mais de 1 ano. Objetivos: Descrever casos de EIPV tardia (EIPVT) em dois centros e analisar os fatores de risco relacionados à óbito. Métodos: Dois institutos de cirurgia cardíaca quaternária foram os cenários do estudo. Os dados foram coletados de 2011-2021 no local 1 e 2006-2021 no local 2. Os pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos prospectiva e consecutivamente. Ficha de coleta de dados padronizada foi utilizada. A análise estatística foi realizada com o software SPSS v26. Variáveis com valores de p menores que 0,1 foram incluídas no modelo multivariado. Resultados: Houve 250/559 (44,7%) episódios de LPVE no local 1 e 77/438 (17,6%) no local 2 durante os períodos de estudo descritos. O sexo masculino representou 207/327 (63,3%) dos pacientes, a média de idade ± DP foi de 55,5 ± 17,3 anos . A valvopatia reumática esteve presente em 161/326 (49,4%) e cardiopatia congênita em 29/327 (8,9%). A endocardite associada à assistência à saúde estava presente em 83 (25,4%) e 132/326 (49,4%) pacientes estavam em insuficiência cardíaca (classe III/IV da NYHA). Os agentes etiológicos foram definidos em 275 (84,1%) dos casos, e os estreptococos do grupo viridans foram responsáveis por 107/327 (32,7%) dos agentes etiológicos. O óbito foi o desfecho para 101/327(30,9%). Os fatores de risco para óbito pela análise multivariada foram: idade superior a 60 anos (OR=2,4; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 1,2-5; p=0,014), insuficiência cardíaca (NYHA classe III ou IV) (OR=4,1; IC 95%=1,8-8,3; p<0,0001), presença de abscesso/fístula/perfuração perivalvar no ecocardiograma de admissão (OR=2,8; IC 95%=1,3-6,1; p= 0,009) e ser encaminhado de outro hospital (OR=2,6; IC95%= 1,25-5,4;p=0,011). Discussão: EIPVT é encontrada em pacientes mais velhos em séries internacionais, mas nossa coorte mostra pacientes mais jovens e uma alta frequência de valvopatia reumática. Um quarto dos pacientes adquiriu EI em ambiente de saúde, destacando a relevância dessa forma de aquisição e os cuidados extras necessários no controle de infecção em pacientes com próteses valvares. Da mesma forma que outros estudos, a mortalidade foi maior do que na EI de válvula nativa, e ser mais velho, ter doença destrutiva e insuficiência cardíaca foram associadas à morte.
EP107
Infecções comunitárias
Endocardite infecciosa associada à cardiopatia congênita em um centro de referência em cirurgia cardíaca no Brasil Autores: Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Thaissa dos Santos Monteiro, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Wilma Golebiovki, Clara Weksler, Giovanna Barbosa, Rafael Garrido, Marcelo Goulart Correia, Cristiane C. Lamas Palavras-chaves:
Endocardite infecciosa
, Cardiopatia congênita
, Valva aórtica bicuspide
Resumo
Endocardite infecciosa associada à cardiopatia congênita em um centro de referência em cirurgia cardíaca no Brasil
Introdução: A cardiopatia congênita está entre os diversos fatores de risco para endocardite infecciosa (EI) e apresenta características clínicas distintas. Objetivos: Nosso objetivo foi descrever casos de EI em pacientes com cardiopatia congênita (EICC) e compará-lo com outros casos de EI em uma coorte de um centro de referência para cirurgia cardíaca. Materiais e métodos: Pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos de 2006 a 2021 usando a ficha de coleta de dados da International Collaboration in Endocarditis. A análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R. Resultados: Houve 435 episódios de EI, dos quais 61 (14%) foram EICC. Destes, 21/61 (34,4%) eram valvas aórticas bicúspides. Doença arterial coronariana, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica e insuficiência renal crônica foram observadas com menos frequência na EICC (3,3% vs 15,8%, p. = 0,008; 4,9% vs 13,9%, p = 0,06; 27,6% vs 51,6%, p < 0,001; 6,6% vs 23,4%, p = 0,002, respectivamente), mas insuficiência cardíaca prévia foi frequente em ambos os grupos (39,3% vs 40,1%). Pacientes com EICC menos frequentemente tiveram EI adquirida no hospital (14,8% vs 27,6%, p = 0,033). A regurgitação aórtica foi mais frequente em EICC (51,7% vs 36,7%, p = 0,027) assim como as vegetações aórticas (62,3% vs 38,2%, p < 0,001), enquanto a regurgitação mitral foi menos frequente (14,8% vs 50,7% p < 0,001). Não foram observadas diferenças quanto à frequência de perfuração valvar (18% vs 18,3%) ou fístulas (4,9% vs 4%), porém o abscesso paravalvar foi mais frequente (32,8% vs 20,9% p= 0,004) na EICC. A frequência de febre, fenômenos embólicos e imunológicos, esplenomegalia, níveis de PCR e VHS não foram diferentes entre os grupos. Não houve diferença na proporção de microrganismos (S.aureus, estreptococos do grupo viridans, enterococos ou fungos) identificados nas hemoculturas. As taxas de indicação cirúrgica (91,7% vs 85,3%) e cirurgia realizada (81% vs 79,6%) foram semelhantes. A mortalidade foi menor para EICC (19,3% vs 26,6%), porém não estatisticamente significativo (p=0,238). Conclusão: Em nossa coorte, as valvas aórticas bicúspides foram a cardiopatia congênita mais frequente. Houve menos comorbidades em pacientes com EICC e menor mortalidade possivelmente porque EICC se apresenta geralmente em adultos jovens. A valva aórtica foi a mais acometida, corroborando a malformação mais comum, que é a valva aórtica bicúspide.
EP145
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Endocardite Infecciosa em Pacientes em Hemodiálise (HD) Autores: Claudio Querido Fortes, Natália Rodrigues Querido Fortes, Juliano Carvalho Gomes de Almeida, Roberto Muniz Ferreira, Luiz Felipe de Abreu Guimarães, Marina da Costa Carvalheira, João Roquette Fleury da Rocha, Ana Claudia Pinto de Figueiredo Fontes, Plínio Resende do Carmo Junior, Vlander Gomes Palavras-chaves:
Endocardite Infecciosa
, Hemodialise
, Enterococcus spp
Resumo
Endocardite Infecciosa em Pacientes em Hemodiálise (HD)
Introdução:
A endocardite infecciosa (EI) é uma das complicações infecciosas mais temidas em pacientes em hemodiálise.
Objetivos: Realizar uma análise descritiva sobre a características da endocardite infecciosa em pacientes em hemodiálise crônica
Métodos:
Estudo retrospectivo de uma serie prospectiva de pacientes com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados, admitidos em um hospital universitário terciário, em pacientes em HD e não em HD.
Resultados:
Dos 505 pacientes (540 episódios) admitidos em um hospital universitário terciário com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados, 54 pacientes (57 episódios) eram hemodialisados cronicamente e 451 (483 episódios) não.
O acesso vascular para hemodiálise foi cateter central em 75,4% e 49,1% tinham fístula arteriovenosa, mas alguns destes com falência da fístula.
A média de idade dos pacientes em HD não foi estatisticamente diferente da dos pacientes sem HD (47,5% vs 43,3%, p 0,117). Foram observados mais pacientes do sexo feminino (57,9% vs. 34,6%, p = 0,001) grupo em HD do que em pacientes sem HD.
Diabetes mellitus foi significativamente mais frequente nos pacientes em HD (36,8% vs. 6,6%, p < 0,001), enquanto o uso de drogas intravenosas (0% vs 13,9%, p 0,029) e prótese valvar (7,0% vs 20,7%, p 0,013) foram mais comumente observados no grupo de pacientes que não faziam HD.
Não houve diferença significativa em relação à valva acometida no grupo HD e não HD. A valva mitral foi a mais acometida (50,9% vs 51,1%, p 0,773), seguida da valva aórtica (38,6% vs 43,1%, p 0,416) e tricúspide (19,3% vs 13,3, p 0,212).
A proporção de Enterococcus spp foi significativamente maior no grupo HD do que no grupo não HD (33,3% vs. 5,4%, p < 0,001).
A troca valvar por endocardite infecciosa ativa foi realizada com menor frequência entre os pacientes em HD, mas sem significância estatística (35,1% vs 42,2%, p 0,300).
A mortalidade intra-hospitalar foi significativamente maior nos pacientes em hemodiálise do que em não hemodiálise (52,6% vs. 37,7%, p 0,030).
Conclusões: A EI é uma complicação grave com alta letalidade em pacientes em HD.
Enterococcus spp é o organismo causador mais comum grupo em HD, seguido por Staphylococcus aureus (29,8%) A mortalidade é muito alta e significativamente maior do que em pacientes sem hemodiálise
EP108
Infecções comunitárias
Endocardite infecciosa hemocultura negativa: qual sua frequência e diferenças para as endocardites hemocultura positiva? Autores: Cristiane da Cruz Lamas, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Rafael Quaresma Garrido, Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa, Wilma Félix Golebiovski, Bruno Zappa, Marcelo Goulart Correia, Clara Weksler Palavras-chaves:
endocardite infecciosa
, hemocultura negativa
, hemocultura positiva
, embolia
, cirurgia cardíaca
Resumo
Endocardite infecciosa hemocultura negativa: qual sua frequência e diferenças para as endocardites hemocultura positiva?
Introdução: A endocardite infecciosa hemocultura negativa (EIHN) é descrita em 3 a 69% das series contemporâneas de endocardite infecciosa(EI).Objetivo: Descrever casos de EIHN em um centro de referência quaternário e compará-los a casos de EI hemocultura positiva (EIHP).Métodos: Pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos prospectiva e consecutivamente de 2006 a 2021 usando ficha de coleta de dados padronizada. A análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R. Resultados: EIHN ocorreu em 32.9% dos 435 episódios de EI. A maior parte dos pacientes com EIHN foram referenciados de outras instituições (66.9 % vs 47.8 %, p< .001). Os pacientes com EIHN eram significativamente mais jovens que aqueles com EIHP: mediana de 42 anos [IIQ 28-58.8] vs 50[IIQ 35-63], p < .001, e tinham menos comorbidades, exceto por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) anterior à EI, que foi semelhante entre os grupos (41.5 % 36.6 %). EIHN mais frequentemente foi adquirida na comunidade (73.7 % vs 61.8 %, p=0.016). As válvulas aórtica (VA) e mitral (VM) foram as mais afetadas em ambos os grupos, e vegetações foram visualizadas em VA em 43.6 % das EIHN e 40.7 % das EIHP e em VM em 49.6 % e 49.3 %, respectivamente. Valvas perfuradas foram mais frequentes em EIHN (23.3 % vs 16.1 %, p=0.072), assim como as fistulas intracardíacas (7.5 % vs 2.7 %, p=0.020). Abscessos ocorreram em frequência semelhante (13.5 % vs 16.3 %). Insuficiência cardíaca como complicação de regurgitação aórtica ou mitral agudas foi mais frequente em EIHN (69.4 % vs 56.9 %, p=0.013); embolia esplênica foi menos frequente (25.6 % vs 39.5 %, p=.0.005), e a frequência de embolia para o sistema nervoso central foi semelhante (24.6 % vs. 27.3 %). A indicação de cirurgia se deu em proporções semelhantes (90.3 % vs 84.3 %), e a realização de cirurgia foi significativamente maior na EIHN (85.7 % vs 77.0 %, p=0.045).A mortalidade foi semelhante entre os grupos (20.9 % em EIHN, 27.7 % em EIHP, p NS).Conclusões: A EIHN ocorre com frequência em nossa casuística, refletindo o retardo diagnóstico e o uso pregresso de antimicrobianos. O tratamento empírico deve se basear na clínica e local de aquisição da EI nesses pacientes. EIHN apresenta lesões destrutivas intracardíacas com necessidade de troca valvar e apesar de menor mediana de idade e frequência de comorbidades (exceto por ICC), a mortalidade foi semelhante às EIHP.
EP109
Infecções comunitárias
Endocardite infecciosa por S.aureus: série de casos e comparação com outros agentes etiológicos Autores: Cristiane da Cruz Lamas, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Giovanna Ferraiuoli Barbosa, Rafael Quaresma Garrido, Bruno Zappa, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Marcelo Goulart Correia, Clara Weksler, Wilma Félix Golebiovski Palavras-chaves:
endocardite infecciosa
, Staphylococcus aureus
, dispositivos intracardíacos
, bacteremia persistente
, embolização
Resumo
Endocardite infecciosa por S.aureus: série de casos e comparação com outros agentes etiológicos
Introdução: S.aureus é o patógeno mais encontrado em séries de pacientes com endocardite infecciosa (EI) de países desenvolvidos nos últimos anos, mas seu papel e comportamento não estão tão bem definidos em países em desenvolvimento. Objetivo: Descrever casos de EISA num centro brasileiro e compará-lo com outros casos de EI na coorte. Métodos: Pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos , prospectiva e consecutivamente, de 2006 a 2021 . EISA foi comparada aos demais pacientes com EI da coorte por teste de proporções. A análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R. Resultados: S.aureus foi responsável por 49/435(11,3%) episódios de EI. A resistência à meticilina foi observada em 8/49 (16,3%) cepas (5 MRSA, 3 MRSA adquiridos na comunidade ou ca-MRSA). Não foram encontradas diferenças entre os pacientes quanto à idade (mediana 47 vs 48 anos), sexo, e comorbidades, exceto por insuficiência renal crônica (15/49, 30,6% vs 76/384, 19,8%, p=0,08). Valvopatia reumática (VR) foi menos frequente na EISA(16,3% vs 33,5%, p=0,015). EISA foi mais frequentemente hospitalar(46,9 % vs 23,1 %, p < 0,001), e envolveu maior proporção de dispositivos (24,5 % vs 5,5 %, p < 0,001). Não houve diferenças em relação à frequência de abscesso paravalvar (18,4% vs 15,1%), perfuração valvar (14,3% vs 18,8%) ou fístulas (4,1% vs 4,2%). Febre, esplenomegalia, níveis de PCR e VHS não foram diferentes entre os grupos, embora êmbolos periféricos tenham sido mais frequentes na EISA (18,8% vs 7,5%, p=0,01). As complicações mais frequentemente encontradas na EISA foram bacteremia persistente (23,9 % vs 5,6 %, p < 0,001) e êmbolos recorrentes (19,1 % vs 5,1 %, p < 0,001). Insuficiência renal aguda 44,7 % vs 32,5 %, p=0,097) e necessidade de hemodiálise (52,2 % vs 25,0 %, p=0,008) foram mais frequentes na EISA. As taxas de indicação cirúrgica (83,3 % vs 86,5 %), cirurgia realizada (72,7 % vs 80,7 %) e mortalidade (28,6 % vs 25,3 %) foram semelhantes entre os grupos. Discussão: S.aureus foi, junto com enterococos, o 2º mais frequente agente etiológico na EI em nosso centro, e foi principalmente associado à aquisição nosocomial e dispositivos intracardíacos. As taxas cirúrgicas e a mortalidade foram semelhantes a outras EI, possivelmente por viés de encaminhamento, mas êmbolos recorrentes, bacteremia persistente e insuficiência renal aguda foram mais frequentes na SAIE, destacando sua apresentação aguda com sepse.
EP146
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Endocardite infecciosa precoce de prótese valvar em uma coorte de pacientes adultos de um centro de referência em cardiologia Autores: Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Wilma Golebiovki, Clara Weksler, Giovanna Barbosa, Bruno Zappa, Rafael Garrido, Marcelo Goulart Correia, Cristiane C. Lamas Palavras-chaves:
Endocardite infecciosa
, Prótese valvar
, Infecção precoce
Resumo
Endocardite infecciosa precoce de prótese valvar em uma coorte de pacientes adultos de um centro de referência em cardiologia
Introdução: Endocardite Infecciosa de Valva Protética Precoce (EIVPP), que ocorre até 1 ano após a cirurgia de troca valvar, é uma complicação temida e geralmente envolve patógenos hospitalares. Objetivo: Descrever casos de EIVPP e compará-los a outros casos de EI. Materiais e Métodos: Pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos de 2006 a 2021 usando a ficha de coleta de dados da International Collaboration in Endocarditis. A análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R. Resultados: EIVPP foi responsável por 47/435(10,8%) dos episódios de EI. Mediana de idade em EIVPP foi de 54 anos [34,5-64,5], significativamente diferente de outras EI, onde foi 47 anos [33-61,3]. Não foram encontradas diferenças em relação ao sexo, diabetes mellitus, insuficiência renal crônica, cardiopatia congênita e valvopatia reumática. No entanto, os pacientes com EIVPP apresentaram com maior frequência doença arterial coronariana (25,5% vs 12,6%, p=0,016), cirurgia de revascularização do miocárdio (15,2% vs 4,7% p =0,004), insuficiência cardíaca (58,7% vs 37,7% p =0,006), doença cerebrovascular (12,8% vs 5,9% p =0,077) e hipertensão arterial (69,8% vs 45,5% p = 0,003). Febre, fenômenos embólicos/imunológicos, esplenomegalia, PCR e VHS não foram diferentes entre EIVPP e outros casos de EI, embora a presença de novos sopros fosse menos frequente (28,3% vs 57,8%, p < 0,01). As complicações mais encontradas na EIVPP foram abscesso miocárdico ou paravalvar (32,6% vs 21,4%, p < 0,01), insuficiência renal aguda (IRA) (48,9% vs 32%, p=0,024) e necessidade de hemodiálise (45,8% vs 82,4%, p < 0,01). Os microrganismos mais frequentemente associados à EIVPP foram enterococos (18,8% vs 9,8%, p = 0,06) e estafilococos coagulase-negativos (27.7 % vs 6.7 %, p<0.001), mas não S.aureus (4,1 vs 11,7%). A taxa de indicação cirúrgica e de realização de cirurgia foram menores quando comparados a outros casos de EI, sendo de 58,7% (vs 89,4%, p <0,001) e 56,4%( vs 80,7%, p <0,001), respectivamente, em pacientes com EIVPP., A taxa de mortalidade na EIPPV foi maior na EIPPV(31,1% vs 25%), mas não estatisticamente diferente entre os grupos. Conclusões: O abscesso miocárdico, que é indicação cirúrgica absoluta, ocorreu em quase 1/3 da EIVPP. Possivelmente pelo mau estado clínico e comorbidades frequentes, os pacientes com EIVPP tiveram menor indicação cirúrgica e menos cirurgia do que os demais da coorte, evoluindo com alta mortalidade.
EP110
Infecções comunitárias
Endocardite infecciosa relacionada a hemodiálise Autores: Rafael Quaresma Garrido, Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa, Clara Weksler, Wilma Félix Golebiovski, Bruno Zappa, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Marcelo Goulart Correia, Cristiane da Cruz Lamas Palavras-chaves:
endocardite infecciosa
, hemodiálise
, catéteres venosos
, enterococos
, mortalidade
Resumo
Endocardite infecciosa relacionada a hemodiálise
Introdução: No Brasil e no mundo, há um aumento na prevalência de pacientes com insuficiência renal crônica. A endocardite infecciosa (EI) relacionada à hemodiálise (EIHD) tem frequência de 3 a 17% em coortes internacionais. Objetivo: Nosso objetivo foi descrever casos de EIHD e compará-los com outros casos de EI em nossa coorte. Métodos: Pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos de 2006 a 2021, consecutiva e prospectivamente, usando ficha padronizada de coleta de dados. EIHD foi comparada aos demais pacientes com EI da coorte por teste de proporções. A análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R. Resultados: EIHD ocorreu em 33/425 (7,8%) casos. Foi adquirida no hospital em 42,4% dos casos. Pacientes com EIHD foram mais frequentemente encaminhados de outras instituições (87,9% vs 50,9%, p<0,001). Não foram identificadas diferenças entre EIHD e outras EI em relação à idade, sexo, cirurgia cardíaca prévia, e doença arterial coronariana. Hipertensão arterial sistêmica (78,8% vs 45,3%, p=0,01) e diabetes mellitus (30,3% vs 11,2%, p<0,001) foram mais frequentes no grupo EIHD. Novo sopro cardíaco foi mais frequente na EIHD (75% vs 52,5%, p=0,014). As valvas mitrais (54,5 % vs 44,8 %), aórtica (51,5 % vs 37,7 %) e tricúspide (12,1 % vs 4,3 %) foram igualmente afetadas nos dois grupos. A frequência de fístulas (4,0% vs 6,1%), perfuração valvar (18,3% vs 18,2%) e abscesso paravalvar (15,5% vs 15,2%) e complicações embólicas foram semelhantes entre os grupos. Houve diferença entre o grupo EIHD quanto à frequência de enterococos (22,9% x 5,7%, p<0,001). A taxa de mortalidade foi semelhante (30,3% vs 25,3%).Discussão: A EIHD foi frequente em nossa coorte. Como esperado, comorbidades como hipertensão e diabetes foram frequentes nesse grupo de pacientes. A aquisição hospitalar de hemodiálise relacionada à endocardite infecciosa foi frequente. A alta incidência de enterococos pode estar relacionada ao uso frequente de acessos femorais para HD. Cuidados devem ser tomados na inserção e manipulação dos acessos vasculares, e acessos permanentes de HD, principalmente fístulas ou enxertos arteriovenosos e cateteres vasculares semi-implantados, deve ser indicada precocemente como forma de prevenção dessa grave infecção.
EP111
Infecções comunitárias
ENDOCARDITE INFECCIOSA TARDIA DE PRÓTESE VALVAR EM UMA COORTE DE ADULTOS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA CIRÚRGICA QUATERNÁRIO NO BRASIL Autores: Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Rafael Quaresma Garrido, Giovanna Ferraiuoli Barbosa, Clara Weksler, Wilma Golebiovski, Bruno Zappa, Marcelo Goulart Correia, Cristiane C. Lamas Palavras-chaves:
Endocardite Infecciosa
, Prótese valvar
, Endocardite infecciosa tardia
Resumo
ENDOCARDITE INFECCIOSA TARDIA DE PRÓTESE VALVAR EM UMA COORTE DE ADULTOS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA CIRÚRGICA QUATERNÁRIO NO BRASIL
INTRODUÇÃO: A endocardite infecciosa (EI) de prótese valvar apresenta alta morbimortalidade. A EI tardia de prótese valvar (ETPV), adquirida 12 ou mais meses após o implante da prótese, tem frequentemente como agentes causadores os patógenos comunitários. OBJETIVOS: Descrever casos de ETPV e compará-los com outros casos de EI. MATERIAIS E MÉTODOS: Pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos de 2006 a 2021 usando a ficha de coleta de dados da International Collaboration in Endocarditis. A análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R. RESULTADOS: Dos 435 pacientes com EI, 77 (17,7%) apresentaram ETPV. Eles eram mais velhos, com idade mediana de 52 (IQR 38-68), comparado a 47 (IQR 32-61) anos. Os enterococos foram mais frequentes na ETPV (29,2 % vs 16,3 %, p= 0,027), a infecção foi adquirida na comunidade em 75,3% e no hospital em 16,9%. Os pacientes com ETPV tinham mais história de doença arterial coronariana (21,1% vs 12,5%, p=0,051), cirurgia de revascularização do miocárdio (12,2% vs 4,5%, p=0,01), insuficiência cardíaca congestiva (59,2% vs 35,9%, p<0,001) e doença cerebrovascular (17,1% vs 4,5%, p<0,001); a insuficiência renal crônica foi menos frequente na ETPV (11,7% vs 23,0%, p=0,027). A valvopatia reumática (VR) foi observada com maior frequência na ETPV (57,9% vs 25,7%, p<0,001). A frequência de abscesso (23,7% vs 13,7%, p=0,029) e distúrbios de condução (25,7% vs 11,2% p=0,001) foi maior na ETPV. A insuficiência cardíaca secundária à regurgitação valvar aguda foi igualmente frequente (56,6% vs. 61,6%), assim como eventos neurológicos (40,5% vs. 50,0%), incluindo aneurismas micóticos (6,5% vs 11,8%). Os êmbolos esplênicos foram frequentes em ambos os grupos (32,5% vs. 35,8%). A indicação cirúrgica ocorreu com menor frequência (78,9% vs 87,7%, p=0,046), assim como a cirurgia (67,2% vs 82,4%, p=0,005). O óbito hospitalar foi maior na ETPV (39,5% vs 22,6%, p=0,002). CONCLUSÃO: A ETPV teve frequência de 17,7%, assim como em outras séries da literatura (10-30%). Ademais, apresentou alta prevalência de VR, assim como em outros países em desenvolvimento, onde é o principal motivo de troca valvar. As características clínicas eram semelhantes a outras EI, exceto pela presença de abscessos e a mortalidade foi muito alta, possivelmente devido aos pacientes serem mais velhos, com mais doenças subjacentes e com menos frequência de cirurgia de troca valvar para EI.
EP147
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Enterobacterales resistentes aos carbapenêmicos isoladas de hemoculturas. Autores: Alice Campos Furtado, Maria de Lourdes Junqueira, Melina Costa Rusth e Silva, Camila Medeiros Vicenti, PATRICIA GUEDES GARCIA Palavras-chaves:
Infecção da corrente sanguínea
, Enterobacteriaceae Resistentes a Carbape
, Klebsiella pneumoniae
Resumo
Enterobacterales resistentes aos carbapenêmicos isoladas de hemoculturas.
INTRODUÇÃO: Infecções da Corrente sanguínea (ICS) causadas por bactérias multidroga resistentes podem levar a complicações infecciosas sistêmicas, aumentando número de hospitalizações e óbito, representando uma das principais causas de morbimortalidade em todo mundo. Membros da ordem Enterobacterales estão comumente associados à estas infecções, sendo a Klebsiella pneumoniae a espécie mais isolada. Uma característica importante desta ordem é a habilidade de desenvolver mecanismos de resistência bacteriana, principalmente aqueles mediados por plasmídeos, facilitando a disseminação dos genes de resistência. Entre os mecanismos desenvolvidos, destaca-se a produção de carbapenemases, que são enzimas capazes de degradar os carbapenêmicos, e consequentemente todos os beta-lactâmicos.
OBJETIVOS: Avaliar a prevalência das espécies de Enterobacterales isoladas de hemoculturas, bem como o perfil de resistência aos carbapenêmicos destes isolados e sua distribuição por setores de internação de um hospital público.
MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal descritivo retrospectivo, onde foram coletados resultados de hemoculturas em banco de dados de um hospital público da cidade de Juiz de Fora- MG, no período de janeiro a junho de 2020. Foram incluídos neste estudo resultados dos laudos de hemoculturas de pacientes internados na unidade de terapia intensiva (UTI) e nas enfermarias.
RESULTADOS: Das hemoculturas referenciadas ao setor de microbiologia do laboratório de análises clínicas, houve crescimento bacteriano em 163 amostras, destas 35 (21,5%) foram de Enterobacterales, sendo 13 (37,1%) isolados de Klebsiella pneumoniae, 11 (31,4%) de Escherichia coli, 5 (14,3%) de Enterobacter sp., 2 (5,7%) de Serratia sp., foram isoladas 1 (2,85%) linhagem bacteriana de Klebsiella aerogenes, Klebsiella oxytoca, Proteus mirabilis e Morganella morgannii. Em relação ao perfil de resistência aos carbapenêmicos, das 35 hemoculturas positivas, 5 (14,3%) foram resistentes aos carbapenêmicos, sendo que 4 foram de K. pneumoniae e 1 de K. aerogenes. Das 5 linhagens resistentes aos carbapenêmicos, 4 (80%) foram de pacientes da UTI e 1 (20%) da enfermaria.
CONCLUSÕES: A K. pneumoniae foi a principal Enterobacterales isolada das hemoculturas, sendo a linhagem mais resistente aos carbapenêmicos e tem sido considerada como a de maior risco para pacientes internados em UTI, tendo em vista a habilidade desta espécie de produzir mecanismos de resistência bacteriana.
EP006
Animais peçonhentos
Epidemiologia dos acidentes por serpentes peçonhentas na reserva indígena dos Yanomamis – período de 2014 a 2017 Autores: Luis Eduardo R. da Cunh, Andreia da Costa Formiga:, Marco Aurélio Pereira Horta, Elba Regina Sampaio de Lemos Palavras-chaves:
acidente ofídico
, áreas indígenas Yanomami
, vigilância epidemiológica
, soro antiofídico
Resumo
Epidemiologia dos acidentes por serpentes peçonhentas na reserva indígena dos Yanomamis – período de 2014 a 2017
INTRODUÇÃO Estima-se que no mundo ocorram 1,8 a 2,7 milhões de acidentes ofídicos (AO) por ano, com 81 a 138 mil mortes e com 400mil sequelados. Na Amazônia o risco de acidentes é 6 X maior que nos outros estados do Brasil e a população indígena apresenta maior letalidade.
Objetivo Análise dos dados dos AOs em população indígena.
MATERIAIS E MÉTODOS Dados secundários de 01/1/2014 a 31/12/2017 foram obtidos a partir da Secretaria Nacional de Assistência aos índios/DSEI YANOMAMI/Ministério da Saúde. Variáveis sociodemográficas por polo base e variáveis específicas (tipo de exposição/acidente; local da picada; espécie; tratamento; desfecho) foram analisadas por medidas de frequência (variáveis categóricas) e medidas de tendência central e dispersão (variáveis numéricas),além de teste de Kruskal-Wallis para relação da gravidade/variáveis numéricas.
RESULTADOS Dos 825 AOs, 686 foram por peçonhentas (média171/ano): 147 casos/Ø óbito (2014); 178 casos/2óbitos (2015); 148 casos/3 óbitos (2016);213 casos/1óbito (2017). Em 598 (87,1%), o AO foi em membro inferior. Quanto à gravidade, 378 casos leves (55,1%); 183 moderados(26,7%) e 101 graves (14,7%). Dos 686 AOs, 636 foram do gênero Bothrops(92,7%), 7 Micrurus(0,9%),6 Crotalus(0,9%), e 5 Lachesis(0,8%). Os meses de maior ocorrência foram julho/2015 (3,6%) e abril/2017 (3,5%). Em 171 casos o tempo do acidente/atendimento foi de até 1 hora (24,9%), entre 1 e 3 hs em 146(21,3%), entre 3 e 6 hs em 109 (15,9%); entre 6 e 12hem 82(12%) e+12 hs em22% (151). Uso de soros antiofídicos foi realizado em 643 casos (93,73%), com média de 10,1 ampolas/acidentes graves, 6,2 para acidente moderado e 3,2 nos leves. Dos 686 acidentes, 643 (93,7%) evoluíram para cura e 06 (0,9%) para óbito. Quanto à gravidade, 83% nos AOs por Micrurus, 20% por Lachesise, 15% por Bothrops. Não se observou nenhum acidente grave com gênero Crotalus. Acidentes graves ocorreram quando o tempo entre o acidente/atendimento foi >que 3h, 19,2% contra 12,2% dos atendimentos <de 3 h.
CONCLUSÃO Importante agravo, principalmente em populações rurais, indígenas e ribeirinhas, os Aos graves ocorrem quando o tempo entre o acidente e o atendimento é >3 horas. Os resultados obtidos mostram que a diferença das taxas de mortalidade entre as populações indígenas e o restante da população brasileira está relacionada ao tempo entre a ocorrência do acidente e a aplicação do soro, regiões estas que não possuem uma estrutura de cadeia de frio adequada.
EP176
Tuberculose e outras Micobacterioses
Eritema endurado de Bazin: abordagens diagnósticas de uma doença negligenciada. Autores: José Antonio Ferreira Júnior, Thatiane Camargo Romero, Leonardo Pereira Quintella, Iury Cataldo Coutinho, Luiza Schinke Genn, Roberta Nicol Villalba D’cunha, Thaís Sales Amendola, Leonardo Lora Barraza, Thiago Sebold Palavras-chaves:
tuberculose latente
, paniculite com vasculite
, eritema endurado de bazin
Resumo
Eritema endurado de Bazin: abordagens diagnósticas de uma doença negligenciada.
Introdução: O levantamento recente da Secretaria de saúde do Estado (SES) aponta que o Rio de Janeiro ocupa a segunda posição no ranking nacional relativo à incidência de tuberculose no SINAN. O eritema endurado de Bazin é uma dermatose granulomatosa subcutânea rara causada por uma reação de hipersensibilidade ao M. tuberculosis.
Objetivos: discutir a abordagem diagnostica de um caso com apresentação clinica exuberante.
Materiais e métodos: para este relato de caso foi realizada uma revisão do prontuário, registro fotográfico e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pela paciente.
Resultados: Feminina de 67 anos de idade, com antecedente de diabetes mellitus tipo 2, em uso de antidiabéticos orais, ex-tabagista, com histórico há um ano de pápula eritematosa no terço médio do membro inferior esquerdo com crescimento progressivo, associada a prurido, exsudato sero-hemático e perda de apetite. Ao exame achamos placa eritemato-violácea de 8,5x6,5 cm, infiltrada, com crostas hemáticas superficiais. A ultrassonografia com doppler da lesão cutânea mostrava acometimento da derme e subcutâneo, com padrão de paniculite mista predominantemente septal no centro da lesão e lobular na periferia, com sinais de atividade inflamatória. Os testes rápidos para IST não foram reagentes. O PPD de 24mm, na radiografia de tórax não se acharam alterações. A bioquímica mostrou microcitose, elevação de VHS e PCR. A biopsia cutânea revelou “dermatite intersticial/difusa crônica, granuloma com necrose (caseosa, liquefaria e fibrinoide). O infiltrado inflamatório alcança o panículo, mas o quadro histopatológico não reflete paniculite stricto sensu. As técnicas de Wade, Grocott e PAS não evidenciaram micro-organismos”. Foi diagnosticado eritema endurado do Bazin associada a tuberculose latente, optando-se por início de esquema de rifampicina, isoniazida, etambutol e pirazinamida (2RHZE/4RH), com involução da lesão.
Conclusão: Esta dermatose cuja etiologia é uma vasculite mediada por imunocomplexos, é mais frequente nas extremidades inferiores de mulheres e diabéticos, conforme observado neste caso. A histopatologia é caracterizada por paniculite lobular com vasculite, embora não tenha sido observado neste caso, a ultrassonografia com doppler para lesões dermatológicas foi um método de auxilio diagnostico neste caso. O esquema 2RHZE/4RH é o tratamento de escolha.
EP177
Tuberculose e outras Micobacterioses
ESCOLAR COM OTOMASTOIDITE TUBERCULOSA: UM RELATO DE CASO Autores: Clara Vasconcelos Orlandi, Yárina Rangel Vieira, Fernanda Queiroz Maciel, Thiago Dias Anachoreta, Thalita Fernandes de Abreu, Ana Cristina Cisne Frota, Cristina Barroso Hofer, Giuliana Pucarelli Lebreiro, Patricia de Mattos Guttmann, Marise da Penha Costa Marques Palavras-chaves:
Otomastoidite
, Tuberculose
, Pediatria
Resumo
ESCOLAR COM OTOMASTOIDITE TUBERCULOSA: UM RELATO DE CASO
Introdução: A otite média supurativa crônica é uma importante causa de deficiência auditiva adquirida na faixa etária pediátrica, sendo na maioria das vezes de causa bacteriana. Já a otite média crônica de etiologia tuberculosa é rara e demanda alto nível de suspeição, estando frequentemente associada à mastoidite no momento do diagnóstico.
Objetivo: Relatar o caso de uma paciente de 10 anos e 9 meses com otomastoidite tuberculosa.
Relato de caso: Paciente previamente hígida, iniciou quadro de otorragia à direita em outubro de 2020 após sofrer acidente automobilístico, sendo prescrita prednisolona e antibioticoterapia com amoxicilina-clavulanato. Manteve otalgia persistente, recebendo curso de 10 dias do mesmo antibiótico nos meses de novembro, dezembro e janeiro, sem relato de melhora evolutiva. Após 4 meses, além de persistência do quadro clínico prévio, paciente evoluiu com abaulamento, dor e hiperemia da região de mastoide à direita. Tomografia computadorizada (TC) evidenciava extensa área de erosão da mastoide à direita com coleção subperiosteal e comunicação com fossa posterior, mantendo íntimo contato com seio sigmoide. Submetida a timpanomastoidectomia com saída de secreção purulenta, apresentando biópisia com granuloma caseoso e área de necrose, além de cultura da secreção e da peça cirúrgica positivas para Mycobacterium tuberculosis. Prova tuberculínica de 12mm e RX de tórax sem alterações. Sem relato de contato prévio com paciente com diagnóstico de tuberculose. Investigação de acometimento do sistema nervoso central com TC de crânio e análise de líquor normais, com BAAR e geneXpert negativos. Iniciado tratamento com rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol por dois meses, completando 1 ano de tratamento com as duas primeiras drogas e com boa evolução clínica.
Discussão: O caso em questão levanta a discussão de como uma queixa tão prevalente nos pronto-atendimentos pediátricos como a otalgia, principalmente em casos de refratariedade ao tratamento convencional para germes comuns, pode estar associada a etiologias menos convencionais como a tuberculose. A demora no diagnóstico frequentemente acarreta complicações como a mastoidite, com risco considerável para acometimento do sistema nervoso central e consequente maior morbimortalidade associadas.
EP125
Infecções fúngicas
Esporotricose e criptococose felina: a importância do diagnóstico diferencial Autores: Maria Lopes Corrêa, Sandro Antonio Pereira, Luciana Trilles, Rosani Santos Reis, Anna Barreto F. Figueiredo, Cindy C. Honorato, Gabriela Reis P. de Oliveira, Bruno Fiore C. Figueiredo, André Felipe Chacon, Isabella Dib Gremião Palavras-chaves:
zoonoses
, gatos
, Técnicas e Procedimentos Diagnósticos
Resumo
Esporotricose e criptococose felina: a importância do diagnóstico diferencial
Introdução: Esporotricose felina é enzoótica no Brasil, onde o principal agente etiológico, Sporothrix brasiliensis, demonstra habilidade para transmissão zoonótica. Por outro lado, a criptococose é raramente diagnosticada em gatos no país, apesar de relatos de casos humanos e da ampla distribuição de ambientes contaminados por matéria orgânica de pombos e outras aves. A forma de manifestação clínica pode ser fator confunditório para o diagnóstico diferencial dessas infecções. Por isso, precisão de diagnóstico é importante, pois podem servir como sentinela para casos humanos.
Objetivos: Descrever a ocorrência de casos de esporotricose e criptococose felina em centro de referência no Rio de Janeiro.
Materiais e Métodos: Foi avaliada a frequência de diagnóstico para tais micoses no período de 1998 a 2020, a partir de prontuários médico veterinários.
Resultados: Foram identificados 5.344 casos de esporotricose e 22 de criptococose felinas.
Conclusões: Esporotricose zoonótica no Brasil se fez evidente no Rio de Janeiro a partir de 1998, quando pacientes humanos apresentavam lesões cutâneas e histórico de contato com gatos doentes. Com o avanço da epidemia da esporotricose, fez-se urgente o controle dadoença felina. Por isso, foram adotadas estratégias de diagnóstico clínico epidemiológico e citopatológico que são reprodutíveis e oferecerem celeridade ao processo, porém são falhas quanto a especificidade para diferenciação do diagnóstico de outras micoses, tal qual criptococose. Nos serviços de referência para esporotricose felina, a maioria dos casos são suspeitos devido ao aspecto clínico de lesões cutâneas, além dos sinais respiratórios. No entanto, os gatos exibem quadro clínico semelhante durante o curso de infecção dessas duas micoses e o exame citopatológico pode ter sensibilidade e especificidade baixais para esse diagnóstico diferencial, devido a morfologia celular. Desse modo, a assertividade do diagnóstico baseado nesses achados depende da experiência do observador. O impacto desse diagnóstico diferencial está relacionado as medidas de controle sanitário que cada infecção demanda. Na esporotricose, tratamento de gatos doentes e prevenção do contato direto são medidas adequadas para proteção. Por sua vez, o diagnóstico da criptococose felina sinaliza para a possível contaminação ambiental, implicando em adoção de estratégias de desinfecção que requerem mobilização de toda a população (humana e animal) que compartilham das mesmas habitações.
EP126
Infecções fúngicas
Esporotricose levando à hospitalização: relato de cinco casos Autores: Lorena Nascimento Caldas, Saulo Cristian Lima de Souza, Dayvison Francis Saraiva Freitas, Cristiane da Cruz Lamas, Priscila Marques de Macedo, Marcos Abreu Almeida Palavras-chaves:
esporotricose
, hospitalização
, epidemiologia
Resumo
Esporotricose levando à hospitalização: relato de cinco casos
Introdução: A esporotricose é uma micose subcutânea, subaguda ou crônica que acomete humanos e animais, causada por fungos dimórficos do gênero Sporothrix. A transmissão clássica é por traumas durante agricultura e jardinagem, mas a transmissão zoonótica a partir de gatos infectados emergiu no estado do Rio de Janeiro (RJ) em 1998. Geralmente benigna e limitada à pele e vasos linfáticos locais, em raras ocasiões pode disseminar.
Objetivos: Descrever os casos hospitalizados com esporotricose entre janeiro e abril de 2022, em um hospital terciário de infectologia.
Materiais e Métodos: Coleta dos dados dos prontuários eletrônicos da instituição de pacientes hospitalizados no período proposto. Análise descritiva de variáveis sociodemográficas e clínico-epidemiológicas.
Resultados: Foram admitidas três mulheres e dois homens, com idade entre 45 e 90 anos. Um caso tinha exposição laboral ao solo e os outros quatro, convívio com gatos. Quanto à procedência, dois eram da Baixada Fluminense, dois da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e um de Cabo Frio. Dois eram tabagistas e um etilista. Todos tiveram lesões ulceradas em membros superiores, tronco e face, caracterizando esporotricose disseminada. Dois tiveram osteomielite e um neuroesporotricose. Houve duas pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA), uma delas com diagnóstico de HIV na internação; um transplantado hepático; três idosos e um diabético. Todos apresentaram cultivo positivo para Sporothrix sp., de lesões cutâneas (n=4) ou do líquor (n=1). O tratamento ambulatorial foi com itraconazol e em um caso houve a associação com anfotericina B complexo lipídico. Todos os pacientes internados foram tratados com anfotericina B. Infecções bacterianas secundárias a partir das lesões cutâneas ocorreram em quatro pacientes e o tempo médio de hospitalização foi de 34 (26-45) dias. Dois pacientes morreram com infecção nosocomial e três seguem ambulatorialmente.
Conclusões: Corroborando o descrito na literatura, quatro dos cinco casos residiam na região denominada “cinturão da esporotricose” do RJ, onde há transmissão zoonótica urbana/periurbana. A esporotricose não é doença definidora de AIDS. Entretanto, um dos pacientes teve diagnóstico de infecção pelo HIV pela apresentação oportunista atípica da esporotricose e, em outro caso, houve neuroinfecção em PVHA de longa data, com imunodepressão avançada. Esses pacientes necessitaram de internação prolongada, com complicações e óbitos relacionados à infecção nosocomial.
EP148
Infecções comunitárias
Estudo de coorte de pacientes adultos com endocardite infecciosa Autores: Cristiane da Cruz Lamas, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo, Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho, Rafael Quaresma Garrido, Giovanna Ianini Ferraiuoli Barbosa, Wilma Félix Golebiovski, Bruno Zappa, Marcelo Goulart Correia, Clara Weksler Palavras-chaves:
endocardite infecciosa
, valvopatia reumática
, estreptococos do grupo viridans
, mortalidade
, embolização
Resumo
Estudo de coorte de pacientes adultos com endocardite infecciosa
Introdução: A endocardite infecciosa é uma doença grave, com alta mortalidade. Nosso objetivo é descrever uma série de pacientes adultos com EI atendidos em um centro de referência em cirurgia cardíaca, destacando suas especificidades. Métodos: Pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos de 2006 a 2021 prospectiva e consecutivamente. A análise estatística foi realizada nos softwares Jamovi 1.6 e R 4.0.1. Resultados: Houve 435 episódios de EI no período do estudo. A média de idade±DP foi de 47,8±17,3 anos; 283 (65,1%) eram homens. Aquisição comunitária de EI ocorreu em 284 (65,4 %), e nosocomial em 112 (25,8 %). A EI precoce de prótese valvar (EIPPV) foi responsável por 47/435(10,8%) casos e a EI tardia de prótese por 77(17,7%). Na história pregressa, 170 (39,3%) tinham feito cirurgia cardíaca, 173 (40,0%) tinham insuficiência cardíaca congestiva (ICC), 91 (21,0%) insuficiência renal crônica. As principais predisposições para EI foram valvopatia reumática (VP) em 133 (31,5%), prótese valvar em 28,5%, cardiopatia congênita em 61 (14,0%), EI prévia em 51 (11,8%) e uso de drogas intravenosas em 5 (1,2%) %). Vegetações foram observadas na valva mitral em 214 (49,4%), aórtica em 180 (41,6%), e em dispositivos intracardíacos, em 33 (7,6%). Febre foi observada em 91,7%, novos sopros regurgitantes em 54,4%, embolia em 48,3%, esplenomegalia em 20,4%; Nódulos de Osler, lesões de Janeway, hemorragias subconjuntivais e hemorragias subungueais foram vistos em menos de 5% cada. PCR estava elevada em 82,3% e VHS em 58,9%. Hemoculturas foram colhidas em 98,6% dos episódios, mas foram positivas em apenas 67,1%. Os patógenos mais frequentemente isolados foram estreptococos do grupo viridans, EGV (21%), S.aureus (11%) e enterococos (11%). As principais complicações foram IC aguda, em 263 (60,7%), insuficiência renal aguda (33,9%), e abscesso miocárdico (22,6%). A cirurgia foi indicada para 373 (86,1%) e efetivamente realizada em 316 (79,8%). A mortalidade intrahospitalar foi de 109/425 (25,6%). Conclusões: Em nosso centro quaternário, predominou a EI esquerda, com hemoculturas negativas. EGV foram os patógenos mais frequentemente encontrados nas hemoculturas positivas. A VR foi a principal predisposição. Esses achados diferem daqueles descritos em séries de países em desenvolvimento. A indicação cirúrgica foi frequente, devido ao viés de referenciamento, e a mortalidade geral foi semelhante à literatura.
EP099
Imunizações e Medicina de viagem
Estudo epidemiológico da vacinação de HPV: um comparativo regional, etário e entre os sexos. Autores: Mylena Etelvina de Macedo Alves, Juliana Silva Albuquerque, José Matheus Gomes Duarte, Sarah Catherine Cruz Andrade, Milena Roberta Freire da Silva, Daniel Marques da Silva Palavras-chaves:
HPV
, Papilomavírus humano
, Vacina
, Epidemiologia
Resumo
Estudo epidemiológico da vacinação de HPV: um comparativo regional, etário e entre os sexos.
Introdução: As vacinas possuem significativa contribuição na prevenção de várias doenças e já foram responsáveis por erradicar algumas no Brasil e no mundo. Nessa perspectiva, a vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) é relevante não somente para combater a disseminação do vírus, como também para prevenção primária e de possíveis complicações causadas pelo vírus, como o câncer de colo de útero. Assim, a imunização realizada em crianças e adolescentes, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), representa um meio fundamental para prevenir a infecção pelos tipos mais prevalentes de HPV.
Objetivo: Analisar o impacto da adesão vacinal de crianças e adolescentes contra o HPV no Brasil.
Materiais e métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, a partir da análise de dados coletados no Sistema Informatizado do Programa Nacional de Imunização do DATASUS, em maio de 2022. As variáveis consideradas foram: período de 2017 a 2021, faixa etária de 9 a 14 anos, regiões do Brasil e imunobiológico HPV.
Resultados: Nesse período houve um total de 23.202.917 imunizantes aplicados, considerando todas as regiões, sexo e faixa etária de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Observou-se que no decorrer dos anos analisados (2017-2021) sempre houve um decréscimo com relação ao ano anterior e, comparando o ano inicial (2017) com 2021, houve declínio de 42,2% na aplicação dos imunizantes. Com relação à faixa etária, considerando os dois sexos, as idades de 14, 13 e 10 anos possuem a menor adesão vacinal, mesmo essas idades sendo o público alvo. Por fim, dentre as regiões com menor índice de doses aplicadas, se encontra a região Centro-Oeste (1.770.840), que corresponde a apenas 7,6% da vacinação total.
Conclusões: Em vista disso, baseado na análise dos dados, há um decréscimo progressivo da adesão da vacina do Papilomavírus humano. Sabendo que é indispensável a vacinação como prevenção primária contra o câncer de colo de útero, vagina e vulva em mulheres, de pênis em homens e anal nos dois, é necessário a realização de campanhas de incentivo à vacinação, que devem, inclusive, considerar a vulnerabilidade social de adolescentes que acabam por tornarem-se sexualmente ativos antes dos 14 anos, visto que o ideal é a vacinação ocorrer antes do início da vida sexual.
EP165
Miscelânea
Etiologia infecciosa da deficiência visual dos alunos admitidos em um centro de referência nacional da área da deficiência visual (2015-2021) Autores: Maria Clara Batista de Souza, Sirlene dos Santos Ribeiro, José Tadeu Madeira de Oliveira, Marco Aurélio Pereira Horta, Elba Regina Sampaio de Lemos Palavras-chaves:
deficiência visual
, etiologia infecciosa
, cegueira
Resumo
Etiologia infecciosa da deficiência visual dos alunos admitidos em um centro de referência nacional da área da deficiência visual (2015-2021)
INTRODUÇÃO Segundo dados da Organização Mundial de Saúde existem aproximadamente 2,3 bilhões de pessoas com algum comprometimento da visão e destas 36 milhões apresentam perda total da visão. A deficiência visual, total ou parcial, pode ter várias causas. No Brasil, dados do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2010 mostram que 18,6% da população brasileira possuem algum tipo de deficiência visual e que mais de 500 mil são cegas.
OBJETIVO Realizar a identificação das principais causas da cegueira e baixa visão de uma amostra de alunos admitidos em um centro de referência nacional na área da deficiência visual localizado no município do Rio de Janeiro, no período de 2015 a 2021.
MATERIAIS E MÉTODOS Visando determinar a etiologia da deficiência visual nos estudantes foi realizado um estudo com base nos dados secundários obtidos em prontuários de alunos matriculados na instituição. As informações referentes aos dados demográficos, à classificação da deficiência visual e à etiologia foram organizadas em planilha do software Excel, separadas por ano e incluídas em um banco de dados, atendendo aos critérios de exclusão estabelecidos.
RESULTADOS Os resultados mostraram que dos 135 estudantes incluídos no estudo, a retinopatia da prematuridade, o glaucoma congênito, a catarata congênita, o descolamento de retina e a toxoplasmose congênita ainda se mantêm como as principais causas de cegueira evitável. Em relação à etiologia infecciosa foram encontrados os seguintes agravos: toxoplasmose congênita (7,35%), sífilis congênita (2,21%), meningite bacteriana (2,21%), meningite criptocóccica (0,74%), varicela (0,74%), citomegalovirose (0,74%). Além de um caso associado com meningoencefalite por Mycobacterium tuberculosis, foram identificadas duas crianças, uma com diagnóstico de "Coloboma+microftalmia" (0,74%) associada com o vírus zika e outra com toxoplasmose congênita, cuja mãe relatava ter se infectado com Chikungunya durante a gestação.
CONCLUSÃO: Com os resultados obtidos foi possível confirmar que as causas adquiridas e tratáveis da deficiência visual predominaram no centro de referência nacional na área da deficiência visual, assim como visto em estudos realizados anteriormente, e que a epidemia da síndrome da zika congênita contribuiu para a prevalência de casos de deficiência visual associados à infecção
EP117
Infecções congênitas e pediátricas
Evolução das internações por infecções respiratórias em crianças em relação às variáveis etárias e sociais da região Sudeste em comparação com outras regiões brasileiras em 10 anos Autores: Laura Martins Rangel, Lucas Loiola Ponte Albuquerque Ribeiro, Bárbara Costa Godinho, Ana Clara Laclau Bacellar De Souza Lopes, Rúbia de Oliveira Freixo, Carolina Mothé Venancio Palavras-chaves:
Infecções respiratórias
, Pediatria
, Hospitalização
Resumo
Evolução das internações por infecções respiratórias em crianças em relação às variáveis etárias e sociais da região Sudeste em comparação com outras regiões brasileiras em 10 anos
Introdução: As infecções respiratórias agudas (IRA) são um problema em saúde pública, por englobarem a maioria das internações no Sistema Único de Saúde. Ademais, encontram-se entre as causas mais comuns de mortalidade infantil no Brasil.
Objetivos: Analisar a relação entre variáveis etárias e sociais na evolução das internações por IRA em crianças da região Sudeste em comparação com outras regiões brasileiras entre 2012-2022.
Materiais e Métodos: Estudo descritivo baseado em dados secundários obtidos em consulta pública ao DataSUS, no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) a partir das variáveis: número de internações pediátricas por Asma, Pneumonia, Influenza e Bronquite; idade, cor e sexo nas macrorregiões do Brasil nos últimos 10 anos. Os dados foram tabulados e quantificados pelo Microsoft Excel for Windows® com análise estatística simples.
Resultados: Das IRAs, 35,1% se encontram no Sudeste. Nas internações por pneumonia, as menores taxas estão no Norte (14%) e Centro-Oeste (8,4%), mas possuem maior mortalidade, respectivamente, 0,89% e 0,71%. Quanto ao sexo, o masculino tem 55,1% de internações, em contraponto à maior mortalidade feminina, 0,66%. Ocorreu predomínio de 38,3% dos pardos, tendo os indígenas a maior mortalidade, 1,38%, exceto na asma com 0,09% e 0,12% nos pretos. Na faixa etária, houve maior mortalidade entre 15 e 19 anos (1,85%) e aumento do tempo de permanência do paciente na unidade em relação decrescente à idade para todas as IRA. Entre 2012 e 2019, maio se destacou em 62,5% dos casos. Já no período da pandemia do COVID-19, não observou-se o mesmo padrão, visto que janeiro e novembro são os de mais internações, dando ênfase à mortalidade em maio (1,62%) de 2020 e em janeiro (1,35%) de 2021, além de um custo hospitalar aumentado em julho e agosto de 2021.
Conclusões: As internações pediátricas por IRAs têm maior incidência no Sudeste, porém sua maior mortalidade se encontra no Norte e Centro-Oeste. O reconhecimento dessa tendência nas diferentes regiões do país pode ser estratégia útil para a vigilância epidemiológica, dado o maior desenvolvimento socioeconômico no Sudeste. Em concordância com a literatura, a maior ocorrência de IRAs é no primeiro semestre do ano, por isso é necessária uma estruturação no atendimento de saúde nos períodos de pico destas infecções. Ainda, é necessário políticas públicas para detecção precoce, prevenindo riscos a essas crianças, principalmente em regiões menos desenvolvidas
EP025
COVID-19
Fatores associados a mortalidade hospitalar por Covid-19: Diferenças entre a 1ª e 2ª onda. Autores: Davi Neri Araújo, Fernanda Freitas Lemos Lopes, Ana Claudia Monteiro Lima, Yuri Andrade Cardoso de Sena, Brenda Brito Pinheiro, Cássio Conceição Santana Santos, Gabriel Lessa Barbosa da Silva, PAULO BENIGNO PENA BATISTA, Kiyoshi Ferreira Fukutani Palavras-chaves:
COVID-19
, Mortalidade
, Infecção por Vírus COVID-19
Resumo
Fatores associados a mortalidade hospitalar por Covid-19: Diferenças entre a 1ª e 2ª onda.
Introdução: O Brasil é o segundo país com mais mortes devido a Covid-19 no mundo. Logo, identificar características clínicas e epidemiológicas relacionadas ao óbito dos pacientes devido a doença é fundamental para estabelecer o tratamento adequado.
Objetivos: Identificar características clínicas e epidemiológicas relacionadas ao óbito de pacientes hospitalizados por Covid-19 durante a 1ª e a 2ª onda em Salvador (Bahia).
Métodos: Estudo de coorte retrospectivo, com dados de prontuários eletrônicos de todos os pacientes hospitalizados na rede pública de saúde em Salvador-BA, com o diagnóstico molecular ou sorológico de Covid-19 durante a 1ª (01/04 a 30/11/2020) e 2ª onda (1/12/2020 a 30/01/2021). A amostra foi descrita por medidas de tendência centrais e de dispersão, além de sua frequência e porcentagem, comparadas pelo teste de Mann-Whitney U ou qui quadrado. Variáveis clínicas foram ajustadas em modelo múltiplo de regressão logística obtendo-se o Odds Ratio para risco de óbitos, considerando o Intervalo de Confiança de 95%, e o valor de p<0,05.
Resultados: A amostra contou com 10588 participantes, 8446 durante a 1ª e 2142 durante a 2ª onda. Em ambos os períodos houve a predominância de pacientes do sexo masculino (53.5% e 55.5%), com idade média de 60.88 e 61.03 anos, para a 1ª e 2ª onda, respectivamente. Notou-se um aumento da mortalidade durante a 2ª onda (28.1% x 9.6%; p<0.01), bem como um incremento do tempo médio de dias de internação hospitalar (9.44 x 12.49, p<0.01). Quanto a sintomatologia, febre (61.2 x 56.9; p<0.01) e diarreia (47.8% x 13.5%; p<0.01) foram mais frequentes durante a 1ª onda. Na 1ª onda, o sexo feminino se associou a redução na mortalidade (OR 0.86, IC 0.76-0.98; p=0.03), diferentemente da 2ª onda (OR 1.10, IC 0.79-1.52; p=0.57). Por sua vez, a doença renal crônica (DRC) foi associada a mortalidade durante a 1ª (OR 1.78 IC 1.43-2.21; p<0.01) e 2ª onda (OR 3.03, IC 1.67-5.05; p < 0.01). No entanto, pneumopatias prévias foram relacionadas com mortalidade apenas na 2ª onda (OR 2.11, IC 1.11-3.98; p<0.01). Por fim, diabetes e cardiopatias prévias não apresentaram associação com o risco de mortalidade em nenhuma das duas ondas.
Conclusão: A segunda onda possuí características distintas, com maior mortalidade e hospitalização prolongada em relação a primeira. A DRC foi o único fator estudado associado a elevação da mortalidade nos dois períodos. Cardiopatias e diabetes não demonstraram associação com a mortalidade em nossa análise.
EP067
HIV/AIDS e outras ISTs
Fatores relacionados com a retirada não regular de antirretrovirais de pessoas vivendo com HIV/aids no interior de Minas Gerais Autores: Juliano de Souza Caliari, Giselle Juliana de Jesus, Elia Pinheiro Botelho, Elucir Gir, Renata Karina Reis Palavras-chaves:
apoio social
, HIV
, antirretrovirais
Resumo
Fatores relacionados com a retirada não regular de antirretrovirais de pessoas vivendo com HIV/aids no interior de Minas Gerais
Introdução: Os antirretrovirais possibilitaram aumento da sobrevida, diminuição das internações hospitalares e de complicações associadas à doença; contudo mesmo o tratamento sendo gratuito e impactando positivamente na qualidade de vida dos indivíduos, ainda se observam casos persistentes de não adesão.
Objetivos: Realizar uma análise descritiva sobre os fatores relacionados com a retirada não regular de antirretrovirais de pessoas que vivem com HIV/aids.
Materiais e Métodos: Estudo transversal, realizado nos anos de 2020 e 2021, analisando os prontuários dos usuários de um ambulatório especializado para PVHA no interior de Minas Gerais. Foram analisados os prontuários dos usuários que não haviam feito a retirada regular dos antirretrovirais, ao longo de 24 meses, e identificado o número de retiradas/meses em que os antirretrovirais não foram retirados na unidade de saúde e o perfil populacional. Todos os aspectos éticos foram contemplados.
Resultados: Foram identificados que de 930 cadastros, 456 usuários deixaram de fazer a retirada regular dos antirretrovirais, em algum período, ao longo dos anos de investigação. E do total de 24 meses de retirada de medicamentos, observou-se que, 9,2% haviam deixado de fazer uma retirada de antirretroviral, 28,3% duas retiradas, 28,0% três retiradas, 17,8% quatro retiradas e 16,7% cinco retiradas. Em relação ao perfil da população, destacaram-se, 72,3% homens, 46,1% brancos, 43,5% negros e 10,4 pardos; 59,0% que já haviam sido internados; 63,0% que eram usuários de algum tipo de droga; 53,0% que vivam como solteiros e 64,0% que apresentavam alguma comorbidade.
Conclusões: No período estudado, percebeu-se que ser homem, raça não branca, presença de internação, uso de drogas e apoio familiar e presença de comorbidades foram as variáveis mais predominantes na população de não adesão regular aos antirretrovirais. Apesar dos dados terem sido analisados em um momento atípico, de medo e isolamento, por conta da pandemia de covid-19, corrobora com o perfil de outros estudos que apontam o perfil descrito como a população mais fragilizada socialmente, merecendo mais atenção dos gestores dos serviços de saúde.
EP160
Infecções relacionadas à imunossupressão
Febre de origem obscura como manifestação de criptococose em paciente imunossuprimido Autores: Lucas Barreto Rique, Maria Eduarda Fernandes Rocha, Lucas Zanetti de Albuquerque, Mariana Lopes de Almeida, Rayla Senra de Paiva, Isabela Peçanha Bogado Fassbender, Larissa Wermelinger Sá, Paulo César Corrêa David de Almeida, Jéssica Mussel Santos, Eliane Almeida do Valle Palavras-chaves:
Criptococose
, HIV
, Febre de origem obscura
Resumo
Febre de origem obscura como manifestação de criptococose em paciente imunossuprimido
Introdução: A criptococose é uma micose sistêmica oportunista causada pela inalação de propágulos viáveis de Crytococcus spp. A doença relaciona-se com a baixa imunidade celular, principalmente em portadores de HIV, que, em sua grande maioria, apresentam uma clínica inespecífica, com febre, cefaleia, rigidez de nuca e alucinações. Um estudo de 2017 concluiu que a cripitococose é a principal etiologia de meningite em pacientes HIV. A doença criptocócica é responsável por cerca de 15% da mortalidade relacionada à AIDS, de maneira que o diagnóstico precoce pode auxiliar na redução da gravidade do quadro. No entanto, sintomas inespecíficos podem prolongar o diagnóstico, levando a um quadro de febre de origem obscura.
Objetivos: Ratificar a importância de considerar a criptococose como diagnóstico diferencial em pacientes portadores de HIV com febre de origem obscura através de um relato de caso.
Materiais e Métodos: Relato de caso via análise de prontuário e revisão bibliográfica.
Resultado: Em setembro/ 2021, paciente inicia quadro diário de febre alta, que perdurava ao longo do dia e melhorava momentaneamente com utilização de paracetamol. Associada à hipertermia, apresentou sudorese noturna que molhava os lençóis, além de dor torácica em aperto ao deglutir, respirar fundo e em determinadas posições de decúbito lateral, com irradiação para o dorso e sem relação com esforço. Também houve relato de tosse seca diária iniciada em outubro e de perda ponderal não intencional de 5 Kg nos 3 meses subsequentes. Negava outros sintomas. Dois dias após a internação, em novembro, evolui com leve cefaleia em fisgada em região temporal direita. Então, foi solicitado doppler de artéria temporal, que sugeriu arterite de células gigantes de grandes vasos (ACG-LV). Contudo, ao passar dos dias a cefaleia ficou mais intensa, com caráter latejante em região fronto-temporal direita. Após uma semana de internação, foi confirmada sorologia para HIV, fato não sabido, que foi determinante para o correto diagnóstico, norteando condutas subsequentes. Foi feito análise líquórica, positivando para Cryptococcus neoformans em exame direto e cultura, estando o fungo presente também em lavado broncoalveolar. Seguiu-se então o tratamento antifúngico com melhora e alta médica da paciente.
Conclusões: O relato demonstra a importância de ser aventada a hipótese de criptococose dentro de seu amplo leque de manifestações clínicas em pacientes imunossuprimidos com febre de origem obscura.
EP149
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Formação de biofilme em patch de pericárdio bovino por cepas de Staphylococcus haemolyticus isolados de hemocultura Autores: Bruna Ribeiro Sued Karam, Renata da Silva Vasconcelos, Felipe Caldas Ribeiro, Guilherme Goulart Cabral-Oliveira, Julianna Giordano Botelho Olivella, Barbara Araújo Nogueira, Paula Marcele Afonso Pereira-Ribeiro, Ana Luíza de Mattos Guaraldi Palavras-chaves:
Biofilme
, Pericárdio bovino
, Staphylococcus haemolyticus
Resumo
Formação de biofilme em patch de pericárdio bovino por cepas de Staphylococcus haemolyticus isolados de hemocultura
Introdução: Nos últimos anos, têm sido cada vez mais descrito, isolados nosocomiais de Staphylococcus haemolyticus com altos níveis de resistência a múltiplas drogas antimicrobianas, incluindo heterorresistência a glicopeptídeos. O potencial patogênico de S. haemolyticus está principalmente relacionado com sua capacidade de se aderir e formar biofilme em várias superfícies. O patch de pericárdio bovino (PPB) é um biomaterial, composto por fibras de colágeno e comumente utilizado em cirurgias vasculares. A possibilidade de contaminação do PPB por patógenos humanos é de grande relevância médica, além de que poucas informações estão disponíveis na literatura sobre casos de infecção relacionada ao PPB.
Objetivos: O objetivo deste estudo foi investigar a capacidade de formação de biofilme em poliestireno na presença de antimicrobianos e no PPB por isolados de S. haemolyticus isolados de hemoculturas de pacientes hospitalizados com bacteremia.
Materiais e Métodos: Neste estudo, foram utilizados dois isolados clínicos de S. haemolyticus previamente obtidos de pacientes com infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter. Um paciente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e um paciente adulto da Enfermaria. Os microrganismos foram identificados por MALDI TOF, segundo Kornienko et al (2016). A análise quantitativa da formação de biofilme em poliestireno na presença de oxacilina, vancomicina e linezolida, a formação de biofilme utilizando modelo in vitro com PPB, além dos ensaios de PCR para os genes relacionados com a formação de biofilme: icaA, aap, atl e fbp, foram realizados segundo Sued-Karam et al (2022).
Resultados: Ambas as amostras foram capazes de produzir biofilme maduro tanto no poliestireno na presença dos três antimicrobianos, quanto no PPB, porém, em intensidades diferentes. A amostra isolada de paciente da UTIN, apresentou maior capacidade de produção de biofilme do que a amostra isolada de paciente da Enfermaria. Tanto a amostra isolada de paciente da UTIN quanto a amostra isolada de paciente da Enfermaria, expressaram os genes fbp e atl. Contudo, apenas a amostra isolada de paciente da UTIN expressou o gene icaA, e apenas a amostra isolada de paciente da Enfermaria, expressou o gene aap.
Conclusões: Os dados do estudo enfatizam a capacidade de formação de biofilme como mecanismo de virulência relevante, além do envolvimento de múltiplos fatores, favorecendo a colonização e persistência em PPB por cepas de S. haemolyticus.
EP178
Tuberculose e outras Micobacterioses
FORMAS DE APRESENTAÇÃO DE TUBERCULOSE TORÁCICA EXTRAPLEUROPULMONAR EM PACIENTES DIABÉTICOS Autores: LUIZA CUNHA GONÇALVES, LEONARDO CUNHA GONÇALVES, ADRIANA RODRIGUES DA CUNHA, ELMAR GONZAGA GONÇALVES Palavras-chaves:
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
, RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
, TUBERCULOSE
Resumo
FORMAS DE APRESENTAÇÃO DE TUBERCULOSE TORÁCICA EXTRAPLEUROPULMONAR EM PACIENTES DIABÉTICOS
INTRODUÇÃO
Mediastino, arcos costais, coluna dorsal e músculos do gradil costal constituem sítios torácicos extrapleuropulmonares que se destacam pelo eventual envolvimento por tuberculose, sem a necessidade de lesão pulmonar em atividade associada. As lesões têm início insidioso com evolução lenta e progressiva. Estes pacientes geralmente possuem algum fator que compromete sua imunidade e atenção especial deve ser dada para pacientes diabéticos, devido à elevada prevalência atual desta condição.
OBJETIVOS
O presente estudo visa ressaltar o comportamento de lesões tuberculosas torácicas extrapleuropulmonares ocorrendo em pacientes diabéticos independente da existência de lesão pleuropulmonar associada.
MATERIAIS E MÉTODOS
Em arquivos de três hospitais universitários foram revisados tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas do tórax (incluso coluna torácica) de pacientes diabéticos, no período de janeiro de 2010 a janeiro de 2021, reconhecendo lesões torácicas confirmadas laboratorialmente tratar-se de tuberculose, com ênfase na identificação de lesões torácicas extrapleuropulmonares.
RESULTADOS
Foram identificadas lesões extrapleuropulmonares em quatro pacientes diabéticos, sendo um com processo inflamatório infeccioso mediastinal, um com lesão isolada de arco costal, um com abscesso/miosite em parede torácica anterior e um com lesão/abscesso em coluna vertebral. A tuberculose extrapulmonar pode comprometer qualquer sítio anatômico do ser humano e a confirmação diagnóstica pode ser feita por diferentes procedimentos laboratoriais e anátomo-patológicos. Em relação a tomografia computadorizada e o crescente uso de ressonância magnética os achados são bastante peculiares em cada compartimento, com comportamentos de disseminação infreqüentes o que deve manter os profissionais envolvidos na avaliação desses pacientes sempre atentos a possibilidade de tratar-se de tuberculose, com atenção especial para a eventual associação com diabetes.
CONCLUSÃO
Os exames de imagem auxiliam na identificação de lesões por tuberculose torácica extrapleuropulmonar, na extensão dos sítios afetados e na condução dos procedimentos de punção aspirativa para definição diagnóstica microbiológica, assim como de eventuais drenagens, participando não só na conduta diagnóstica quanto na evolução terapêutica desta entidade.
EP150
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Frequência de microrganismo do grupo ESKAPE e E. coli resistente aos carbapenemas em oitos hospitais no Rio de Janeiro: análise em dois períodos em 2021 após mudança de plano de gestão da CCIH Autores: Camila Helena Macedo da Costa, Julio Cesar Delgado Correal, Beatriz Muller Unser, João Vitor Santana Cunha, Lilian Torres Rodrigues Oliveira, Wagner Aragao da Silva, Maria de Lourdes Martins, Priscila Roberta Simoes da Silva, Camille Alves Brito de Moura, Paulo Vieira Damasco Palavras-chaves:
RESISTÊNCIA BACTERIANA
, COVID-19
, PATÓGENOS ESKAPE
Resumo
Frequência de microrganismo do grupo ESKAPE e E. coli resistente aos carbapenemas em oitos hospitais no Rio de Janeiro: análise em dois períodos em 2021 após mudança de plano de gestão da CCIH
Introdução: O acrônimo ESPAKE engloba um grupo de microrganismos multirresistentes (MDR) como: E.faecium (VRE), S.aureus (MRSA) resistentes à vancomicina, K. pneumoniae (KP), A. baumannii, P.aeruginosa, Enterobacter spp. resistentes aos carbapenemas (CARBA), e mais recentemente a Escherichia coli resistentes a CARBA. O controle MDR é um desafio para a infectologia, em particular durante a pandemia de COVID-19. Neste trabalho, avaliamos a frequência VRE, MRSA e Bacilos Gram-negativos resistentes a CARBA antes e após a mudança de paradigmas da coordenação de CCIH.
Objetivos: Analisar se houve mudança na frequência de identificação de microrganismos do grupo ESKAPE e E. coli resistente aos carbapenemas (CARBA) em oitos hospitais privados do Rio de Janeiro antes e após a mudança plano de gestão da CCIH.
Materiais e Métodos: Estudo prospectivo multicêntrico, de intervenção antes e pós mudanças de um novo plano terapêutico, novas práticas de limpeza hospitalar, treinamento de coleta de hemoculturas. Não houve intervenção no mobiliário da instituição até janeiro de 2022. Para isso, comparamos as prevalências das bactérias ESKAPE - E.coli resistente a CARBA, em pacientes internados de janeiro a abril de 2021 (P1) e julho a outubro de 2021(P2). As prevalências foram ajustadas pelo número de pacientes-dia em cada período e calculada a percentagem de variação dos dois períodos. Não foram consideradas culturas de vigilância nesta análise.
Resultados: Avaliamos um total 4190 culturas (P1 N = 2086 e P2 = 2104), estas pacientes de UTI (46.711 pacientes-dia). Encontramos uma prevalência de 36,6% de microrganismos do grupo ESKAPE. Após a intervenção multidisciplinar a prevalência de KPC foi de 7,5%. Assistimos uma queda na prevalência de VRE (34,1%), A. Baumannii (55,6%) no período pós-intervenção. Sem embargo, foi verificado aumento da prevalência de P. aeruginosa (50,8%), MRSA (31,8%) e curioso aumento de E. coli resistente a CARBA (37,6%).
Conclusões: A prevalência neste estudo do grupo ESKAPE foi 36,6%. Após o período de quatro meses de intervenção multidisciplinar prevalência KPC e P. aeruginosa MDR foi 7,5% e 50,8%, respectivamente. Houve uma queda na prevalência de VRE, Acineto MDR. Como foi verificado um aumento na prevalência de MRSA, P.aerugionsa, KP e E.coli resistente a CARBA, acreditamos que sem mudanças profundas no mobiliário e ambiente hospitalar, não será possível redução da persistência de MDR nas superfícies do ambiente.
EP068
HIV/AIDS e outras ISTs
Hábitos de vida e fatores de risco cardiovascular entre pessoas que vivem com o HIV/aids Autores: Renata Karina Reis, Marcela Antonini, Elucir Gir Palavras-chaves:
HIV
, risco cardiovascular
, doenças crônicas
Resumo
Hábitos de vida e fatores de risco cardiovascular entre pessoas que vivem com o HIV/aids
INTRODUÇÃO: A terapia antirretroviral (TARV) reduziu a morbimortalidade das pessoas vivendo com HIV (PVHIV) e melhorou a sua expectativa de vida. Entretanto, com o aumento da sobrevida, essa população tornou-se mais acometida por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tais como diabetes mellitus (DM), hipertensão arterial sistêmica (HAS) e dislipidemia quando comparadas com a população em geral. O estilo de vida, por seu caráter modificável, tem importante papel no desenvolvimento das DCNT bem como no manejo dos fatores de risco de doenças cardiovasculares (DCV).
OBJETIVOS: Identificar os hábitos de vida e os fatores de risco para DCV entre pessoas que vivem com HIV.
MÉTODO: Trata-se de um estudo quantitativo, transversal com coleta de dados realizada em ambiente virtual com abrangência nacional (Brasil) através da plataforma Survey Monkey. Participaram do estudo 539 (100%) PVHIV, com idade igual ou superior a 18 anos, alfabetizados e que tinham acesso à internet. Utilizou-se um questionário com variáveis sociodemográficas, relacionadas aos hábitos de vida (tabagismo, etilismo, sedentarismo) e doenças crônicas não transmissíveis (DM, HAS, dislipidemia). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da instituição prepotente sob parecer nº 3.915.295.
RESULTADOS: A maioria dos participantes era do sexo masculino (445; 82,6%), na faixa etária dos 25 aos 45 anos (395; 73,3%), com ensino superior completo (280; 51,9%), com orientação sexual homoafetiva (398; 73,8%) e em uso de TARV a menos de cinco anos (381; 70,7%). A maioria relatou ter uma vida estressante (340; 63,1%), habito alimentar saudável (321; 59,6%), consumir bebida alcoólica menos de quatro vezes ao mês (326; 60,%%) e praticar atividade física pelo menos uma vez na semana (283; 52,5%). Do total, poucos eram tabagistas (105; 19,5%) e referiram utilizar algum tipo de substância psicoativa (139; 25,8%). Ademais, poucos referiram já terem Diabetes Melitus (17; 3,2%), HAS (53; 9,8%) ou ter algum tipo de alteração na dosagem de colesterol (56; 10,4%).
CONCLUSÕES: É necessário incluir intervenções educativas com foco na adoção e continuidade de hábitos de vida saudável nos cuidados prestados as PVHIV.
EP179
Tuberculose e outras Micobacterioses
HANSENÍASE EM RORAIMA: INCIDÊNCIA E CARACTERÍSTICAS DOS CASOS NOTIFICADOS, 2010 A 2020. Autores: João Victor Gemaque Santos, Laura Beatriz Rocha Bacelar Paiva, Milena Ellen Mineiro Torres, Ayrton Almeida Silva Palavras-chaves:
hanseníase
, epimdeiologia
, incidência
Resumo
HANSENÍASE EM RORAIMA: INCIDÊNCIA E CARACTERÍSTICAS DOS CASOS NOTIFICADOS, 2010 A 2020.
Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução crônica que se manifesta, principalmente, por lesões cutâneas, manifestações essas provenientes da infecção pelo agente etiológico Mycobacterium leprae. No Brasil a hanseníase avança a cada ano como um problema de saúde pública, o país ocupa o segundo lugar no ranking de números de casos por ano, ficando atrás apenas da Índia. Em Roraima a doença apresenta com evolução decrescente ao decorrer dos anos, apesar disso ainda com incidência elevada.
Objetivos: descrever a incidência da hanseníase e as características dos casos notificados no estado de Roraima, Brasil, no período de 2010 a 2020.
Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, que utilizou dados secundários de notificação de casos de hanseníase do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde do Brasil (SINAN).
Resultados: No período de 2010 a 2020, foram notificados 1490 casos de hanseníase, com média de 135 casos ao ano (desvio-padrão de 41,2 casos). Durante o período considerado pelo estudo, houve uma diminuição de 75,6% na incidência da hanseníase no estado. A maior incidência foi observada no ano de 2012 (38,9/100 mil habitantes). Durante todo período a maior parte dos casos ocorreu em homens (67,2%). Em que a forma clínica predominante foi a dimorfa (45,4%). Em relação ao número de lesões cutâneas 37,1% dos casos registrados tinham número superior a 05 lesões. Observou-se que 27,1% dos casos eram paucibacilares e 72,9% multibacilares; 7,85% dos indivíduos notificados apresentaram grau II de incapacidade física. Analisando, houve registro nesse período de 16 casos na população indígena, dentre os casos em indígenas a prevalência é de multibacilares totalizando 81,3% desses, além de uma expressão de 37,5% de casos que apresentam Grau I de incapacidade física.
Conclusão: O relato de que a maioria dos casos eram multibacilares, indica diagnósticos tardios, assim, torna-se necessário descentralizar o serviço de hanseníase e capacitar mais diagnóstico e tratamentos mais precoces. No presente estudo, foi observado que haja essa provável problemática em Roraima, uma vez que em comparação entre o número de casos em indígenas e não indígenas há grande prevalência nestes, acusando que haja uma subnotificação.
EP051
Hepatites virais
Hepatitis B prevalence in HIV positive patients in Maputo City Autores: Lucia Mabalane Chambal Palavras-chaves:
Hepatitis B
, HIV
, HIV/HBV coinfection
Resumo
Hepatitis B prevalence in HIV positive patients in Maputo City
Background
Since the advent of HAART, HIV-associated morbidity and mortality has substantially declined. However, this has switched the morbidity and mortality in this patient population towards non-HIV associated factors, including liver diseases due to viral hepatitis.
Among HIV-infected individuals worldwide, 5–15% are estimated to be co-infected with HBV. Consequences include higher rates of chronicity after acute HBV infection, higher level of HBV replication, more rapid progression of liver disease, higher liver-related mortality, and increased risk of hepatotoxicity to antiretroviral drugs.
Methods
These results are from a descriptive prospective study involving a cohort of HIV ART naïve patients.
Participants were recruited in two health centres in Maputo City from May 2021 and were stratified according to HBsAg serological results: HIV-infected/HBsAg negative patients (mono-infected) and HIV-infected/HBsAg positive patients (coinfected).
All participants performed a complete blood count, serum transaminases assays, CD4+ T cells count and HIV viral load. First, patients were screened for HBsAg, and when positive, the HBV DNA viral load was measured.
Results
The results are based on 853 ART-naïve HIV-infected patients that are currently enrolled in this study. The median age of the study population was 37 years old, and 53.1% were women.
HBsAg was reactive in 55 patients, yielding a coinfection rate of 6.4%.
Of the co-infected patients, 38 (69%) were male, 16 (29%) reported multiple partners in the last six months, 21 (38.1%) reported unprotected sexual intercourse in the last six months, six (10.9%) patients reported previous HBV immunization, seven (12.7%) reported blood transfusion, while 19 (34.5%) and five (9%) reported ritual scarification and tattoo/piercings, respectively.
Clinical signs of liver disease (e.g., jaundice, ascites, splenomegaly and hepatomegaly) were not observed in the co-infected patients.
The median CD4+ T cells count was 341 cells/mm3 and 19 (34.5%) had a CD4 count <200 cells/mm3. Out of the coinfected patients, 44 performed the HBV viral load, and 13 (29.5%) had HBV-DNA < 20, 12 (27.3%) had HBV DNA ≥ 20 - < 20 000 and 19 (43.2%) had HBV-DNA ≥20 000.
Conclusion
This study strengthens the knowledge of HIV/HBV coinfection in Mozambique.
We found that half of HIV/HBV coinfected patients present high levels of HBV DNA and are at risk of developing a liver-related disease.
EP069
HIV/AIDS e outras ISTs
HIV na População Negra no Brasil: Prevalência e Fatores Associados Autores: Jeferson Manoel Teixeira, Bárbara de Oliveira Baptista Savariego, Francisco Thalyson Moraes Silveira Palavras-chaves:
HIV
, População Negra
, Escolaridade
, Brasil
Resumo
HIV na População Negra no Brasil: Prevalência e Fatores Associados
Introdução: A população negra no Brasil merece um olhar especial, já que ela pode estar ampliada, tendo em vista o somatório das discriminações resultantes das iniquidades raciais e de gênero. A vulnerabilidade da população negra a infecção pelo HIV seria consequência também da violência estrutural que incide de modo mais perverso sobre o grupo principalmente nas comunidades pobres, influenciando diretamente nas determinantes sociais de indivíduos ou grupos sociais específicos ao HIV.
Objetivos: Descrever a prevalência dos casos de HIV na população negra no Brasil entre os anos de 2010 a 2021 e sua associação com variáveis socioeconômicas.
Materiais e Métodos: Estudo transversal retrospectivo analítico, foram utilizados dados do DATASUS analisando as seguintes varáveis: raça, sexo, idade, nível de escolaridade e região de residência.
Resultados: De 2010 a 2021, entre pretos e pardos que compõem a população negra brasileira, houve um aumento de infecção por HIV de 58,2%. Em relação as pessoas brancas, houve um decréscimo nos casos de infecção por HIV, reduzindo 30,66%. Ao sexo, entre os anos analisados, os autodeclarados homens cis, apresentaram um percentual de 70,5% e as mulheres autodeclaradas cis 28,5% de todos os casos notificados. Acerca da idade, a maior concentração de casos está entre jovens de 25 a 39 anos, de ambos os sexos (52,4% são homens e 48,4% são do sexo feminino). No que concerne o nível de escolaridade, os cidadãos analfabetos eram um total de 4.622 pessoas e com ensino superior 35.496 pessoas vivendo com HIV, no período de análise. Com diferença de 1,25% para 9,93% sendo analfabetos e graduados, respectivamente. Sobre as regiões do Brasil, houve uma maior incidência na região sudeste com 165,24% de casos notificados por 100.000 habitantes. Em seguida Sul 75,06%, Nordeste 73,56%, Norte 35,39% e Centro-Oeste 29,59%.
Conclusões: Constatou-se nesse presente estudo grande vulnerabilidade para a aquisição do HIV na população negra. Atualmente no Brasil, homens cis são os que mais adquirem a infecção. Popularmente entende-se que o nível escolaridade, torna o indivíduo susceptível a fatores de risco. Mas com os dados obtidos, percebe-se que o grau de instrução não o torna menos esclarecido, visto que as pessoas graduadas obtiveram maior percentual no diagnóstico de HIV, comparado aos analfabetos. No Brasil, a região sudeste e sul são as que mais notificam os casos do vírus, esses aumentam em meses de migração sazonal.
EP180
Tuberculose e outras Micobacterioses
Identificação da relevância dos diferentes métodos de diagnóstico laboratorial para Tuberculose na região Norte do Brasil de 2015 à 2019 Autores: João Victor Gemaque Santos, Laura Beatriz Rocha Bacelar Paiva, Ayrton Almeida Silva, Milena Ellen Mineiro Torres, Ramyres Carolaynne Sousa Lopes Silva, Ana Karolyni Sanches de Lima Palavras-chaves:
Tuberculose
, Diagnóstico
, Região Norte
Resumo
Identificação da relevância dos diferentes métodos de diagnóstico laboratorial para Tuberculose na região Norte do Brasil de 2015 à 2019
Introdução: A tuberculose é uma doença infecciosa milenar causada pelo Micobacterium turbeculosis responsável por elevado índice de mortalidade no mundo. O bacilo pode instalar-se em diversos órgãos apresentando como quadro clínico febre baixa, sudorese noturna, indisposição, adinamia e perda de peso. Para o controle da tuberculose, é necessário que seja feita a detecção precoce, para isso, é preciso a identificação dos pacientes com sintomas respiratórios típicos da tuberculose. Esse processo envolve a busca ativa na comunidade e a investigação clínica, para a partir disso, solicitar exames, como esfregaço e coleta de escarro.
Objetivos: Identificar os métodos laboratoriais relevantes para o diagnóstico da Tuberculose nos diferentes estados da região Norte brasileira
Métodos: Este trabalho consiste em estudo epidemiológico, descritivo, retrospectivo, com abordagem quantitativa. Os dados sobre o perfil do diagnóstico laboratorial da tuberculose na Região Norte do Brasil foram obtidos do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2015 a 2019.
Resultados/Discussão: Com relação ao diagnóstico por meio da baciloscopia direta o estado que mais realizou esse exame como forma de diagnosticar foi Pará representando 62,77% dos casos confirmados no estado. Percebe-se que mesmo sendo um método de baixa sensibilidade quando comparado a outros meios, ainda é bastante difundido por ser um exame de baixo custo e rápido. O estado que mais realizou a cultura e o diagnóstico por via laboratorial da doença foi Roraima representando 83,53% dos casos confirmados. Já o estado do Amazonas aparece como o que mais realizou o diagnóstico sem a utilização de ferramentas laboratoriais, representando 37,7% do total de casos confirmados no estado, utilizando mais os critérios clínicos e os exames de imagens.
Conclusão: Nesse sentido, a utilização de exames laboratoriais representa a maior parte das confirmações diagnósticas para Tuberculose. Dentre esses, a cultura aparece como um exame mais antigo e que tende a ser substituído por exames que apresentem uma maior sensibilidade e especificidade, além de mais rápidos. Apesar da tuberculose ainda ser um grande problema de saúde pública na região Norte, o seu diagnóstico, é por vezes tardio/deficiente, sendo necessárias medidas para sua melhoria.
EP026
COVID-19
Impacto da infecção por COVID-19 na sobrevida e em índices laboratoriais de prognóstico em pacientes com câncer avançado em cuidados paliativos exclusivos: um estudo de comparação entre coortes Autores: Luciana Ramadas, Ana Carolina Brito, Eliza Maffioletti Furtunato Leocádio Esteves, Karla Santos da Costa Rosa, Simone Garruth do Santos Machado Sampaio, Livia Costa de Oliveira Palavras-chaves:
sobrevida
, covid19
, cuidados paliativos
Resumo
Impacto da infecção por COVID-19 na sobrevida e em índices laboratoriais de prognóstico em pacientes com câncer avançado em cuidados paliativos exclusivos: um estudo de comparação entre coortes
Introdução: Entre os fatores de risco para óbito e complicações por COVID-19 está o câncer, principalmente nos estágios avançados. Determinar o prognóstico no câncer avançado (CA) é um dos pilares em cuidados paliativos (CP), favorecendo o estabelecimento de estratégias de assistência e uso eficiente dos recursos. Alguns índices laboratoriais (IL) têm sido usados em CP oncológicos pelo poder prognóstico e aplicabilidade clínica.
Objetivos: Analisar a sobrevida global (SG) e IL prognósticos em pacientes com COVID-19 e CA em CP exclusivos, comparando com pacientes sem infecção pela COVID-19.
Materiais e métodos: Pacientes com CA e COVID-19 entre março e julho de 2020 (coorte I) foram comparados a pacientes com CA acompanhados na mesma instituição entre outubro de 2018 e fevereiro de 2019 (coorte II). Foram avaliados a idade, sexo, tipo tumoral, metástases, funcionalidade, exames laboratoriais e data do óbito. Os IL prognósticos foram: RPA (relação proteína C reativa/albumina), RNL (relação neutrófilos/linfócitos) e RPL (relação plaquetas/linfócitos), cujos valores medianos nas duas coortes foram usados como pontos de corte. Comparou-se as medianas com o teste U de Mann-Whitney e as proporções com o teste x2 de Pearson. Utilizou-se curvas de Kaplan-Meier, teste de log-rank e o modelo de risco proporcional de Cox para avaliar o valor prognóstico dos IL. Foram realizados três modelos múltiplos, com adição de variáveis de p-valor<0,200 nas análises univariadas.
Resultados: Foram avaliados 159 pacientes, sendo 79 da coorte I e 80 da coorte II, majoritariamente idosos (>60 anos: 55,2%), do sexo feminino (68,4%) e com tumores ginecológicos (23,5%). Não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas entre as características demográficas e clínicas das coortes. As medianas e os intervalos interquartis (IIQ) dos IL para o somatório dos pacientes foram: RPA 3,5 (1,0-7,9), RNL 8,1 (4,5-14,8) e RPL 293 (175-498), sem diferença estatística significativa entre as medianas das duas coortes. A mediana da SG na coorte I foi de 32 dias (IIQ 6-70) e de 24 dias na coorte II (IIQ 8-42), sem diferença estatisticamente significativa, assim como entre as medianas de SG de acordo com cada IL. De acordo com os modelos múltiplos, apenas o RPA manteve poder preditivo (HR: 2,12; IC95% 1,12–4,35).
Conclusões: Pacientes com CA não apresentaram redução da SG ao serem acometidos pela COVID-19. Entre os IL avaliados, apenas o RPA foi preditor prognóstico.
EP151
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Impacto das ações de prevenção e controle de infecção hospitalar na mudança do perfil microbiológico em unidade de terapia intensiva neonatal, com foco na redução da mortalidade neonatal Autores: Keline Soraya Santana Nobre, Nerci de Sá Cavalcante Ciarlini, Renata de Sousa Menezes, Ana Cristina Lima Rodrigues Palavras-chaves:
Neonate
, Sepsis
, Infection Control
Resumo
Impacto das ações de prevenção e controle de infecção hospitalar na mudança do perfil microbiológico em unidade de terapia intensiva neonatal, com foco na redução da mortalidade neonatal
Introdução: Os princípios gerais de uso racional dos antimicrobianos contemplam, diagnosticar e tratar efetivamente as infecções identificando o patógeno, praticar controle de antimicrobianos, tratar infecção e não a contaminação/colonização, interromper tratamento antimicrobiano quando a infecção é improvável. Objetivo: Identificar as ações desenvolvidas na instituição, sede do estudo, que impactaram na mudança do perfil microbiológico, prevalência da infecção primária de corrente sanguínea e mortalidade neonatal, na UTIN. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo descritivo, transversal, retrospectivo, quantitativo. A pesquisa foi realizada em uma maternidade escola de referência para parto de risco, na cidade de Fortaleza. Foram incluídos na pesquisa recém-nascidos que tiveram resultados de hemoculturas positivas para infecção de corrente sanguínea, ocorrência de infecção primária de corrente sanguínea e óbito por infecção hospitalar, ocorridos na unidade de terapia intensiva neonatal, no período entre 2016 e 2021. A coleta de dados foi realizada por meio da consulta às fichas de acompanhamento de infecção preenchidas pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). O instrumento para coleta de dados foi composto por informações acerca dos dados do peso do bebê, resultados de hemoculturas, ocorrência de infecção primária de corrente sanguínea e óbito por infecção hospitalar. Os dados foram tabulados e apresentados em gráficos no Programa Excel, Windows 10. Os parâmetros éticos desta pesquisa foram respeitados conforme Resolução CNS 466/12. Resultados: Em 2017 observou-se redução de percentual de 51% de bactérias gram negativas em recém-nascidos com sepse para 28% em 2021; encontrou-se taxa de 46% em 2017 que aumentou para 63% em 2021; e fungos aumentou de 3% a 9%. A taxa de mortalidade de recém-nascidos no ano de 2017 foi de 28%, com redução para 11% em 2021, ou seja, uma redução de 60,71% em 5 anos. Conclusão: As ações educativas aplicadas em serviço, juntamente com as mudanças estruturais e de rotina, contribuíram para a mudança no perfil microbiológico encontrados em recém-nascidos com sepse, aumentando os gram positivos e reduzindo os gram negativos (microrganismos mais virulentos), resultando em redução da taxa de mortalidade neonatal por infecção hospitalar.
EP008
Arboviroses
Impacto das tragédias de Mariana e Brumadinho na ocorrência das arboviroses Autores: Lucas Fernandes Vasques, Lucas Neves Dutra Novaes Maia, Thamiris da Costa Bená, Daniel John Barnett, Giovanna Panegassi Peres, Ana Flávia de Mesquita Matos, Julia Gória Ferraz, Maria Stella Amorim da Costa Zöllner, Julia Ferreira Gomes Pereira Palavras-chaves:
Desastres Provocados pelo Homem
, Arbovírus
, Dengue
, Zika vírus
Resumo
Impacto das tragédias de Mariana e Brumadinho na ocorrência das arboviroses
Os rompimentos das barragens de rejeitos dos municípios de Mariana e Brumadinho, ocorridos em 2015 e 2019 respectivamente, causaram, não somente a perda de vidas e extenso dano socioeconômico, mas também, como foi alertado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o impacto da lama contaminada sobre o bioma, alterou a biodiversidade local proporcionando melhores condições de proliferação de vetores de arboviroses.
Baseado nessas informações, o presente estudo pretende avaliar as alterações no número de casos de dengue e zika no Estado de Minas Gerais, durante o período de 2014 – 2021.
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e de natureza epidemiológica composto pelos dados secundários do DATASUS, em seu serviço de “tabnet”, no tópico “Epidemiológicas e Morbidade”, no qual foi selecionado “Notificações e Agravos de Notificação- 2007 em diante (SINAN)” e posteriormente selecionadas as arboviroses zika e dengue separadamente, sendo avaliados os casos confirmados no Estado de Minas Gerais, no período de 2014 a 2021.
Os casos de infecção por zika vírus foram pouco expressivos em 2014, apresentando cerca de 4, mas ocorreu um aumento exponencial de casos confirmados a partir de 2015, ano do acidente em Mariana, quando partiu de 59 casos relatados em 2015 para 20.457 em 2016, um aumento de 34.572%. Já os números de infecções por dengue evoluíram de 58.336 casos em 2014 para 525.682 casos em 2016, uma alta de 801%, passando por 195.850 casos em 2015. Os casos retornaram aos valores inferiores encontrados antes de 2015 nos dois anos seguintes, marcando 30.296 casos em 2018, mas voltando a crescer em 2019, ano do acidente de Brumadinho, alcançando 477.200 casos.
Portanto, conclui-se que as tragédias ocorridas em Mariana e Brumadinho, em 2015 e 2019, podem ter relação causal com o aumento dos casos de arboviroses como dengue e zika, visto que houve um aumento de mais de 9 vezes nos casos de dengue de 2014 para 2016, e de 15 vezes de 2018 para 2019. Já os casos de zika vírus aumentaram expressivamente em mais de 340 vezes no ano de 2016, como um dos prováveis fatores causáveis para essa ascensão dos casos a tragédia de Mariana. Dessa forma, conclui-se que desastres que envolvam a natureza acabam por desequilibrar o ecossistema e levar vetores para áreas urbanas, aumentando os casos de arboviroses e levando a prejuízos à saúde da população.
EP181
Tuberculose e outras Micobacterioses
Impacto de COVID -19 nos achados clínicos, radiológicos, e laboratoriais associados à tuberculose pulmonar Autores: Sabrina Soares Guimarães, Quezia Medeiros de Oliveira, Flávia Marinho Sant’Anna, Felipe Moreira Rifolfi, Valeria Cavalcanti Rolla, Adriano Gomes da Silva Palavras-chaves:
tuberculose
, COVID-19
, coinfecção
Resumo
Impacto de COVID -19 nos achados clínicos, radiológicos, e laboratoriais associados à tuberculose pulmonar
Introdução: Tuberculose (TB) é uma das principais causas de óbitos em todo o planeta, e com a pandemia de COVID-19, milhares de pessoas infectadas por SARS-COV-2 evoluíram com lesões pulmonares necessitando de hospitalização. TB e COVID-19 são duas doenças que comprometem o parênquima pulmonar e a associação entre elas não foi totalmente descrita até o momento. Objetivo: Avaliar se COVID-19 altera a gravidade de TB através de achados clínicos, laboratoriais e radiológicos. Metodologia: Foram analisados 31 participantes com TB confirmada por Xpert MTB/RIF Ultra ou cultura para Mycobacterium tuberculosis positivos. Estes foram incluídos entre Agosto de 2020 e Março de 2022 durante a hospitalização. Três grupos foram definidos: TB e COVID-19 concomitante (G1, n=9); TB com exposição prévia ao SARS-COV-2 (G2, n=10); TB sem exposição ao SARS-COV-2 (G3, n=12). O diagnóstico de COVID-19 foi confirmado por RT-PCR ou teste de antígeno, e a exposição prévia ao SARS-COV-2 por testes sorológicos. Dados clínicos, laboratoriais, demográficos e de tomografia computadorizada (TC) de tórax foram analisados. Resultados: O sexo masculino foi o mais frequente (G1=78%; G2=50%; G3=75%). A mediana de idade não foi diferente (G1=41 anos; G2=35; e G3=31,5 anos). As frequências de comorbidades como HIV (G1=44%; G2=50%; e G3=42%) e disglicemia (G1=55%; G2=87%; e G3=60%) foram equivalentes. A dispneia foi menos frequente em G1 (37%) que em G2 (90%, p=0,043) ou G3 (100%, p=0,01), e o tempo (semanas) mediano de tosse (G1=2; G2=4; e G3=5) não foi estatisticamente diferente. As frequências de alterações na TC como, cavitação (G1=62%; G2=62%; e G3=27%), árvore em brotamento (G1=44%; G2=62%; e G3=45%), e vidro fosco (G1=50%; G2=50%; e G3=27%) foram maiores em G1 e G2, sem significância. A mediana da concentração plasmática de proteína C reativa (G1=11,4; G2=16,1; e G3=9,1mg/dL), do número de linfócitos (G1=884; G2=815; e G3=535 cel/mm3) e de neutrófilos (G1=7.337; G2=8.498; e G3=4.949 cel/mm3) foram maiores em G1 e G2 (p=0,03) em relação a G3. A frequência do desfecho óbito não foi estatisticamente diferente entre os grupos G1 (11%), G2 (0%) e G3 (16%). Conclusões: Os grupos expostos ao SARS-COV-2 apresentaram alterações de alguns parâmetros avaliados em relação ao grupo TB, e o aumento do número de pacientes recrutados faz-se necessário para garantir maior poder estatístico para conclusões mais robustas.
EP027
COVID-19
Impactos da pandemia por COVID-19 na realização de exames e procedimentos diagnósticos cardiológicos no Brasil Autores: Mylena Etelvina de Macedo Alves, Daniel Marques da Silva, Letícia Stephanie de Souza Araújo, Severino Peixoto Nunes Netto, José Matheus Gomes Duarte, Juliana Silva Albuquerque, Sarah Catherine Cruz Andrade Palavras-chaves:
Pandemia por COVID-19
, doenças cardiovasculares
, técnicas e procedimentos diagnósticos
Resumo
Impactos da pandemia por COVID-19 na realização de exames e procedimentos diagnósticos cardiológicos no Brasil
Introdução: Durante a pandemia da COVID-19, foi relatado o aumento de mortalidade hospitalar por doenças cardiovasculares (DCV), o que pode estar associado a um planejamento deficiente no manejo das DCV em função de uma diminuição na quantidade de exames e procedimentos diagnósticos cardiológicos (EPDCs) realizados no Brasil.
Objetivos: Analisar os impactos da pandemia por COVID-19 na quantidade de EPDCs realizados no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2020 e 2021.
Materiais e Métodos: Foram avaliados o número de EPDCs realizados no SUS entre março e dezembro de cada ano, de 2015 a 2021, por meio de dados do Sistema de Informação Ambulatorial (SIA/SUS). Os EPDCs contabilizados foram: monitoramento pelo sistema Holter; monitoramento ambulatorial de pressão arterial; cateterismo cardíaco; teste ergométrico; ecocardiografia; e eletrocardiograma. Os dados até 2019 foram utilizados para projetar o número esperado de EPDCs em 2020 e 2021 por uma regressão linear considerando nível de significância estatística de 0,05 (valor P = 0,0026 para coeficientes angular e linear). A projeção foi comparada com os dados reais de 2020 e 2021.
Resultados: A regressão linear até 2019 apresentou um R-quadrado de 0,967, o que indicou a existência de tendência crescente de EPDCs realizados por ano antes do início da pandemia por COVID-19. No entanto, os dados registrados em 2020 foram 38,65% inferiores ao previsto com a regressão linear. Com isso, observou-se que a prestação de cuidados cardiovasculares foi notadamente afetada pela pandemia da COVID-19. Em 2021, após a campanha de imunização em massa, a realização dos EPDCs retomou a tendência de alta, com aumento de 21,39% em relação a 2020. Apesar da melhora, os dados reais em 2021 foram 29,14% inferiores ao valor previsto a partir dos quantitativos pré-COVID-19.
EP070
HIV/AIDS e outras ISTs
Imunossupressão grave resultando em múltiplas infeções em paciente infectado pelo HIV: Relato de caso Autores: Isadora de Lima Xavier Andrade, Alexandre Albuquerque Bertucci, Alexis Florentin Calonga Gomez, Caroline Franciscato, Claudia Elizabeth Volpe Chaves, Anamaria Mello Miranda Paniago, Natalia Oliveira Alves, James Venturini Palavras-chaves:
AIDS
, Histoplasmose
, Leishmaniose
Resumo
Imunossupressão grave resultando em múltiplas infeções em paciente infectado pelo HIV: Relato de caso
INTRODUÇÃO.O risco de infecções oportunistas relacionadas ao HIV aumenta à medida que a contagem de células T CD4 diminui. Pacientes em fase AIDS podem apresentar mais de uma infecção oportunista com manifestações clínicas similares e difícil diagnóstico diferencial entre elas.
OBJETIVO. Relatar um caso de AIDS com histoplasmose disseminada, leishmaniose visceral (LV) com disseminação cutânea, tuberculose, sífilis e covid-19.
CASO.Homem, 28 anos, com lesões ulcerativas disseminadas violáceas pelo corpo predominando em membros e na face, odinofagia para sólidos e líquidos e tosse produtiva com raias de sangue. Apresentava, ainda, palidez cutânea, linfonodomegalia em cadeias retroauriculares e estertores em base de pulmão direito. .. À admissão tinha anemia (hemoglobina 5.8 mg/dL), leucopenia (leucócitos: 2.390/mm3), plaquetas normais(150.000/mm3), proteína c reativa elevada (50,4UI/L/mL), hipoalbuminemia (2,2 mg/dL) e hiperglobulinemia (5,1mg/dL). Sorologias anti-HIV foi reagente, com contagem de células CD4+= 01/mm3 e a carga viral do HIVera de 4139746 cópias/µl. O teste treponêmico (eletroquimioluminescencia) foi reagente e o VDRL 1:4. A baciloscopia do escarro foi positiva. No exame direto (coloração de Giemsa) do aspirado de medula óssea (AMO) e da biópsia de pele foram visualizadas formas amastigotas de Leishmania spp. Com o diagnóstico de LV com disseminação cutânea, iniciou-se tratamento com anfotericina B lipossomal. Também foi iniciado tratamento para sífilis com penicilina e de TB com rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Durante a internação apresentou quadro gripal com teste RT-PCR para SARS-COV-2 positivo. Tanto Histoplasma capsulatum quanto Leishmania spp cresceram em meios de cultura específicos do AMO e da biópsia de pele. Leishmania infantum foi identificada por RFLP do esfregaço do AMO. Evoluiu com melhora clinica recebendo alta após 52 dias de internação.
CONCLUSÃO. Este caso reforça a necessidade de vigilância e investigação diagnóstica sistemática de múltiplas doenças oportunistas concomitantes em pacientes com AIDS e imunossupressão grave. Ressalta-se o difícil diagnóstico diferencial entre leishmaniose visceral e histoplasmose, que este caso apresentava ambas as infecções confirmadas por cultura. Ainda, métodos moleculares aplicados em amostras biológicas para o diagnóstico de LV são ferramentas diagnósticas promissoras.
EP071
HIV/AIDS e outras ISTs
INCIDÊNCIA DE AIDS EM ADOLESCENTES PRETOS E PARDOS NO RIO DE JANEIRO ENTRE 2019 E 2021 Autores: Luma Moreira Ayres, Kelly Cristina Cabral de Mello, Lilliam Barbosa Sobrinho, Carolina Oliveira de Paula, Karolayne Silva Souza, Milena Roberta Freire da Silva Palavras-chaves:
AIDS
, Adolescentes
, Epidemiologia
Resumo
INCIDÊNCIA DE AIDS EM ADOLESCENTES PRETOS E PARDOS NO RIO DE JANEIRO ENTRE 2019 E 2021
Introdução: A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma manifestação clínica da forma avançada da infecção causada pelo HIV. O vírus provoca transtornos na imunidade celular, resultando em maior suscetibilidade a infecções oportunistas e neoplasias. É necessária investigação a respeito dos casos de AIDS em adolescentes, uma vez que a literatura comprova que os jovens são imprudentes por se considerarem invulneráveis ao contágio.
Objetivo: Analisar a incidência de casos de AIDS em adolescentes pretos e pardos no Rio de Janeiro entre 2019 e 2021.
Método: Trata-se de um estudo ecológico, descritivo e com abordagem quantitativa a partir de dados coletados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação em 11 de junho de 2022. Foram investigados, segundo o local de notificação, os casos de AIDS em adolescentes no estado do Rio de Janeiro entre 2019 e 2021. As variáveis analisadas foram ano de notificação, faixa etária, sexo e raça. Utilizou-se a estatística descritiva por meio de frequência absoluta e relativa no Excel.
Resultados: Entre 2019 e 2020 foram notificados 38.382 casos de AIDS no Brasil, sendo, em 2019, 16.789 (43,74%), em 2020, 14.374 (37,45%), e em 2021, 7.219 (18,80%), assim, percebeu-se uma queda de 14,38% (2.415 casos), entre 2019 e 2020, e de 49,77% (7.155 casos), entre 2020 e 2021. Desses dados, constatou-se que no Rio de Janeiro, os casos de AIDS correspondem a 2.227 (5,80%), em que 1.116 (50%) foram em 2019, 828 (37,09%) em 2020, e 283 (12,67%) em 2021. No período estudado, dos 2.227 casos notificados no Rio de Janeiro, apenas 59 (2,65%) correspondem à faixa etária de 10 a 19 anos, que segundo a OMS representa a fase da adolescência. Quanto ao sexo, dos 59 casos de AIDS em adolescentes, 30 (50,84%) foram em homens e 29 (49,15%) em mulheres. De acordo com a raça, 14 (23,73%) foram em brancos, 1 (1,70%) em amarelo, 13 (22,03%) em pretos, 25 (42,37%) em pardos e 6 casos (10,17%) tiveram a sua raça ignorada.
Conclusão: Entre 2019 e 2021, percebeu-se uma redução dos casos de AIDS em adolescentes no estado do Rio de Janeiro. Porém, ainda pode-se observar que a incidência desses em pretos e pardos (38 casos) é maior comparada às outras raças, representando 64,40% dos casos entre 2019 e 2021. Esse estudo contribui para avaliar a incidência de HIV em adolescentes pretos e pardos e busca expor quantitativamente dados para novas pesquisas avaliarem a vulnerabilidade dessa parcela da população.
EP009
Arboviroses
Incidência de Arboviroses no Brasil durante os anos de 2017 a 2021 Autores: Juliana Silva Albuquerque, José Matheus Gomes Duarte, Mylena Etelvina de Macedo Alves, Sarah Catherine Cruz Andrade, Milena Roberta Freire da Silva, Daniel Marques da Silva Palavras-chaves:
Arbovírus
, Brasil
, Epidemiologia
Resumo
Incidência de Arboviroses no Brasil durante os anos de 2017 a 2021
Introdução: O Brasil é um país de clima tropical, o que, associado a precariedade das condições sanitárias, favorece a proliferação dos vetores de doenças, entre essas, as arboviroses. Nessa perspectiva, o mosquito Aedes aegypti representa um dos principais problemas de saúde pública no país devido ao seu alto grau de infectividade, acarretando morbimortalidade, principalmente em períodos de chuvas constantes. Assim, os surtos das arboviroses evidenciam a insuficiência de controle ao vetor, além da falta de prevenção destas infecções.
Objetivo: Analisar a incidência de arboviroses entre as regiões do Brasil durante os anos de 2017 a 2021.
Materiais e métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, a partir da análise de dados coletados no Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) do SUS - DATASUS, em maio de 2022. Para o estudo, foi considerado todos os casos de Dengue, Chikungunya e Zika registrados entre os anos de 2017-2021.
Resultados: Nesse período, houve um total de 4.458.421 casos das arboviroses supracitadas. A respeito dos casos da dengue (3.556.436) observa-se que não houve estabilidade no número de infectados pela doença, com um crescimento de 538,48% entre 2017-2019 e uma redução de 64,72% entre 2019-2021, encontrando maior prevalência nas regiões Sudeste (35,85%) e Nordeste (18,27%). No que se refere aos casos de Chikungunya (779.815), houve maior incidência no Nordeste (53,21%) e Sudeste (34,16%), com redução de 52,1% no número de casos no período de 2017-2018 e de 42,4% entre 2019-2020, com aumento de 49,9% entre 2018-2019 e de 34,2% em 2020-2021. Por fim, acerca dos casos de Zika Vírus (122.170), constata-se, da mesma forma, instabilidade no número de infectados durante os últimos cinco anos, com redução de 37% entre 2017-2018, de 38,75% entre 2019-2021 e um aumento de 48,17% entre 2018-2019, sendo o Nordeste (42,16%) e Sudeste (24,1%) as regiões de maior número de casos.
Conclusões: Conforme a análise dos dados, verifica-se, de forma geral, uma redução dos casos de arboviroses, excetuando os casos de dengue que tiveram um aumento considerável. É perceptível a importância de medidas de controle das arboviroses, visto os grandes impactos na saúde pública. Assim, o acesso ao saneamento e outras políticas de combate é primordial. Além disso, devido ao quadro pandêmico, há a possibilidade de subnotificação, o que compromete uma melhor avaliação sobre a incidência de arboviroses durante o período estudado.
EP072
HIV/AIDS e outras ISTs
Incidência de HIV e Aids em idosos no Brasil no período de 2011-2021 Autores: Anne Rafaelle Linhares Moreno, Ana Lara Guerra Barbosa, Ivan Bonfim Jacó de Oliveira, Paulo Henrique Pinheiro Machado Borges, Sarah Teixeira Almeida, Mariana Pitombeira Libório Palavras-chaves:
HIV
, AIDS
, Idosos
Resumo
Incidência de HIV e Aids em idosos no Brasil no período de 2011-2021
Introdução: A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) representam problemas de saúde pública de grande relevância na atualidade por seu caráter pandêmico e sua gravidade. Nesse contexto, a inserção do vírus dentre os idosos ainda é um assunto marginalizado na sociedade, acompanhado de estigma sobre a sexualidade do idoso e desconhecimento acerca da transmissão do HIV por parte dos idosos. Portanto, ressaltar a análise de dados sobre HIV e Aids nos idosos contribui com a desconstrução do preconceito sobre o assunto. Objetivos: Analisar, na população idosa, a incidência de casos de HIV entre os anos de 2011 a 2021, relacionando com a incidência de Aids. Materiais e métodos: Estudo descritivo baseado nas avaliações das taxas de HIV e Aids de 2011 a 2021 por meio de consulta do Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2021.Resultados: Entre os anos de 2011 a 2018 houve crescente taxa de incidência de HIV em idosos, com pico de casos em 2018. Porém, de 2018 para 2021, houve diminuição na incidência de HIV nessa população, sendo o primeiro decréscimo desde 2011. De 2018 a 2019 houve uma redução de 2,7% na incidência de HIV nessa faixa etária. Posteriormente, a taxa de incidência continuou regredindo mais acentuadamente, com decréscimo de 21,9% de 2019 a 2020; de 58,9% de 2020 a 2021 e consolidando um declínio de 67,9% entre 2019 a 2021. Paralelamente a esse cenário, identificou-se decréscimo nos casos de Aids nessa população de 2011 a 2020, passando de 5,9% para 4,5%, mesmo com elevação da incidência dos casos de HIV entre os senis no período de 2011 a 2018. Conclusões: Questiona-se se a diminuição do número de casos de HIV entre idosos nos anos de 2018 a 2019 relaciona-se com menor transmissão do vírus ou com subnotificação. Outra hipótese é o cenário da pandemia do Covid-19 como cofator da redução dos casos de HIV diagnosticados entre 2019 a 2020, que, anteriormente, apresentou crescente detecção durante quase uma década. Ainda, vale ressaltar que o crescimento da identificação e, possivelmente, do tratamento dos casos de HIV nos idosos pode ter contribuído com menor evolução dos casos de HIV para Aids entre 2011 a 2020. Portanto, a busca e tratamento por casos de HIV na população idosa deve ser estimulada, evitando novos casos de Aids. Ademais, é importante incentivar práticas de prevenção contra o HIV na população idosa, contribuindo para um cenário de menor taxa de HIV devido a diminuição da transmissão
EP182
Tuberculose e outras Micobacterioses
INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO INDÍGENA NO BRASIL DE 2001-2021 Autores: Karolayne Silva Souza, Milena Roberta Freire da Silva, Kátia Cilene da Silva félix, Maria betância Melo de Oliveira Palavras-chaves:
Tuberculose
, Indígenas
, Epidemiologia
Resumo
INCIDÊNCIA DE TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO INDÍGENA NO BRASIL DE 2001-2021
Introdução: A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pela Mycobacterium tuberculosis, e é considerada um problema de saúde pública global. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2019 cerca de 10 milhões de novos casos de tuberculose foram notificados no mundo, e aproximadamente 1,2 milhões de indivíduos foram a óbito. Desse modo, a tuberculose está relacionada principalmente com alguns grupos populacionais considerados suscetíveis a doença, como por exemplo a população indígena.
Objetivos: Analisar os casos de incidência de tuberculose em indígenas no Brasil de 2001-2021.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo e quantitativo, o qual foi realizado a partir da análise de dados de tuberculose com confirmação laboratorial, coletados no Sistema de Informações de Agravos e Notificação (SINAM) do SUS – DATASUS, no período de 2001-2021. Desse modo, foram consideradas dados sobre o tipo de entrada, forma da doença e as respectivas variáveis, região de notificação, sexo e faixa etária.
Resultados: De 2001-2021 foram registrados 9.228 casos de tuberculose em indígenas no Brasil, com média anual de 479 óbitos. Desses casos notificados, o tipo de entrada correspondeu a cerca de 7.989 (87%) casos novos, 526 (6%) recidivas e cerca de 21 casos com entrada pós-óbito. Em relação a forma de tuberculose, a pulmonar foi a mais incidente com cerca de 8.921 (97%) dos casos, tendo a forma extrapulmonar cerca de 124 (1%) casos e a forma conjunta (Pulmonar + Extrapulmonar) com 185 casos, ou seja, 2%. Logo, as regiões mais incidentes de casos notificados foram as regiões Norte com 3.632 casos (39%) e Centro-Oeste com 2.521 casos (27%). Foi observado que o sexo masculino obteve maior número de casos, com cerca de 5.614 (61%), tendo o sexo feminino apresentado cerca de 3.614 casos, ou seja, 39%. De acordo com a faixa etária, a idade entre 15-34 anos obtivera maior quantitativo de casos, obtendo cerca de 47% do número de casos.
Conclusões: A tuberculose em populações indígenas no Brasil é agravante e bastante preocupante, visto que, o risco de adoecimento nessa população comparado a população geral é muito maior. Assim, segundo os dados observa-se um número elevado de óbitos por tuberculose na população indígena no Brasil, o que se torna imprescindível a realização de estratégias de ações de vigilância nessa população para o controle da doença.
EP073
HIV/AIDS e outras ISTs
Incidência do HIV em crianças de até 2 anos no Brasil no período de 1990-2021 Autores: Gabriela Silva Bastos, Larissa Câmara Matos, Carlos Eduardo Santiago Vasconcelos, José Gladstone Castro Neto, Matheus Alves de Lima Mota Palavras-chaves:
HIV
, Transmissão vertical
, Pré-natal
Resumo
Incidência do HIV em crianças de até 2 anos no Brasil no período de 1990-2021
Introdução: A transmissão vertical do HIV ocorre da mãe para o feto durante a gestação, no parto ou na amamentação. Na ausência de profilaxia adequada, a transmissão vertical ocorre em 20-45% das crianças. Todavia, há redução significativa da transmissão quando são feitas medidas de prevenção e de orientação para a gestante portadora de HIV. Dentre os fatores preventivos associados à diminuição da transmissão vertical, destacam-se: uso da terapia antirretroviral (TARV) - que desde 1991 é fornecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde - durante a gravidez e trabalho de parto para a mãe e para o neonato, realização de testes sorológicos (diagnóstico precoce), contraindicação à amamentação. A maioria dessas medidas deve ser realizada durante o pré-natal, sendo essenciais ao declínio das taxas de infecção por HIV em crianças.
Objetivos: Analisar a incidência de HIV em crianças de até 2 anos no Brasil no período de 1990 a 2021.
Materiais e Métodos: Estudo descritivo e retrospectivo, que utiliza como base de dados o Sistema de Informações da Saúde do DATASUS sobre a incidência de HIV entre os anos de 1990 e 2021, segundo a faixa etária de menos de 1 ano a 2 anos.
Resultados e discussão: Entre 1990 a 2021, foram notificados 14.109 casos de HIV em crianças de até 2 anos, com uma média de 440,9 casos por ano. Foi evidenciado um grande aumento do número de casos entre 1995 e 2003, mas com diminuição considerável até 2021. Houve uma redução de 90,99% dos casos em 2021 em relação a 2002, época em que foi registrado o maior número de casos. Acredita-se que ações como tratar as pessoas portadoras de HIV/aids, testar regularmente para HIV as gestantes, fornecer profilaxia pré e pós-exposição, diagnosticar precocemente o HIV e usar preservativos, contribuíram para a redução dos casos. Ressalta-se que uma boa adesão à TARV e a manutenção de carga viral do HIV indetectável são fundamentais para reduzir substancialmente o risco de transmissão vertical.
Conclusão: A análise dos dados de incidência de HIV em crianças mostrou uma diminuição importante no número de casos ao longo dos anos. Tal redução coincide com o aumento de ações de prevenção e de controle da infecção, como maior acesso à informação, disponibilidade da TARV gratuitamente, maiores investimentos em pré-natais, dentre outros. Logo, para seguirmos reduzindo o número de casos de transmissão vertical, é fundamental manter medidas de prevenção nos três momentos (pré-natal, parto e pós-parto).
EP074
HIV/AIDS e outras ISTs
INCIDÊNCIA E CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E MORFOLÓGICA DAS DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS MALIGNAS EM PACIENTES COM TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV NO RIO DE JANEIRO NA ERA PÓS-TARVc: UM ESTUDO MULTICÊNTRICO Autores: Nathalia Lopez Duarte, Bárbara Sarni Sanches, Gabriella Alves Ramos, Julia Maria Bispo dos Santos, Henrique Floriano Hess e Silva, Janaina Oliveira Pondé, Cristiane Bedran Milito, Thalita Fernandes de Abreu, Marcelo Gerardin Poirot Land Palavras-chaves:
HIV
, Linfoma
, Agentes antirretrovirais
, Transmissão vertical
Resumo
INCIDÊNCIA E CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E MORFOLÓGICA DAS DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS MALIGNAS EM PACIENTES COM TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV NO RIO DE JANEIRO NA ERA PÓS-TARVc: UM ESTUDO MULTICÊNTRICO
INTRODUÇÃO: A terapia antirretroviral combinada (TARVc) tornou a AIDS uma doença de evolução crônica, aumentando a sobrevida dos pacientes e a prevalência da infecção na população pediátrica. Em crianças e adolescentes infectados pelo HIV, a incidência de câncer é de 5 a 8 vezes maior em relação aos não infectados, sendo o Linfoma não-Hodgkin (LNH) o tipo mais comum. No Brasil, os dados sobre incidência de neoplasias linfoproliferativas malignas (NLM) nessa população são escassos e pouco se sabe sobre o impacto do uso da TARVc nesse contexto.
OBJETIVOS: Caracterizar a incidência de NLM na população pediátrica infectada pelo HIV e o impacto da TARVc nesse contexto.
MATERIAIS E MÉTODOS: Uma coorte retrospectiva de 1.306 pacientes pediátricos infectados verticalmente pelo HIV que iniciaram acompanhamento em 6 instituições de referência na cidade do Rio de Janeiro entre 01/1995 e 01/2018 foi observada. Os dados foram coletados pela revisão de fichas de acompanhamento, registros do serviço social e prontuários. As amostras tumorais prévias foram enviadas ao Serviço de Patologia do HUCFF/UFRJ para reclassificação. O presente estudo, baseado em estudos espanhóis e norte-americanos, segmentou o período total em eras: Early TARVc (1995-1999), início da implementação da TARVc; Mid TARVc (2000-2003), ampliação do uso da TARVc; e Late TARVc (2004-2018), consolidação do uso da TARVc.
RESULTADOS: Foram encontrados 25 casos de linfoma na coorte, sendo a densidade de incidência de 1,66/1.000 pessoas-ano em 23 anos, com probabilidade cumulativa de evento global de 3,1%. O tempo de acompanhamento mediano foi de 13 anos (IC = 12,745 - 13,255). Em cada era, a probabilidade cumulativa de evento calculada por Nelson-Aalen foi de 4,85% na Early TARVc, 4,18% na Mid TARVc e 0,31% na Late TARVc (p = 0,005). A Hazard Ratio (HR) entre Early e Late TARVc foi de 15,471 (IC = 2,024 – 118,277; p = 0,008) e entre Mid e Late TARVc, de 13,359 (IC = 1,724 – 103,497; p = 0,013). Na análise das biópsias, foram identificados 4 Linfomas de Hodking e 21 LNH. Dentre os LNH, 19 são de subtipo conhecido, sendo predominante o L. de Burkitt com 12 casos. Os outros 2 LNH são de subtipo desconhecido por impossibilidade de acesso aos laudos.
CONCLUSÕES: Os achados confirmam a eficácia da TARVc na redução da incidência de NLM relacionadas ao HIV na população pediátrica e concordam com a literatura internacional em relação à morfologia das mesmas, trazendo resultados inéditos e robustos nesse contexto.
EP075
HIV/AIDS e outras ISTs
INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO EM MULHERES NAS DIFERENTES FASES REPRODUTIVAS Autores: Augusto de Castro Mesquita, Ana Paula Almeida Cunha, Francisco Pedro Belfort Mendes, Ilka Kassandra Pereira Belfort, Pablo de Matos Monteiro, Mariele Borges Ferreira, Sally Cristina Moutinho Monteiro, Flávia Castello Branco Vidal Palavras-chaves:
Infecções por Papillomavirus
, Pós-Menopausa
, Lesões Intraepiteliais Cervicais
Resumo
INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO EM MULHERES NAS DIFERENTES FASES REPRODUTIVAS
Introdução: O papilomavírus humano (HPV) é considerada a infecção sexualmente transmissível (IST) mais comum no mundo, tendo forte associação com tumores anogenitais, cervical e orofaríngeos. A prevalência desta IST em mulheres tem padrão bipolar com o primeiro pico ocorrendo em torno de 25 anos, e um segundo pico após os 50 anos. Indivíduos na pós-menopausa passam por alterações imunológicas e fisiológicas que facilitariam uma reativação ou nova infecção pelo vírus. Além disso, mudança nos parceiros sexuais no período da meia-idade e comportamentos de risco também estariam relacionados ao surgimento do segundo pico de infecção.
Objetivos: Comparar a prevalência do DNA-HPV e fatores risco em uma amostra de mulheres em diferentes fases reprodutivas.
Materiais e Métodos: Estudo descritivo e transversal com 353 mulheres atendidas em consultas ginecológicas de rotina em Unidades Básicas de Saúde de São Luís, Maranhão, no período de março de 2018 a março de 2019. As participantes foram estratificadas em três grupos: idade fértil, climatério e pós-menopausa. Todas responderam a um questionário sociodemográfico e realizaram exame de citologia oncótica. Um esfregaço cervical foi obtido para testes de biologia molecular para detectar e genotipar o HPV.
Resultados: O grupo pós-menopausa foi composto por 102 mulheres com idade média de 56,53±8,09 anos. Quando comparadas aos demais grupos, tinham maior renda (p<0,05), porém apresentavam fatores de risco importantes para infecção pelo HPV como menos anos de estudo, maior prevalência de fumantes, maior número de gestações e mais filhos (p<0,05). Além disso, a maioria não utilizava métodos contraceptivos, incluindo preservativos (p<0,05). A prevalência de HPV na população total foi de 59,8%, porém, as análises citológicas mostraram baixa ocorrência de atipia celular (6,8%) sem diferença estatística entre os grupos. Os genótipos virais de baixo risco oncogênico foram mais comuns em mulheres na pós-menopausa, e os de alto risco foram mais comuns em mulheres na idade fértil assim como ocorrência de IST prévia e presença de Gardnerella vaginalis (p<0,05).
Conclusão: O Ministério da Saúde recomenda a realização periódica do exame citopatológico em mulheres entre 25 a 64 anos de idade, sendo, portanto, também incluídas àquelas na pós-menopausa. Essa inclusão é importante uma vez que estes indivíduos apresentam importantes fatores de risco para infecção pelo HPV e alta prevalência de tipos virais de baixo risco oncogênico.
EP168
Outras doenças virais
Infecção por Parvovírus B19 em gestantes imunocompetentes: uma série de casos Autores: Arthur Daniel Rocha Alves, Daniela P. Mendes-de-Almeida, Juliana dos Santos Barbosa Netto, Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia, Marcelo Alves Pinto, Luciane Almeida Amado Leon Palavras-chaves:
Parvovirus B19
, Gestante
, Anemia
, Hidropsia fetal
Resumo
Infecção por Parvovírus B19 em gestantes imunocompetentes: uma série de casos
Introdução: A maioria dos casos de infecção por Parvovírus B19 (B19V) em gestantes não apresenta desfecho adverso, porém pode resultar, em casos raros, em hidropsia e óbito fetal, consequentes de anemia grave. O risco de óbito fetal quando a infecção acontece antes e depois de 20 semanas é de 11% e <1%, respectivamente. Crianças sobreviventes à hidropsia fetal causada pelo B19V podem apresentar problemas respiratórios e retardo no neurodesenvolvimento.
Objetivo: Neste estudo relatamos cinco casos de infecção por B19V em gestantes imunocompetentes de outubro de 2018 a setembro de 2019 no Rio de Janeiro.
Materiais e métodos: Amostras de soro e tecido placentário (quando disponível) foram obtidas para investigar a infecção pelo B19V. PCR convencional e em tempo real foram realizados para detecção e quantificação do B19V DNA, respectivamente.
Resultados: A mediana de idade entre as gestantes foi de 33 anos (variando de 19 a 40 anos) e a mediana do tempo gestacional quando ocorreu a infecção pelo B19V foi de 13 semanas (variando de 6 a 23 semanas). As gestantes 1 e 2 foram diagnosticadas com síndrome do espelho em vista de anasarca e proteinúria materna. A ultrassonografia morfológica fetal nessas pacientes revelou a presença de derrame pericárdico, ascite e edema subcutâneo dos fetos, que culminou em morte fetal. O DNA de B19V foi detectado nas duas gestantes com uma carga viral média de 104UI/mL no soro e 1010UI/mL na placenta. As gestantes 3, 4 e 5 apresentavam erupções maculopapulares, febre e artralgia. O B19V DNA no soro estava com uma carga viral média de 105UI/mL. Anemia fetal e anormalidades morfológicas eram ausentes nesses casos. Duas semanas depois, uma segunda amostra de soro foi coletada e tornou-se negativa para o B19V DNA. Todas tiveram um desfecho favorável com crianças saudáveis. O tecido placentário da gestante 3 foi coletado e o B19V-DNA não foi detectado. Análises filogenéticas demonstraram que todas as gestantes tinham o genótipo 1A do B19V, com exceção da gestante 3 que tinha o genótipo 1B.
Conclusão: Os achados destacam a importância no diagnóstico da infecção por B19V em gestantes, especialmente nos primeiros trimestres gestacionais. Transfusão fetal intraútero é uma intervenção potencialmente efetiva para tratamento da anemia fetal aguda em gestantes com hidropsia fetal. Ao nascimento, algumas crianças podem precisar de cuidados intensivos com drenagem de líquido pleural ou ascítico, assim como assistência respiratória invasiva.
EP029
COVID-19
INTERNAÇÕES POR COVID-19 EM IDOSOS NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL Autores: Alexandre Akio Majima, Álvaro Salgado de Abreu, Débora Maria Silva de Queiroz, Jardel Sabino Gonzaga, Letícia Esmério Olmedo, Vinícius Goldschmidt, Lucas Fonseca da Silva, João Vitor Fazzio de Andrade Cordeiro, Fabiana Santos Pereira, Rodolfo de Almeida Lima Castro Palavras-chaves:
COVID-19
, Hospitalização
, Idoso
Resumo
INTERNAÇÕES POR COVID-19 EM IDOSOS NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL
Introdução: Segundo o Ministério da Saúde, os idosos são considerados do grupo de risco para a COVID-19, ou seja, são mais vulneráveis à internação e ao óbito por essa doença. Além disso, há a necessidade de estudos de objetivem investigar variáveis sociodemográficas nessa população durante a pandemia de COVID-19.
Objetivos: Analisar as internações de casos suspeitos e confirmados de COVID-19 em idosos na região Sudeste.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo transversal a partir de dados coletados em 21 de fevereiro de 2022 do banco de Síndrome Respiratória Aguda Grave, disponível no DATASUS. Investigaram-se indivíduos acima de 60 anos que foram internados, em 2020, por síndrome respiratória aguda grave e classificados como casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 na região Sudeste do Brasil. Foram analisadas as variáveis sexo, idade, raça, nível de escolaridade, unidade da federação e evolução (cura ou óbito). Utilizaram-se análises descritivas, bivariadas pelo teste qui-quadrado de Person e multivariada por meio de regressão logística, cuja variável dependente foi evolução. Foram incluídas, no modelo de regressão logística, as variáveis com p-valor < 0,20 na análise bivariada. O nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados: A população foi de 269.232 idosos com idade média de 74,37 (DP=9,53). Houve maiores chances de óbito em homens (OR=1,30; IC95% 1,27-1,34); nas faixas etárias de 70 a 79 anos (OR=1,51; IC95% 1,46-1,56), de 80 a 89 anos (OR=2,12; IC95% 2,04-2,20) e de 90 anos ou mais (OR=2,89; IC95% 2,72-3,06), como referência 60 a 69 anos; na raça preta (OR=1,17; IC95% 1,10-1,23), em relação à branca; em Minas Gerais (OR=1,14; IC95% 1,11-1,18), no Rio de Janeiro (OR=4,88; IC95% 4,67-5,10) e no Espírito Santo (OR=2,54; IC95% 2,25-2,87), como referência São Paulo. Contudo, houve redução de chances de óbito no ensino médio (OR=0,95; IC95% 0,91-0,99) e no ensino superior (OR=0,79; IC95% 0,75-0,83), em relação à ausência de escolaridade ou ensino fundamental I.
Conclusões: O sexo masculino, a idade avançada, a raça preta e residir em Minas Gerais, no Rio de Janeiro ou no Espírito Santo foram associados à pior evolução, enquanto que a maior escolaridade apresentou característica de proteção.
EP030
COVID-19
INTERNAÇÕES POR COVID-19 EM MULHERES DE IDADE FÉRTIL NA REGIÃO SUL DO BRASIL Autores: Alexandre Akio Majima, Álvaro Salgado de Abreu, Lucas Fonseca da Silva, João Vitor Fazzio de Andrade Cordeiro, Letícia Esmério Olmedo, Vinícius Goldschmidt, Débora Maria Silva de Queiroz, Jardel Sabino Gonzaga, Fabiana Santos Pereira, Rodolfo de Almeida Lima Castro Palavras-chaves:
COVID-19
, Gestantes
, Hospitalização
Resumo
INTERNAÇÕES POR COVID-19 EM MULHERES DE IDADE FÉRTIL NA REGIÃO SUL DO BRASIL
Introdução: Durante a pandemia de COVID-19, diversos indivíduos foram considerados como constituintes do grupo de risco para essa doença, ou seja, são mais vulneráveis à internação e ao óbito. As gestantes e puérperas foram descritas como pertencentes a esse grupo segundo o Ministério da Saúde. Além disso, verifica-se a necessidade de estudos epidemiológicos que busquem investigar essa população na região Sul do Brasil no contexto de pandemia de COVID-19.
Objetivos: Analisar as internações de casos suspeitos e confirmados de COVID-19 em mulheres de idade fértil na região Sul do Brasil.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo transversal a partir de dados coletados em 21 de fevereiro de 2022 do banco de Síndrome Respiratória Aguda Grave, disponível no DATASUS. A população investigada foi constituída por mulheres de 10 a 49 anos, internadas, em 2020, por síndrome respiratória aguda grave e classificadas como casos suspeitos ou confirmados de COVID-19 na região Sul do Brasil. As variáveis analisadas foram idade, raça, nível de escolaridade, ser gestante ou puérpera e evolução (cura ou óbito). Utilizaram-se análises descritivas, bivariadas pelo teste qui-quadrado de Person e multivariada por meio de regressão logística, cuja variável dependente foi evolução. Foram incluídas, no modelo de regressão logística, as variáveis com p-valor < 0,20 na análise bivariada. Utilizou-se o método backward elimination para a obtenção do modelo final. O nível de significância adotado foi de 5%.
Resultados: A população foi de 16.092 mulheres com idade média de 35,99 (DP=9,63), em que 1.368 (8,50%) foram descritas como gestantes ou puérperas. Houve maiores chances de óbito na faixa etária de 41 a 49 (OR=1,86; IC95% 1,33-2,69), como referência 10 a 20 anos. Entretanto, houve redução de chances de óbito no ensino fundamental II (OR=0,76; IC95% 0,59-0,97), ensino médio (OR=0,59; IC95% 0,48-0,74) e ensino superior (OR=0,29; IC95% 0,21-0,39), como referência a ausência de escolaridade ou o ensino fundamental I; e entre gestantes ou puérperas (OR=0,45; IC95% 0,30-0,66).
Conclusões: A idade avançada foi associada a pior evolução, enquanto que maior escolaridade e ser gestante ou puérpera apresentaram característica de proteção. Sugere-se que as gestantes e puérperas, por terem sido consideradas como pertencentes ao grupo de risco, tenham sido internadas de modo precoce em relação às não gestantes nem puérperas, contribuindo para o prognóstico mais favorável.
EP183
Tuberculose e outras Micobacterioses
Investigação diagnóstica de idosa com tuberculose em hospital terciário e a necessidade de alta suspeição para diagnóstico precoce e adequado controle comunitário Autores: Lucas Zanetti de Albuquerque, Rayla Senra de Paiva, Mariana Lopes de Almeida, Jéssica Mussel Santos, Camila Isabel Rodrigues Assis, Lucas Barreto Rique, Larissa Wermelinger Sá, Paulo César Corrêa David de Almeida, Maria Eduarda Fernandes Rocha, Eliane Almeida do Valle Palavras-chaves:
Raciocínio clínico
, Tuberculose
, Diagnóstico
Resumo
Investigação diagnóstica de idosa com tuberculose em hospital terciário e a necessidade de alta suspeição para diagnóstico precoce e adequado controle comunitário
Introdução: Tuberculose (TB) é segunda causa de morte por doenças infecciosas no mundo. Acomete diferentes órgãos e mimetiza outras doenças, por vezes dificultando diagnóstico precoce. Manifestações extrapulmonares podem ser diversas e incluir achados endócrino-metabólicos e vasculares. Pelo contexto epidemiológico nacional, é sempre necessária alta suspeição clínica.
Objetivos: Relatar caso de idosa com tuberculose de apresentação inicial inespecífica. Salienta importância do diagnóstico precoce para evitar progressão sistêmica e disseminação comunitária da doença.
Materiais e métodos: Coletados dados clínicos em revisão de prontuário.
Resultados: Idosa de 78 anos, negra, hipertensa, portadora de lombalgia crônica por hérnia de disco, com piora da dor há 4 meses, hiporexia e perda ponderal. Negou febre, tosse ou contato com pacientes bacilíferos. Evoluiu com anúria e edema assimétrico de pernas, sendo internada sonolenta, eupneica, com ausculta pulmonar normal e sem linfonodomegalias, mas com empastamento de panturrilha esquerda. Laboratório com injuria renal (Cr 2,12mg/dL e Ur 162mg/dL), PCR de 101, anemia, hiperglobulinemia e hipercalcemia (Ca sérico 13,6mg/dL). Ultrassom-doppler denotou trombose venosa profunda aguda fêmoro-poplítea; ressonância magnética exibia heterogeneidade em corpo vertebral de D12 associado a inflamação de partes moles paravertebrais. Eletroforese de proteínas séricas e urinárias sem pico monoclonal. Tomografia de tórax com múltiplas opacidades nodulares centrolobulares esparsas, algumas em árvore em brotamento, e lesões líticas de corpo vertebral de D12 similar a espondilodiscite. Escarro induzido com baciloscopia positiva concluiu diagnóstico de tuberculose pulmonar e óssea. Instituída hidratação, com recuperação da função renal, anticoagulação e tratamento com RHZE, com melhora clínica significativa e reversão da hipercalcemia. Alta para seguimento em unidade básica de saúde.
Conclusões: TB deve constar como diagnostico diferencial em diversas síndromes clínicas, mesmo na ausência de febre ou sintomas respiratórios. De forma menos frequente, pode gerar hipercalcemia por alteração no metabolismo da vitamina D e tromboses por um estado transitório de hipercoagulabilidade. A multiplicidade de apresentações clínicas, os determinantes sociais e a necessidade de fortalecimento da rede diagnóstica demonstram a multicausalidade da endemia de TB. É necessário cuidado integrado e apoio ao diagnóstico para sua erradicação.
EP127
Infecções fúngicas
Lesões cutâneo mucosas difusas em pessoa vivendo com HIV - relato de caso e seus diagnósticos diferenciais Autores: Stefanie Siqueira Martins de Moraes, Carolina Padilha Tavares, Carolina Oliveira Venturotti, Sarah Lanferini Frank, Halime Silva Barcaui, Luiz Fernando Cabral Passoni Palavras-chaves:
HIV/AIDS
, Esporotricose
, Paracoccidioidomicose
Resumo
Lesões cutâneo mucosas difusas em pessoa vivendo com HIV - relato de caso e seus diagnósticos diferenciais
Introdução/Objetivo: Lesões dermatológicas são um desafio diagnóstico na prática médica, especialmente em imunossuprimidos, como pessoas vivendo com HIV (PVHIV). Este caso visa discutir os diagnósticos diferenciais principais para lesões cutâneo mucosas em uma PVHIV.
Método: Relato de caso
Resultados: Lavrador, 37 anos, morador de Sumidouro (RJ), PVHIV há 8 anos, em abandono de tratamento, CD4 15 céls/mm3 e carga viral 4019 cópias/mL. Há 3 meses iniciou lesão ulcerada e dolorosa no nariz, evoluindo com lesões difusas de mesmo aspecto. Após 2 meses, letargia, palidez, perda ponderal, disfonia e piora das lesões, agora purulentas. História social de tabagismo pesado e epidemiológica de contato com animais domésticos e solo, devido à profissão. Interna no serviço de infectologia de um hospital público do Rio de Janeiro, hipocorado, febril, disfônico, com edema periorbitário e de membros inferiores e ausculta pulmonar com roncos difusos. Ao exame: lesões ulceradas com saída de secreção purulenta em face, tronco, região pré-tibial, falange distal de dois quirodáctilos e deterioração da cartilagem nasal. Laboratorialmente apresentava anemia, hipoalbuminemia e hipocalemia. Imunodifusão para Paracoccidioides e Histoplasma não reagentes, hemoculturas, pesquisa de Leishmaniose por PCR e sorologia negativas. Reintroduzida terapia antirretroviral com TDF+3TC+DTG. Realizada biópsia de pele e, devido à piora clínica, iniciada Anfotericina B lipossomal empírica. Gram, cultura para germes comuns e pesquisa para tuberculose negativas. Exame micológico direto: células leveduriformes com parede birrefringente e gemulação, sugestiva de paracoccidioidomicose. Porém, cultura evidenciou hifas hialinas finas com conídios globosos ao longo delas: Sporothrix sp. Confirmado o diagnóstico de esporotricose, foi concluído tratamento de 28 dias com Anfotericina B seguido de Itraconazol. Paciente evoluiu com melhora das lesões e, ambulatorialmente, regressão total das mesmas.
Conclusão: O paciente apresentava história epidemiológica rica, especialmente para infecções fúngicas. Dentre os principais diagnósticos diferenciais encontram-se esporotricose, paracoccidioidomicose, leishmaniose, histoplasmose e criptococose, todos com boa resposta à Anfotericina B. Outras patologias como micobacterioses, sífilis e nocardiose são diagnósticos diferenciais importantes. Destaca-se a importância da realização de exame direto e cultura de materiais biopsiados para diagnóstico e terapia adequada.
EP042
Doenças causadas por Protozoários e Helmintos
LINFOHISTIOCITOSE HEMATOFAGOCÍTICA COMO APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM LACTENTE - UM RELATO DE CASO Autores: Yárina Rangel Vieira, Clara Vasconcelos Orlandi, Larissa Nascimento Cruz, Alda Maria Da Cruz, Cintia Xavier de Mello, Thalita Fernandes de Abreu, Ana Cristina Cisne Frota, Cristina Barroso Hofer, Patricia de Mattos Guttmann, Giuliana Pucarelli Lebreiro Palavras-chaves:
Leishmaniose Visceral
, Linfohistiocitose Hematofagocítica
, Pediatria
Resumo
LINFOHISTIOCITOSE HEMATOFAGOCÍTICA COMO APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE LEISHMANIOSE VISCERAL EM LACTENTE - UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença negligenciada que representa uma importante causa de morte por doenças tropicais no mundo. O Brasil é considerado uma área endêmica com um recente aumento no número de casos em cães, reservatório do parasito. A Linfohistiocitose Hematofagocítica (LHH) é considerada uma complicação rara de LV. OBJETIVO: Descrever um caso de LHH como apresentação clínica de LV em uma lactente residente na zona urbana do Rio de Janeiro acompanhada em um hospital terciário de ensino. DESCRIÇÃO: Lactente, 9 meses, previamente hígida, sem história de viagem recente, iniciou febre intermitente e sem sítio aparente em dez/2021 associado a edema de membros inferiores, icterícia e hepatoesplenomegalia volumosa. Após 20 dias de sintomas foi internada em 11/01/22 sendo identificadas pancitopenia e hipertrigliceridemia, além de hemofagocitose no aspirado de medula óssea (MO), preenchendo então os critérios para LHH. Foram iniciados imunossupressores (protocolo HLH 2004). Após 13 dias paciente apresentou choque cardiogênico necessitando de suporte intensivo por 8 dias, sendo suspensos os imunossupressores. Houve melhora parcial do quadro, porém em 11/02/22 retomou febre, pancitopenia e surgiu ataxia cerebelar, sendo submetida à pulsoterapia com corticoide por 5 dias. Devido à manutenção dos sintomas, retomou tratamento com imunossupressores e foi realizado novo aspirado de medula óssea em 25/02/22, no qual foram identificadas formas amastigotas de leishmania e iniciada Anfotericina B lipossomal. Completou 12 dias com melhora clínica importante. Foi afastada a hipótese de LV congênita (sorologia materna negativa e positiva da criança). Solicitada revisão do esfregaço do aspirado de MO pré tratamento e realização de teste molecular para LV que foi positivo, confirmando o diagnóstico de LV desde a admissão.
Conclusão: É mandatória a investigação de LV em casos de LHH, mesmo em casos provenientes de áreas não endêmicas. O tratamento precoce com drogas anti-leishmanicidas reduz a letalidade destes pacientes
EP076
HIV/AIDS e outras ISTs
LINFOHISTIOCITOSE HEMFAGOCITICA EM DOENTE COM INFEÇÃO POR VIH. Autores: Herma Saturnino, Ivone Honorina Quemba, Angelina Edna Quintas, Lutu-ima Viana Graça Palavras-chaves:
VIH
, MALÁRIA
, ESPLENOMEGALIA
, LINFOHISTIOCITOSE HEMOFAGOCITICA
Resumo
LINFOHISTIOCITOSE HEMFAGOCITICA EM DOENTE COM INFEÇÃO POR VIH.
INTRODUÇÃO: A Linfohistiocitose Hemofagocítica (LHH) é uma síndrome caracterizada por estado inflamatório sistémico, resultante da desregulação imune dos línfócitos T associada a tempestade de citoquinas, activação desregulada de macrófagos com hemofagocitose. Na infeção por VIH a LHH tem sido associada a infeções oportunistas, a neoplasias, predominando Sarcoma de kaposi e linfoma, com elevada mortalidade.
OBJETIVO: Relatar um caso de LHH em doente com VIH, ocorrido na nossa instituição.
MÉTODO: Revisão de processo clínico.
RESULTADOS: Paciente masculino, 60 anos, infeção VIH, má adesão terapêutica, com atrofia do membro inferior direito, sequela de poliomielite. Transferido por astenia, febre e anemia refratária a tratamento de malária realizado no hospital de origem. Objectivamente pálido, com esplenomegalia 2cm, sem adenopatias. Análises de realce: Hemoglobina (Hb) 7,5g/dL, reticulócitos 98G/L, teste de antiglobulina directa positivo, Linfócitos T CD4+ 561cel/uL, CD8+1749cel/uL, carga viral 5045copias/ml e Ferritina 3083ng/mL. Sem isolamento microbiológico nem detecção de outras viroses. Fez antibioterapia, TARV com EFV/3TC/ABC, de acordo com disponibilidade farmacológica local e iniciou prednisolona (PRED)1mg/kg/dia. Boa resposta clinica, teve alta tolerando Hb 6,9g/dL e Leucócitos (Leu) 3.1G/L. Duas semanas após, em desmame de 20% de PRED e com incumprimento de TARV, admitido aos Cuidados Intensivos (CI) por enterite com SIRS, com esplenomegalia, Hb 9.2g/dl, Leu 10G/L, Plaquetas 78G/L, PCR 24.5mg/dL, hipertrigliceridemia. Sem isolamento microbiológico. Mielograma com amostra diluida. Quadro controlado com antibioterapia. Por intolerânica ao EFV, feito ajuste de TARV: 3TC/ABC/LOP/RTV e metilPRED. Teve alta 15 dias apos, manteve seguimento ambulatorial apertado com desmame de PRED. Seis semanas após alta, admitido à CI em choque séptico, bacteriemia à Salmonella spp. Mielograma documentou atividade hemofagocítica. O doente reuniu 5 de 8 critérios de classificação HLH-2004 de LHH que foi refractária, culminando em óbito.
CONCLUSÃO: o presente caso evidencía a complexidade diagnóstica de LHH, em que as manifestações clínicas e as intercorrências resultantes da desregulação imunológica podem ser confundidas com a doença de base levando ao subdiagnóstico da LHH. Assim um elevado índice de suspeição diagnóstica aliada à implementação dos critérios de HLH -2004 poderão permitir um diagnóstico mais precoce e eventual melhoria do prognóstico desses doentes.
EP032
COVID-19
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS DA COVID-19 E OUTROS QUADROS VIRAIS EM COORTE DE CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO RIO DE JANEIRO Autores: GIULIANA PUCARELLI LEBREIRO, Marianna Venceslau, Ana Cristina Cisne Frota, Thalita Fernandes Abreu, Catherine Cordeiro, Fernanda Queiroz Maciel, Thiago Dias Anachoreta, Luiza Calvano, Maria Angelica Guimaraes, Cristina Barroso Hofer Palavras-chaves:
COVID-19
, Pediatria
, Infeções virais
Resumo
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS DA COVID-19 E OUTROS QUADROS VIRAIS EM COORTE DE CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO RIO DE JANEIRO
Introdução: As manifestações clínicas da COVID-19 em crianças e adolescentes são diversas e indistintas de outros quadros virais, tornando o diagnóstico um desafio nessa faixa etária. Fatores como comorbidades e co-infecções respiratórias interferem na apresentação inicial da infecção por SARS-CoV-2.
Objetivo: descrever os aspectos epidemiológicos, manifestações clínicas e laboratoriais de pacientes pediátricos internados em um hospital pediátrico terciário no Rio de Janeiro, diagnosticados com COVID-19, e compará-los com outras condições virais durante o primeiro ano da pandemia pelo SARS-CoV-2, no período de abril/2020 a maio/2021.
Materiais e Métodos: estudo de coorte envolvendo pacientes menores de 18 anos com quadro de infecção de vias aéreas, exantema febril, sintomas gastrointestinais ou neurológicos, que internaram e realizaram o RT-PCR para SARS-CoV-2 e que foram acompanhados por 30 dias. Foram comparadas as manifestações clínicas e laboratoriais entre crianças com RT-PCR positivo e negativo, utilizando regressão logística.
Resultados: 533 pacientes foram recrutados, mediana de idade =44 meses. A infecção por SARS-CoV-2 foi confirmada em 105 pacientes. A detecção de outros vírus ocorreu em 34% dos 264 participantes testados, 15 (6%) com coinfecção com o SARS-CoV-2, sendo o RSV o mais comum, seguido pelo Influenza e Rhino/virus. Na admissão, os sintomas mais comuns foram tosse (71%), febre (66%), taquipneia (60%) e dispneia (53%), não houve diferença nos sintomas iniciais entre os dois grupos. Seis pacientes morreram (2 no grupo infectado por SARS-CoV-2). As variáveis independentemente associadas à COVID-19 foram idade mais avançada (OR=1,1, IC 95%: 1,0 – 1,1), contagem de leucócitos mais baixa na admissão (OR=0,9, IC 95%=0,8 – 0,9) e contato com caso suspeito ( OR = 1,6, IC 95% = 1,0 - 2,6). Pacientes com COVID-19 apresentaram maiores chances de serem internados em unidade de terapia intensiva (OR=1,99, IC 95%=(1,083,66).
Conclusão: Mesmo durante a pandemia pelo SARS-COV2, outros vírus respiratórios estavam presentes em pacientes pediátricos internados. As variáveis associadas à infecção por COVID19 foram idade avançada, menor contagem de leucócitos na admissão e contato domiciliar com caso suspeito. Apesar da infecção pelo SARS-CoV2 apresentar maior gravidade, não observamos maior letalidade quando comparado com outros quadros virais.
EP077
HIV/AIDS e outras ISTs
Mapeamento das variantes no genoma do HTLV-1 para entender seus possíveis impactos no desenvolvimento do HAM/TSP: uma revisão sistemática Autores: Raissa Frazão Campos, Dhara Isabella Barreto de Souza Silva, Felipe de Oliveira Andrade, Jéssica Oliveira de Souza Nascimento, Carolina Souza Santana, Laura Nascimento Barreto, Melina Mosquero Navarro Borba, Ricardo Khouri, Fernanda Khouri Barreto, Luciane Amorim Santos Palavras-chaves:
HTLV-1
, HAM/TSP
, Mutação
, Genoma
Resumo
Mapeamento das variantes no genoma do HTLV-1 para entender seus possíveis impactos no desenvolvimento do HAM/TSP: uma revisão sistemática
Introdução: O Vírus Linfotrópico Humano Tipo 1 (HTLV-1) afeta de 5 a 10 milhões de pessoas em todo o mundo e pode causar complicações importantes, como uma doença neurológica crônica e progressiva conhecida como HAM/TSP. As razões que levam alguns indivíduos a desenvolver essa doença ainda não são claras. Sabe-se que algumas proteínas do HTLV-1, como LTR, ORF-1, TAX e HBZ, alteram a fisiologia das celulas infectadas, amortecendo a resposta imune antiviral específica e favorecendo uma inflamação ampla e não específica. Vários estudos relatam mutações de nucleotídeos virais associadas à carga proviral e manifestações clínicas HTLV-1, mas nenhuma classificação de importância foi estabelecida para as variações genômicas publicadas.
Objetivos: Avaliar o impacto das mutações do genoma proviral no desenvolvimento de HAM/TSP através de uma rigorosa revisão sistemática.
Materiais e Métodos: Esta revisão sistemática seguiu as diretrizes do PRISMA e foi registrada no banco de dados PROSPERO. A busca por artigos foi realizada no PMC, PubMed, Lilacs, SciELO e Embase utilizando o seguinte algoritmo de pesquisa: (("Vírus linfotrópico humano 1" OU "HTLV-1") E ("Paraparesis, Espástico Tropical" OU "HAM/TSP" OU "Mielopatia/paraparese espástica tropical") E ("Mutação" OU "Variação Genética" OU "Senc*"). Dos 539 artigos encontrados na pesquisa, 11 foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão definidos.
Resultados: Foram identificadas 21 mutações importantes para a progressão da doença em pacientes infectados pelo HTLV-1 e, destes, as variações no ORF-1 e no HBZ foram as mais frequentes.
Conclusões: Os dados coletados e analisados indicam que mutações no genoma proviral podem ser importantes para um estado inflamatório crônico e podem estar relacionadas ao desenvolvimento de HAM/TSP.
EP033
COVID-19
Mapeamento de variantes de SARS-CoV-2 em amostras respiratórias de pacientes da cidade do Rio de Janeiro Autores: Thays Cristine dos Santos Vieira, Léo Freitas Corrêa, Priscila de Jesus Fajardo, Francisjane de Jesus Lopes, Ana Luiza Lavrado Diblasi, Cristiane Casanova, Celina de Oliveira, Ricardo Canuto Benesi, Marcus Tulius Teixeira da Silva, Carlos Otávio Brandão Palavras-chaves:
COVID-19
, Variantes
, PCR
Resumo
Mapeamento de variantes de SARS-CoV-2 em amostras respiratórias de pacientes da cidade do Rio de Janeiro
Introdução: A pandemia de COVID-19 causada pelo vírus SARS-CoV-2 intensificou os estudos de vigilância epidemiológica. O mapeamento de novas variantes por técnicas de Biologia Molecular tinha por objetivo acompanhar as mutações sofridas pelo vírus, sua distribuição na população e a eficácia das vacinas desenvolvidas diante dessas novas variantes.
Objetivo: Realizar o levantamento da distribuição das variantes do SARS-CoV-2 ao longo dos meses da pandemia de COVID-19 em amostras coletadas em um laboratório da cidade do Rio de Janeiro.
Materiais e Métodos: 72 amostras de swab de naso e orofaringe coletadas entre setembro de 2020 e abril de 2022, com resultados prévios positivos para SARS-CoV-2 e armazenadas a -86°C, foram submetidas a análises de RT-PCR em Tempo Real para detecção de mutações associadas às variantes descritas ao longo da pandemia de COVID-19. As amostras passaram por um pré-tratamento onde 15μL destas foram acrescentados a 45μL de água ultrapura e, posteriormente, aquecidos a 98°C por 3 minutos e em sequência resfriados a 4°C por 5 minutos. O produto deste pré-tratamento foi adicionado aos reagentes do kit comercial para variantes I e II da Seegene, seguindo os protocolos do fabricante. A análise dos resultados da PCR foi realizada no software Seegene Viewer e as alterações detectadas foram comparadas com as identificadas para cada variante de acordo com a literatura.
Resultados: 26 amostras não apresentaram amplificação para o controle endógeno RNAse P, indicando uma possível degradação do material biológico. De setembro de 2020 a fevereiro de 2021, 06 amostras apresentaram perfil compatível com o vírus selvagem, enquanto 13 amostras apresentaram mutações da variante P.2 (Zeta). De março de 2021 a maio do mesmo ano, apenas 01 amostra foi identificada como da linhagem selvagem, enquanto a única variante detectada foi a P.1 (Gamma) com 09 amostras. De junho de 2021 a abril de 2022 não foi detectada a versão selvagem do vírus em nenhuma amostra, porém houve um aumento no número de variantes observadas, sendo elas: B.1.621 (Mu) 01 amostra; B.1.1.7 (Alpha) 06 amostras; B.1.1529 (Ômicron) 05 amostras; além de 05 amostras com variantes não claramente identificadas com a análise nesses dois kits.
Conclusões: Os resultados nos levam a concluir que o vírus sofreu mutações ao longo da pandemia e que estas variantes foram responsáveis por casos positivos para SARS-CoV-2 nas amostras analisadas.
EP046
Doenças emergentes e reemergentes
MELIOIDOSE, UMA DOENÇA EMERGENTE NO BRASIL, EM PACIENTE SUBMETIDO A TRANSPLANTE HEPÁTICO Autores: Dilbert Silva Veloso, Samuel Pinheiro da Silva, Conceição Maria de Souza Coelho, Murilo Moura Lima, José Miguel Luz Parente, Dionne Bezerra Rolim, Elba Regina Sampaio de Lemos, Marco Aurélio Pereira Horta Palavras-chaves:
MELIOIDOSE
, Burkholderia pseudomallei
, sepse
, pneumonia
, transplante hepático
Resumo
MELIOIDOSE, UMA DOENÇA EMERGENTE NO BRASIL, EM PACIENTE SUBMETIDO A TRANSPLANTE HEPÁTICO
INTRODUÇÃO: A melioidose é uma doença infecciosa, negligenciada, emergente causada pela bactéria Gram-negativa Burkholderia pseudomallei, habitante natural do solo e água que acomete o homem e animais. Além dos países asiáticos, a doença tem sido descrita também na Austrália e no Brasil, onde a maioria dos casos se concentra no estado do Ceará. A infecção é de amplo espectro clínico, variando da forma assintomática a casos graves, com acometimento de diversos órgãos e sistemas, com predileção pelo trato respiratório, e à sepse fulminante. A confirmação diagnóstica depende de culturas microbiológicas e análise molecular.
OBJETIVO: Relatar um caso de melioidose em paciente submetida a transplante hepático.
RELATO DE CASO: Paciente, sexo feminino, 63 anos de idade, solteira, residente no município de Teresina/PI foi internada em unidade de saúde, em 23/10/2019, com história de febre, tosse produtiva e astenia com 5 dias de evolução. Diabética, hipertensa, portadora de insuficiência renal crônica, tinha histórico de transplante hepático devido à cirrose alcóolica, realizado em 2018. Diante da suspeita de pneumonia foi iniciado tratamento com Ceftriaxona. A paciente evoluiu com insuficiência respiratória aguda, responsiva à terapia conservadora. O hemograma mostrava pancitopenia e a tomografia computadorizada de tórax mostrou, além de derrame pleural a direita, opacidades difusas em ambos pulmões variando de vidro fosco à opacidade de aspecto fibroelástico. A pesquisa para tuberculose foi negativa e a hemocultura foi positiva para B. pseudomallei. O diagnóstico para melioidose pulmonar foi confirmado pela PCR Nested e Semi-Nested com a detecção do fragmento da região espaçadora 16S-23S DNAr específico para B. pseudomallei. Tratada com Meropenem, 25mg/Kg, por quatro semanas, a paciente evoluiu com significativa melhora clínica e laboratorial, com subsequente alta hospitalar com prescrição de amoxacilina/ácido clavulânico para a fase de erradicação por três meses.
CONCLUSÂO: A melioidose é uma doença desconhecida no Brasil que pode acometer qualquer pessoa, embora diabéticos, portadores de doenças crônicas, de insuficiência renal e hepática entre outros fatores apresentem maior probabilidade de adoecer e apresentar quadro grave e fatal. Registra-se o desfecho favorável do caso descrito, decorrente do diagnóstico e da terapêutica específica precoce, considerando o alerta quanto ao seu comportamento endêmico e à sua importância como problema de saúde pública.
EP078
HIV/AIDS e outras ISTs
Meningoencefalite por Vírus Varicela-Zoster em paciente com HIV e boa adesão Autores: Matheus Oliveira Bastos, Gabriela Marinho Martins da Costa, Maíra Braga Mesquita, Angie Jeannine Rios Lopez, Ana Beatriz Pacheco da Silva, Julian Camilo Alfonso Diaz, Ítalo Guariz Ferreira, Sara Martinelli de Souza, Marco Antonio Sales Dantas de Lima, Isabel Cristina Ferreira Tavares Palavras-chaves:
Encefalite
, Vírus da Varicela-Zoster
, HIV/AIDS
Resumo
Meningoencefalite por Vírus Varicela-Zoster em paciente com HIV e boa adesão
Introdução/Objetivos: Neuroinfecções geram significativa morbimortalidade em países em desenvolvimento, onde condições sanitárias, acesso a vacinas e recursos diagnósticos ainda são limitados. O exame clínico e a análise citobioquímica do líquor são importantes para diagnóstico e decisão sobre tratamento empírico, porém as encefalites virais ainda são de difícil diagnóstico pela necessidade de técnicas moleculares. A meningoencefalite pelo Vírus Varicela-Zoster (VZV) é rara, mas sua suspeição deve motivar tratamento empírico para prevenir complicações graves. Materiais e Métodos: análise de prontuário e revisão da literatura. Resultados: Pessoa que vive com HIV, boa adesão, com carga viral indetectável e CD4 376 cél/mm³, sexo feminino, 63 anos, hipertensa, foi à emergência por afasia, hemiplegia esquerda e 2 episódios de crise convulsiva tônico-clônica generalizada. Apresentava rigidez de nuca e tomografia de crânio sem alterações. Punção lombar evidenciou líquido xantocrômico, 50 leucócitos/mm³ (80% mononucleares), Glicose 88 mg/dL, proteína 1102 mg/dL e cultura para bactérias negativa. Iniciado ceftriaxona, fluconazol e cotrimoxazol empiricamente, porém evoluiu rebaixamento do nível de consciência e necessidade de intubação orotraqueal, sendo transferida para hospital de referência. Nessa unidade, foi evidenciada lesão sugestiva de herpes zoster cutâneo em cicatrização em região dorsal esquerda, iniciado Aciclovir e mantida Ceftriaxona. TC de crânio com contraste mostrou impregnação difusa da leptomeninge nas regiões frontais e nas cisternas da base. Nova punção lombar evidenciou líquor xantocrômico com 25 leucócitos/mm³ (95% mononucleares), proteína 1601 mg/dL, glicose 121 mg/dL e pesquisa de bactérias, micobactérias e fungos negativa e foi iniciado esquema básico de tratamento para tuberculose e corticoide devido à gravidade e elevada proteinorraquia. Posteriormente, PCR do líquor foi positivo para VZV, no entanto paciente foi a óbito a despeito do tratamento empregado. Conclusões: Meningoencefalite pelo VZV é uma complicação rara e grave da sua infecção latente e cursa geralmente com pleocitose e hiperproteinorraquia moderados. No caso, a proteinorraquia grave associada a impregnação meníngea de contraste poderiam levar ao diagnóstico presuntivo de tuberculose meníngea, no entanto o achado de lesões cutâneas sugestivas de VZV e o uso de técnica molecular no líquor auxiliaram no início empírico e manutenção do tratamento adequado com Aciclovir.
EP161
Infecções relacionadas à imunossupressão
MIELOTOXICIDADE E HIPERCALEMIA REFRATÁRIA INDUZIDOS PELO USO DE SULFAMETOXAZOL/TRIMETOPRIMA PARA TRATAMENTO DE PNEUMOCISTOSE Autores: Roxana Flores Mamani, David Richer Araujo Coelho, Claudio Heitor Tavares Gress, Ana Luiza Martins de Oliveira, Clarisse Filgueira Pimentel, Rafael Mello Galliez, Isabel Cristina Melo Mendes Palavras-chaves:
Sulfametoxazol/trimetoprima
, Pneumocistose
, Hipercalemia
, Mielotoxicidade
Resumo
MIELOTOXICIDADE E HIPERCALEMIA REFRATÁRIA INDUZIDOS PELO USO DE SULFAMETOXAZOL/TRIMETOPRIMA PARA TRATAMENTO DE PNEUMOCISTOSE
INTRODUÇÃO: O sulfametoxazol/trimetoprima (SMX-TMP) é a medicação de escolha para tratamento da pneumocistose (PCP). Em pacientes com função renal normal, hipercalemia não é um evento adverso comum. Mais raro ainda é a mielotoxicidade provocada pelo uso desse antimicrobiano.
OBJETIVOS: Apresentar um caso de mielotoxicidade e hipercalemia em um paciente em tratamento com SMX-TMP para PCP.
RELATO DE CASO: Masculino, 47 anos, hipertenso sem tratamento, linfoma não-Hodgkin em quimioterapia há 2 meses, transferido à unidade de terapia intensiva por piora de quadro pulmonar, taquidispneia e dor pleurítica, evoluindo para intubação orotraqueal após 4 dias. Laboratório de admissão: Hb 8,1 mg/dL, Hto 24,9% leucócitos 2.800 mm3/dL, plaquetas 215.000, U 62 mg/dL, Cr 1,3 mg/dL, albumina 2,3 mg/dL, K 4,7 meq/L, Na 136 mg/dL, LDH 772 mg/dL, CPK 171 mg/dL, proteína C reativa 19,7 mg/dL. TC de tórax com vidro fosco bilateral e multilobar, predominantemente à esquerda, com > 80% de comprometimento. Descartada tuberculose pulmonar e Covid-19. AngioTC e Doppler evidenciaram TEP extenso e TVP em membro inferior, ambos à direita. Iniciou tratamento empírico para PCP com SMX-TMP, mas após 4 dias, começou com acidose metabólica e hipercalemia importante, refratária às medidas medicamentosas, necessitando de hemodiálise. Em D10, iniciou pancitopenia, com queda importante de leucócitos (500 células) e plaquetas (17000), sem exteriorizar sangramento, sendo levantada a hipótese de mielotoxicidade por SMX-TMP. Diante da indisponibilidade de tratamento alternativo, optou-se por manter o fármaco e iniciar filgastrima, visando à recuperação de neutropenia. Entretanto, o paciente manteve comprometimento medular, tornando-se refratário à transfusão de hemoderivados. Decidiu-se suspender SMX-TMP, em D17 de tratamento, com recuperação medular e melhora de função renal, acidose e hipercalemia em 48 horas. Ao longo da internação, apresentou múltiplos episódios infecciosos, inclusive por Acinetobacter baumannii, Proteus sp. MDR, Pseudomonas aeruginosa MDR e MRSA. Apesar das medidas terapêuticas, 35 dias após admissão na unidade, o paciente evoluiu para óbito.
CONCLUSÃO: SMX-TMP é a droga de escolha para tratamento de PCP em pacientes inmunocomprometidos, aumentando o risco de efeitos adversos. Associa-se a nefrites intersticiais, leucopenia, neutropenia e trombocitopenia. Hipercalemia é explicada por efeito inibitório sobre os canais de Na e bomba Na+K+ATPase.
EP034
COVID-19
MOTIVOS ATRIBUÍDOS AO USO DE MÁSCARAS ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 Autores: Hevelyn dos Santos da Rocha, Milena Cristina Couto Guedes, Thamara Rodrigues Bazilio, Fernanda Garcia Bezerra Góes, Maithê de Carvalho e Lemos Goulart, Natália Maria Vieira Pereira Caldeira, Silmara Elaine Malaguti Toffano, Elucir Gir, Ana Cristina de Oliveira e Silva, Fernanda Maria Vieira Pereira-Ávila Palavras-chaves:
COVID-19
, Máscaras
, Enfermagem
Resumo
MOTIVOS ATRIBUÍDOS AO USO DE MÁSCARAS ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Introdução: Diante do contexto pandêmico e o modo de transmissibilidade do SARS-CoV-2, responsável pela coronavirus disease (COVID-19), a Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselhou o uso de máscara como uma das medidas de proteção e prevenção com objetivo de frear a propagação do vírus. Desse modo, percebe-se a importância da prática do uso de máscara pelos profissionais de enfermagem tendo em vista que passam a maior parte do seu tempo na prestação de cuidados ao paciente. Além disso, o ambiente de saúde constitui-se local de risco de exposição ao vírus.
Objetivos: Avaliar os motivos atribuídos ao uso de máscaras entre os profissionais de enfermagem do Estado do Rio de Janeiro durante da Pandemia da COVID-19.
Materiais e Métodos: Estudo transversal de abordagem quantitativa realizado entre profissionais de enfermagem do Estado do Rio de Janeiro durante a Pandemia da COVID-19. A coleta de dados foi realizada através das redes sociais nos meses de abril e maio de 2020 e 2021. Utilizou-se o formulário de informações demográficas e a Versão Brasileira da Reason of Using Face Mask Scale. O Teste T de Student e a análise de variância (ANOVA) foram utilizados para comparação entre ter ou não contato com indivíduos diagnosticados com COVID-19. Para análise de dados utilizou-se software IBM®SPSS v.22. A pesquisa atendeu todos os aspectos éticos.
Resultados: Participaram 615 (100%) profissionais de enfermagem. O total obtido na pontuação da versão brasileira da Reason of Using Face Mask Scale foi 31,8 (DP=3,8) variando entre 21,0 e 43,0 pontos, demonstrando que o motivo para uso de máscaras entre os profissionais foi de 73,9%. Com relação aos componentes da escala foram permeados pelos fatores susceptibilidade (80,0%), severidade (79,3%), benefícios (70,0%), barreiras (70,0%) e dicas para utilização desse equipamento (63,7%). Na comparação de médias entre os componentes da escala e ter ou não contato com indivíduos com COVID-19, os profissionais que tiveram contato com indivíduos com COVID-19 utilizaram mais máscaras permeados pelos motivos de “susceptibilidade” (p=0,000), “severidade” (p=0,000) e “benefícios” (p=0,004).
Conclusão: Torna-se evidente que dentre os motivos atribuídos para uso de máscaras entre os profissionais de enfermagem destaca-se a “susceptibilidade”, “severidade” e “benefícios” percebidos, visto que a equipe de enfermagem passa cerca de 24 horas ao lado do paciente na prestação da assistência em saúde.
EP079
HIV/AIDS e outras ISTs
NOTIFICAÇÃO DE SÍFILIS EM GESTANTES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2019 e 2021 Autores: Brenda Naira dos Santos Couto, Kelly Cristina Cabral de Mello, Stella Paula de Queiroz, Ana Karla Pereira Viegas, André Sousa Rocha Palavras-chaves:
Sífilis
, Gestantes
, Epidemiologia
Resumo
NOTIFICAÇÃO DE SÍFILIS EM GESTANTES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2019 e 2021
Introdução: A sífilis gestacional é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria gram-negativa Treponema Pallidum, verticalmente transmissível para o bebê durante a gestação, podendo ocasionar em abortamento espontâneo, malformações do feto e morte ao nascer. No período da pandemia da COVID-19 podem ter ocorrido alterações importantes nas notificações epidemiológicas da doença. Nessa perspectiva, faz-se necessário investigar a respeito dos casos de Sífilis gestacional no período pandêmico.
Objetivos: Analisar a incidência de casos de Sífilis em gestantes no Estado Rio de Janeiro, no período de 2019 a 2021.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo ecológico, descritivo e com abordagem quantitativa a partir de dados coletados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), em junho de 2021. Foram investigados, segundo o local de notificação, os casos de Sífilis em gestantes no Estado do Rio de Janeiro entre 2019 e 2021. As variáveis analisadas foram ano de notificação e faixa etária. Utilizou-se estatística descritiva no software Excel.
Resultados: Constatou-se que o total de notificações de Sífilis em gestantes, entre 2019 e 2021, foi 25.265, em que 9.802 (38,80%) ocorreram em 2019, 11.241 (44,50%) em 2020, e 4.222 (16,70%) em 2021. Durante o período estudado houve 305 casos (1,2%) em gestantes entre 10 e 14 anos, 6.597 casos (26,11%) em gestantes entre 15 a 19 anos, e 18.363 casos (72,68%) em gestantes entre 20 e 39 anos.
Conclusão: Constatou-se que no período de 2019 a 2020 houve um aumento no número de casos de Sífilis em gestantes no Rio de Janeiro, e de 2020 a 2021 houve uma redução considerável nas notificações. A faixa etária de 20 a 39 anos apresentou maior frequência de casos. Sugere-se a possibilidade de subnotificação de casos durante o período da pandemia da COVID-19, tendo essa iniciado em 2020 no Brasil.
EP010
Arboviroses
NOTIFICAÇÕES DE CHIKUNGUNYA EM GESTANTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2019 E 2021 Autores: Kelly Cristina Cabral de Mello, Stella Paula de Queiroz, Brenda Naira dos Santos Couto, Ana Karla Pereira Viegas, Higor Braga Cartaxo Palavras-chaves:
Epidemiologia
, Gestantes
, Vírus Chikungunya
Resumo
NOTIFICAÇÕES DE CHIKUNGUNYA EM GESTANTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2019 E 2021
Introdução: Segundo o Ministério da Saúde, a Chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus (CHIKV), em que os casos de transmissão vertical podem ocorrer quase que exclusivamente no intraparto de gestantes infectadas, podendo provocar infecção neonatal grave. Durante a pandemia de COVID-19, as notificações das doenças podem ter sofrido variações epidemiologicamente relevantes. Nesse contexto, observa-se a importância das investigações a respeito dos casos de Chikungunya no período pandêmico.
Objetivos: Analisar a incidência de casos de Chikungunya em gestantes no Rio de Janeiro entre 2019 e 2021.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo ecológico, descritivo e com abordagem quantitativa a partir de dados coletados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação em 31 de maio de 2022. Foram investigados, segundo o local de notificação, os casos de Chikungunya em gestantes no estado do Rio de Janeiro entre 2019 e 2021. As variáveis analisadas foram ano de notificação, faixa etária e período gestacional. Utilizou-se a estatística descritiva por meio de frequência absoluta e relativa no Excel.
Resultados: Constatou-se que o total de notificações de Chikungunya em gestantes, entre 2019 e 2021, foram 1.613, em que 1.544 (95,72%) corresponderam a 2019, 59 (3,66%), em 2020, e 10 (0,62%), em 2021. No período estudado, houve 17 casos (1,05%) em gestantes entre 10 e 14 anos, 224 (13,89%) entre 15 e 19 anos, 811 (50,28%) entre 20 e 29 anos, 501 (31,06%) entre 30 e 39 anos e 60 (3,72%) entre 40 e 49 anos. Quanto ao período gestacional, 374 casos (23,19%) ocorreram no 1° trimestre; 627 (38,87%), no 2° trimestre; e 612 (37,94%), no 3° trimestre.
Conclusões: Entre 2019 e 2021, percebeu-se a redução das notificações por Chikungunya em gestantes no estado do Rio de Janeiro. A faixa etária de 20 a 29 anos e o 2° trimestre apresentou a maior frequência de casos. Sugere-se a possibilidade de subnotificação dos casos no período de pandemia de COVID-19, já que essa eclodiu em 2020 no Brasil.
EP011
Arboviroses
NOTIFICAÇÕES DE ZIKA EM GESTANTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2019 E 2021 Autores: Kelly Cristina Cabral de Mello, Stella Paula de Queiroz, Brenda Naira dos Santos Couto, Ana Karla Pereira Viegas, Karolayne Silva Souza, Milena Roberta Freire da Silva Palavras-chaves:
Epidemiologia
, Gestantes
, Vírus Zika
Resumo
NOTIFICAÇÕES DE ZIKA EM GESTANTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2019 E 2021
Introdução: Segundo o Ministério da Saúde, a Zika é uma arbovirose causada pelo vírus zika (ZIKV), em que foram consolidadas evidências que corroboram o reconhecimento da relação entre a presença do vírus zika e o aumento da ocorrência de casos de microcefalia. Durante a pandemia de COVID-19, as notificações de diversas doenças podem ter sofrido algumas variações epidemiológicas relevantes. Nesse contexto, observa-se a importância da investigação a respeito dos casos de Zika no período pandêmico.
Objetivos: Analisar a incidência de casos de Zika em gestantes no Rio de Janeiro entre 2019 e 2021.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo ecológico, descritivo e com abordagem quantitativa a partir de dados coletados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação em 03 de junho de 2022. Foram investigados, segundo o local de notificação, os casos de Zika em gestantes no estado do Rio de Janeiro entre 2019 e 2021. As variáveis analisadas foram ano de notificação, faixa etária e período gestacional. Utilizou-se a estatística descritiva por meio de frequência absoluta e relativa no Excel.
Resultados: Constatou-se que o total de notificações de casos de Zika em gestantes, entre 2019 e 2021, foram 456, em que 410 (89,91%) corresponderam a 2019, 34 (7,45%), em 2020, e 12 (2,63%), em 2021. No período estudado, houve 2 casos (0,44%) em gestantes entre 10 e 14 anos, 43 (9,43%) entre 15 e 19 anos, 237 (51,97%) entre 20 e 29 anos, 158 (34,65%) entre 30 e 39 anos e 16 (3,51%) entre 40 e 49 anos. Quanto ao período gestacional, 80 casos (17,54%) ocorreram no 1° trimestre; 154 (33,77%), no 2° trimestre; e 222 (48,69%), no 3° trimestre.
Conclusões: Entre 2019 e 2021, percebeu-se a redução exacerbada das notificações por Zika em gestantes no estado do Rio de Janeiro. A faixa etária de 20 a 29 anos e o 3° trimestre apresentaram a maior frequência de casos. Sugere-se a possibilidade de subnotificação dos casos no período de pandemia de COVID-19.
EP184
Tuberculose e outras Micobacterioses
ÓBITOS POR TUBERCULOSE PULMONAR EM PACIENTES REINGRESSOS APÓS ABANDONO DO TRATAMENTO NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE 2010 A 2021 Autores: KAREN MARAYANNE TORRES CAVALCANTE, WELLINGTON RODRIGO GOMES DE MELO, DÉBORA MARIA RIOS MALTA, CARLA CILENE NASCIMENTO CASTRO, NATÁLIA SILVA DE CARVALHO, LUCAS SOARES BRITO, ARTHUR ROCHA DOS SANTOS, CARLOS ALBERTO DA SILVA FRIAS JUNIOR Palavras-chaves:
Tuberculose Pulmonar
, Mortalidade
, Cooperação e Adesão ao Tratamento
Resumo
ÓBITOS POR TUBERCULOSE PULMONAR EM PACIENTES REINGRESSOS APÓS ABANDONO DO TRATAMENTO NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE 2010 A 2021
Introdução: A Tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa, tendo como seu tipo mais clássico de apresentação a forma pulmonar. Apesar de ser uma doença curável e evitável, a tuberculose ainda constitui um grave problema de saúde no Brasil, que representa um dos 20 países com maior número absoluto de casos de TB, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar disso, ainda há escassez de trabalhos nesse sentido, por tanto, é de grande importância o estudo mais aprofundado dessa problemática no Brasil.
Objetivos: Analisar os óbitos por abandono do tratamento da Tuberculose Pulmonar no Brasil e identificar o perfil epidemiológico da população mais afetada.
Materiais e métodos: Estudo descritivo, embasado nos dados do Sistema de Agravos de Notificação (SINAN). A população de estudo incluiu indivíduos que morreram por Tuberculose pulmonar após abandono do tratamento, de todas as faixas etárias, no período de 2010 a 2021, nas macrorregiões do Brasil.
Resultados: No período de 2010 a 2021 foram registrados 2.867 óbitos por tuberculose pulmonar em pacientes reingressos após abandono do tratamento. Observou-se uma predominância dos casos nas regiões Sudeste (1.264) e Nordeste (932), seguidas por Sul (332), Norte (212) e Centro-Oeste (127). No período de 2016 a 2020 notou-se um aumento considerável no número de casos, principalmente no ano de 2020 (12%), com o início da pandemia pela COVID-19. Quanto ao sexo, observou-se que a população masculina predomina, representando 78,3% dos óbitos, enquanto a feminina apresentou 21,6%. Em relação à faixa etária, a maioria dos casos foi de adultos jovens de 25-34 (20,9%), 35-44 (24,6%), 45-54 (22,5%), 55-64 (15%) anos. Crianças, adolescentes e jovens de até 24 anos (6,9%) e idosos (9,8%) apresentaram menor recorrência.
Conclusão: As regiões mais populosas apresentam maior número de casos, no entanto, o Nordeste, embora menos populoso, apresenta um maior índice quando relacionado ao número de óbitos e tamanho da população em comparação com o Sudeste. A população masculina e jovens adultos até o início da terceira idade são mais acometidos pela problemática. Essas informações dão embasamento para ampliação de políticas públicas em saúde sobre a importância do seguimento do tratamento da Tuberculose, para toda comunidade, com atenção especial às regiões e populações mais acometidas.
EP035
COVID-19
O IMPACTO DA COVID-19 EM INTERNAÇÕES POR PNEUMONIA EM IDOSOS NO BRASIL Autores: Stella Paula de Queiroz, Kelly Cristina Cabral de Mello, Brenda Naira dos Santos Couto, Ana Karla Pereira Viegas, Thaynara Cristina de Freitas, André Sousa Rocha Palavras-chaves:
Idoso
, Pneumonia
, COVID-19
Resumo
O IMPACTO DA COVID-19 EM INTERNAÇÕES POR PNEUMONIA EM IDOSOS NO BRASIL
INTRODUÇÃO: A pneumonia é definida como doença infecciosa das vias aéreas inferiores, mais comum a idosos e crianças. Com a COVID-19 no Brasil em 2020, as notificações de pneumonia apresentaram alterações. Dessa forma, é válida a descrição desse quadro epidemiológico para que futuras pesquisas esclareçam o responsável por essa variação.
OBJETIVOS: Traçar a incidência de internações por pneumonia em idosos no Brasil em 2019 e 2020 e relacionar com a eclosão da COVID-19.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo descritivo, quantitativo, com análise de dados no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) coletados no DATASUS. Avaliou o número de internações por pneumonia no Brasil, para isso, associou pneumonia na lista de morbidades do Código Internacional de Doenças às variáveis faixa etária (acima de 60 anos), ano de processamento (2019 e 2020) e região. Foi realizada análise comparativa com descrição e média por meio do software Excel.
RESULTADOS: Entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020 foram notificados 465.077 casos de pneumonia, sendo, em 2019, 270.911 (58,2%), assim, houve queda de 28,3% (76.745 casos) nos registros em 2020. A incidência regional se manteve durante os anos avaliados verificando-se na região Sudeste maior quantidade de notificações 42,4% do total, seguida por Nordeste, Sul, Centro Oeste e Norte com 22,6%, 21,3%, 7,7% e 5,8% respectivamente. Estudo voltado para o tema relatou queda nas doenças respiratórias no geral durante a pandemia, logo, o padrão encontrado está de acordo com o prenunciado por outras pesquisas.
CONCLUSÃO: Houve redução na incidência de pneumonia em idosos no Brasil entre 2019 e 2020, e a região Sudeste obteve maior número de internações por tal doença. Esse estudo contribui para avaliar o padrão de internações por pneumonia após a eclosão da COVID e busca expor quantitativamente dados para novas pesquisas avaliarem se a redução apresentada pode expor sobreposição dos dois diagnósticos, subnotificação de tal doença ou se essa redução realmente ocorreu podendo relacionar com a restrição social pelo COVID.
EP152
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
O impacto da pandemia da COVID-19 nas infecções e no perfil microbiológico dos Enterococcus spp Autores: Verônica de França Diniz Rocha, Renata Ferreira da Silva Rego, Euclimeire da Silva Neves, Brisa de Castro Leal, Matheus Sales Barbosa, Marcelo Teles Bastos Ribeiro, Joice Reis Pedreira Palavras-chaves:
Enterococcus
, Pandemia COVID-19
, VRE
Resumo
O impacto da pandemia da COVID-19 nas infecções e no perfil microbiológico dos Enterococcus spp
Introdução: Durante a pandemia, o hospital sofreu adaptações ampliando leitos de UTI de 20 para 80, modificando enfermarias e suas áreas de apoio.
Objetivo: Avaliar o impacto da COVID-19 na frequência das infecções, no perfil de sensibilidade dos Enterococcus spp, nas características clínicas dos infectados e medidas de controle.
Materiais/métodos: É um estudo observacional, transversal, retrospectivo, de janeiro/2019 a maio/2022, que incluiu pacientes adultos com infecção/colonização por Enterococcus spp, internados há mais de 48 horas em hospital especializado localizado em Salvador-Bahia. Variáveis clínicas e demográficas dos pacientes e o perfil de sensibilidade dos isolados foram avaliados. Verificamos a densidade de incidência de infecção (DI) por 1000 paciente-dia e medidas de controle.
Resultados: Um total de 88 isolados de Enterococcus spp de 84 pacientes foram identificados, sendo 56,8% urocultura, 28,4% hemocultura, 6,9% swab retal e 7,9% outros. E. faecalis foi 89,77%, E. faecium 9,09% e E. gallinarum 1,13%. 60,2% (n=53/88) foram infecção, sendo 56,6% (n=30/53) urinária e 43,3% (n=23/53) de corrente sanguínea associada à cateter (IPCS). 12,5% apresentaram resistência à vancomicina (VRE), com primeira identificação em fevereiro/2021. Os infectados foram: 50,9% mulheres, média 53,5 anos, tempo de internamento até cultura positiva de 23,9 dias, 92,5% estiveram em UTIs; 52,8% infectados por COVID-19, 43,3% hipertensos, 22,6% HIV e 26,4% obesidade. Letalidade de 28,3% e das IPCS 47,82% em até 30 dias. A DI de infecção total por Enterococcus spp de 2019, 2020, 2021 foram, respectivamente: 0,39; 1,52 e 0,90. Ao fim de 2020, observamos uma série de inconsistências na área improvisada para expurgo. Foi feita uma intervenção nos expurgos e introduzido swab de vigilância para pesquisa de VRE admissional e nos setores com identificação de VRE para verificar ocorrência de casos secundários de colonização. Em novembro/21, uma nova UTI adaptada foi aberta, recorrendo erros anteriores do expurgo, e a DI de infecção total por Enterococcus spp elevou para 2,76 entre janeiro e maio/2022.
Conclusão: Mudanças estruturais motivadas pela pandemia podem ter contribuído para a ocorrência de não-conformidades, podendo ter sido relacionadas ao aumento de infecções por Enterococcus spp. É importante revisar processos, incluindo áreas de apoio da assistência, como o expurgo, para investigação e controle dos casos.
EP112
Infecções comunitárias
Paciente 49 anos com abscesso em membro superior direito por CA-MRSA e embolização séptica à distância Autores: Mariel Araujo Lizarralde, Bruno Henrique Andrade Barros, Renan Matias Barbosa, Catarina Lee Moraes, Fabio Jose da Silva Souza, Matheus Vasconcelos Ferreira, Thais Fontes Ferreira, Amanda Vianna Pedrosa Palavras-chaves:
Staphylococcus Aureus
, Abscesso Cutâneo
, Êmbolos sépticos
, Disseminação hematogênica
Resumo
Paciente 49 anos com abscesso em membro superior direito por CA-MRSA e embolização séptica à distância
INTRODUÇÃO: CA-MRSA (Staphylococcus Aureus resistente à meticilina adquirido na comunidade) foi, primeiramente, relatado na década de 80 entre usuários de drogas injetáveis (UDI) e desde então sua prevalência tem aumentado. Os principais grupos de risco são os UDI, portadores de HIV entre outros. Os locais de predominância são a pele e os tecidos moles, mas também, podem ser responsáveis por doenças invasivas, geralmente por meio da disseminação hematogênica como a embolia septica pulmonar (ESP) que apesar de incomum, é uma grave complicação que não possui um critério diagnóstico bem definido, baseado pela presença de abscessos no parênquima pulmonar e infecção de corrente sanguínea (ICS). Além disso, há a espondilodiscite que devemos suspeitar no caso de lombalgia e presença de ICS.
OBJETIVO: Destacar a importância de detectarmos precocemente os possíveis focos de êmbolos sépticos para evitarmos complicações. A infecção por CA-MRSA pode ocorrer mesmo na ausência dos principais fatores de risco.
MATERIAIS E MÉTODOS: Relato de caso na unidade terciária no RJ em 2022. Coleta de dados por meio de revisão de prontuário.
RESULTADOS: Paciente 49 anos, portador de HAS, tabagista e etilista, admitido devido abscesso cutâneo em membro superior direito (MSD) após trauma local que evolui durante 3 semanas com sinais flogísticos, febre não aferida, perda de peso de 10kg e dor lombar. Realizado Tomografia Computadorizada (TC) do MSD o qual evidenciou imagem compatível com coleção além de múltiplas lesões nodulares no tórax de tamanhos variados, algumas com centro necrótico, esparsas bilateralmente. Negava dor torácica ou tosse. Realizada drenagem do abscesso com saída de secreção purulenta e identificado MRSA na cultura e hemocultura (HMC). Prescrito vancomicina por 21 dias, mas devido permanência da bacteremia foi necessário 40 dias para resolução da mesma. Durante esse período foi realizado nova drenagem do abscesso e novos exames de rastreio para identificar novos focos o qual foi evidenciado espondilodiscite e descartado endocardite ou abscesso esplênico.
CONCLUSÕES: Paciente adulto sem os principais fatores de risco para MRSA. Interna para tratamento do abscesso cutâneo e investigação da etiologia dos múltiplos nódulos pulmonares. Apesar de raro, os êmbolos pulmonares sépticos não precisam estar acompanhados dos sintomas mais comuns como febre e dispneia. Ademais, é importante o acompanhamento da bacteremia por meio da HMC e investigação de novos focos sépticos.
EP166
Miscelânea
Paliação em Doenças Infecciosas e Parasitárias: Identificação precoce proporcionando o cuidado centrado na humanização e melhora na qualidade da assistência oferecida. Autores: Patricia Yussa Cavalcante, Luciane Lia Moura da Costa Pedro, Alessandra José da Rosa, Ana Paula Moura da Silva, Cintia Maria Farias da Silva, Thais Teixeira Machado, Patricia Almeida do Nascimento Palavras-chaves:
HOSPITALS
, INFECTIOUS DISEASES
, PUBLIC HEALTH
Resumo
Paliação em Doenças Infecciosas e Parasitárias: Identificação precoce proporcionando o cuidado centrado na humanização e melhora na qualidade da assistência oferecida.
INTRODUÇÃO: Como estratégia ao enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, foi construída uma unidade hospitalar destinada a pacientes graves, com início em 18 de maio de 2020. Com a vacinação o número de casos graves, demandando internação, apresentou queda significativa e alguns leitos foram ocupados para portadores de outras doenças infecciosas. O público mais acometido envolve pessoas com quadro clínico de difícil manejo e recuperação plena, em alguns casos, ainda mais distante da realidade. Em virtude da gravidade e da impossibilidade de reversão do quadro clínico, foi formado um grupo multiprofissional com um olhar para Cuidados Paliativos, dedicada aos cuidados ativos e totais do paciente cuja doença não responde mais ao tratamento curativo.
OBJETIVOS: Essa pesquisa tem como finalidade avaliar o tempo entre a indicação do paciente para os cuidados paliativos até o desfecho dos casos.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo em um instituto de infectologia de referência no tratamento de COVID-19 e DIP no Rio de Janeiro, a partir de dados coletados em registros do prontuário eletrônico, no ano de 2021, utilizando abordagem quantitativa. Os critérios de inclusão adotados foram: pacientes portadores de doenças infecciosas e parasitárias, admitidos na unidade, que foram acompanhados pela grupo de Cuidados paliativos.
RESULTADOS: Em 2021, 1915 pacientes foram internados, destes 141 (7,3%) foram acompanhados pelo grupo de paliação, recebendo a primeira avaliação em média após 24 dias de internação. Obtivemos os seguintes desfechos: 69,5% dos pacientes acompanhados evoluíram para óbito, 24% para alta hospitalar e 3% foram transferidos para outras unidades. Dos pacientes que evoluíram a óbito, 53% foram acompanhados pelo grupo de paliação em até 5 dias. O tempo médio de internação desses pacientes foi de 38 dias.
CONCLUSÃO: Concluímos que os pacientes foram eleitos para paliação na fase de terminalidade, inferindo a possível falta de conhecimento da equipe multidisciplinar sobre o tema. Tal fato leva ao acionamento tardio da equipe de paliação, não sendo possível sanar precocemente as necessidades individuais, minimizar sintomas físicos e emocionais manter o vínculo familiar, reduzindo angústias dos familiares, impedindo autonomia na tomada de decisões e percepção da importância das suas escolhas para que seus desejos de final de vida sejam atendidos.
EP036
COVID-19
PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DA COVID-19 EM CANINDÉ- CEARÁ Autores: Marcelo Barbosa Cavalcante, Márcia Andrea Gonçalves Leite, Alan Rodrigues Cavalcante, Vandbergue Santos Pereira, Rofson Matheus Bezerra Diógenes, Francisca Erivângela Gomes Rocha, Aline macedo de oliveira Grangeiro Palavras-chaves:
COVID-19
, SARS-CoV-2
, Epidemiologia
Resumo
PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DA COVID-19 EM CANINDÉ- CEARÁ
Introdução: A COVID-19 é uma síndrome respiratória aguda grave (SRAG) infecciosa, causada pelo SARS-CoV-2. A doença tem alta transmissibilidade e ocasiona sintomas leves a graves, gerando elevada demanda por cuidados intensivos e milhares de óbitos.
Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico e clínico de COVID-19 no município de Canindé, no Ceará.
Materiais e Métodos: Tratou-se de um estudo de natureza quantitativa, descritivo e com delineamento transversal, realizado no período de agosto de 2021 a janeiro de 2022, através do sistema de informação em saúde da vigilância epidemiológica do município de Canindé – Ceará. Os dados foram analisados mediante cálculo do coeficiente de correlação por método de Spearman, centrado no estado de saúde dos pacientes para verificar a relação entre os sintomas apresentados e teste de variância ANOVA para demais informações.
Resultados: O estudo foi realizado com 1909 casos, dentre estes, a maior prevalência ocorreu no mês de janeiro com 77,06% dos casos (p < 0,0001), sendo o gênero feminino (59,04%) e a faixa etária entre 20-39 anos (50,55%) mais acometidos (p < 0,0001). Com relação a raça/cor observa-se alta incidência da doença nos pardos (94,76%). Quanto ao método de diagnóstico, o teste rápido – antígeno foi utilizado em 81%. Dentre os sintomas, a tosse (67,1%), dor de garganta (59,6%), dor de cabeça (56,6%), febre (53%) e coriza (50,3%) foram os mais frequentes, e às comorbidades, doenças cardíacas (7,4%), diabetes (4,3%) e doenças respiratórias (1,4%) foram as mais prevalentes. Nos sintomas apresentados observa-se uma forte correlação na tríade de tosse com o surgimento de coriza (p = 0,0057) e dor na garganta (p < 0,0001). De forma semelhante, a febre mostrou ter correlação com o surgimento de cefaleia (p = 0,0048).
Conclusões: O estudo apontou a necessidade de mais estudos clínicos e epidemiológicos, para esclarecer as melhores formas de prevenção e de intervenção às vítimas acometidas pelo SARS-CoV-2, para contribuir na redução na ocorrência de novos casos e óbitos relacionados a esse vírus e na melhoria da saúde e qualidade de vida da população estudada.
EP037
COVID-19
Perfil de casos suspeitos de COVID-19 em pacientes de assistência domiciliar pediátrica no estado do Rio de Janeiro Autores: Izabel Alves Leal, Natalia Cochrane Martins, André Ricardo Araujo da Silva, Cristiane Henrique Teixeira, Cristina Vieira Souza, Mirian Viviane dos Santos Naja Cardoso Palavras-chaves:
Assistência Domiciliar
, COVID-19
, SARS-CoV-2
Resumo
Perfil de casos suspeitos de COVID-19 em pacientes de assistência domiciliar pediátrica no estado do Rio de Janeiro
Introdução: A suspeição e o diagnóstico da COVID-19 em pacientes pediátricos que necessitam de assistência domiciliar podem ser difíceis de serem realizados. Frequentemente há comorbidades associadas nestes pacientes, dificultando tanto a evidência de sinais e sintomas mais comuns quanto a evolução benigna da doença.
Metodologia: Estudo transversal realizado a partir de notificações de casos suspeitos de COVID-19 em pacientes de serviço de assistência domiciliar pediátrica no estado do Rio de Janeiro, entre 28/03/2020 e 31/05/2022. Os dados foram catalogados de forma descritiva.
Resultados: Entre 28/03/2020 e 31/05/2022 foram realizadas 203 notificações de casos suspeitos de COVID-19, sendo 87 (43%) do sexo feminino e 116 (57%) masculino. Febre foi o sintoma mais frequentemente relatado (90; 44%), seguido de dispneia (71; 35%) e queda de saturação de oxigênio (50; 25%). De todos os casos notificados, foi necessária internação hospitalar em 52 (26%). Não foi realizado exame confirmatório em 103 casos notificados (51%). Dos 100 casos em que foi possível realizar coleta de exames houve confirmação de infecção em 46%. PCR ou Antígeno foram positivos para SARS-COV-2 em 44 casos (44%) e houve confirmação sorológica em 2 casos (2%). Em relação a idade, entre os 46 casos confirmados, o paciente mais jovem havia 13 meses de vida e o mais velho 32 anos.
Conclusão: Notamos discreto predomínio de casos suspeitos do sexo masculino nesses pacientes, concordando com a literatura mundial. A população pediátrica com necessidade de assistência domiciliar configura um perfil de risco para COVID-19, com taxa de internação hospitalar acima da média da literatura para a população geral. A dificuldade na realização de exames em pacientes que recebem assistência domiciliar prejudica a possibilidade de confirmação laboratorial, porém isso não deve retardar ou comprometer o manejo desses pacientes.
EP153
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Perfil de resistência antimicrobiana em pacientes oriundos de assistência domiciliar em duas UTIs Pediátricas no Rio de Janeiro Autores: Izabel Alves Leal, Mirian Viviane dos Santos Naja Cardoso, André Ricardo Araujo da Silva, Cristiane Henrique Teixeira, Cristina Vieira Souza Palavras-chaves:
Unidades de Terapia Intensiva
, Assistência Domiciliar
, Infecções
Resumo
Perfil de resistência antimicrobiana em pacientes oriundos de assistência domiciliar em duas UTIs Pediátricas no Rio de Janeiro
Introdução: Poucos dados são conhecidos sobre o perfil microbiológico de pacientes oriundos de assistência domiciliar que necessitam de internação em unidade de tratamento intensivo pediátrica (UTIP) para auxiliar seu tratamento antimicrobiano empírico. Este trabalho visa descrever o perfil de resistência antimicrobiana em pacientes internados em 2 UTIPs de hospitais diferentes oriundas de um único serviço de assistência domiciliar.
Métodos: Estudo transversal realizado a partir de isolados de pacientes oriundos do mesmo serviço de home care no estado do Rio de Janeiro internados em duas UTIPs de hospitais diferentes: UTI1 e UTI2. Incluídas culturas de aspirado traqueal (AT), lavado broncoalveolar (LBA), urina e sangue. Foram considerados MMR: CRPa, CRAb, ERC , MRSA, CoNS resistente a oxacilina (RO) e BGN produtores de ESBL. Foram excluídas culturas com crescimento de fungos ou coletadas por swab. Os dados foram catalogados de forma descritiva.
Resultados: Entre 13/07/2019 e 27/05/2022 foram identificadas 136 culturas positivas, sendo 39 na UTI1 e 97 na UTI2. UTI 1: 23 isolados em AT (53%), 12 (31%) em sangue e 4 em (10%) LBA. Não foi identificado crescimento em amostra de urina neste setor. Foram identificados MMR em 20 (51%), sendo 8 (21% do total) ESBL, 7 (18%) CoNS RO, 4 (10%) MRSA e 1 (3%) CRPa, com resistência intermediária a imipenem. Serratia sp foi o BGN ESBL mais frequente (3). UTI 2: maior positividade detectada em AT (44;45%), seguido de urina (22;23%), sangue (20; 21%) e LBA (11; 11%). Identificado MMR em 42 (43%) das culturas positivas, com 19 (20%) ESBL, 13(13%) CoNS RO, 7 (7%) CRPa e 3 (3%) MRSA. 2 CRPa isolados apresentaram resistência intermediária a imipenem. Serratia sp (6) e Klebsiella sp (6) foram BGN ESBL mais frequentes.
Conclusão: Cerca de metade das culturas positivas colhidas de pacientes provenientes do mesmo serviço de home care, internados em UTIs pediátricas diferentes apresentaram MMR, sendo ESBL os mais prevalentes em ambas. Notou-se a ausência de ERC ou CRAb entre os isolados. Existe um perfil de resistência a cefalosporinas de 3ª geração em cerca de 20% das culturas e mais de 13% de resistência a oxacilina (MRSA+CoNS RO), o que sugere não devem ser drogas de escolha empírica nesses pacientes. O predomínio de isolados BGN com ausência de identificação de ERC e CRAb, e pouca expressão de CRPa permite a escolha empírica dessa classe de antimicrobianos no manejo crítico desse perfil de pacientes em ambos hospitais.
EP080
HIV/AIDS e outras ISTs
Perfil dos pacientes profissionais do sexo atendidos em um Centro de Testagem e Aconselhamento em Ribeirão Preto/SP, em 2020 e 2021 Autores: SOFIA COMASSIO DE PAULA LIMA, MELISSA CAMOZZI MELLA, Yasmin Yussef Batista, NATHALIA SANTOS KIFOURI, Alicia Arioli Mauro, CAROLINA GALVAO SALIONI, Ana Laura Domingos Tenório, Poliana Daurea Alfonzo, NARIMA CALDANA, VANESSA NUZDA RODRIGUES Palavras-chaves:
profissionais do sexo
, infecções sexualmente transmissíveis
, centro de testagem e aconselhamento
, teste rapido
Resumo
Perfil dos pacientes profissionais do sexo atendidos em um Centro de Testagem e Aconselhamento em Ribeirão Preto/SP, em 2020 e 2021
INTRODUÇÃO:
O recorte populacional definido como profissionais do sexo, comumente são pacientes de difícil acesso e de maior vulnerabilidade às infecções sexualmente transmissíveis, as IST. Conhecer perfil, atitudes e práticas destes pacientes contribuirá para melhor assistência e programas de monitoramento a este subgrupo.
OBJETIVO:
Analisar o perfil dos pacientes acolhidos em Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) para realização de testes sorológicos e receber orientações, auto-denominados profissionais do sexo.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram analisadas 39 fichas de atendimento do CTA, em consultas realizadas nos anos de 2020 e 2021, somente com pacientes que relataram prostituição. Os dados foram compilados utilizando a plataforma Forms-Google para geração de gráficos.
RESULTADOS
Foram 39 pacientes atendidos no CTA, 56,8% em 2021 e 43,2% em 2020, discreta diferença do ano mais crítico pandemia. A faixa etária mais prevalente foi a de 20-29 anos (43,2%); 30-45 anos (37,8%) e até 20 anos (16,2%) . São 64,9% do sexo feminino e 24,3% apresentam o ensino médio completo. 48,6% são pardos, 24,3% pretos e 18,9%, brancos. 81,1% são solteiros. 78,4% têm tatuagem, 56,8% têm piercing. 37,8% fazem uso frequente de álcool, 40,5% uso frequente de maconha, 13,5% cocaína, 35,1% já fizeram uso de anfetaminas/ecstasy/LSD. Nos últimos 12 meses, 13,5% receberam diagnóstico de alguma IST e 13,5% apresentavam úlcera genital naquela ocasião. 59,5% tiveram mais de 100 parceiros eventuais nos últimos 12 meses e 18,9% referiram rompimento do preservativo em penetração vaginal. Quanto aos testes, 21,9% testaram positivo para sífilis TP e 0,7% testaram positivo para HIV. 97,3% foram convocados, porém somente 18,9% compareceram ao retorno.
CONCLUSÕES: As práticas sexuais relatadas, principalmente quando sob efeito de substâncias ilícitas, expõem este grupo à maior probabilidade de contrair IST. Faz-se necessário criar estratégias para atrair o grupo às consultas e testagens periódicas, bem como salientar as orientações preventivas.
REFERENCIAS:
1- Eskinazi, Fernanda Maria Vieira. Implementação da logística e procedimentos sobre pesquisa sorológica e sócio-comportamental entre profissionais do sexo na cidade do Recife / Fernanda Maria Vieira Eskinazi. — Recife: F. M. V. Eskinazi, 2009.
EP012
Arboviroses
Perfil epidemiológico da dengue na Bahia no período de 2014 a 2022 Autores: Júlia Bulcão Gonzalez Garcia, Hérika Teixeira de Araújo, Lucas Neiva de Deus, Marina Spindola Arce, Alexandre José de Santana Moraes, Bruna Caetano Piton, Filipe Pedral de Sá Santos, Kleyton Andrade Cunha Palavras-chaves:
Dengue
, Infecções por arbovírus
, Estado da Bahia
, Aedes aegypti
, Epidemiologia descritiva
Resumo
Perfil epidemiológico da dengue na Bahia no período de 2014 a 2022
INTRODUÇÃO: A dengue é uma arbovirose transmitida por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e pode levar a complicações fatais como choque, hemorragia grave e disfunção orgânica. Assim, faz-se necessário o monitoramento de padrões para prever tendências e perfil epidemiológico.
OBJETIVOS: Descrever o perfil epidemiológico da Dengue na Bahia no período de 2014 a 2022.
MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo de abordagem quantitativa com dados provenientes do Departamento de informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), de notificações por local de residência.
RESULTADOS: Ao longo do intervalo destacado, 2022 tem se mostrado alarmante. Em maio de 2022, houve 24.058 casos, mais de 50% do número de casos de todo o ano anterior. Neste ano, já foram registrados 21 óbitos e o ano com maior número de óbitos foi em 2019 com 42. 2020 registrou o maior número de casos (107.509), seguido por 2019 (84.929). Esses anos registraram maiores taxas de incidência: 571 casos/100 mil habitantes em 2019 e 720 casos/100 mil habitantes em 2020. As regiões com os maiores registros de casos foram Salvador e Itabuna. A categoria “ensino médio completo” registrou maior número de casos. Há prevalência no sexo feminino (57,13%). A faixa etária mais afetada foram as de “20 a 34 anos” e “35 a 49 anos”. O maior número de óbitos foi nas faixas etárias de “70 a 79 anos” e “acima dos 80 anos”. A taxa de mortalidade foi maior nos anos de 2019 (0,28) e 2020 (0,22), e as menores taxas foram em 2017 (0,03) e 2018 (0,04). Considerando a febre hemorrágica e a dengue clássica, existe um maior número de internações na faixa etária “20 a 29 anos”. Quanto à evolução, os anos de 2019 e 2020 registraram maior número de curados em comparação aos demais anos. Em 2014, 2018 e 2022 a confirmação laboratorial foi a principal forma de confirmação dos casos, já nos anos de 2015, 2016, 2017, 2019, 2020 e 2021 houve mais confirmações por diagnóstico clínico-epidemiológico.
CONCLUSÃO: Nota-se que no período de 2014 a 2022, 2019 e 2020 destacaram-se com maiores: número de casos, taxa de incidência e taxa de mortalidade. Em 2019 houve maior número de óbitos. No ano de 2022 houve aumento considerável do número de casos em relação a 2021, indicando possível epidemia da doença. Assim, é preciso adoção de medidas preventivas contra o Aedes aegypti por parte das instituições de saúde pública do estado da Bahia.
EP013
Arboviroses
Perfil epidemiológico da dengue no Brasil no período de 2014 a 2021 Autores: Julia Ferreira Gomes Pereira, Ana Luisa Morales Sallani, Vitor Lucas Frabis Rodrigues, Beatriz Stocco Felicio, Giovanna Panegassi Peres, Ana Flávia de Mesquita Matos, Julia Gória Ferraz, Lucas Fernandes Vasques, Maria Stella Amorim da Costa Zöllner Palavras-chaves:
Dengue
, COVID-19
, Epidemiologia Descritiva
Resumo
Perfil epidemiológico da dengue no Brasil no período de 2014 a 2021
Introdução e Objetivos: Por ser um país de dimensões continentais e ter condições climáticas favoráveis, o Brasil vive uma grande endemia de dengue, sendo assim, todos os anos é esperado um grande volume de casos. Entretanto, com o advento da pandemia do Coronavírus, o controle de casos de dengue pode não representar a realidade, visto que a opinião pública e os esforços governamentais estavam direcionados para a questão mundial. Dessa maneira, propõe-se analisar a incidência de casos novos de dengue em todo o Brasil, enfatizando escolaridade, sexo e estado e indicar uma possível subestimação de casos ou confirmar a crescente da curva.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo observacional, baseado em dados provenientes do DATASUS do Governo Federal. Foram analisados os números de casos de dengue com base na escolaridade, sexo e unidade federativa de notificação entre janeiro de 2014 e dezembro de 2021. Ademais, foram calculadas as incidências médias, mediante dados desses anos com base no sistema.
Resultados: Ao abordar-se um panorama acerca dos dados coletados, os três critérios apresentaram queda significativa de notificações entre 2016 e 2017. Verificou-se ainda, queda na notificação de casos de dengue no período de 2019 a 2021. Quando estudados individualmente os critérios adotados, no caso de sexo por exemplo, em todo o período observou-se a predominância de notificações do sexo feminino, com 4.075.324 notificações no total. Sob a óptica da escolaridade, o maior número registrado foi em indivíduos com ensino médio completo representando 12,82% das notificações, entretanto, nos demais níveis observou-se certa homogeneidade nos resultados. Quanto ao critério de unidade federativa de notificação, evidenciou-se maior notificação em estados com grandes centros urbanos, como São Paulo e Minas Gerais, os quais representaram respectivamente 27,40% e 19,27% das notificações.
Conclusão: Infere-se, assim, que as quedas nas notificações podem estar associadas a epidemias concomitantes à dengue, como o vírus Zika em 2016 e a pandemia de SARS-CoV-2 levando a possível subnotificação dos casos. Ademais, as infecções em sua maioria abrangem indivíduos do sexo feminino, provavelmente ligadas a hábitos sociais mais próximos ao domicílio. Por fim, a dengue é predominante em áreas cujo processo de urbanização desenfreado ocorre intensamente, devido a isso destaca-se a macrorregião sudeste.
EP101
Imunizações e Medicina de viagem
Perfil epidemiológico da poliomielite no Estado do Rio de Janeiro no período entre 2018 e 2021 Autores: Lucas Fernandes Vasques, Bruna Hoelz Palmeira Santos, Dayana de Oliveira Xavier, Giovana Rizzo Alves Melo, Julia Ferreira Gomes Pereira, Giovanna Panegassi Peres, Ana Flávia de Mesquita Matos, Julia Gória Ferraz, Maria Stella Amorim da Costa Zöllner Palavras-chaves:
Poliomielite
, Cobertura Vacinal
, Poliovirus
, Vacinação
Resumo
Perfil epidemiológico da poliomielite no Estado do Rio de Janeiro no período entre 2018 e 2021
A poliomielite, é uma doença infecciosa incapacitante e potencialmente mortal causada por poliovírus disseminado por contato direto entre pessoas, capaz de penetrar o sistema nervoso central causando paralisia, e que voltou a ser uma emergência em saúde pública em 2020. Segundo o Centros de Controle e Prevenção de doenças (CDC) dos Estados Unidos, a doença e sua progressão podem ser prevenidas pela vacinação, sendo realizada atualmente com a vacina inativada (IPV), administrada por injeção intramuscular e a vacina oral (OPV), presentes no calendário vacinal no esquema de 3 doses e 2 reforços. No entanto, o índice vacinal entre os anos de 2018 e 2021 tem diminuído. Em contrapartida, os casos de poliomielite têm aumentado, principalmente nas áreas urbanas e periurbanas, como um agravo frequente no Estado do Rio de Janeiro.
Deste modo, este estudo tem por objetivo avaliar as alterações da cobertura vacinal da poliomielite ocorridas entre 2018 e 2021 no Estado do Rio de Janeiro.
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e de natureza epidemiológica, composto pelos dados secundários do DATASUS, em seu serviço de “tabnet”, no tópico “Imunizações” da seção “Assistência e saúde”, no qual se analisou a cobertura vacinal da poliomielite e seu 1° reforço do Estado do Rio de Janeiro durante o período de 2018-2022.
Segundo dados do DATASUS, a cobertura vacinal da poliomielite no Rio de Janeiro que em 2018 atingia cerca de 87%, vindo a apresentar evidente queda de 34%, chegando a 53% em 2021, enquanto a cobertura vacinal do 1° reforço da poliomielite apresentou uma queda de 24%, partindo de 67% em 2018 para 43% em 2021. Segundo a OPAS, a vacinação contra a poliomielite apresenta a taxa mais baixa desde 1994, em virtude da pandemia por Sars-COV-2, que ofuscou as campanhas de vacinação contra pólio, causando uma queda na cobertura vacinal, evidenciada pelo presente estudo.
Dessa forma, nota-se que a cobertura vacinal, que deve alcançar cerca de 95% em todos os municípios e comunidades de acordo com o Ministério da Saúde, para não ocorrer a reintrodução viral, está se distanciando progressivamente de seu alvo. Assim, identifica-se uma possível falha nas campanhas e nos serviços de vacinação dos municípios, fiscalização vacinal e uma baixa adesão da população local, elevando, consequentemente, a probabilidade de surtos de doenças imunopreveníveis, como a poliomielite.
EP185
Tuberculose e outras Micobacterioses
Perfil epidemiológico da tuberculose no Rio de Janeiro no período de 2018 a 2021 Autores: Lucas Neiva de Deus, Hérika Teixeira de Araújo, Júlia Bulcão Gonzalez Garcia, Marina Spindola Arce, Bruna Caetano Piton, Kleyton Andrade Cunha, Alexandre José de Santana Moraes, Filipe Pedral de Sá Santos Palavras-chaves:
Tuberculose
, Mycobacterium tuberculosis
, Estado do Rio de Janeiro
, Infecções respiratórias
, Epidemiologia descritiva
Resumo
Perfil epidemiológico da tuberculose no Rio de Janeiro no período de 2018 a 2021
INTRODUÇÃO: A tuberculose é uma infecção crônica e progressiva causada pelo Mycobacterium tuberculosis e atinge diversos órgãos do corpo, gerando complicações sistêmicas que podem ocasionar óbito. Assim, faz-se necessário monitoramento de padrões para prever tendências e perfil epidemiológico.
OBJETIVOS: Descrever o perfil epidemiológico da Tuberculose no Rio de Janeiro no período de 2018 a 2021.
MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo de abordagem quantitativa com dados provenientes do Departamento de informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
RESULTADOS: No intervalo destacado, o ano de 2021 registrou o maior número de casos (16,092) e maior incidência (75 casos/100 mil hab.). As regiões com maior número de casos são: Metropolitana I (47,257) e Metropolitana II (5,282). As menos afetadas são: Noroeste (577) e Centro-Sul (693). As maiores taxas de mortalidade foram nos anos de 2020 (17,6) e 2021 (17,0), além disso, registrou-se nas regiões Metropolitana II (11,33) e Centro-Sul (10,41) as maiores taxas em 2021, e a menor taxa foi na região Baia da Ilha Grande (5,19) em 2018. O maior número de óbitos (276) e internações (1,599) foram em 2021. Nesse ano, 4,7% das internações necessitaram de UTI, o maior número entre os anos de 2018 e 2021. A faixa etária mais afetada foi “25 a 34 anos”, enquanto a “0 a 14 anos” foi a menos afetada. Há prevalência no sexo masculino, com aproximadamente 70% dos casos em 2021. A escolaridade mais afetada é a de ensino médio completo (7,971 casos), a menos afetada é a de ensino superior incompleto (991 casos). A população parda é a que registra mais casos (25,451), seguida pela branca (15,500) e negra (12,817). No que condiz à forma, a TB pulmonar é predominante, correspondendo a mais de 84% dos casos. A forma extrapulmonar registrou sua menor taxa em 2021, com pouco mais de 8% dos casos. Quanto ao tratamento, em 2021 foi registrado a menor porcentagem de abandono (10,61%), mas foi registrada menor porcentagem de cura de casos novos (36,69%).
CONCLUSÃO: Nota-se que no período de 2018 a 2021, em 2021 houve maior número de casos, 2ª maior taxa de mortalidade e maior taxa de internação. Neste ano registraram-se menores porcentagens de cura e de abandono de tratamento. Assim, é preciso adoção de medidas preventivas por parte das instituições de saúde pública do estado do Rio de Janeiro para frear novo crescimento da doença.
EP014
Arboviroses
Perfil epidemiológico de pacientes internados com diagnóstico confirmado para Dengue em hospital público do oeste do Paraná Autores: Conceição Aparecida Woytovetch Brasil, Mayara Silveira Almeida, Tiago da Silva Araujo Palavras-chaves:
Infecções por arbovírus
, Dengue
, Epidemiologia
Resumo
Perfil epidemiológico de pacientes internados com diagnóstico confirmado para Dengue em hospital público do oeste do Paraná
INTRODUÇÃO: A dengue é uma doença infecciosa aguda causada por um dos quatro tipos de vírus da dengue (DENV) transmitidos pelos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus durante a ingestão de sangue. A infecção pode ser assintomática ou apresentar uma variedade de manifestações clínicas, incluindo uma doença febril leve a uma síndrome de choque com risco de vida. Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), pode ser classificada em dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave. Existem quatro tipos de DENV que são intimamente relacionados entre si, porém, sorologicamente distintos. São do gênero Flavivírus, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
OBJETIVOS: Diante disso, este estudo tem como objetivo descrever as características epidemiológicas dos casos confirmados de dengue durante o ano epidemiológico 2020-2021 que foram internados em hospital público de oeste do Paraná.
MATERIAIS E MÉTODOS: Para isso, utilizou-se planilha de monitoramento dos pacientes internados com suspeita ou diagnóstico de dengue elaborada pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar da instituição em questão.
RESULTADOS: No período analisado, foram investigados 565 casos suspeitos. Foram confirmados 34 casos, sendo 18 classificados como Dengue, 14 como Dengue com sinais de alarme e 2 casos como Dengue grave. Sobre os exames laboratoriais, 31 pacientes coletaram amostra para exame NS1, com 11 resultados positivos. Para biologia molecular, foram coletadas 27 amostras. O RT-PCR foi detectável em 20 amostras e o sorotipo encontrado foi o DENV-2. Em relação à sorologia IgM, foram coletadas 18 amostras. Dessas, 16 tiveram resultado reagente. Já em relação ao sexo, 19 do sexo feminino e 15 do sexo masculino. A faixa etária variou de 4 meses até 67 anos, com 19 pacientes adultos ou idosos. Um paciente classificado com dengue grave evoluiu a óbito. Dois foram internados em Unidade de Terapia Intensiva.
CONCLUSÕES: A descrição das variáveis identificou que no período analisado a positividade para dengue ocorreu de acordo com o método laboratorial empregado. O sorotipo DENV-2 foi o único encontrado nas amostras submetidas à biologia molecular. Todos os casos foram confirmados e encerrados por critério laboratorial. A maioria dos pacientes era adulta com pouca diferença na distribuição entre os sexos.
EP081
HIV/AIDS e outras ISTs
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO HIV NAS CAPITAIS DO NORDESTE: UMA PESQUISA DE LEVANTAMENTO Autores: NATÁLIA SILVA DE CARVALHO, DÉBORA MARIA RIOS MALTA, WELLINGTON RODRIGO GOMES DE MELO, KAREN MARAYANNE TORRES CAVALCANTE, CARLA CILENE NASCIMENTO CASTRO, LUCAS SOARES BRITO, YASMIN MARTINS AGUIAR, CARLOS ALBERTO DA SILVA FRIAS JUNIOR Palavras-chaves:
Epidemiologia
, HIV
, Saúde Pública
Resumo
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO HIV NAS CAPITAIS DO NORDESTE: UMA PESQUISA DE LEVANTAMENTO
Introdução: Passados mais de 30 anos da epidemia de HIV no Brasil, os registros de casos no país têm diminuído. Essa realidade ainda é destoante em algumas regiões do Brasil, que apresentam indicadores de aumento de diagnósticos. Observa-se que a região Nordeste é a terceira mais acometida entre os anos de 2010 a 2020. Portanto, é de grande importância conhecer o perfil dessa população que permanece em risco.
Objetivos: Identificar e descrever o perfil epidemiológico do HIV na população das capitais da região Nordeste.
Materiais e métodos: Foi realizado um estudo descritivo, cujos dados foram obtidos em consulta no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A população estudada englobou todos os casos de AIDS em pessoas com idade menor que 1 ano a 80 anos ou mais, diagnosticados no período de 2010 a 2020.
Resultados: No período analisado, observou-se predomínio da faixa etária de 20 a 34 anos, com maior incidência nas capitais de maiores indicadores populacionais da região Nordeste: Salvador (3.614 casos), Fortaleza (3.564), Recife (2.593) e São Luís (2.189). Em relação ao sexo, notou-se que a população masculina representou 70,0% dos casos. A cor parda foi a que mais apresentou casos (47,3%), tendo maior destaque em Fortaleza. Quanto à escolaridade, notou-se que o maior número se deu em indivíduos com ensino médio completo, sendo São Luís a capital com maior número de registros (19,0%). Percebeu-se que excluindo as capitais mais populosas do estudo, a capital com maior número de casos em indivíduos com ensino superior completo foi João Pessoa com 10,4% da amostra. Quanto à categoria de exposição ao vírus, reconheceu-se a população heterossexual como a mais acometida, com liderança da capital ludovicense (21,1%), a população homossexual foi a segunda com maiores números (4.791 casos) liderados por Fortaleza, com 18,4% dessa amostra. Os números da população bissexual ficaram atrás da população indicada como “sexualidade ignorada”. Verificou-se baixos números na categoria usuários de drogas injetáveis, podendo sugerir subnotificação.
Conclusão: Por meio desse estudo, pode-se ter um panorama dos casos de HIV na região Nordeste, podendo ser uma ferramenta para as autoridades de saúde direcionarem investimentos nessa população e planejarem estratégias preventivas.
EP154
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Perfil epidemiológico dos acidentes de trabalho com exposição a material biológico em hospital público do oeste do Paraná nos anos de 2019 e 2020 Autores: Conceição Aparecida Woytovetch Brasil, Mayara Silveira Almeida, Tiago da Silva Araujo Palavras-chaves:
Acidentes de Trabalho
, Exposição Ocupacional
, Saúde Pública.
Resumo
Perfil epidemiológico dos acidentes de trabalho com exposição a material biológico em hospital público do oeste do Paraná nos anos de 2019 e 2020
INTRODUÇÃO: Os acidentes de trabalho com material biológico (ATMB) consistem no contato do colaborador com sangue e/ou outros fluídos orgânicos durante suas atividades. Frequentemente, as exposições se dão pelo contato com perfurocortantes ou contato direto com a pele não íntegra e/ou mucosas. Quando se desconhece a situação sorológica da fonte ou em casos detectáveis para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), Vírus da Hepatite B (VHB) ou Vírus da Hepatite C (VHC), o acidentado deve ser acompanhado, orientado e medicado se necessário.
OBJETIVOS: Traçar e comparar o perfil epidemiológico dos trabalhadores notificados para ATMB em hospital público de referência para a região entre os anos de 2019 e de 2020.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo descritivo transversal das notificações de ATMB do banco de dados do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (NVEH) da instituição em questão. Em 2019, foram notificados 161 casos de ATMB. Referente às fontes, 35,40% eram desconhecidas. Pela investigação de imunidade para VHB, 17,39% dos acidentados apresentaram Anti-HBs não reagente. A Terapia Antirretroviral (TARV) profilática para HIV foi indicada para 12,42% dos pacientes. Já a orientação para vacinação contra VHB foi para 11,18% dos casos. A imunoglobulina para VHB foi prescrita para 2,48% dos acidentes. Em 2020, foram notificados 176 casos. Em relação às fontes, 36,93% eram desconhecidas. Constatou-se que 27,27% dos pacientes apresentaram Anti-HBs não reagente. A TARV foi indicada para 30,68% dos casos. Foram orientados em relação à vacina contra VHB 19,88% dos notificados. A imunoglobulina para VHB foi prescrita para 1,13% dos casos.
CONCLUSÕES: Mesmo com a implementação da vacina contra VHB no calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI), nota-se que um número importante dos acidentados não apresentou imunidade contra o vírus ou não tinha o esquema completo. Além disso, durante o ano de 2020, o NVEH ficou 9 meses sem o profissional médico responsável pela investigação, indicação e suspensão da TARV, o que pode justificar o aumento das dispensações dos medicamentos. A fim de minimizar riscos, é fundamental fortalecer conhecimentos sobre uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s), bem como o reconhecimento de situações de risco. Ademais, os profissionais devem estar cientes sobre o adequado fluxo de atendimento, bem como sobre a importância de possuir os esquemas vacinais completos conforme preconizados pelo PNI.
EP186
Tuberculose e outras Micobacterioses
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE TUBERCULOSE NO BRASIL DE 2017 A 2021 Autores: Milena Roberta Freire da Silva, Karolayne Silva Souza, Kátia Cilene da Silva Felix, Maria Betânia Melo de Oliveira Palavras-chaves:
Tuberculose
, Saúde pública
, Epidemiologia
Resumo
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE TUBERCULOSE NO BRASIL DE 2017 A 2021
Introdução: A tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa, que ainda se configura como um problema de saúde pública a nível mundial. A taxa de incidência global da doença vem diminuindo 1,4% ao ano, no entanto, ainda é insuficiente para alcançar a meta da Estratégia da Organização da Saúde (OMS) pelo fim da TB. No Brasil cerca de 80 mil caso novos são detectados anualmente, ocasionando mais de 5 mil mortes, posicionando o Brasil entre os 22 países com maior carga da doença.
Objetivos: Analisar os casos de tuberculose no Brasil durante o período de 2017 a 2021.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo quantitativo, retrospectivo, realizado a partir da análise de dados coletados no Sistema de Informações de Agravos e Notificação (SINAM) do SUS – DATASUS, no período de 2017 a 2021. Foram consideradas as variáveis, região de notificação, sexo, faixa etária, escolaridade, raça, tipo de entrada e forma clínica.
Resultados: No período avaliado foram notificados e com diagnóstico confirmado para tuberculose 452.336 casos, no qual o sexo masculino concentrava 70% dos casos e o sexo feminino 30%, as faixas etárias variaram de <1 ano a 80 anos +, sendo que as mais acometidas foram de 20-39 e 40-59 apresentando 46% e 31% dos casos respectivamente. No tangente a variável raça/cor, 49% eram pardos; 29% apresentavam nível de escolaridade ignorado/branco e 19% tinham de 5ª a 8ª série incompleta do ensino fundamental. A forma clínica mais prevalente foi a pulmonar com 85% dos casos, seguido da extrapulmonar com 12%, no qual a principal forma de detecção foi a de casos novos 80%, seguido do reingresso após abandono com 9%. A região com os maiores números de casos foi a Sudeste (45%) e Nordeste (26%), em contrapartida a com menor número de casos foi a região Centro-Oeste (5%). Durante os anos analisados, 2019 (21,2%) e 2018 (20,8) apresentaram os maiores números de casos.
Conclusões: Diante da análise dos dados, verificou-se que houve uma redução dos casos de tuberculose nos anos avaliados, no entanto ainda se faz necessário a realização de programas e ações de prevenção e controle, oferecendo assim subsídio para a tomada de decisão em saúde. Ademais, devido ao quadro pandêmico, há a possibilidade de subnotificação dos casos, comprometendo assim uma avaliação mais exitosa de tal problema.
EP187
Tuberculose e outras Micobacterioses
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E DE MORTALIDADE POR HANSENÍASE NO BRASIL NO PERÍODO DE 2010 A 2020 Autores: CARLA CILENE NASCIMENTO CASTRO, NATÁLIA SILVA DE CARVALHO, DÉBORA MARIA RIOS MALTA, WELLINGTON RODRIGO GOMES DE MELO, KAREN MARAYANNE TORRES CAVALCANTE, LUCAS SOARES BRITO, ARTHUR ROCHA DOS SANTOS, CARLOS ALBERTO DA SILVA FRIAS JUNIOR Palavras-chaves:
Hanseníase
, Epidemiologia
, Mortalidade
Resumo
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E DE MORTALIDADE POR HANSENÍASE NO BRASIL NO PERÍODO DE 2010 A 2020
Introdução: A hanseníase é uma doença tropical negligenciada, de natureza infectocontagiosa crônica, causada pelo bacilo de Hansen. Está presente em áreas com alta vulnerabilidade social, associando-se a complicações físicas e psicossociais. O Brasil apresenta o segundo maior número de casos no contexto mundial, o que demonstra a importância de estudos sobre a epidemiologia dessa patologia. Contudo, o estudo sobre os óbitos por hanseníase tem sido negligenciados, podendo potencializar a sua ocorrência.
Objetivos: Expor uma análise descritiva sobre o perfil epidemiológico e de mortalidade por hanseníase no Brasil no período de 2010 a 2020.
Materiais e Métodos: Estudo epidemiológico descritivo com abordagem quantitativa, baseado nos dados oficiais do Sistema de Notificação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), com o objetivo de caracterizar a população mais acometida e a com maior mortalidade pela hanseníase.
Resultados: Durante o período de 2010 a 2020, 402.184 casos de hanseníase foram notificados. Observou-se que a população mais acometida tem 15 anos ou mais (93,8%), é parda (56,5%), do sexo masculino (56,7%) e tem ensino fundamental incompleto (21,4%). Além disso, a forma clínica predominante é a dimorfa (44,6%), e os casos ocorrem principalmente na região Nordeste (42,2%), da qual o Maranhão é o estado com maior número de casos notificados (11,8%). Durante o período estudado, foram registrados 1.786 óbitos causadas por hanseníase. Notou-se que, no Brasil, ocorre uma maior proporção de óbitos entre idosos de 60 a 79 anos (40,3%), pardos (56,1%), do sexo masculino (72,6%), analfabetos (31,6%), e que essas mortes acontecem predominantemente no ambiente hospitalar (67,1%) e na região Nordeste (45,6%). Dentre os estados da região nordeste, o Maranhão e a Bahia são os estados que mais apresentam mortalidade por hanseníase, juntos equivalem a 23,1% da mortalidade no Brasil.
Conclusões: A população mais acometida pela doença no Brasil está localizada na região Nordeste, na qual a mortalidade também é predominante. O sexo masculino e a raça/cor parda também são fatores relacionados. Esses dados são relevantes para embasar o desenvolvimento de políticas de saúde voltadas para essa comunidade, visto que, no Brasil, essa patologia ainda é considerada um problema notável de saúde pública.
EP082
HIV/AIDS e outras ISTs
Perfil sociodemográfico de pessoas soropositivas para HIV e com tuberculose no Brasil entre 2017 e 2021 Autores: Vinícius Goldschmidt, Lara Costa Amaral, Beatriz De Melo Nogueira, Luana Pacheco Espíndola, Lucas Soares Brito, Lucas Araújo Ferreira Palavras-chaves:
Coinfecções por HIV
, Epidemiologia
, Tuberculose
Resumo
Perfil sociodemográfico de pessoas soropositivas para HIV e com tuberculose no Brasil entre 2017 e 2021
INTRODUÇÃO: A Tuberculose (TB), doença causada por bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis e endêmica do Brasil, é a principal causa de morte entre indivíduos vivendo com HIV. O país é, portanto, um dos que possuem mais ocorrências de TB-HIV, tornando a questão um grave problema de saúde pública e reiterando a importância dos seus registros epidemiológicos.
OBJETIVO: Descrever o perfil sociodemográfico de notificações por pessoas HIV positivas com tuberculose no Brasil de 2017 a 2021.
MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal quantitativo com coleta de dados do Sistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAN) na plataforma DATASUS. As variáveis descritas são: prevalência, macrorregião, faixa etária e sexo. Calculou-se as porcentagens dos dados coletados e os resultados foram comparados.
RESULTADOS: No Brasil entre, 2017 e 2021, contabilizou-se 46.072 casos de coinfecção TB/HIV, com maior registro no ano de 2018, quando 9.368 pessoas foram notificadas. Ainda, é válido destacar que de 2019 para 2020 esses números caíram 11,5% (n=1.114), e mesmo com um aumento de 124 registros de coinfecção em 2021 esse biênio permaneceu abaixo do padrão percebido em anos anteriores. A Região Sudeste representou 39,71% (n= 18.298) dos 46.072 casos, já a Região Nordeste alcançou 24,05% (n= 11.082) no mesmo período, sendo as regiões prevalentes para a condição. As regiões Sul (n=8.989), Norte (n=5.470) e Centro-Oeste (n=2.161) vêm em sequência. Com relação à faixa etária mais afetada, houve predomínio do grupo de 20-39 anos, o qual obteve mais da metade (53,6%) dos registros entre 2017 e 2021, totalizando 24.690 pessoas com coinfecção TB/HIV confirmada. Todavia, ressalta-se que quase 40% dessas infecções acometem a faixa etária de 40-59 anos, demonstrando um perfil de meia-idade muito afetado. Já em relação ao sexo, os homens foram responsáveis por 72,38% (n= 33.283) dos casos registrados no período.
CONCLUSÕES: Apesar do padrão alto de notificações de casos confirmados para TB/HIV entre 2017 e 2021, observou-se uma redução no biênio de 2020 e 2021- anos correspondentes à pandemia de COVID-19 - com possível correlação entre os dois eventos. Os destaques quanto ao sexo e às faixas etárias permitem debates acerca de padrões comportamentais e tendência a não adesão de tratamentos. Assim, há lacunas para estudos futuros abordarem a mudança observada durante a pandemia e as relações da coinfecção TB/HIV com os perfis sociodemográficos dessa pesquisa.
EP083
HIV/AIDS e outras ISTs
Perfil sociodemográfico e a incidência de neoplasias em pessoas vivendo com HIV/AIDS atendidos em um hospital de referência do estado do Rio de Janeiro Autores: Dirce Bonfim de Lima, Rafaele Tavares Silvestre Manhães, Renata Bezerra Benício, Mariana Alexandre Bragante, Maria Helena Faria Ornellas de Souza Palavras-chaves:
HIV
, Terapia Antirretroviral
, Neoplasia
Resumo
Perfil sociodemográfico e a incidência de neoplasias em pessoas vivendo com HIV/AIDS atendidos em um hospital de referência do estado do Rio de Janeiro
Introdução: Pessoas que vivem com HIV têm maior risco de desenvolverem câncer, principalmente as neoplasias definidoras de AIDS. Com o aumento da longevidade, após a introdução da Terapia Antirretroviral (TARV) na década de 90, observou-se que a crescente expectativa de vida promoveu o aumento na exposição cumulativa à inflamação crônica e sistêmica, e acúmulo de mutações somáticas e alterações epigenéticas que estão associadas ao processo de carcinogênese.
Objetivos: Este estudo observacional prospectivo objetiva correlacionar fatores sociodemográficos e a incidência de neoplasias em pessoas vivendo com o HIV.
Materiais e Métodos: Características sociodemográficas e clínicas foram analisadas a partir dos dados obtidos através da aplicação de questionários no ambulatório.
Resultados: De 2019 a 2022, 87 indivíduos participaram do projeto, sendo 52 homens (59,8%) e 35 mulheres (40,2%) com idade média de 48 anos (DP=15 anos). Quanto aos hábitos de vida, 52 (59%) declararam ser heterossexual, não tabagistas (55; 63,2%), etilistas (38; 43,7%) e não usuários de drogas ilícitas (66; 75,9%). Quanto à coinfecção, 52 apresentaram coinfecção (59,8%), como sífilis (17,2%), tuberculose (12,6%), pneumonia (11,5%), HPV (9,2%), HCV (8%) e HBV (6,9%). Ao total, 20 indivíduos declararam serem hipertensos (23%) e 9 diabéticos (10,3%). Dentre os 87 participantes, 34 (39%) relataram que tiveram câncer. Os tipos histológicos mais frequentes foram sarcoma de Kaposi (26,5%), câncer cervical (17,6%) e linfoma não-Hodgkin (14,7%). Os demais cânceres mencionados (35,3%) foram o câncer de mama, colorretal, pulmão, fígado, próstata, pele, bexiga e linfoma de Hodgkin. A sobrevida global foi de 15,7 anos após a descoberta do HIV, e de 8 anos após a descoberta do câncer. Todos declararam fazer uso do TARV, principalmente das classes ITRN/ITRNN e ITRN/ II associados.
Conclusões: Diversos estudos têm avaliado a incidência de neoplasias definidoras de AIDS. Entretanto, com o aumento da expectativa de vida em decorrência da adesão ao TARV, pessoas vivendo com o HIV tem sido acometidas por outro tipos de neoplasias, denominadas de neoplasias não-definidoras de AIDS, como o câncer colorretal, próstata, fígado, pulmão, cérebro, pele, como visto neste trabalho. Há poucos estudos sobre a incidência de neoplasias em pessoas vivendo como o HIV, desse modo, mais trabalhos são necessários para compreendermos melhor essa caracterização.
EP188
Tuberculose e outras Micobacterioses
Pericardite em um país endêmico para tuberculose: relato de caso Autores: Natália Gomes Candiago, Fernanda Marçolla Weber, Thais Kassia Brandalise Palavras-chaves:
Pericardite tuberculosa
, Tuberculose cardiovascular
, Infecções por Mycobacterium
, Pericardite constritiva
Resumo
Pericardite em um país endêmico para tuberculose: relato de caso
Introdução: A pericardite por tuberculose é uma condição rara, principalmente em imunocompetentes, sendo responsável por <5% dos casos de pericardite, com alta taxa de mortalidade e de difícil diagnóstico. Porém, em países endêmicos, a tuberculose é a causa mais comum de pericardite constritiva representando 38% a 83% dos casos.
Objetivo: Relatar uma forma extrapulmonar rara de tuberculose.
Método:Relato de caso de pericardite por tuberculose em paciente imunocompetente, diagnosticado na cidade de Caxias do Sul, em março de 2022. Coleta de dados realizada através de revisão de prontuário.
Resultado: Homem de 62 anos, há 8 meses apresentando sintomas constitucionais como astenia, perda ponderal de 15kg, dor torácica, dispneia, edema em membros inferiores, febre vespertina, sudorese noturna, e episódios de síncopes. Foram descartadas doenças reumatológicas, colagenoses, pneumonias e neoplasias mais comuns. Sorologias virais foram negativas. A tomografia de tórax mostrava focos de condensação parenquimatosa com padrão vidro fosco, derrame pleural e pequeno derrame pericárdico. O eletrocardiograma realizado no hospital da cidade vigente, evidenciou espessamento valvar e pericardite constritiva. Uma angiotomografia de tórax sugeriu tromboembolismo pulmonar, e o manejo foi feito em uma internação hospitalar. Paciente foi então transferido para nosso serviço de unidade hospitalar, para avaliar a necessidade de pericardiocentese. As hipóteses diagnósticas de neoplasia de sítio primário desconhecido, tuberculose pericárdica e amiloidose foram aventadas. Permaneceu com episódios de febre vespertina, taquicardia e sudorese durante a internação. Uma ressonância magnética cardíaca constatou pericárdio espessado, derrame pericárdico exsudato e acúmulo protéico. Um Raio-X de tórax evidenciou empiema. Optado, em conjunto com a equipe de cirurgia torácica, por realizar videotoracoscopia diagnóstica com biópsia do tecido pericárdico e drenagem de empiema. O resultado foi positivo para tuberculose na biopsia de pericárdio por coloração de Ziehl-Neelsen, e pleurite crônica e aguda. Instituído tratamento com RIPE, atualmente paciente encontra-se na fase de manutenção do tratamento e com insuficiência cardíaca como sequela.
Conclusão: Apesar da dificuldade diagnóstica dessa condição, ela deve ser considerada visto que o Brasil é um país endêmico para tuberculose. A constrição transitória ocorre em 10%. A constrição, quando de longa data, pode levar à insuficiência cardíaca.
EP084
HIV/AIDS e outras ISTs
Periostite e osteomielite como apresentação de sífilis secundária em imunocompetente Autores: Pietra Sandim Nascimento, Leonardo Vilaça, Lucas Campos Chagas, Erika Ferraz Gouvea Palavras-chaves:
Sífilis
, Periostite
, Efeito prozona
Resumo
Periostite e osteomielite como apresentação de sífilis secundária em imunocompetente
Introdução:
A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) de alta incidência e diferentes apresentações clínicas de acordo com o tempo de infecção, o que dificulta seu reconhecimento. Os vários estágios evolutivos podem mimetizar outras patologias e retardar o diagnóstico.
Objetivo:
Relatar um caso para ilustrar uma apresentação clínica incomum de uma IST de alta prevalência.
Relato de caso:
Paciente feminino, 15 anos, solteira, sem patologias prévias, foi atendida por dor nos MMII e MMSS e sinais flogísticos na pele subjacente, de característica migratória, intermitente e assimétrica iniciados 5 meses antes. Durante esse período teve lesões genitais ulceradas dolorosas, sem diagnóstico etiológico confirmado, sendo tratada com doxiciclina por 21 dias, com resolução. Dois meses após o início do quadro, apresentou cefaleia, zumbido bilateral e alopecia difusa. Exames inespecíficos mostraram fosfatase alcalina e aminotransferases aumentadas (TGP > TGO). RM dos membros com alterações compatíveis com osteomielite e periostite. VDRL não reator e FtA- Abs reator. Havia história de parceiro sexual com sífilis tratada com penicilina benzatina. Paciente foi referenciada para Serviço de Infectologia do Rio de Janeiro, tendo repetido VDRL após diluição, reator com títulos de 1:128. Estudo do líquor sem alterações. Recebeu tratamento com Penicilina Cristalina por 14 dias e ao final do tratamento, recebeu dose única de Penicilina Benzatina 2.4 milhões UI IM. Após três meses de tratamento teve resolução dos sintomas, resolução das lesões ósseas ao exame de imagem.
Discussão/ conclusão
A primeira manifestação da sífilis se caracteriza por úlcera ou erosão nos sítios de entrada da espiroqueta, com tempo de incubação de 10-90 dias. Mesmo na ausência de tratamento, os cancros costumam desaparecer em 2 a 6 semanas, dificultando o diagnóstico. O secundarismo aparece em aproximadamente 25% dos indivíduos com infecção primária não tratada. Nessa fase podem ser observados acometimento de vários órgãos e sistemas, sendo rara a descrição de periostite e osteíte. Descrevemos um caso de acometimento ósseo extenso, associado a acometimento neurológico, em uma adolescente imunocompetente, com boa resposta terapêutica, cujo diagnóstico foi retardado pela ocorrência do efeito prozona.
EP052
Hepatites virais
Perspectiva vacinal na população idosa contra hepatite B no município do Rio de Janeiro (RJ), de 2012 a 2021: um estudo descritivo a partir do Sistema Eletrônico do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) Autores: Laura Martins Rangel, Helder Martins Figueira, Bárbara Costa Godinho, Janete Soares Martins Palavras-chaves:
Vacinação
, Hepatite B
, Idosos
Resumo
Perspectiva vacinal na população idosa contra hepatite B no município do Rio de Janeiro (RJ), de 2012 a 2021: um estudo descritivo a partir do Sistema Eletrônico do Departamento de Informática do SUS (DATASUS)
Introdução: De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia e de Hepatologia, a hepatite B é uma doença infecciosa que acomete o fígado causada pelo vírus B da hepatite presente em secreções. Logo, também é considerada uma infecção sexualmente transmissível (IST), sendo, inclusive, uma comorbidade de notificação compulsória.
Objetivos: Discorrer e descrever sobre a evolução da proporção de idosos vacinados para hepatite B no município do Rio de Janeiro entre 2012 e 2021, relacionando-a com o número de casos confirmados da doença nesse período.
Materiais e Métodos: Estudo descritivo baseado em dados secundários obtidos em consulta pública ao DataSUS, por meio do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Os dados foram tabulados e quantificados através do Microsoft Excel for Windows® e são relativos ao índice vacinal de idosos para HVB no Rio de Janeiro, no período de 2012 a 2021. Foram analisadas as variáveis: ano; faixa etária; número de doses aplicadas da vacina; mecanismos de transmissão.
Resultados: Foram notificados 295 casos de hepatite B na população e no período estudado. A faixa etária com maior número de casos confirmados de hepatite B foi de 60 a 64 anos (119; 40,3%). Sendo sua principal forma de contágio definida pela via sexual. Nesse período, 184.316 doses da vacina foram aplicadas em indivíduos com idade igual ou maior de 60 anos, no município, o que corresponde a 55,7% das 330.836 doses aplicadas no estado, no período. Os anos 2017 e 2019 apresentaram o maior índice de doses aplicadas (21.207 e 21.952, respectivamente). A análise das doses aplicadas na população total estimada de 11.563.271 idosos, mostra que 72.063 (6,2%) receberam a primeira dose da vacina, 56.961 (4,8%) a segunda e 48.281 (4,1%) a terceira. Vale ressaltar que o total de doses aplicadas da Hepatite B que não apresentou soroconversão no período e população estudada foi de 63.833.
Conclusões: A proporção de idosos residentes no município estudado vacinados contra hepatite B no período tem decaído, principalmente, em comparação aos últimos 2 anos. Logo, se faz necessário ressaltar a relevância de estratégias no planejamento de programas de atenção à saúde do idoso que incentivem maior adesão à vacinação completa contra hepatite B, inclusive no que tange a transmissão sexual com abordagem para uso de preservativos na terceira idade para reduzir o contágio, incluindo para outras ISTs.
EP038
COVID-19
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO: SIMPLICIDADE QUE TRANSFORMA. Autores: ANA CLAUDIA DA SILVA VIEIRA, CINTIA MARIA FARIAS DA SILVA, DAMIANA FORTUNATO FONSECA RANGEL, VIRGINIA XAVIER DE SOUZA, MARIANA MACHAY PINTO NOGUEIRA, ADRIANA BONFIM LEMOS VALLE, ROSANE DA COSTA GUIMARÃES Palavras-chaves:
INFECTIOUS DISEASES
, PUBLIC HEALTH
, HOSPITALS
Resumo
POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO: SIMPLICIDADE QUE TRANSFORMA.
Introdução: A humanização da assistência em saúde é primordial para o cuidado e, o convívio entre os pacientes e equipe multidisciplinar, de extrema relevância para uma melhor interação e entendimento do que é o adoecimento, sua aceitação e compreensão do tratamento proposto. A Política Nacional de Humanização (PNH) busca por em prática os princípios do Sistema Único Saúde (SUS) no cotidiano dos serviços de saúde, produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar. Com a pandemia da Covid-19, houve o aumento do número de pessoas adoecendo. E, por consequência do afastamento de seus familiares e amigos, mudança no cotidiano, desconhecimento do processo desta nova doença, além do isolamento hospitalar, desenvolveram doenças de ordem mental e transtornos psicológicos. A utilização da PNH estimula a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários para construir processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto. A necessidade de desenvolver estratégias que amenizassem a frieza do isolamento hospitalar e a solidão da internação, conduziram a um cuidar além da técnica para um cuidar mais humano, seguindo os princípios da PNH. Isto foi crucial neste processo. O escopo deste trabalho visou desenvolver táticas de humanização do cuidado, a fim de ampliar o bem-estar físico, mental, intelectual, além de minimizar as sequelas do isolamento nas internações hospitalares em acometidos pela Covid-19.
Objetivo: Observar o efeito das estratégias de humanização implementadas na pandemia da Covid-19, para minimizar o impacto do isolamento hospitalar.
Método: Trata-se um estudo de natureza descritivo, qualitativo do tipo pesquisa-ação, usando como ferramenta do estudo a observação participante. Realizado em um hospital de referência em Doenças Infecciosas e Parasitarias do Estado do Rio de Janeiro.
Resultados: Foram executadas estratégias com música, pintura, jogos interativos, visita virtual, festa da alta, prontuário afetivo, entre outros. Todas estas técnicas simples transformaram de forma única o cotidiano do paciente internado no isolamento da Covid-19. Os pacientes aceitaram as práticas realizadas respondendo a estas de forma muito positiva. A equipe multidisciplinar não envolvida intimamente com o processo foi visivelmente sensibilizada no percurso da pesquisa.
Conclusão: Constatamos que essa metodologia resultou em bem-estar físico e mental ao paciente, contribuindo com sua melhora e refletindo fidedignamente o PHN defendido pelo SUS.
EP085
HIV/AIDS e outras ISTs
Possível associação da infecção por HPV16 e risco de doença arterial coronariana: um estudo experimental em camundongos transgênicos Autores: Andrea de Neiva Granja, Andressa Bianca Reis Lima, Rui Medeiros, Margarida Maria dos Santos Monteiro Bastos, Paula Alexandra Oliveira, Flávia Caastello Branco Vidal, Rui Miguel Gil da Costa Oliveira, Haissa Oliveira Brito, Natalino Salgado Filho Palavras-chaves:
Câncer
, Papilomavírus Humano
, Camundongos Transgênicos
, doença arterial coronariana
Resumo
Possível associação da infecção por HPV16 e risco de doença arterial coronariana: um estudo experimental em camundongos transgênicos
Introdução: Múltiplos estudos têm sugerido que, entre outras variáveis determinantes ou associadas com o desenvolvimento da doença arterial coronariana, se poderá encontrar a infeção por diversos tipos de agentes infecciosos, entre os quais o Papilomavírus Humano (HPV). No entanto, as bases fisiopatológicas para explicar esta associação permanecem desconhecidas.
Objetivo: Este estudo pretende testar o papel do HPV enquanto possível factor de risco para DAC, utilizando um modelo animal de camundongos transgênicos para HPV16.
Materiais e Métodos: Após aprovação pelo comité de ética, foram utilizados camundongos FVB/n machos e fêmeas, transgênicos para toda a região early do HPV16 ou wild-type, sacrificados às 30, 40 e 50 semanas de idade. Os corações foram colhidos, fixados em formaldeído e seccionados transversalmente a nível da base, da secção média e do ápex. Secções histológicas foram coradas pela hematoxilina-eosina e estudadas em microscopia óptica de campo claro para determinar o tipo de lesões presentes.
Resultados: Os animais HPV- de ambos os sexos e de todas as idades não apresentaram quaisquer lesões cardíacas. Entre os animais HPV+, foram observadas lesões afectando a microvasculatura cardícaca, mas não as artérias coronárias. As lesões foram caracterizadas por infiltração neutrofílica da parede vascular (vasculite, n=5), espessamento da túnica média com proliferação de músculo liso e/ou acumulação de material eosinofílico amorfo (n=10) que num caso foi acompanhada por inflamação e necrose isquémica do miocárdio adjacente (áreas de enfarte).
Conclusão: Os resultados experimentais mostram uma associação entre o HPV16 e lesões da microvasculatura cardíaca caracterizadas por lesão endotelial, inflamação e espessamento da túnica média, factores também envolvidos na DAC. Estes resultados apoiam a hipótese de que o HPV modula aspectos críticos da patogénese da DAC, potencialmente sendo um factor de risco para esta doença.
Este estudo foi financiado pela CAPES - código financeiro 001 (13/2020 - PDPG Amazônia Legal 0810/2020/88881.510244/2020-01) e pelo Edital FAPEMA/MS-Decit/CNPq/SES Nº 09/2020 (projeto PPSUS-02160/20).
EP169
Outras doenças virais
Prevalência de anticorpos anti-Parvovírus B19 em pacientes com malária na região amazônica Autores: Ester dos Santos Motta, Milena de Paula Rebello, Ricardo Luiz Dantas Machado, Luciane Almeida Amado Leon, Arthur Daniel Rocha Alves, Margarete do Socorro Mendonça Gomes, Rubens Alex de Oliveira Menezes, Rita de Cássia Nasser Cubel Garcia Palavras-chaves:
Parvovírus Humano B19
, Soroprevalência
, Malária
Resumo
Prevalência de anticorpos anti-Parvovírus B19 em pacientes com malária na região amazônica
Introdução: A infecção pelo Parvovírus humano B19 (B19V) é comum, com padrão epidemiológico cíclico a cada 4-5 anos, e, cerca de 50% da população adulta apresenta evidência sorológica de infecção pelo vírus. Estudos realizados em regiões onde a malária falciparum é endêmica mostram que as crianças até 2 anos de idade já apresentam anticorpos para o B19V, e que a coinfecção malária/B19V pode contribuir para os casos de anemia grave.
Objetivos: Estudar a prevalência de anticorpos IgM e IgG em uma população com malária vivax na região amazônica.
Materiais e métodos: Soros de 152 pacientes com doença febril e diagnóstico laboratorial de malária, coletados entre novembro de 2014 e 2015 no município do Oiapoque/AP (população estimada em 28.534 pessoas/0,91hab/km²), foram testados para a presença de anticorpos IgM e IgG anti-B19 utilizando ensaio imunoenzimático (EIE) comercial (Serion, Brasil), conforme instruções do fabricante. Mais de 60% (97/152) dos pacientes eram do sexo masculino e faixa etária de 12 a 35 anos (96/152). Apenas nove amostras eram de crianças até 11 anos de idade.
Resultados: Os anticorpos IgG anti-B19V foram detectados em 75,7% (115/152) das amostras, sendo 76% de pacientes do sexo feminino (42/55) e 75% do masculino (73/97), e esta diferença não foi estatisticamente significativa (teste de Fisher, p=1,0000). A prevalência dos anticorpos aumentou de 43% (3/7) em crianças de 7-9 anos de idade para 79,5% (62/78) em adultos de 20-39 anos, até cerca de 90% (15/17) nos maiores de 50 anos. Aproximadamente 40% (59/152) dos pacientes apresentaram infecção recente pelo B19V (anti-B19V IgM positivo). Das 115 amostras anti-B19V IgG positivas, 21 deram resultados inconclusivos no teste de detecção de IgM e 51 foram negativas. Portanto, a infecção passada pode ser confirmada para 33,6% dos pacientes (51/152). Apenas 13/152 amostras (8,5%) testaram anti-B19V IgM e anti-B19V IgG negativas.
Conclusões: A prevalência da infecção pelo B19V em pacientes com malária nesta população é comparável à encontrada em outras regiões do Brasil. Uma das explicações é a faixa etária dos indivíduos, pois apenas 6% das amostras foram coletadas de crianças de 7 a 11 anos de idade, e mais de 70% de adultos entre 12 e 40 anos de idade. Mesmo assim, foi possível confirmar a infecção recente em aproximadamente 40% dos casos no período estudado. Nossos resultados corroboram os de outros estudos que indicam que 2014-2015 foi um ano epidêmico de B19V no Brasil.
EP189
Tuberculose e outras Micobacterioses
PREVALÊNCIA DE HANSENÍASE EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR BAIANO Autores: Milena Roberta Freire da Silva, Karolayne Silva Souza, Kátia Cilene da Silva Felix Palavras-chaves:
Hanseníase
, Epidemiologia
, Bahia
Resumo
PREVALÊNCIA DE HANSENÍASE EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR BAIANO
Introdução: Considerada uma das doenças mais antigas que acomete o homem, a hanseníase configura-se como um problema de saúde pública, apresentando distribuição geográfica heterogênea, no qual os maiores coeficientes de detecção são em regiões com baixo desenvolvimento socioeconômico, como América Latina, África e Ásia, sendo detectados mais de 200.000 novos casos no mundo anualmente.
Objetivos: Realizar uma análise epidemiológica da prevalência de hanseníase em um município do interior baiano no período de 2009 a 2018.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo epidemiológico, retrospectivo de abordagem quantitativa. A população de estudo corresponde aos casos de hanseníase notificados no SINAN em residentes de um município do interior baiano, os quais obtiveram confirmação clinica e laboratorial no período de 2009 a 2019. Os dados foram coletados através da Ficha Individual de Notificação/Investigação de Hanseníase armazenadas no Serviço de Dermatologia e Pneumologia Sanitária (Sederpas). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Sete de Setembro (FASETE), segundo parecer consubstanciado nº 3.504.757/2019.
Resultados: No período estudado, foram notificados e com diagnóstico confirmado para hanseníase 515 casos, dos quais 57% (293) eram para o sexo feminino e 43% (222) para o sexo masculino. As faixas etárias de estudo variaram de ≤14 a >70, no qual as que apresentaram os maiores números de casos foram de 20-39 anos 171 casos (33,2%), de 40-59 anos 162 casos (31,5%). Com relação as variáveis sociodemográficas, 71,3% eram pardos, 26,5% apesentavam nível fundamental incompleto e 94% residiam na zona rural. A forma clínica mais prevalente foi a tuberculóide (45%), com classificação operacional do tipo paucibacilar (55%). De acordo com a taxa de detecção anual de casos (para cada 10 mil habitante), observou-se que o ano que apresentou a maior prevalência foi 2011 (8,51) e o de menor foi 2018 (2,14).
Conclusões: De acordo com os resultados apresentados a hanseníase no município de estudo é endêmica e ainda constitui um problema de saúde pública. Apesar do município concentrar uma elevada carga da doença, foi possível observar que durante os anos analisado houve uma redução na detecção dos casos. Desta forma, torna-se indispensável que o município promova e intensifique a descentralização das ações de controle da doença.
EP086
HIV/AIDS e outras ISTs
Prevalência de Trichomonas vaginalis e Chlamydia trachomatis em mulheres de comunidades quilombolas de Caxias, Maranhão - descrição sociodemográfica e fatores de risco. Autores: Elaine dos Santos Piancó, Larissa Helena Souza Baldez, Clara Vitória Cavalcante Carvalho, Antonio Lima da Silva Neto, Rafael Arouche, Paulo Eduardo Silva Soares, Rafael França Lima, Luciana Fonseca de Miranda, José de Ribamar Ross, Flávia Castello Branco Vidal Palavras-chaves:
Doenças Sexualmente Transmissíveis
, quilombolas
, mulheres
, prevalência
Resumo
Prevalência de Trichomonas vaginalis e Chlamydia trachomatis em mulheres de comunidades quilombolas de Caxias, Maranhão - descrição sociodemográfica e fatores de risco.
Introdução - Segundo o Ministério da Saúde, houve no Brasil um aumento considerável de casos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) desde o ano de 2018. Comportamentos de risco como a pouca adesão ao uso de preservativos é uma importante questão citada pelo órgão governamental. População, comunidades e povos quilombolas são grupos comunitários oriundos dos velhos quilombos originados na época da escravidão. São populações vulneráveis onde a maioria vive em extrema pobreza e com pouco acesso à saúde.
Objetivo: Avaliar a prevalência de Chlamydia trachomatis, e Trichomonas vaginalis em mulheres de comunidades quilombolas de Caxias, Maranhão e realizar a descrição sociodemográfica da população e fatores de risco associados a infecção por estes agentes.
Materiais e Métodos - O estudo é observacional do tipo transversal e prospectivo, onde foram coletados através de questionários dados sociodemográficos além da realização de exames citológicos. A detecção dos microorganismos Chlamydia trachomatis e Trichomonas vaginalis foi realizada utilizando a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) com os primers KL1/KL2 e TVA5/TVA6, respectivamente.
Resultados: Foram incluídas 145 mulheres. A maioria situava-se na faixa etária de 30 a 50 anos (38,6%), eram negras (77,2%), possuíam somente o ensino fundamental (41,4%) e eram casadas/união estável (72,4%). Cerca de 54,5% tiveram a menarca entre 13 e 15 anos, 46,9% iniciaram sua vida sexual acima dos 15 anos, 66,9% não utilizavam contracepivo oral, 91,7% declararam-se não tabagistas e 50,3% assumiram que consumiam bebidas alcoólicas. O uso de camisinha como método contraceptivo em todas as relações sexuais foi registrado em apenas 9,6% das mulheres, sendo o uso ocasional em 56,5% e o não uso em nenhuma relação de 33,7%. 24 mulheres (16,6%) relataram histórico de outras IST. A maioria das mulheres não apresentou atipias citológicas (84,6%). Chlamydia trachomatis estava presente em 13,1% das mulheres enquanto o parasita tricomonas em 8,9%.
Conclusão: Os achados relevados são de um grupo com certo isolamento territorial, estilo de vida e atividades sexuais mantidas no geral entre membros quilombolas. Há a necessidade de novas pesquisas com populações quilombolas para melhora das medidas de saúde pública abrangendo comunidades isoladas, visto que as ISTs estão presentes no meio.
EP190
Tuberculose e outras Micobacterioses
Prevalência de Tuberculose em pessoas privadas de liberdade no Ceará entre 2016 e 2021: um comparativo com a população geral Autores: José Gladstone Castro Neto, Ana Lara Guerra Barbosa, Carlos Eduardo Santiago Vasconcelos, Júlio Maurício Carmo Santos, Maria Clara Mota dos Santos, Vitória de Melo Jerônimo, Lara Gurgel Fernandes Távora Palavras-chaves:
Tuberculose
, Ceará
, Prisioneiros
Resumo
Prevalência de Tuberculose em pessoas privadas de liberdade no Ceará entre 2016 e 2021: um comparativo com a população geral
Introdução: A Tuberculose (TB) é a doença infecciosa que mais mata adultos no mundo e é causada pelo Mycobacterium Tuberculosis, sendo transmitida por meio de aerossóis bacilíferos de pessoas infectadas. Apenas em 2017, foram registrados mais de 10 milhões de casos no mundo, com amplo predomínio em países pobres. Essa prevalência é ainda maior quando falamos de pessoas privadas de liberdade (PPL). Objetivo: Comparar a prevalência de Tuberculose entre prisioneiros e população geral no Estado do Ceará no período entre 2016-2021. Materiais e métodos: Estudo descritivo baseado na consulta ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação do DATASUS e nas avaliações das taxas de TB, no período de 2016 e 2021 no Ceará. Nesse contexto, foi realizado um comparativo entre a prevalência na população geral e nos presidiários em regimes fechado e semiaberto, excluindo aqueles que respondem penalmente em regime aberto. Resultados/Discussão: No período de 2016 a 2021, observaram-se 24.822 casos de TB no Ceará, deles, 2.096 corresponderam à população privada de liberdade, correspondendo a uma prevalência de 9,37%. No mesmo período, na população geral do Estado do Ceará, a prevalência da doença foi de 0,26%. Ao analisarmos os índices anualmente, observou-se um aumento gradual na prevalência dos casos na PPL, sendo de 0,84% em 2016 e 1,59% em 2020, com um pico de 1,91% em 2019. No mesmo período, observou-se que as prevalências da doença na população geral permaneceram estáveis, variando entre 0,04 – 0,05%. Essa discrepância nos faz questionar quais aspectos relacionados à prevenção dessa doença estão sendo negligenciados, se de fato existem medidas de controle da transmissão do bacilo da tuberculose nos presídios e ainda, como podemos diminuir a desigualdade desses índices. Conclusão: É necessário debater acerca das condições às quais as PPL são submetidas no Ceará e o grau de vulnerabilidade delas a aquisição de doenças enquanto estão sob custódia do Estado. Ë essencial que esse debate público envolvendo direitos humanos seja embasado em dados científicos. Assim, é possível colaborar com ações futuras do Estado e da sociedade civil no tangente à problemática da falta de universalidade do acesso à saúde.
EP113
Infecções comunitárias
Prevalência do Papillomavirus humano em uma comunidade cigana brasileira Autores: JOSE DE RIBAMAR ROSS, Rayane Alves Machado, ERICK SANTOS DE OLIVEIRA, Gabriel Rodrigues Côra, Maria Claudene Barros, Elmary da Costa Fraga, Gerusinete Rodrigues Bastos dos Santos, Flavia Castello Branco Vidal, Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento, Marco Aurélio Palazzi Safádi Palavras-chaves:
Grupos étnicos
, Grupos Minoritários
, Papillomaviridae
, Ciganos
, Rastreamento
Resumo
Prevalência do Papillomavirus humano em uma comunidade cigana brasileira
INTRODUÇÃO: A prevalência de infecção do HPV na população geral é amplamente conhecida, contudo, ainda são escassas as pesquisas relacionadas a esta infecção nos grupos minoritários em especial aos povos ciganos no Brasil. Os países menos desenvolvidos são os que apresentam a maior carga, com 80% do total de cânceres. Considerando a relação do câncer Cérvico uterino em grupos que têm maior vulnerabilidades, percebe-se ser exatamente nestes grupos étnicos desfavoráveis a existência de amplas barreiras de acessibilidade a ofertas de ações de saúde.
OBJETIVO: analisar a prevalência do Papillomavirus humano em uma comunidade cigana no município de Caxias – MA.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo descritivo transversal realizado na cidade de Caxias – MA. Foram selecionadas 22 mulheres de 10 a 64 anos de uma área cigana. Aplicado um questionário com 46 questões. As participantes foram submetidas ao exame Papanicolau com duas coletas de citologia: a convencional e a citologia em meio líquido através do kit Kiagen. As amostras foram examinadas quanto a ocorrência de anormalidades citológicas e testadas por reação em cadeia da polimerase (PCR) e sequenciamento genético). Os dados foram gerados no Software estatístico Redcap e o software estatístico SPSS versão 22. As análise foram descritivas e foram utilizadas tabelas e gráficos de frequências das variáveis. Os resultados foram discutidos a luz do referencial teórico e das principais publicações cientificas dá área. Pesquisa aprovado no Comitê de Ética da Universidade Estadual do Maranhão sob parecer nº 2.867.682.
RESULTADOS: A frequênica geral de HPV na amostra foi de 22.72% (22/5) casos. A maioria das mulheres 40%(5/2) casos apresentaram infecções múltiplas por HPV seguido de 60%(3/5) com infecções simples. Assim 100% (3)casos das mulheres ciganas que apresentaram infecções simples, foi por HPV de alto risco. Sendo HPV 16 (2 casos) e o HPV 45(1) caso. A relação positividade para o exame Papanicolau foi de apenas 4.54% (1/22) que apresentou a atipia ASC-US e estava infectada pelo HPV 45.
CONCLUSÕES: Foi alta frequência de infecção por HPV no grupo cigano analisado sendo superior as taxas registradas na população a nível de Brasil e nordeste. Houve predomínio dos genótipos de HPV de alto risco sendo o mais frequente o HPV 16. A frequência de alterações citológicas foi baixa está dentro de parâmetros recomendados.
EP047
Doenças emergentes e reemergentes
Prevalência dos casos de sarampo em crianças de 0 a 9 anos nos anos de 2019 a 2021 no Brasil. Autores: Luana Pacheco Espíndola, Vinícius Goldschmidt, Lara Costa Amaral, Lucas Soares Brito, Lucas Araújo Ferreira Palavras-chaves:
COVID-19
, Criança
, Sarampo
Resumo
Prevalência dos casos de sarampo em crianças de 0 a 9 anos nos anos de 2019 a 2021 no Brasil.
INTRODUÇÃO: O sarampo é uma doença infectocontagiosa causada pelo vírus Paramyxoviridae, com alta transmissão por vias aéreas e que causa complicações significativas em crianças. Apesar da literatura apontar aumento recente dos casos de sarampo, mudanças importantes no padrão de internações de crianças por essa causa foram documentadas entre os anos 2019 e 2021 no Brasil, período de impacto da pandemia do COVID-19.
OBJETIVO: Descrever as hospitalizações por sarampo em crianças de 0 a 9 anos no Brasil entre 2019 e 2021.
MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal quantitativo com coleta de dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), obtidos da plataforma DATASUS. Foi analisado o total de internações por sarampo em crianças de 0 a 9 anos, bem como o ano de hospitalização e a faixa etária acometida. Foi utilizada estatística descritiva, com cálculo de porcentagem, para a análise dos dados.
RESULTADOS: Observou-se um total de 1150 internações por sarampo em crianças de 0 a 9 anos entre janeiro de 2019 e dezembro de 2021, sendo 622 (54%) em 2019, 371 (32,2%) em 2020 e 157 (13,3%) em 2021. Houve um declínio de 40,3% nas internações de 2019 para 2020 e um decréscimo de 57,7% de 2020 para 2021. Uma queda de 74,7% das hospitalizações é observada entre 2019 com 2021. Dessas hospitalizações, 681 ocorreram em menores de 1 ano (59,2%), 389 entre 1 e 4 anos (33,8%) e 80 de 5 a 9 anos (6,9%). Uma queda nas internações é observada em todas essas faixas etárias de 2019 a 2020 e de 2020 a 2021, exceto em crianças de 5 a 9 anos entre 2019 e 2020, em que houve aumento de 9%.
CONCLUSÕES: Apesar da literatura apontar aumento no número de crianças acometidas por sarampo no Brasil, os dados coletados não demonstram aumento esperado no número de hospitalizações. Uma acentuada queda nesses registros é documentada e a razão para tal é inconclusiva. Esse fato pode ter ocorrido pela sobrecarga do SUS por causa da pandemia ou ainda pelas medidas sanitárias adotadas nesse período, correlação já citada em estudos prévios. Assim, há lacunas para futuros estudos investigarem a origem desse fenômeno, uma vez que tal acontecimento é de suma importância para a atualização das políticas públicas de saúde vigentes.
EP087
HIV/AIDS e outras ISTs
PREVALÊNCIA E GENOTIPAGEM DE HPV: UM ESTUDO COM MULHERES SOROPOSITIVAS PARA HIV Autores: Ana Cléa Cutrim Diniz de Morais, Karina Donato Fook, Monika Machado de Carvalho, Maria José Abigail Mendes Araújo, Ilka Kassandra Pereira Belfort, Flávia Castello Branco Vidal, Sally Cristina Moutinho Monteiro, Fernanda Ferreira Lopes Palavras-chaves:
vírus da imunodeficiência humana
, papilomavírus humano
, Genotipagem
, câncer de colo de útero
Resumo
PREVALÊNCIA E GENOTIPAGEM DE HPV: UM ESTUDO COM MULHERES SOROPOSITIVAS PARA HIV
Introdução: O papilomavírus humano (HPV) é a infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo e vários estudos têm demonstrado uma maior prevalência deste patógeno em mulheres infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Objetivo: Determinar a prevalência e a diversidade genotípica da infecção pelo HPV em mulheres infectadas pelo HIV. Material e Métodos: Estudo transversal com mulheres soropositivas para HIV atendidas em dois Centros de Referência de uma capital do Nordeste brasileiro, as quais responderam questionário sobre seus dados socioeconômicos e de saúde. Amostras de swab do colo de útero foram coletadas para ensaio de detecção do HPV por meio da PCR com os primers PGMY (09 e 11) e GP (+5 e GP+6), usando a técnica de PCR do tipo Nested. Para a análise dos resultados, os dados foram categorizados em dois grupos: com coinfecção (HIV+/HPV+) e sem coinfecção (HIV+/HPV-). A análise estatística dos dados foi realizada com intervalo de confiança de 95% e nível de significância p<0,05, em software IBM SPSS® Statistics versão 24.0.
Resultados: A amostra foi composta por 86 mulheres soropositivas para HIV, em tratamento antirretroviral, com idade média de 44,75 anos, sendo que 36% (31/86) apresentaram positividade para o DNA-HPV. Dentre as amostras genotipadas (22/31) a positividade para HPV de alto risco oncogênico foi 45,4% (10/22), com maior prevalência do HPV59 (70%), seguido pelo HPV16 (20%). Infecções com múltiplos tipos de HPV foram observadas em 27,3% das mulheres, sendo que em 83,3% (5/6) havia concomitância de HPV de baixo e alto risco e em 16,7% (1/6) havia 2 tipos de HPVs de alto risco oncogênico. Ao se comprar a carga viral entre o grupo HIV+/HPV+ (240,22±628,40 cópias/mL) versus o HIV+/HPV- (44,25±12,60 cópias/mL) observou-se significância estatística (p<0,04), e a alta carga viral (>75 cópias/mL) relacionou-se com a presença de HPV de baixo e alto risco oncogênico (p<0,01). Conclusão: No presente estudo a prevalência de HPV foi elevada, com destaque para os vírus com alto risco oncogênico e infecções com múltiplos tipos de HPV. A infecção por HPV de alto risco pode potencializar o desenvolvimento de câncer cervical em mulheres infectadas pelo HIV.
EP114
Infecções comunitárias
Prevalência e uropatógenos associados à infecção urinária em gestantes de Manaus, AM Autores: Carlem Gonçalves Cabús, David Lopes Neto, Júlio Said Siqueira Cabus Palavras-chaves:
Infecções urinárias
, Gestantes
, Prevalência
, Bacteriúria
Resumo
Prevalência e uropatógenos associados à infecção urinária em gestantes de Manaus, AM
INTRODUÇÃO: A Infecção do Trato Urinário (ITU) ou infecção urinária em gestantes continua sendo um agravo alarmante para a saúde pública. Trata-se de uma doença que constitui complicações graves, contribuindo para morbimortalidade materna e perinatal. É considerada um agravo de risco às gestantes (BORTOLOTI et al, 2016). Em Manaus, entre 2014 a 2018 foram registrados 16.063 nascidos vivos com baixo peso ao nascer (BRASIL, 2019), o que pode estar relacionado à incidência de infecções durante o período gestacional, não tratadas ou tratadas de forma inadequada, entre elas a ITU.
OBJETIVO: Determinar a prevalência de infecção urinária em gestantes atendidas na rede pública municipal de Manaus.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo transversal, de abordagem quantitativa e descrição dos aspectos etiológicos de infecção urinária em gestantes acompanhadas no laboratório da rede pública de Manaus, no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2018. Foram avaliados 5.925 laudos de uroculturas de gestantes, ao qual foram incluídos atendendo aos critérios. A coleta ocorreu na forma de dados retrospectivos e in situ, com obtenção dos dados: mês da amostra analisada, ano, Distrito de Saúde, idade da usuária, idade gestacional, e resultado. O banco de dados do estudo foi construído através do software Microsoft Excel, com análise por meio do Programa Estatístico R, aplicando-se o teste do Qui-Quadrado, considerando uma significância de p<0,05.
RESULTADOS: Foram identificadas 31 espécies de agentes etiológicos bacterianos causadores de infecções urinárias em gestantes da rede pública da cidade de Manaus. Observou-se que 22,3% (n=1322) das amostras foram positivas e que a Escherichia coli é o agente mais prevalente em gestantes, 33,6% (n=444) em pelo menos três distritos da cidade (p=0.0013), seguido por Streptococcus sp, Klebsiella pneumoniae e Enterococcus faecalis.
CONCLUSÃO: Entre os microrganismos isolados nas uroculturas, a maior prevalência foi de E. coli, seguido de Streptococcus sp, Klebsiella pneumoniae e, Enterococcus faecalis. Houve significância estatística entre o agente e as variáveis mês, ano e zona distrital para a prevalência de infecção. A presença do Streptococcus predominou nas gestantes da Zona Sul e apresenta comportamento epidemiológico diferente das demais zonas. Isso implica em grande preocupação pois, é uma das bactérias mais importantes na etiologia de sepse neonatal.
EP102
Imunizações e Medicina de viagem
Principais barreiras para a vacinação de adultos no Brasil: Dados de uma Pesquisa Transversal sobre Práticas Médicas Autores: Licieri Marotta Figueiredo, Cicera Pimenta Marcelino, Paula de Mendonça Batista, Thais das Neves Fraga Moreira Palavras-chaves:
Hábitos de prescrição
, Conhecimento sobre vacinas
, Barreiras à vacinação
Resumo
Principais barreiras para a vacinação de adultos no Brasil: Dados de uma Pesquisa Transversal sobre Práticas Médicas
Introdução: Os médicos desempenham um papel fundamental na promoção da vacinação entre as populações adultas. Estudos sobre a prática em relação a prescrição de vacinas são escassos no Brasil.
Objetivos: O estudo teve como objetivo descrever as práticas médicas de vacinação de adultos e idosos, identificar barreiras para a prescrição de vacinas e avaliar o conhecimento sobre as vacinas prescritas rotineiramente.
Material e Métodos: Estudo transversal realizado no Brasil em 2018, envolvendo médicos incluídos em banco de cadastros de profissionais de saúde (Fine Panel ) e pertencentes a diversas especialidades médicas, com enfoque nas vacinas recomendadas pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) para adultos (20-59 anos) e idosos (≥60 anos) entre 2017-2018. A amostra foi calculada garantindo a representatividade dos médicos ativos por região e especialidade no Brasil.
Resultados: Dos 1.068 médicos que foram entrevistados, 89,8% prescrevem vacinas rotineiramente. A prescrição varia entre as vacinas recomendadas, de 18,8% (Meningocócica B) a 94,4% (Influenza) em adultos e de 15,0% (Meningocócica Conjugada ACWY) a 92,8% (Influenza) em idosos. Para a população idosa, a infectologia é a especialidade que tem mais médicos prescritores para cada vacina, exceto por Febre Amarela , PCV13 e PPSV23 que são mais prescritas por geriatras (88,5%, 92,3% e 96,2%, respectivamente). Em vacinas para idosos, a falta de tempo durante a consulta foi a barreira mais comumente selecionados pelos de médicos e para os adultos, soma-se a essa barreira o alto custo da vacina. Além disso, o conhecimento médico sobre populações-alvo, esquema posológico e disponibilidade de vacinas no SUS (sistema único de saúde) em uma escala de 0 a 1, foi inferior a 0,6 para 14 das 17 vacinas analisadas. O conhecimento médico foi mais baixo (inferior a 0,4) para as vacinas PPSV23, PCV13, meningocócica B e ACWY, dengue, dTpa e HPV.
Conclusão: Os hábitos de prescrição variaram entre as vacinas recomendadas e as especialidades médicas. Embora a maioria dos médicos pareça estar ciente da importância da vacinação de adultos e idosos, o déficit de conhecimento, a falta de tempo durante a consulta e o custo parecem ser barreiras importantes para prescrever vacinas. Iniciativas para aumentar o conhecimento dos médicos e a adoção de medidas para enfrentar as barreiras mais comuns à vacinação podem contribuir para aumentar a cobertura vacinal da população adulta brasileira.
EP155
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Pseudoaneurisma de ventrículo esquerdo devido a bacteremia sustentada por Salmonella Brandeburg : relato de um caso em paciente transplantado de rim no Rio de Janeiro Autores: Ana Clara de Siebra Mecenas, Daniel Xavier de Brito Setta, Bruno Reznik Wajsbrot, Henrique Madureira da Rocha Coutinho, Robson de Souza Leão, Paulo Vieira Damasco Palavras-chaves:
Salmonella Brandeburg
, pseudoaneursima
, transplantado renal
Resumo
Pseudoaneurisma de ventrículo esquerdo devido a bacteremia sustentada por Salmonella Brandeburg : relato de um caso em paciente transplantado de rim no Rio de Janeiro
Introdução:
As infecções extra-intestinais por Salmonella spp. têm alta letalidade e de difícil manejo clínico. O pseudoanuerisma do ventrículo esquerdo é uma rara complicação associada à bacteremia por Salmonella spp. Relatamos um caso de EI por Salmonella Brandenburg num idoso transplantado de rim com história de diarréia e infecção urinária.
Objetivo
Relatar um caso de endocardite mural por Salmonella Brandenburg e calcular a incidência de endocardite por Enterobactérias e Salmonella num coorte de 192 pacientes.
Material e Métodos:
A EI de 192 pacientes foi definida de acordo com os critérios de Duke modificados. A análise microbiológica foi avaliada em centro de vigilância para Salmonella no Rio de Janeiro. O cálculo da incidência de EI por Enterobactérias. foi realizado na coorte com 162 pacientes de hemoculturas positivas.
Relato de caso:
Paciente P.R.,masculino,67 anos, chegou a uma emergência pública em 12 de maio de 2021 com febre,calafrios e fraqueza. O paciente era transplantado de rim, imunossuprimido, em tratamento para cardiopatia isquêmica e revascularizado há 3 anos. História duas internações recentes em 2021, na nossa unidade, a última em março de 2021, devido a diarreia e a infecção urinária por Salmonella spp.. A terceira internação em maio de 2021 surgiu uma nova síndrome infecciosa onde isolamos a Salmonella Brandenburg. O time de EI levantou a possibilidade de endocardite mural de ventrículo esquerdo (VE) após realização do ecocardiograma transesofágico. No PET Scan houve a marcação de um pseudoaneurismo de VE. Este paciente foi encaminhado à cirurgia cardíaca, infelizmente no pós operatório tardio contraiu uma infecção hospitalar associada à ventilação mecânica. Durante a cirurgia cardíaca e estudo de anatomia patológica foi confirmada a endocardite mural. As amostras de S.brandenburg eram sensíveis à ampicilina, ciprofloxacina, sulfametoxazol-trimetroprim, cefatoxina. A incidência de EI por Enterobactérias nesta coorte de 162 pacientes com hemoculturas positivas do Rio de Janeiro foi de 5,5% e de EI por Salmonella de 0,6 %.
Conclusão:
Salmonella brandenbur está na lista 16a sorovar responsável por infecção em humanos. A incidência de EI por Salmonella spp. nesta coorte foi de 0,6%. O pseudoaneurisma de ventrículo esquerdo foi relacionado a Salmonella Brandenburg. Neste relato, chamamos atenção do risco de EI por Salmonella em pacientes transplantados de Rins, no Rio de Janeiro.
EP115
Infecções comunitárias
QUAL A FREQUÊNCIA DOS ESTREPTOCOCOS ORAIS NA ENDOCARDITE INFECCIOSA E QUAIS SÃO SUAS CARACTERÍSTICAS? Autores: Thatyane Veloso de Paula Amaral de Almeida, Mariana Giorgi Barroso de Carvalho1, Nícolas de Albuquerque Pereira Feijóo1, Rafael Quaresma Garrido, Giovanna Ferraiuoli Barbosa2, Clara Weksler, Wilma Golebiovski, Bruno Zappa, Marcelo Goulart Correia, Cristiane C. Lamas Palavras-chaves:
Endocardite Infecciosa
, Estreptococos do grupo Viridans
, Infecção comunitária
Resumo
QUAL A FREQUÊNCIA DOS ESTREPTOCOCOS ORAIS NA ENDOCARDITE INFECCIOSA E QUAIS SÃO SUAS CARACTERÍSTICAS?
INTRODUÇÃO: Estreptococos do grupo Viridans (EGV), estafilococos e enterococos são os patógenos mais frequentes na endocardite infecciosa (EI). OBJETIVOS: Descrever casos de EI por EGV (EIV) e compará-los com outros casos de EI. MATERIAIS E MÉTODOS: Pacientes adultos com EI definitiva de acordo com os critérios de Duke modificados foram incluídos de 2006 a 2021 usando o formulário de relato de caso da Colaboração Internacional em Endocardite. A análise estatística foi realizada com o software Jamovi e R., pelo teste de proporções. RESULTADOS: Houve 435 casos de EI, sendo a VGS responsável por 91 (20,9%) dos episódios. Pacientes com EIV em sua história pregressa tiveram menos cirurgia cardíaca (24,7% vs 43,0%, p=0,002), doença arterial coronariana (6,7% vs 15,9%, p=0,026) e insuficiência renal crônica (8,9% vs 24,2 %, p=0,002). Não foram encontradas diferenças para insuficiência cardíaca congestiva, que foi prevalente em ambos os grupos (33,3% vs 41,7%). A doença valvar reumática (DVR) foi observada com maior frequência na EVI (43,2% vs 28,4%, p=0,008) e a EIV foi mais frequentemente adquirida na comunidade (92,3% vs 58,3%, p < 0,001). Regurgitação e vegetações das valvas aórtica e mitral foram frequentes em ambos os grupos. A frequência de perfuração valvar foi alta em ambos os grupos (20,0% vs 17,8%), mas a de abscesso paravalvar foi menor no EIV (8,9% vs 17,2%). Febre, fenômenos embólicos, esplenomegalia e níveis de PCR não foram diferentes entre os grupos, embora VHS alta (28/35 ou 80,0% vs 55/106, ou 51,9%, p=0,003) e nódulos de Osler (10,1% vs 1,8%, p < 0,001) foram mais frequentes no EIV. A insuficiência cardíaca secundária à regurgitação valvar aguda foi igualmente frequente em ambos os grupos (65,9% vs. 59,4%), assim como eventos neurológicos (27,5% vs. 26,2%). Os êmbolos esplênicos foram frequentes em ambos os grupos (37,8% vs. 34,5%). A insuficiência renal aguda foi menos frequente no EIV (21,4% vs 37,2%, p=0,007). A mortalidade foi significativamente menor no EIV (14,8% vs 28,6%, p=0,009). CONCLUSÕES: EIV foi frequente em nosso centro de referência e foi associado principalmente à aquisição na comunidade e DVR subjacente. Curiosamente e classicamente, a esplenomegalia e os nódulos de Osler foram mais frequentes na EIV, que ainda tem um longo curso, denotando atraso no diagnóstico. Apesar de eventos embólicos frequentes e IC aguda, com indicação cirúrgica, a taxa de mortalidade foi menor, confirmando a literatura publicada.
EP048
Doenças emergentes e reemergentes
QUALIDADE DA ÁGUA: DETERMINANTE DE DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS (DDA) NA VILA AMAZÔNIA DO MUNICÍPIO DE PARINTINS- AM Autores: Jeferson Manoel Teixeira, Valdete Santos de Araújo, Bárbara de Oliveira Baptista Savariego, Andriele dos Santos Pereira, Carla Souza Calheiros, Janaina Maciel Braga, Viviany da Cruz Ramos Pinto, Francisco Thalyson Moraes Silveira Palavras-chaves:
Controle de Qualidade da Água
, Disenteria
, Inquérito de Morbidade Infantil
, Amazonas
Resumo
QUALIDADE DA ÁGUA: DETERMINANTE DE DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS (DDA) NA VILA AMAZÔNIA DO MUNICÍPIO DE PARINTINS- AM
Introdução: No Brasil, o acesso ao saneamento básico não abrange toda a população, principalmente os mais carentes. A água que é um dos elementos de consumo essenciais para sobrevivência humana, também pode se tornar um dos principais veículos de doenças quando sua qualidade não está dentro dos padrões para consumo, por exemplo, a Doença Diarreica Aguda (DDA) ou disenteria, que de acordo com o Ministério da Saúde é considerada principal causa de morbimortalidade infantil.
Objetivos: Descrever as características físico-químicas e microbiológicas das águas de poços tubulares e de residências e perfil epidemiológico dos casos de disenteria em uma comunidade de Parintins, Amazonas.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo experimental, descritivo e transversal, realizado no período de janeiro a março de 2022, na Vila Amazônia, no município de Parintins-AM. Utilizou-se o Ecokit II como método de coleta das amostras de 500ml água e realizadas análises físico-químicas e microbiológicas. Os parâmetros físico-químicos de: pH, Temperatura e Turbidez da água, foram analisados In loco. A análise de: Oxigênio dissolvido, Nitrato, Nitrito, Amônia, Ortofostato e Coliformes fecais/ E. Coli, foram analisados em Laboratório. Todos realizados em duplicata. Os dados epidemiológicos foram os registrados na Umidade Básica de Saúde (UBS) do local estudado.
Resultados: Nas análises físico-químicas e os laboratoriais dos poços e das residências, os resultados estão em desacordo com os parâmetros da Portaria nº 888, de 2021 do Ministério da Saúde , estando imprópria para consumo humano. A distribuição da água tratada na Vila Amazônia atinge cerca de 8,16% dos moradores e somente 1,42% de domicílios possuem esgotamento sanitário. A Vila Amazônia possui 8,500 habitantes, deles 937 são crianças até a terceira infância. No ano de 2021, foi registrado na única UBS local, 16,01% casos de DDA, acometendo 11,02% das crianças que vivem no local. Com 58,26 internações anuais por DDA. O impacto ao adoecer reflete na população da Vila, sendo diarreias, desidratações e infecções intestinais ligadas à proliferação de doenças de veiculação hídrica e exposição à contaminação. Isso aumenta principalmente nos períodos de cheia e vazante dos rios, especificamente no mês de janeiro.
Conclusões: A precariedade no saneamento básico no local do estudo contribuíram com os resultados obtidos, aumentando assim a incidência de casos de DDA, adoecendo as crianças até a terceira infância.
EP088
HIV/AIDS e outras ISTs
Rastreamento do Papillomavirus humano em comunidades quilombolas no meio norte do Brasil Autores: JOSE DE RIBAMAR ROSS, WILLIAM RYAN ALVES DE SOUSA, Elisá Victória Silva e Silva, Gerusinete Rodrigues Bastos dos Santos, Maria Claudene Barros, Elmary da Costa Fraga, Gabriel Rodrigues Côra, Flavia Castello Branco Vidal, Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento, Marco Aurélio Palazzi Safádi Palavras-chaves:
Rastreamento
, Papillomaviridae
, Quilombo
, Grupos Minoritários
, Neoplasias do Colo do Útero
Resumo
Rastreamento do Papillomavirus humano em comunidades quilombolas no meio norte do Brasil
INTRODUÇÃO A frequência na população geral situa-se entre 5 e 20%. A população quilombola no Brasil mesmo com a implantação de direitos sociais/cidadania, não conseguiu mudar fortemente a maneira de acessar e a disponibilidade aos serviços ficando as margens do SUS. O Maranhão é o estado que possui o maior número de comunidades quilombolas. No Brasil entre 2020 a 2022 são esperados 16.590 casos novos de neoplasia cervical. A região nordeste é a 2ª mais incidente. No Maranhão no ano de 2020 foram estimados 890 casos. De maneira geral 70% dos casos ocorrem em áreas e baixo IDH.
OBJETIVO
Determinar a frequência do Papillomavirus humano em comunidades quilombolas no município de Caxias – MA.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal de caráter descritivo. Este realizado em 5 áreas quilombolas de Caxias – MA: Cana Brava das Moças, Jenipapo, Lavras, Soledade, e Centro da Lagoa. Na faixa etária de 10 a 64 anos compreendeu 280 mulheres. Seu N amostral foi de 123 mulheres. Foram realizadas 2 coletas de citologia: a convencional e a citologia em meio líquido. As amostras foram examinadas quanto a ocorrência de anormalidades citológicas e testadas (PCR) e sequenciamento genético para o DNAHPV. Aplicado questionário com 64 questões. Foi calculado o Odds ratio (OR) com IC 95% e o nível de significância 5% (p < 0,05). Pesquisa aprovada no CEP conforme CAEE Nº 96368518.4.0000.5554.
RESULTADOS
A frequencia de alterações citológicas foi de 6.60%. Nas localidades quilombolas (Cana Brava e Lagoa dos Pretos) a frequência variou entre 15.8 e 20%. As comunidades com maior frequência de atipias foi a Lagoa dos Pretos e Cana Brava. A frequência geral de HPV nas quilombolas foi de 44.71%(55) casos. As infecções multiplas por HPV foi de 54.54%(30) casos e as infecções simples HPV correspondeu a 45.45%(25) dos casos. O HPV de alto risco compreendeu 12.72%(7) com destaque aos genótipos (11,16,18,, 53, 54, 69 e o 83).
CONCLUSÃO
Houve alta prevalência de infecção por HPV nas mulheres quilombolas sendo superior as frequências registradas na população geral a nível de Brasil e nordeste. Todas as mulheres com atipias estavam infectadas por HPV com destaque para os casos de alto risco e infecção por mais de um genotipo sendo o HPV16 o mais frequente.
EP191
Tuberculose e outras Micobacterioses
Reação paradoxal exuberante após tuberculose disseminada com acometimento cerebral e medular em paciente com artrite reumatoide em uso de imunobiológico Autores: Ana Carolina Baptista Salmistraro, Jéssica Thaiane Dias da Silva, Marcia Halpern, Rafael Silveira Batista, Caroline Soares Troccoli, Erika Ferraz de Gouvea Palavras-chaves:
tuberculose
, SNC
, imunossupressor
, anti-TNF
, reação paradoxal
Resumo
Reação paradoxal exuberante após tuberculose disseminada com acometimento cerebral e medular em paciente com artrite reumatoide em uso de imunobiológico
Embora a tuberculose do sistema nervoso central (SNC) não seja uma apresentação tão frequente como a forma pulmonar, pacientes imunocomprometidos são susceptíveis a formas mais graves e disseminadas da infecção. As reações paradoxais são exacerbações de sintomas, que ocorrem após melhora da doença proporcionada pelo mesmo tratamento.
Paciente de 44 anos, portadora de artrite reumatoide em uso de adalimumabe, iniciou em abril/21 quadro de tosse e dispneia aos esforços. Realizou TC de tórax que evidenciou consolidação com pequenos nódulos circunjacentes no lobo superior E e múltiplos nódulos esparsos pelo parênquima pulmonar. Apesar desses achados, recebeu uma dose de adalimumabe em maio/21. Internada no Hospital Universitário em junho/21 por cefaleia e episódio convulsivo. RM de crânio com captação de contraste leptomeningea em região occipital E e fronto-parietal à D. Liquor com pleocitose e predomínio linfocitico, hiperproteinorraquia, BAAR, TRM e cultura para M tuberculosis negativos. Realizado escarro induzido com BAAR negativo e TRM para M tuberculosis detectado com sensibilidade à rifampicina. Iniciou tratamento em 28/6/21 com RHZE e prednisona, com alta hospitalar em 8/7/21. Após 1 mês, retorna por crise convulsiva focal em MSE e retenção urinária. TC de crânio evidenciou evolução de lesões já existentes e aumento do edema perilesional. Novo LCR com pleocitose, e proteína de 2,8g, BAAR e TRM negativos. Aventada a hipótese de reação paradoxal e alta hospitalar com associação de àcido valpróico. Em outubro/21, apresentou novo episódio convulsivo, com proteinorraquia de 2,94g em LCR, e BAAR e TRM negativos. RM de coluna mostrava espessamento de meninge difusamente e empiema extradural a nível de T10 comprimindo canal medular. Biópsia de região occipital com histopatológico evidenciando granulomas com necrose caseosa. Reforçada hipótese de tuberculose de SNC e reação paradoxal. Optado por manter RH em dose de 15mg/kg/dia (4cp/dia), e aumento da dose do corticóide. Após 11 meses de tratamento, apresenta LCR dentro da normalidade, melhora parcial da lesões na coluna, lesões sem melhora no parênquima cerebral e lesão que comprime quase a totalidade do canal medular.
Com o aumento do uso de imunossupressores, a incidência de infecções oportunistas também aumentou. Além disso, quando iniciado o tratamento da infecção oportunista e reestabelecida a imunidade do paciente, torna-se possível o surgimento de reação paradoxal com sintomas exuberantes da doença.
EP130
Infecções fúngicas
Relato de caso - Aspergilose de Sistema Nervoso Central em PVHIV Autores: Caroline Soares Troccoli, Rafael Silveira Batista, Leonardo Villaca, Halime Silva Barcui, Erika Ferraz Gouvea Palavras-chaves:
Aspergilose
, Neuroinfecção
, HIV
, SIDA
Resumo
Relato de caso - Aspergilose de Sistema Nervoso Central em PVHIV
Introdução: É uma infecção causada pelo Aspergillus spp., e importante causa de morbimortalidade nos pacientes imunossuprimidos, principalmente em pessoas que vivem com HIV (PVHIV). Após a introdução da terapia antirretroviral (TARV), houve uma redução da sua ocorrência e, segundo os dados epidemiológicos mais atuais, a incidência é de 3,5 casos/ 1000 pessoas ano, com mais de 35 anos e com CD4< 50 células.
Relato de caso: Descrevemos um caso de um paciente de 41 anos, com diagnóstico de infecção pelo HIV há 40 anos e em abandono de tratamento há 4 anos. Trazido a emergência do hospital de referência com quadro de queda do estado geral, rebaixamento importante do nível de consciência e confusão mental de 1 semana de evolução, com piora progressiva. Sendo realizada tomografia computadorizada (TC) de crânio com contraste evidenciando lesões hiperdensas com captação periférica de contraste e edema cerebral difuso, colhido CD4 com 5 células, feito então, diagnóstico presuntivo de neurotoxoplasmose (NTX), iniciado tratamento com Sulfadiazina, Pirimetamina e Ácido folínico e devido gravidade do quadro optado por internação em centro de terapia intensiva. Após 14 dias de tratamento, paciente não apresentando melhora significativa do quadro neurológico, realizado ressonância nuclear magnética de crânio que evidenciou lesões com sinais de trombose e angioinvasão, podendo corresponder a aspergilose invasiva de sistema nervoso central (SNC). Realizada punção liquórica com bioquímica normal, exame micológico e cultura para fungo e tuberculose negativos, mas dosagem de galactomanana, tanto no líquor quanto no sangue, altas. Sendo iniciado tratamento antifúngico com Anfotericina B complexo lipídico e mantido tratamento para NTX, tendo melhora clínica e radiológica importante e com queda do nível de galactomanana sérica e no líquor, então após 21 dias de Anfotetirina B e devido melhora optado por troca para Voriconazol oral. Após 30 dias completos de tratamento, realizada reintrodução HART, com boa aceitação e resposta imunovirológica. Atualmente, paciente segue em acompanhamento multidisciplinar e com TARV, profilaxias para outras infecções oportunistas e Voriconazol oral.
Conclusão: descrevemos um caso clínico de um paciente com infecção fúngica invasiva com acometimento grave de SNC, considerada rara e de difícil diagnóstico. Tendo boa resposta terapêutica após tratamento adequado e melhora da resposta imunológica.
EP089
HIV/AIDS e outras ISTs
RELATO DE CASO: DOENÇA PNEUMOCÓCICA INVASIVA, manifestação aguda gravíssima em PVHA Autores: ROXANA FLORES MAMANI, Manuela da Costa Medeiros, Marcel Treptow Ferreira, Cristiane da Cruz Lamas Palavras-chaves:
Doença pneumococica invasiva
, HIV
, Streptococo pneumoniae
Resumo
RELATO DE CASO: DOENÇA PNEUMOCÓCICA INVASIVA, manifestação aguda gravíssima em PVHA
Introdução: Doença pneumocócica invasiva (DPI) é definida como infecção confirmada por isolamento de Streptococcus pneumoniae em sítios estéreis, com alta taxa de mortalidade. Afeta menores de 5 anos, idosos e grupos de risco, como pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA), especialmente com CD4 menor que 200, carga viral detectável, coinfecção com hepatite C, albumina sérica baixa e uso de drogas injetáveis.
Relato de caso: Masculino, 37 anos, tabagista, previamente hígido, com quadro de tosse, coriza, dispneia, precordialgia e hemoptise de 5 dias de evolução. Regulado de unidade de emergência para centro de referência em doenças infecciosas , com insuficiência respiratória, torporoso, com necessidade de intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Gasometria com acidose metabólica grave, hemoglobina 12,8mg/dL leucócitos 14.050 cel/mm3 (bastões 4%, segmentados 90%), plaquetas 73.000, ureia 88,8mg/dL, creatinina 2,06mg/dL, sódio 120,6 mEq/dL, TGP 64,5 UI/L, TGO 76 UI/L, BT 4,53 mg/dL, BD 2,36 mg/dL, INR 2,9, TP 25s, PTT 44s, LDH 406 UI/L, interleucina 6 >5000, procalcitonina> 50mg/dL, D-dímero>4000, PCR 13,69mg/dL, outros exames mostraram: VDRL 1/32, TR HIV reagente, HBsAg reagente, Anti-HCV não reagente, antígeno criptocócico positivo no sangue . TC de tórax da admissão (Fig. 1 e 2) mostrava extensa consolidação lobar e derrame pleural à esquerda, e pequeno derrame pericárdico. TC de crânio sem alteração. Toracocentese diagnóstica e terapêutica (Fig. 3) com saída de 1200 mL de líquido purulento (proteína 4,4 mg/dL, glicose 5,6mg/dL, LDH 11680, 85%PMN). Isolado Streptococcus pneumoniae multissensível em hemoculturas, líquido pleural, pericárdico e no líquor. Feitos testes confirmatórios para HIV e CD4= 460 cel/mm3 , relação CD4/CD8 1,25 e CV 5688 (log 3,15).Iniciado tratamento com ceftriaxona, e após a gravidade do quadro foi escalonado para linezolida, levofloxacino, amicacina (empírico para tuberculose) e anfotericina B. Evoluiu com choque séptico e óbito em 48 horas da internação.
Discussão: No caso apresentado observamos um quadro clínico de sepse com comprometimento de múltiplos órgãos e disseminação do pneumococo para SNC, pleura e pericárdio, em PVHA de recente diagnostico, com CD4 relativamente alto, com evolução para choque séptico e óbito em 48 horas, antes mesmo da identificação e TSA do patógeno.
Conclusões: DPI se apresenta em PVHA mesmo com CD4 alto, podendo ter curso fulminante. É fundamental cobrir com beta-lactâmicos sepse comunitária em PVHA.
EP156
Infecções relacionadas à assistência à saúde / CCIH
Relato de caso sobre o uso de taurolidina em lock therapy para redução de infecção relacionada a cateter venoso de longa permanência em uma criança com síndrome de Berdon Autores: Carolina Carneiro Peixinho, Camila Salgado França Henriques, Maria Fernanda de Miranda Reis do Rego, Marcio Fernandes Nehab Palavras-chaves:
Infecções Relacionadas a Cateter
, Lock therapy
, Nutrição Parenteral Total
Resumo
Relato de caso sobre o uso de taurolidina em lock therapy para redução de infecção relacionada a cateter venoso de longa permanência em uma criança com síndrome de Berdon
Introdução: A síndrome de Berdon é uma doença rara caracterizada pela presença de megabexiga, microcolon e hipoperistaltismo intestinal gerando dependência de nutrição parenteral desde o nascimento com necessidade de cateter de longa permanência. No entanto, seu uso está associado a complicações, sendo a infecção a mais frequente e grave delas, acarretando aumento de morbidade e mortalidade e custos de saúde, além de impor a remoção do dispositivo. No entanto, múltiplas remoções podem provocar trombose e estenose venosa, e, consequentemente, falência vascular do indivíduo, o que significa que estratégias para manutenção destes cateteres são essenciais para tais pacientes. Uma das estratégias atualmente estudadas para minimizar o risco de infecções associadas ao cateter é o uso da profilaxia através da lock therapy com agentes antimicrobianos não-antibióticos como a taurolidina, o citrato ou o EDTA.
Objetivos: avaliar o impacto do uso da terapia com taurolidina em cateter de longa permanência em paciente com síndrome de Berdon com internação prolongada dependente de nutrição parenteral total.
Materiais e Métodos: Foram coletados dados a partir do sistema de informação do laboratório, farmácia e revisão de prontuário no período de janeiro de 2019 até o presente momento, identificando o número de episódios de infecção de cateter antes e depois do início do lock therapy utilizando como base as hemoculturas positivas coletadas no cateter nos episódios de suspeita de infecção relacionada ao cateter. Foram excluídas as hemoculturas que apresentaram crescimento de bactérias sugestivas de contaminação da amostra.
Resultados: Durante os 22 meses prévios à instituição da terapia com taurolidina, o paciente apresentou 9 episódios de infecção com confirmação de crescimento bacteriano em hemoculturas. Após o início da terapia, não houve confirmação de infecção associada ao cateter através de hemocultura positiva em um período de 19 meses.
Conclusões: A lock therapy com taurolidina parece exercer um efeito na redução no número de episódios de infecção associada ao cateter de um paciente com síndrome de Berdon dependente de nutrição parenteral total. Os autores sugerem a continuidade da terapia e investigações futuras com maior número amostral.
EP132
Infecções fúngicas
Relato de seis casos de fungemia relacionadas a assistência à saúde por Saccharomyces cerevisiae (Sc) em Hospital de São Paulo -SP Autores: Claudio Roberto Gonsalez, Nataly Tiago dos Santos, Renata Braz Ralio, Lucas Alberto Mendes, Greice Pereira da Silva, Edison José Boccardo Palavras-chaves:
Saccharomyces
, emergentes
, probiótico
Resumo
Relato de seis casos de fungemia relacionadas a assistência à saúde por Saccharomyces cerevisiae (Sc) em Hospital de São Paulo -SP
Introdução: O Saccharomyces cerevisiae (Sc) é um fungo utilizado na indústria alimentícia assim como probióticos (Pb). É reconhecido como um germe emergente que pode causar fungemia, com incidência de até 4% destas hemoculturas. É sabido que o contato inter-humano e a exposição a cepas comerciais associadas em alimentos podem contribuir para a colonização e infecção do hospedeiro humano.
Objetivos: Identificar as possíveis causas de infecção de corrente sanguínea pelo Sc em pacientes hospitalizados.
Casuística e Resultados: Foram identificados 6 pacientes em sua maioria: homens (66%), com média de 65 anos, cardiopatas e pneumopatas (83%), em terapia intensiva (100%), em uso de antimicrobianos (100%), em uso de acesso venoso central (CVC) (100%) e uso de Pb (83%).
Conclusão: A incidência de fungemia por Sc é desconhecida e ocorre de forma isolada. Há poucas descrições de fungemia por Sc em pacientes hígidos, sendo o maior fator de risco o uso de Pb pelo paciente ou por indivíduos internados na mesma unidade, em locais próximos. Além do relato de infecção associada à CVC. A infecção pode ocorrer por duas vias: translocação intestinal e contaminação do CVC, seja pelas mãos dos profissionais de saúde manipuladores de Pb ou pela dispersão aérea após a abertura das cápsulas. É relatado infecção não somente em indivíduos que receberam o tratamento com Pb, mas também em pacientes que compartilhavam o quarto com aquele em tratamento. Foi demonstrado persistência das cepas de Sc nas mãos de profissionais que o manipularam Pb sem luvas, mesmo após higienização adequada, cepas viáveis detectadas até um metro de distância do local de manipulação e viáveis após duas horas. Consideramos então, que um grande risco de contaminação se dá pela abertura do sache de Pb no meio ambiente onde se encontram os pacientes independente do uso por este. Na prática hospitalar, os Pb são manipulados e preparados em carros de medicação a beira leito ou nos postos de enfermagem da própria unidade de internação, o que pode ter contribuído para contaminação ambiental e dos pacientes relatados. Sugerimos que o preparo e a manipulação de Pb deva ocorrer em ambientes fora das unidades de internação e associados a protocolos bem definidos para a indicação, manipulação e administração. Acreditamos que o preparo do Pb deva ser feito fora do quarto do paciente e com uso de luvas descartáveis.
EP090
HIV/AIDS e outras ISTs
RETROSPECTIVA HISTÓRICO POLÍTICA DA TERAPIA EM HIV/AIDS Autores: Damiana Fortunato Fonseca Rangel, Virgínia Xavier de Sousa Palavras-chaves:
HIV
, AIDS
, Política
, tratamento
, população
Resumo
RETROSPECTIVA HISTÓRICO POLÍTICA DA TERAPIA EM HIV/AIDS
INTRODUÇÃO
A epidemia da AIDS iniciada, na década de 80 veio desafiar a saúde pública. Com a evolução de casos, contaminação de heterossexuais, profissionais de saúde e pressão da população, São Paulo, iniciou o programa de combate a AIDS. A reação federal veio em 1986, com o Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde (MS). Apesar da distribuição de antirretrovirais liberada, apenas usuários de serviços públicos eram comtemplados. Nos anos 90, com mais de 6000 casos, o MS permitiu a distribuição universal de medicamentos e reformulou o Programa Nacional de Prevenção de DST/AIDS.
OBJETIVO
Buscar nas bases de dados do MS, as principais políticas públicas e a influência no impacto da assistência à saúde de pessoas com HIV/AIDS.
MÉTODO
Pesquisa documental com abordagem qualitativa.
RESULTADOS
O governo adota o acesso universal à terapia antirretroviral (TARV) pela Lei 9313/96. Há uma queda de 29,9% na taxa de mortalidade entre 2010 e 2020. O Programa Nacional de DST/Aids foi formulado com base no SUS. A 13º Conferência de AIDS, em 2000, deu início a políticas para ampliar o acesso aos medicamentos contra a AIDS e infecções oportunistas.De 2006 a 2010 diversas diretrizes, manuais e normas técnicas surgiram com o intuito orientar, padronizar e regulamentar responsabilidades quanto ao tratamento das DST/AIDS.Em 2012 a Política Brasileira de Enfrentamento da AIDS, teve como foco estratégias de diagnóstico, prevenção e assistência a fim de aumentar qualidade de vida e reduzir a incidência do HIV.A portaria 1271/14 inclui o HIV na Lista Nacional de Notificação Compulsória no território nacional.Entre 2015 e 2021 se criou protocolos clínicos de terapia pré (PEP) e pós exposição (PrEP).
CONCLUSÃO
Os documentos apurados visam esclarecer a estratégia de combate à epidemia de AIDS no país. Protocolos e leis foram elaborados visando melhorar a qualidade de vida do usuário, quanto à saúde física, mental, cuidados paliativos e discriminação.Os boletins epidemiológicos permitiram desenvolver estratégias e diretrizes conforme a propagação da doença, gerando políticas de saúde baseadas nos princípios do SUS.Até 1996, não havia universalidade de acesso aos medicamentos. Hoje há vários tipos de TARV e oferta de PEP e PrEP.Carga viral indetectável e taxa de linfócitos CD4 alta são determinantes para reduzir a incidência. Aliado a ações preventivas e educação em saúde são fundamentais para a contenção da pandemia. É vital subtrair o preconceito para uma sociedade.
EP133
Infecções fúngicas
Rinossinusite Fúngica em paciente imunossuprimida durante pandemia de Covid 19: relato de caso Autores: Cristiane Marcos Soares Dias Ferreira, lucio de sousa alves, natara harana araujo santos, rafaella pereira neiva, rayane silotti de araujo Palavras-chaves:
mucormicose
, imunossuprimida
, rinossinusite
Resumo
Rinossinusite Fúngica em paciente imunossuprimida durante pandemia de Covid 19: relato de caso
Introdução: mucormicose é uma infecção fúngica rara, aguda, fulminante e potencialmente fatal, que ocorre, sobretudo, em pacientes imunocomprometidos. É causada por diversos fungos da ordem Mucorales, saprofíticos e oportunistas, encontrados no solo e na matéria orgânica em decomposição. Possuem alta afinidade por vasos, ocasionando trombose e isquemia dos tecidos circundantes, principalmente do tecido dos seios paranasais. A infecção normalmente ocorre após inalação de esporos pela mucosa nasal e oral, se espalha para os seios paranasais e posteriormente para a órbita e regiões do cérebro, por extensão, contiguidade ou por disseminação hematogênica. Apesar de rara, o médico deve reconhecer a apresentação da doença, a fim de iniciar o tratamento e evitar os desfechos desfavoráveis .
Objetivo: relatar o caso de uma paciente diabética diagnosticada com mucormicose, evoluindo com acidente vascular isquêmico.
Materiais e métodos: as informações contidas neste trabalho foram obtidas por meio de acompanhamento direto da paciente durante internação hospitalar, entrevista com familiares, revisão de prontuário e revisão de literatura.
Resultados: SMS, sexo feminino, 61 anos, portadora de HAS, DM2 insulinodependente, DRC e relato de infecção por Sars-Cov-2 há um mês da internação hospitalar, apresentava quadro de celulite de face. Referia edema facial associado a dor ocular à esquerda, evoluindo com lesão necrótica e fistulosa ipsilateral. Foram solicitadas TC de crânio e seios da face, que evidenciaram alterações periorbitárias à esquerda e em seios paranasais. A paciente evoluiu com piora clínica, extensão da lesão necrótica e rebaixamento do nível de consciência, necessitando de cuidados intensivos. Optou-se pelo início de anfotericina B e avaliação pela equipe da otorrinolaringologia. Paciente foi submetida a maxilectomia parcial + exanteração de órbita + exérese de necrose com coleta de material para biópsia. O resultado do histoplatológico corroborou a hipótese diagnóstica de mucormicose. Posteriormente, a paciente intercorreu com quadro de AVE isquêmico, constatado por nova TC crânio. Tendo em vista a progressão da doença, apesar de terapêutica adequadamente instituída, foi optado por cuidados paliativos.
Conclusões: a precisão diagnóstica e intervenções clínica e cirúrgica na mucormicose são determinantes. Porém, apesar destas, podem ocorrer complicações graves e evolução para óbito.
EP091
HIV/AIDS e outras ISTs
Sarcoma de Kaposi disseminado e grave: abordagem diagnóstica e terapêutica, um relato de caso. Autores: marcella dias teixeira, cristiane da cruz lamas, JORDANA VILELA RABELLO, Matheus Oliveira Bastos, Rebeca Santos Didier, Larissa Vasconcelos Queiroz, Letícia de Souza Pinto, Francisco Bezerra de Almeida Neto, carolina dias da silva amorim Palavras-chaves:
HIV/AIDS
, SARCOMA DE KAPOSI
, HHV-8
Resumo
Sarcoma de Kaposi disseminado e grave: abordagem diagnóstica e terapêutica, um relato de caso.
Introdução: Sarcoma de Kaposi (SK) é uma neoplasia causada pelo herpes vírus tipo 8 (HHV-8) com forte associação a infecção por HIV. Pode ter curso clínico lento e indolente ou rapidamente progressivo e fatal a depender dos sítios acometidos e da extensão das lesões. O tratamento pode ser feito apenas com a terapia antirretroviral (TARV) ou quimioterápico sistêmico de urgência, a depender do quadro clinico.
Objetivos: Relatar um caso de SK com acometimento gastrointestinal difuso, pancitopenia e hemorragia em paciente vivendo com HIV.
Materiais e métodos: revisão bibliográfica e de prontuário.
Resultados: Jovem, 24 anos, abre quadro hemorrágico cutâneo e enantemático em palato sugestivos de SK, associado a plaquetopenia, anemia e linfonodomegalia. Apresenta diagnóstico de HIV em tratamento com TARV instituído previamente um mês antes destas manifestações. À internação, a contagem de CD4 era de 67/mm3 e a carga viral indetectável. A análise morfológica do sangue periférico mostrou células eritrocitárias atípicas e displásicas, leucopenia e plaquetopenia. Foi feita biopsia da medula óssea 4 dias depois da internação que mostrou displasia eritroide e presença de eritroblastos com dissociação nucleocitoplasmática. Endoscopia digestiva alta (EDA) revelou presença de lesões gastrointestinais agressivas típicas de SK (figuras 1 e 2), não sendo possível a coleta de amostras para análise histopatológica devido a plaquetopenia (9.000 plaquetas/mm3). Desse modo, foi realizada biopsia linfonodal, cujo histopatológico confirmou a presença de alterações clássicas do SK: folículos linfoides remanescentes e agregados de plasmoblastos. Após 15 dias da admissão, o paciente recebeu o 1º ciclo quimioterápico com Paclitaxel (100mg) uma vez por semana durante 3 semanas associado a TARV, tendo retornado a valores de normalidade de leucometria e plaquetas já após o 2º ciclo de quimioterapia.
Conclusão: O paciente em questão desenvolveu apresentação clínica rapidamente progressiva com alterações do TGI graves e difusas, contudo, pouco sintomáticas e que só puderam ser elucidadas via endoscópica. Ressalta a importância da caracterização cutaneomucosa, somada a investigação hematimétrica e histopatológica com realização da EDA. Tratamento quimioterápico deve ser feito com início imediato frente ao quadro disseminado e grave, para uma resposta efetiva.
EP049
Doenças emergentes e reemergentes
SÉRIE TEMPORAL DE MORTALIDADE POR SÍFILIS CONGÊNITA NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL DE 2010-2020 Autores: Milena Roberta Freire da Silva, Karolayne Silva Souza, Kátia Cilene da Silva Felix, Maria Betânia Melo de Oliveira Palavras-chaves:
Sífilis
, Mortalidade
, Epidemiologia
Resumo
SÉRIE TEMPORAL DE MORTALIDADE POR SÍFILIS CONGÊNITA NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL DE 2010-2020
Introdução: A sífilis é uma doença causada pela bactéria Treponema pallidum que tem como característica apresentar elevadas taxas de transmissão radical, principalmente na gestação. Esta doença pode se apresentar em distintos estágios, uma delas é a sífilis congênita, o qual sua incidência representa um relevante indicador de qualidade da atenção materno-infantil.
Objetivos: Realizar uma análise epidemiológica através de uma tendência temporal de mortalidade por sífilis congênita na Região Nordeste do Brasil.
Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo ecológico e retrospectivo, baseado na coleta de dados secundários de óbitos por sífilis congênita (CID 10 - A50) e estimativas da população residente da Região Nordeste do Brasil de 2010-2020, na faixa etária de 0-4 anos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), calculando-se a taxa bruta e específica por sexo pelo software Joinpoint, utilizando o percentual de variação anual (APC) p ≤ 0,05.
Resultados: Na região Nordeste do Brasil de 2010-2020 houve uma totalidade de 558 óbitos por sífilis congênita na faixa etária de 0-4 anos, dos quais, 53% (297) era do sexo masculino e 47% (261) eram do sexo feminino. A taxa bruta de mortalidade variou de 0,62 a 1,02 de 2010-2020, o qual obteve-se APC total de 2,85%, de modo que, de 2010-2018 apresentou 1 Joinpoint significativo com APC de 7,50%. A taxa específica masculina apresentou no período supracitado um APC total de 3,36%, obtendo também 1 Joinpoint significativo com APC de 9,55%, já a taxa específica feminina demonstrou de 2010-2020 um APC total de 2,22%, apresentando também 1 Joinpoint com APC de 4,64%.
Conclusões: Portanto, de acordo com os resultados apresentados no presente estudo nota-se o aumento do quantitativo de óbitos por sífilis congênita na Região Nordeste do Brasil de 2010-2020, sobretudo, entre os anos de 2010-2018 o qual observou-se aumentos significativos de óbitos na faixa etária de 0-4 anos. Sendo assim, evidencia-se que a sífilis continua sendo um problema de saúde pública, e que estudos epidemiológicos como este são de suma importância para gerar novas estratégias de prevenção e controle da doença.
EP092
HIV/AIDS e outras ISTs
Sifilis Gestacional em Hospital de Referência do Sistema Único de Saúde: uma coorte de 5 anos. Autores: Cristiane Marcos Soares Dias Ferreira, Didier Silveira Castellano Filho, Anne Salgado Castellano, Rafaela Germano Toledo, Rafael Ribeiro Hernandez Martin Palavras-chaves:
sifilis
, gestante
, notificação
Resumo
Sifilis Gestacional em Hospital de Referência do Sistema Único de Saúde: uma coorte de 5 anos.
Introdução: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1,5 milhões de gestantes são diagnosticadas com sífilis anualmente. No Brasil, foram 61.441 casos em 2020, o que representa um aumento de 0,5% em relação a 2019. Apesar do fácil acesso ao diagnóstico e tratamento, a sífilis ainda permanece um problema de saúde pública.
O objetivo foi descrever o perfil epidemiológico da sífilis na gestação através das características sócio demográficas e obstétricas dos casos notificados entre 2017 e 2021 em um hospital público de Juiz de Fora, MG.
Trata-se de estudo transversal, descritivo, retrospectivo, realizado em um Hospital e Maternidade de ensino com atendimento voltado para usuárias do Sistema Único de Saúde, em Juiz de Fora, MG. Foram revisadas as fichas de notificação compulsória no Sistema de Informação de Agravos de Notificação em gestantes admitidas no serviço de obstetrícia, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2021. Os dados coletados passaram por análise estatística (qui-quadrado e exato de Fischer).
A prevalência foi de 2.4% em 207 casos notificados, com média de idade de 23.9 anos e 47.8% de mulheres autodenominadas, pretas. Observou-se que 51.2% das mulheres não completou o ensino médio e 59.9% (n= 124) eram do lar. Pré-natal inadequado ou ausente foi observado em cerca de 15% dos casos. Em relação ao tratamento, apenas 4.3% receberam o tratamento adequado de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde e 30.4% dos parceiros não foram tratados adequadamente sendo o motivo para tal, ignorado/outro em 46,3% ou 18.3% que não tiveram mais contato com a gestante. Quanto ao esquema de tratamento da grávida, o campo ignorado totalizou 9.18% das respostas da mesma forma que em 20.77% dos parceiros. Ocorreram 4 casos de óbito fetal.
Conclusões: As gestantes notificadas eram, em sua maioria, jovens, pretas e do lar. A baixa prescrição de tratamento adequado para as pacientes e suas parcerias é um dos principais desafios, bem como o pré-natal adequado. Incentivo ao pré-natal, com triagem, tratamento e controle de cura são necessários considerando as consequências deletérias e evitáveis da doença. O elevado número de campos “ignorado” são obstáculos para o real conhecimento da doença no país e o preenchimento correto das fichas de notificação pelos profissionais também se faz importante para a realização de medidas de promoção, proteção e controle da doença.
EP093
HIV/AIDS e outras ISTs
Simulação realística sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis: relato de experiência. Autores: André Silveira da Rocha, Julia Cazelli Passos Ricardo, Lucas Machado Duarte, Julia Possa Oliveira, Gabriel de Souza Cabideli, Júlia de Albuquerque Munaldi, Mariana Aguiar de Carvalho, Livia Cruz Cassimiro Alves Palavras-chaves:
Infecções Sexualmente Transmissíveis
, Treinamento por Simulação
, Estudantes de Medicina
, Saúde Pública
, Prevenção de Doenças
Resumo
Simulação realística sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis: relato de experiência.
Introdução: As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) persistem como problemas de saúde pública no Brasil. Devido à sua grande prevalência, é importante que os profissionais de saúde sejam capacitados para abordar, diagnosticar e manejar as principais IST, atuando de maneira eficaz no seu enfrentamento.
Objetivos: Relatar uma atividade extracurricular realizada por uma liga acadêmica por meio de simulação prática com foco no atendimento inicial, diagnóstico, manejo e prevenção de IST.
Materiais e Métodos: A atividade foi realizada presencialmente, com 24 acadêmicos de medicina. Os participantes foram separados em quatro equipes e divididos em três cenários inspirados em casos clínicos reais, interpretados por um ator, referentes às IST: herpes genital; gonorreia e clamídia; e sífilis primária. A tarefa dos participantes era realizar anamnese, exame físico, diagnóstico, manejo e educação do paciente. Todos os cenários foram avaliados pelo examinador através de checklist baseado na literatura. Para a realização da simulação e nivelamento dos participantes, diretrizes clínicas foram disponibilizadas para o estudo prévio do tema.
Resultados: O 1º cenário foi sobre um caso de herpes genital recidivante em uma paciente solteira de 42 anos. Nele era esperado que os alunos realizassem anamnese, exame físico direcionado, incluindo o exame especular em simulador, informassem o diagnóstico e manejo. O 2º cenário foi sobre gonorreia e clamídia em homem com múltiplas parcerias, 23 anos, solteiro, que buscou atendimento devido a disúria e corrimento. Além de realizar o atendimento inicial, exame físico e manejo do paciente, o aluno tinha o desafio de conscientizá-lo sobre o uso de preservativo. O último cenário foi sobre sífilis: homem, acompanhado pela esposa, que apresentou úlceras no pênis. Nesta simulação, além de realizar as tarefas, era importante abordar a privacidade do paciente, bem como lembrar da notificação compulsória. Posteriormente, o examinador apresentou o checklist para as equipes, informou os rendimentos e sanou dúvidas que apareceram durante a simulação. Todas as equipes tiveram rendimento satisfatório, com média superior a 80%.
Conclusões: A simulação realística permitiu integrar as habilidades clínicas e de comunicação com o conhecimento teórico sobre as IST em um meio de aprendizado ativo. Além disso, proporcionou maior conhecimento e segurança dos acadêmicos de medicina no atendimento inicial, condução, manejo e prevenção das IST.
EP170
Outras doenças virais
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE POR CITOMEGALOVÍRUS Autores: Roxana Flores Mamani, David Richer Araujo Coelho, Claudio Heitor Tavares Gress, Ana Luiza Martins de Oliveira, Clarisse Filgueira Pimentel, Rafael Mello Galliez, Isabel Cristina Melo Mendes Palavras-chaves:
Citomegalovírus
, Síndrome de Guillain-Barré
, Imunocompetente
, Plasmaférese
Resumo
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE POR CITOMEGALOVÍRUS
INTRODUÇÃO: A infecção por citomegalovírus (CMV) produz sintomas autolimitados em pacientes imunocompetentes. Complicações como polirradiculopatia (Síndrome de Guillain-Barré ou SGB) por CMV são mais comuns em quadros de imunodeficiência. No entanto, a síndrome pode também se manifestar em pacientes previamente hígidos com uma evolução imprevisível.
OBJETIVOS: Apresentar um caso de SGB pós-infecção por CMV em paciente imunocompetente.
RELATO DE CASO: Feminino, 58 anos, hipertensa, diabética, dislipidêmica, interna em emergência devido à paraparesia progressiva, iniciada 1 semana após quadro de diarreia líquida autolimitada associada a náuseas e vômitos. Evoluiu com paresia progressiva e ascendente, comprometendo extremidades e face, e disfonia. Após 3 dias, foi transferida para o CTI de Instituto de referência de Infectologia. TC de crânio de admissão sem alterações. Realizada punção liquórica: glicose 105mg/dL, proteínas 35,6mg/dL, 15 células (100% mono), bacterioscopia, nanquim e GeneXpert negativos. Sem alterações laboratoriais. Pela alta suspeita clínica de SGB, foi iniciada plasmaférese com 12 horas de internação, com resposta parcial. Contudo, apesar de manutenção de sessões de plasmaférese, teve retorno de déficits neurológicos, necessitando de intubação orotraqueal (IOT). Sorologias para HIV, HTLV, sífilis e hepatites não reagentes, IgG reagente para CMV, EBV e HSV. RT-PCR SARS-CoV2 não reagente. Resultado posterior de PCR para CMV detectável no LCR. Completou 7 sessões de plasmaférese e fez 14 dias de ganciclovir, apresentando melhora de força muscular em região torácica e extremidades. Em D15 de IOT, apresentou falha de extubação devido à edema agudo de pulmão e evoluiu para parada cardiorrespiratória, não conseguindo recuperar nível de consciência posteriormente. Nova TC de crânio e EEG compatíveis com encefalopatia anóxica. Cursou com múltiplos episódios infecciosos com isolamento de Proteus sp. MDR, Acinetobacter baumannii e Klebsiella sp. MDR. Diante do prognóstico neurológico reservado, discutido com familiares e optado por cuidados paliativos. Paciente evoluiu para óbito após 65 dias de internação.
CONCLUSÃO: A síndrome de Guillain-Barré é uma complicação rara da infecção por CMV em adultos saudáveis. A apresentação de sintomas graves depende da resposta imunológica individual. Apresentamos o caso de paciente imunocompetente com desfecho desfavorável, em que diabetes foi o único fator aparente de imunossupressão.
EP167
Miscelânea
SÍNDROME MENÍNGEA VS. INTOXICAÇÃO POR CHÁ DE TROMBETA: A PROPÓSITO DE UM CASO Autores: Roxana Flores Mamani, Isabel Cristina Melo Mendes, Ana Luiza Martins de Oliveira, Cláudio Roberto da Silva, Lucas dos Santos Bragança, Claudio Heitor Tavares Gress, Danton Jobim Pereira Dantas, Rafael Mello Galliez, Clarisse Filgueira Pimentel Palavras-chaves:
Meningites
, Trombeta do Anjo
, Hepatites fulminante
, Intoxicação exógena
Resumo
SÍNDROME MENÍNGEA VS. INTOXICAÇÃO POR CHÁ DE TROMBETA: A PROPÓSITO DE UM CASO
INTRODUÇÃO: A Brugmansia suaveolens ("Trombeta do Anjo") é famosa por seus efeitos alucinógenos e sedativos. É um alcaloide, cujo uso pode resultar em toxicidade anticolinérgica e em sintomas como confusão mental, alucinações, midríase, retenção urinária, hipertermia, coma e morte, que podem mimetizar quadros neurológicos de diferentes etiologias. OBJETIVOS: Apresentamos um caso clínico de intoxicação por chá de trombeta considerado inicialmente como quadro suspeito de meningoencefalite. RELATO DE CASO: Paciente masculino de 19 anos, saudável, foi levado à emergência por quadro de febre de 41°C, associado a crise convulsiva, sendo submetido à intubação orotraqueal por rebaixamento do nível de consciência. Aventada a hipótese de meningoencefalite, foi transferido para Instituto de infectologia de referência no Rio de Janeiro (RJ). À admissão, apresentava midríase bilateral, rigidez de nuca e necessidade de uso de aminas vasoativas. Bainha de nervo óptico = 5,5cm. TC de crânio (Fig. 1) com apagamento de sulcos, mas sem desvio de linha média. Realizada punção lombar, com líquor sem alterações significativas. Exames laboratoriais com acidose metabólica (pH = 7,09; HCO3 = 13,7mEq/L; lactato = 4,8mmol/L), plaquetopenia (plaquetas = 89.000/mm³), disfunção renal (Cr = 3mg/dL; U = 48mg/dL) e sinais de disfunção hepática, apesar de transaminases pouco elevadas (TGO = 496 UI/L; TGP = 75 UI/L;BT = 1,87;TAP = 21,8seg;PTT = 45,3seg; INR = 2,05, albumina = 4 mg/dL; LDH = 4456 UI/L). Evoluiu com anúria e piora de função renal, sendo submetido à hemodiálise. No D2 de internação, familiares informaram que o paciente fez uso de altas doses de chá de trombeta. Apresentou piora rápida da função hepática (plaquetas = 28.000/mm³;TGO = 4437 UI/L;TGP = 3253 UI/L;BT = 6,15 mg/dL; BD = 1,9 mg/dL; BI = 4,25 mg/dL; TAP = 54,4 seg; PTT = 57,8 seg; INR = 5,01; albumina 2,7 mg/dL; LDH = 4456 UI/L), caracterizando quadro de hepatite fulminante. Foram iniciadas medidas de suporte, com administração de hemocomponentes. O paciente foi transferido para realização de transplante hepático, mas evoluiu para óbito antes do procedimento. CONCLUSÃO: Intoxicações exógenas compreendem um importante diagnóstico diferencial em quadros neurológicos. No caso apresentado, os efeitos anticolinérgicos associados à intoxicação por chá de “Trombeta do Anjo” mimetizaram quadro de meningoencefalite grave. Investigação de uso de medicações e substâncias deve fazer parte da anamnese nesses casos.
EP094
HIV/AIDS e outras ISTs
Sorofobia, homofobia internalizada, psicopatologias e adesão ao tratamento antirretroviral de homens gays com HIV: estudo piloto Autores: Felipe Alckmin Carvalho, Lucia Yasuko Izumi Nichiata, Barbara Giusti Palavras-chaves:
Homossexualidade Masculina
, Homofobia Internalizada
, Sorofobia
, HIV/AIDS
, Psicopatologias
Resumo
Sorofobia, homofobia internalizada, psicopatologias e adesão ao tratamento antirretroviral de homens gays com HIV: estudo piloto
Introdução: a adesão de homens que fazem sexo com homens (HSH) e que vivem com HIV ao tratamento antirretroviral (TARV) é um desafio em saúde pública. Embora estudos realizados em países desenvolvidos apontem para a importância da investigação do impacto de variáveis psicológicas na adesão ao TARV, pouco se sabe sobre essa relação entre HSH brasileiros. Objetivo: avaliar o impacto da depressão, ansiedade, homofobia internalizada, sorofobia na adesão ao TARV de HSH e que vivem com HIV. Método: trata-se de um estudo piloto com delineamento transversal. Foram utilizados questionário sociodemográfico e clínico, Questionário para Avaliação da Adesão ao Tratamento Antirretroviral (CEAT-HIV), Escala Beck de Depressão, Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), Escala de Homofobia Internalizada e Escala de estigmatização para portadores do HIV. Participaram do estudo 43 HSH que vivem com HIV. A coleta de dados foi realizada por Survey online e os participantes foram recrutados pelo método Bola de Neve. Foram realizadas análises de correlação e regressão múltipla Resultados: A adesão ao tratamento foi considerada inadequada em 12 (27,90%) participantes. Verificou-se que 18 (41,8%) apresentavam algum nível de depressão. Identificou-se correlação negativa e moderada entre depressão e adesão ao tratamento (r = -0,393; p = 0,009), correlações positivas e moderadas entre depressão e sorofobia (r = 0,462; p = 0,002), ansiedade traço e sorofobia (r = 0,450; p = 0,002) e homofobia internalizada e sorofobia (r = 0,429; p = 0,004). A única variável que impactou nos níveis de adesão ao tratamento antirretroviral foi a depressão, explicando 13,4% do desfecho (R2ajustado = 0,134, p<0,05). Conclusão: encontrou-se que aproximadamente um a cada quatro HSH com HIV avaliados tinham adesão inadequada ao tratamento antirretroviral, achado que explicita um importante desafio em saúde. Verificou-se alta prevalência de depressão entre os participantes. Pacientes mais deprimidos aderiram menos ao tratamento. Sorofobia e homofobia internalizada estiveram associadas à depressão. Os dados apontam para a importância da avaliação de variáveis psicológicas e sua relação dificuldades de adesão ao tratamento antirretroviral entre HSH.
EP192
Tuberculose e outras Micobacterioses
SURGIMENTO DE TUBERCULOSE MILIAR EM PACIENTES NO CURSO EVOLUTIVO DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Autores: LUIZA CUNHA GONÇALVES, LEONARDO CUNHA GONÇALVES, ADRIANA RODRIGUES DA CUNHA, ELMAR GONZAGA GONÇALVES Palavras-chaves:
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
, TUBERCULOSE
, LUPUS ERITEMATOSO DIFUSO
Resumo
SURGIMENTO DE TUBERCULOSE MILIAR EM PACIENTES NO CURSO EVOLUTIVO DE LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
INTRODUÇÃO O advento da síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) trouxe em voga o aumento da incidência de diferentes infecções, em especial sua associação com tuberculose, sendo por vezes descrito o reconhecimento clínico-radiológico de tuberculose miliar pulmonar nestes pacientes. Com os avanços terapêuticos e de medidas profiláticas, nota-se relativo controle no quadro de infecções associadas nestes pacientes. Entretanto outras patologias que cursam com transtornos imunitários persistem susceptíveis à tuberculose, incluso o lúpus eritematoso sistêmico (LES), com destaque para esporádicos casos de tuberculose miliar devido sua maior gravidade.
OBJETIVO Considerando o diagnóstico clínico-radiológico de tuberculose miliar o presente estudo visou estabelecer a incidência de pacientes com LES que apresentaram tuberculose miliar e seu comportamento evolutivo.
MATERIAIS E MÉTODOS Foram avaliados os prontuários e os exames de imagens pulmonares de pacientes com diagnóstico de tuberculose miliar registrados em três hospitais universitários de nossa região, visando estabelecer correlação com patologias imunossupressoras nestes pacientes, no período de janeiro de 1990 a dezembro de 2021.
RESULTADOS Foram identificados 23 pacientes com diagnóstico clínico-radiológico de tuberculose miliar, dos quais 7 relacionados com SIDA, 3 com lúpus eritematoso sistêmico, 2 pacientes diabéticos e onze pacientes sem identificação de patologia de base ou condições imunossupressoras.
CONCLUSÃO Observamos relativa dificuldade com atraso para confirmação laboratorial de tuberculose miliar, atribuindo à avaliação clínica e ao exame radiológico e/ou tomográfico do tórax a responsabilidade de definição diagnóstica mais precoce nesta condição. Para tal o achado clássico de padrão de micronódulos dispersos no parênquima bilateralmente em exames de imagem foi fator de expressivo significado para conclusão diagnóstica clínica de tuberculose miliar.
Nossa casuística apesar de demonstrou certa relevância de lúpus eritematoso sistêmico entre as doenças que podem cursar com tuberculose miliar podendo atribuir esta associação ao status imunossupressivo natural da doença e/ou do tratamento.
Acrescenta-se a evolução desfavorável nos três casos com LES alertando os profissionais envolvidos na avaliação desses pacientes para, diante da suspeita de tuberculose miliar, recorrerem aos exames de imagem buscando padrões que possam colaborar com a definição diagnóstica mais precisa.
EP095
HIV/AIDS e outras ISTs
Teleconsulta de Enfermagem: Relato de experiência em um Centro de Referência em Infectologia Autores: Samuel Benjamim de Figueiredo, Martha Vieira Rodrigues, Mariana Machay Pinto Nogueira, Paula Fernanda da Silva Xistos de Sousa, Damiana Fortunato Fonseca Rangel, Vânia Braz, Vírginia de Sousa Xavier Palavras-chaves:
Teleconsulta de enfermagem
, Doenças infecciosas
, Cuidado domiciliar
Resumo
Teleconsulta de Enfermagem: Relato de experiência em um Centro de Referência em Infectologia
Introdução: A assistência de enfermagem através da Teleconsulta é um recurso tecnológico para a comunicação e educação em saúde regulamentada pela Resolução 634/2020 do Conselho Federal de Enfermagem.
Objetivo: Reduzir eventos adversos e complicações decorrentes do cuidado inadequado no ambiente domiciliar através da Teleconsulta.
Materiais e Métodos: Estudo descritivo, exploratório, quantitativo e qualitativo em um Hospital de referência em doenças infecciosas no Rio de Janeiro. Foi elaborado um fluxograma para o acompanhamento da Equipe de Teleconsulta de Enfermagem no pós-alta hospitalar. Os critérios de inclusão foram pacientes maiores de idade, que estiveram internados no local do estudo e com necessidade de continuidade dos cuidados como dispositivos médicos: cateter central de inserção periférica (PICC), cateter vesical de demora (CVD), ostomias (traqueostomia (TQT), gastrostomia (GTT) e colostomia), oxigenoterapia domiciliar e tratamento de lesão cutânea no domicílio. Os requisitos necessários para participação dos pacientes e/ou familiares, seriam dispor de meio de comunicação com acesso à internet e rede social (WhatsApp®), residirem no município do Rio de Janeiro ou estar em acompanhamento ambulatorial na Instituição. Sendo respeitadas as legislações pertinentes a proteção de dados.
Resultados: Foram selecionados e aceitos 95 pacientes para monitoramento, 98% receberam a primeira ligação em até três dias após a alta hospitalar. No período de 11/08/2021 a 31/12/2021, houve um total de 447 ligações, onde 310 foram ligações realizadas pela equipe e 137 ligações recebidas dos pacientes e familiares/cuidadores. A média de contatos realizados por mês pela equipe foi de 62 ligações e as recebidas de pacientes/cuidadores foram de 27,4 ligações. Quanto aos dispositivos médicos foram: CVD (10%), GTT (8,7%), TQT (6,3%) e oxigênio domiciliar (2,5%); e de LP (72,5%).
Conclusões A Teleconsulta de enfermagem diante de um cenário crítico pandêmico, com isolamento social e com as restrições de um sistema de saúde sobrecarregado, foi um diferencial relevante e uma ferramenta que mesmo à distância colaborou para o acolhimento do indivíduo neste momento crítico, sanando dúvidas, minimizando sofrimento, gerando maior segurança para os cuidados domiciliares através das orientações transmitidas. Essa percepção foi caracterizada pelo retorno positivo que foi obtido através de narrativas dos pacientes, familiares/cuidadores.
EP096
HIV/AIDS e outras ISTs
Terapia dupla antirretroviral: Avaliação da implantação e seus resultados em um hospital público do Rio de Janeiro Autores: Sarah Lanferini Frank, Carolina Oliveira Venturotti, Luiz Fernando Cabral Passoni, Stefanie Siqueira Martins de Moraes, Rossana Coimbra Brito Palavras-chaves:
aids
, terapia antirretroviral
, dolutegravir
Resumo
Terapia dupla antirretroviral: Avaliação da implantação e seus resultados em um hospital público do Rio de Janeiro
Introdução/Objetivo: A terapia antirretroviral (TARV) para pessoas vivendo com HIV (PVHIV) vem em constante evolução desde o seu surgimento e, recentemente, estudos mostram que a terapia dupla (TD) – lamivudina (3TC) + dolutegravir (DTG) ou darunavir/ritonavir (DRV/r) – apresenta eficácia semelhante à tripla, com melhor adesão e menos efeitos colaterais. Em dezembro de 2019, o Ministério da Saúde autorizou o uso da TD para pacientes com boa adesão, carga viral (CV) indetectável nos últimos dois exames com intervalo de seis meses, estabilidade clínica, ausência de coinfecção com hepatite B e tuberculose e ausência de falha prévia a alguma das medicações, sendo contraindicada para gestantes, menores de 18 anos e como início de tratamento. O objetivo deste trabalho é avaliar e discutir a implantação da TD (DTG+3TC) em pacientes ambulatoriais, seus riscos, acertos e resultados.
Método: Foram selecionados os pacientes do ambulatório de HIV/aids submetidos à simplificação da TARV entre fevereiro de 2020 e maio de 2022, agrupados por gênero, idade, contagem de CD4 no momento da troca e presença de comorbidades, com avaliação da carga viral antes e após a troca.
Resultados: Dos 33 pacientes em TD com 3TC+DTG, 20 (60,6%) eram do sexo masculino; 19 (57,6%) tinham mais de 50 anos (a idade variou de 22 a 69 anos); 26 (78,8%) apresentavam comorbidades, sendo a hipertensão arterial a mais comum, e apenas dois (6,1%) possuíam a última contagem de CD4 menor do que 200 células/mm3. Os pacientes vinham em uso de antirretrovirais por um período que variou de dois a 22 anos (mediana de 11 anos) e, no momento da troca, 15 estavam em uso de DTG; 14, de efavirenz; três, de inibidor de protease, e um, de raltegravir. A carga viral, após três meses da troca, foi realizada em 27 pacientes (um paciente não coletou o exame e cinco fizeram a troca há menos de três meses) e foi indetectável em 26. Um paciente apresentou CV=165 cópias/ml, que, repetida após dois e seis meses, mostrou-se indetectável. Após um ano, 23 pacientes persistem com CV indetectável e demonstram excelente tolerabilidade ao esquema de TD proposto.
Conclusão: Nossos resultados corroboram a manutenção de CV indetectável em pacientes com critérios para a troca da TARV para TD com 3TC+DTG. Espera-se que em breve mais pacientes possam se beneficiar da redução de medicações e, consequentemente, dos seus efeitos adversos.
EP039
COVID-19
TIPOS DE MÁSCARAS UTILIZADAS ENTRE OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE DO RIO DE JANEIRO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 Autores: Milena Cristina Couto Guedes, Hevelyn dos Santos da Rocha, Gabriel Nascimento Santos, Fernanda Garcia Bezerra Góes, Maithê de Carvalho e Lemos Goulart, Natália Maria Vieira Pereira Caldeira, Silmara Elaine Malaguti Toffano, Lourdes Maria Nunes Almeida, Fernanda Maria Vieira Pereira-Ávila Palavras-chaves:
COVID-19
, Máscaras
, Profissionais da Saúde
Resumo
TIPOS DE MÁSCARAS UTILIZADAS ENTRE OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE DO RIO DE JANEIRO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Introdução: O uso de máscaras constitui uma das medidas recomendadas para proteção e prevenção contra a coronavirus disease (COVID-19). Ao atuar como uma barreira, impedindo o contato com gotículas produzidas por indivíduos contaminados, é uma estratégia para a redução da transmissão viral. A sua utilização entre profissionais de saúde é de grande importância para a prevenção de infecções durante a prestação de cuidados, visto que o ambiente de saúde é um local de maior exposição ao vírus, principalmente da COVID-19.
Objetivos: Avaliar o uso e os tipos de máscaras utilizadas entre profissionais de saúde do Rio de Janeiro durante a pandemia de COVID-19.
Materiais e Métodos: Estudo transversal realizado entre os profissionais de saúde do Estado do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados via formulário eletrônico por meio de mídias sociais nos meses de abril e maio de 2020 e de 2021 utilizando um questionário de informações gerais e referente ao uso de máscaras durante a pandemia. O Teste Qui Quadrado e Teste Exato de Fisher foram adotados para associação entre os tipos de máscaras e ter tido ou não contato com indivíduos diagnosticados com COVID-19. Para análise de dados utilizou-se o software IBM®SPSS v.22. Todos os aspectos éticos foram contemplados.
Resultados: Participaram 816 (100%) profissionais da saúde. Dentre eles, 48 (5,9%) médicos, 615 (75,4%) profissionais de enfermagem, 153 (18,8%) outros profissionais da saúde. O total de 413 (50,6%) afirmaram ter tido contato com indivíduos diagnosticados com COVID-19. Sobre o uso da máscara, 763 (93,5%) dos profissionais afirmaram utilizá-la. Para os tipos de máscaras, 290 (35,5%) responderam utilizar máscara de tecido, 207 (25,4%) máscara cirúrgica, 120 (14,7%) máscara N95 e 258 (31,6%) utilizaram mais de um tipo de máscara. Na associação entre os tipos de máscaras e contato com a COVID-19, os profissionais da saúde que tiveram contato com indivíduos diagnosticados com COVID-19 utilizaram mais máscaras cirúrgicas em comparação aqueles que não tiveram contato (p=0,000).
Conclusão: Desse modo, nota-se que o uso de máscaras foi realizado pela maioria dos profissionais da saúde deste estudo, principalmente por aqueles que tiveram contato com indivíduos diagnosticados com a doença. Destaca-se a importância desse equipamento para autoproteção e para proteção do outro, principalmente desses profissionais visto que estão expostos à infecção por COVID-19 durante a prestação de cuidados à pacientes.
EP040
COVID-19
TROMBOSES VASCULARES EXTRAPULMONARES EM PACIENTE COM Covid - 19 Autores: LUIZA CUNHA GONÇALVES, LEONARDO CUNHA GONÇALVES, ADRIANA RODRIGUES DA CUNHA, ELMAR GONZAGA GONÇALVES Palavras-chaves:
TROMBOSE VASCULAR
, INFECÇÃO VIRAL
, TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
Resumo
TROMBOSES VASCULARES EXTRAPULMONARES EM PACIENTE COM Covid - 19
Introdução
As alterações patológicas decorrentes do vírus SARS-CoV-2 (Covid – 19) causaram grande impacto na humanidade, com destaque para as lesões pulmonares. No curso da pandemia surgiram distúrbios de hipercoagulabilidade com predomínio de tromboembolismo pulmonar, cuja fisiopatologia ainda não está totalmente esclarecida. No curso da pandemia esporádicos artigos foram descritos demonstrando alterações de hipercoagulabilidade com manifestações extrapulmonares, o que motivou o relato do atual caso.
Relato de caso
Paciente sexo feminino, branca, 34 anos, com manifestações pulmonares de Covid – 19 com tomografia computadorizada (TC) de tórax demonstrando extensas áreas de atenuação em vidro fosco acometendo mais de 50% do parênquima pulmonar, a qual apresentou dor aguda em membro inferior direito, sendo identificado com estudo ecográfico extenso trombo no interior da veia femoral. No dia seguinte paciente apresentou intensa dor abdominal difusa, sendo submetida à TC de abdomen com contraste que demonstrou presença de trombo no interior da Veia Porta, tendo sido prescrito tratamento com anticoagulantes. Foram afastadas as possibilidades de potenciais causas tradicionais de tromboembolismo extrapulmonar, atribuindo ao Covid-19 os distúrbios de hipercoagulabilidade presentes nesta paciente.
Comentários
Distúrbios de hipercoagulabilidade são descritos geralmente em lesões vasculares em grandes cirurgias ou traumas, por aumento de estrogênio em gravidez ou uso de anticoncepcionais, em doenças crônicas cardiovasculares, pulmonares, assim como obesidade, idade avançada, algumas neoplasias, imobilizações prolongadas e história familiar de trombose, entre outras. Com a disseminação do Covid - 19 alguns relatos destacaram o surgimento de fenômenos tromboembólitos sistêmicos, com expressiva manifestação pulmonar e esporádicos achados extrapulmonares.
Conclusão
Apesar do desconhecimento da fisiopatologia dos distúrbios de coagulabilidade causados pelo Covid - 19 as documentações de casos de tromboses no curso da infecção viral merecem destaque até que se tenham estudos epidemiológicos mais completos, assim como a atenção dos profissionais envolvidos no combate a esta pandemia deve sempre considerar esta possibilidade diante de manifestações clínicas indicativas desta condição.
EP193
Tuberculose e outras Micobacterioses
Tuberculose como diagnóstico diferencial de tumor retroperitoneal Autores: Jéssica Mussel Santos, Larissa Wermelinger Sá, Lucas Zanetti de Albuquerque, Mariana Lopes de Almeida, Rayla Senra de Paiva, Camila Isabel Rodrigues Assis, Isabela Peçanha Bogado Fassbender, Paulo César Corrêa David de Almeida, Leivy Zucker Cytryn, Eliane Almeida do Valle Palavras-chaves:
Tuberculose linfonodal
, Massa retroperitoneal
, Linfadenite tuberculosa
Resumo
Tuberculose como diagnóstico diferencial de tumor retroperitoneal
Introdução: A tuberculose é extremamente prevalente em nosso país, desta forma faz parte do diagnóstico diferencial de uma variedade de doenças. A clínica pulmonar costuma ser evidente, mas as outras formas de apresentação podem tornar o diagnóstico mais desafiador. O segundo órgão mais acometido são os linfonodos, sendo rara e pouco relatada a apresentação na forma de pseudotumor retroperitonial. Objetivos: Relatar o caso de tuberculose retroperitoneal como diagnóstico diferencial de pseudotumor. Materiais e Métodos: relato de caso. Resultados: Paciente sexo feminino, 71 anos, previamente hígida, com dor abdominal em andar superior iniciada 1 mês antes da internação, irradiada para o dorso, de forte intensidade, pior a noite, associada a sintomas constitucionais e perda ponderal de 12 kg em 1 mês. Nega febre, icterícia e sudorese noturna. Nega passado de tuberculose ou contato com sintomáticos. Sem linfonodomegalia periférica e hemograma com alterações inespecíficas. CA 19-9, CEA e dosagem de IgG4 dentro da normalidade. PPD de 10 mm. Tomografia de abdome demonstrou massa retroperitoneal que pode corresponder a linfonodomegalia com comprometimento vascular, sendo avaliada pela equipe da cirurgia geral que definiu impossibilidade de ressecção. Ecoendoscopia evidenciou, além da lesão retroperitoneal associada a linfonodomegalia, orifício fistuloso em bulbo duodenal, cuja biópsia revelou processo inflamatório crônico granulomatoso com áreas abscedidas e o genexpert da secreção coletada foi positivo, fechando o diagnóstico de tuberculose ganglionar retroperitoneal. Sorologias virais negativas. Prescrito RIPE (rifampicina, isoniazida, pirimetamina e etambutol) por 6 meses, segue em acompanhamento ambulatorial com boa resposta clínica. Conclusões: Existem na literatura poucos relatos de tuberculose ganglionar retroperitonial e é suposto que esse seja subestimado. A maioria dos casos relatados ocorreram em paciente HIV negativo, contrariando a associação existente entre as duas doenças. Em pacientes com suspeita do diagnóstico, a biópsia deve ser seguida por histopatológico em busca do granuloma caseoso, cultura para micobactéricas e testes como BAAR e genexpert. O tratamento deve ser de 6 meses com o mesmo esquema padrão da tuberculose pulmonar.
EP194
Tuberculose e outras Micobacterioses
Tuberculose disseminada em imunocompetente Autores: Isabela Peçanha Bogado Fassbender, Lucas Zanetti de Albuquerque, Mariana Lopes de Almeida, Jéssica Mussel Santos, Rayla Senra de Paiva, Camila Isabel Rodrigues Assis, Lucas Barreto Rique, Larissa Wermelinger Sá, Maria Eduarda Fernandes Rocha, Eliane Almeida do Valle Palavras-chaves:
Tuberculose disseminada
, Imunocompetente
, Tuberculose osteoarticular
, Tuberculose ganglionar
Resumo
Tuberculose disseminada em imunocompetente
Introdução: A tuberculose (TB) é uma doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis (MTB), cujo principal sítio envolvido são os pulmões, com potencial de acometer quase todos os órgãos. TB disseminada é o acometimento de dois ou mais órgãos não contíguos como resultado de disseminação do MTB, sendo mais comum em imunocomprometidos. A seguir, relata-se um caso de TB disseminada, com acometimento pulmonar, ganglionar e osteoarticular em indivíduo imunocompetente. Objetivos: Relatar caso de tuberculose disseminada em imunocompetente. Materiais e Métodos: Relato de caso. Resultados: Paciente sexo masculino, 22 anos, residente de São Gonçalo (RJ), sem comorbidades prévias, apresentou quadro de tosse seca, febre e sudorese noturna por duas semanas. Procurou atendimento, sendo realizado RX de tórax que não mostrou alterações (sic) e prescrita antibioticoterapia, com melhora parcial do quadro. Evoluiu com dor lombar intensa com irradiação para face medial de membro inferior direito. Negava plegia e parestesia de membros inferiores. Meses após, surgiram nódulos em região cervical. Nesse contexto, foi feita TC de tórax, evidenciando opacidades centrolobulares com aspecto de árvore em brotamento no lobo superior do pulmão direito e extensa lesão expansiva nos corpos vertebrais de D8 à D12 com áreas de erosão. Iniciado RIPE (rifampicina, isoniazida, pirimetamina e etambutol) e paciente internado para avaliação de necessidade de abordagem neurocirúrgica. Durante a internação, foi realizada punção de nódulo cervical, com GeneXpert positivo, e solicitada sorologia para HIV, não reagente. Realizada também ressonância de coluna, que demonstrou também abscesso local, e não houve indicação de abordagem no momento da avaliação. Orientado apenas repouso, analgesia e manutenção do RIPE. O paciente evoluiu com melhora da dor, além de regressão de nódulos cervicais. Segue com RIPE. Conclusões: Há poucos relatos na literatura de TB disseminada em indivíduos imunocompetentes, sendo muito mais frequente em imunodeprimidos. Tanto a forma ganglionar quanto a forma osteoarticular não costumam ocorrer de forma concomitante à TB pulmonar ativa, diferentemente do caso relatado. Conclui-se que a TB disseminada deve ser considerada mesmo na ausência de causa conhecida de imunodepressão, especialmente em áreas endêmicas.
EP195
Tuberculose e outras Micobacterioses
Tuberculose peritoneal simulando malignidade abdominal - Relato de caso Autores: Mariana Lopes de Almeida, Paulo César Corrêa David de Almeida, Lucas Zanetti de Albuquerque, Jéssica Mussel Santos, Camila Isabel Rodrigues Assis, Lucas Barreto Rique, Isabela Peçanha Bogado Fassbender, Larissa Wermelinger Sá, Maria Eduarda Fernandes Rocha, Eliane Almeida do Valle Palavras-chaves:
Tuberculose peritoneal
, Tuberculose extrapulmonar
, Carcinomatose peritoneal
Resumo
Tuberculose peritoneal simulando malignidade abdominal - Relato de caso
A Tuberculose é uma doença de importante prevalência em nosso meio, chegando a uma taxa de incidência de 35,4 casos/100 mil habitantes no Brasil em 2020. No entanto, suas formas extrapulmonares são raras: dados do Ministério da Saúde informam que, neste mesmo período, a incidência destas formas foi de 4,2 casos/100 mil habitantes. A Tuberculose peritoneal faz parte deste grupo e se manifesta frequentemente com ascite exsudativa, representando um importante diagnóstico diferencial de malignidades. Objetivos: Relatar um caso de tuberculose peritoneal em paciente imunocompetente e reforçar a importância de considerar tuberculose entre os possíveis diagnósticos diferenciais de ascite exsudativa a despeito de fatores confundidores que podem estar presentes. Materiais e Métodos: Relato de caso, por meio da revisão do prontuário, de forma descritiva e prospectiva. Resultados: Paciente do sexo feminino, 42 anos, hipertensa, interna em enfermaria de Clínica Médica para investigação de dor e aumento progressivo do volume abdominal, associados à perda ponderal e 2 episódios de febre vespertina. Ademais, possuía US Transvaginal recente que evidenciava imagem anecoica, de contornos irregulares em região anexial direita. Desta forma, tal exame foi complementado com Ressonância Magnética, que sugeriu a presença de carcinomatose peritoneal. Ao exame físico, paciente apresentava evidente ascite, sendo realizada paracentese diagnóstica, que evidenciou exsudato com predomínio de mononucleares e ausência de células neoplásicas. Realizada biópsia peritoneal aberta - dada dificuldade laparoscópica inicial pela presença de múltiplas aderências - sendo então evidenciada necrose caseosa em estudo histopatológico. Durante o período em que aguardava este resultado, reinterna devido derrame pleural volumoso e sintomático, sendo realizada toracocentese que evidencia líquido pleural exsudativo e ADA elevado. Paciente apresentou melhora expressiva da sintomatologia após toracocentese e recebeu alta hospitalar com esquema RIPE, seguindo em acompanhamento ambulatorial. Conclusões: O presente relato demonstra a importância de considerar o diagnóstico de tuberculose peritoneal em pacientes com uma ascite exsudativa, a despeito de quaisquer suspeitas clínicas ou radiológicas de malignidade.